Já havia passado o momento do desespero, agora Jude estava calado, rosto impassível, olhar distante. Ever temia que ele estivesse se conformando. O que era pior, pois ele sofreria mais, derrotismo nunca é uma boa solução. Ele havia chegado a eles uma semana atrás, aos prantos, tinha cortes na boca e em volta da mesma, ele tremia e não dava pra compreender o que ele dizia. Então a Ever colocou-o pra dentro e depois de muitas tentativas de acalmá-lo ele explicou o que estava acontecendo.
Enquanto ele contava a história sórdida, Damen e Ever trocavam olhares de perplexidade, estavam horrorizados, era um pesadelo que voltava para assombrá-los. E foi a vez dela desmoronar no sofá, desolada. Não podia ser, achava que finalmente poderia viver em paz, sem histórias de imortais. E agora Jude estava ali desesperado, um novo imortal, cujo fruto da árvore sagrada, ainda que eles tivessem, não poderia ajudar. Por que claro que Ever estava disposta a fazer a jornada novamente por ele, mas de nada adiantaria. Aquela alma nobre que ganhou acesso aos salões do conhecimento, ele seria ajudado com certeza, tinha que haver algum jeito. Buscariam respostas e as encontrariam. Ele sempre os ajudou era a vez de retribuir.
Jude não tinha mais esperanças daquela situação se resolver, mas Ever insistia que deviam procurar uma solução. Ele já se arrependia amargamente de tê-la envolvido nisso, devia simplesmente ter ido embora, aceitado seu destino, não tinha nada que ter ido procurá-la, e Damen fazia questão em evidenciar isso. Mas agora era tarde, já estavam envolvidos e Ever estava abalada, e só por isso, só por ela, ele aceitou voltar aos salões do conhecimento.
Foram longas horas de pesquisa e descobriram algo impressionante. Ever foi direto a antiga sala que lhe ajudou tanto no passado, e dessa vez não poderia ser diferente. A tela apareceu a sua frente como das outras vezes, e uma série de imagens seguiram-se. Pinturas que retratavam a revolta de Lúcifer e a queda de uma legião de anjos que o apoiaram. E depois imagens dos mesmos anjos na terra, misturando-se com humanos, adotando seu estilo de vida, sobrevivendo assim através dos séculos. Rostos lindos, e eternamente jovens.
Um casal chamou-lhe a atenção, uma garota de lindos cabelos negros e um rapaz loiro que a olhava com tanto amor que transparecia além da pintura. Ever sentiu uma empatia por aquele casal, por algum motivo lembraram seu amor e o de Damen. Na imagem seguinte mostrava os dois com asas, o mais belo casal que ela já viu, era uma imagem suprema, linda e emocionante. Viu também a maldição que caiu sobre os dois, e descobriu o porquê da identificação que sentiu ao vê-los, eles também passaram muitas vidas para ficar juntos, assim como Ever, Lucy sempre morria e o pior, em muitas vidas ela nem podia beijar Daniel. Não a surpreendeu quando lágrimas escorreram por sua face, era uma história muito triste.
A seguir viu a história de anjos caídos que se apaixonaram por mortais, e também os Nefilim. Um casal improvável mostrou que o destino é mesmo muito imprevisível. Um anjo caído de asas negras e uma Nefilim de rostinho infantil, dois povos inimigos e o mais impressionante, como se já não fosse o bastante, ela era a líder dos Nefilim e precisava governá-los em uma guerra definitiva que destruiria de uma vez por todas os anjos caídos, que viviam se divertindo às custas de seu povo possuindo seus corpos. Perante a isso Ever não soube de que lado ficar, era cruel o que os anjos faziam não tinha direito de brincar assim com aquele povo. Porém aquele casal admirável conseguiu acabar com a guerra e ficar juntos.
E muitos outros foram mostrados, anjos que ao caírem se uniram, outros que ficaram do lado do demônio, outros que não escolheram lado algum. Por mais fascinante que fossem aquelas histórias, Ever não conseguia entender o porque de estar vendo aquilo. Saiu meio zonza da sala e encontrou uma porta que antes não estava naquele corredor. Não custava nada ir dar uma olhada, caminhou até a porta branca e não surpreendeu-se ao ver que estava aberta e ao entrar deparou-se com uma vasta biblioteca.

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