Em Minha Pele

Capítulo 7


A notícia sobre o atentado contra a vida de Marta Simone repercutiu entre grupos progressistas que exigiam uma melhor investigação sobre. O próprio prefeito tentou acalmar esse setor, incluindo vereadores de esquerda. Prometeu que a polícia civil apurará todas as evidências possíveis.

O delegado titular que recebeu a designação de investigar era o mesmo que Solange trabalhava. Depois de apurar algumas testemunhas oculares, o homem pediu para interrogar o Théo. Segundo testemunhas, o moço discutiu com a psicóloga minutos antes do atentado. Théo, porém, mostrou um álibi de que estava entregando água no momento do crime. Mesmo sem testemunhas a seu favor, o entregador foi liberado.

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Marta Simone saiu do hospital ainda na noite do mesmo dia. Alguns repórteres tentaram uma entrevista exclusiva, porém ela foi escoltada por policiais até um carro e foi embora.

O celular da mulher tocou.

— Alô... Oi, Duda, querida. Estou bem, obrigada?

— Não deveria ter saído do hospital esta noite. É perigoso. Que tal dormir na minha casa hoje?

— Eu não tenho medo, querida. Tenho certeza que é algum opositor político miliciano que quis me calar. A polícia vai me vigiar esta noite. Fique tranquila.

— Tudo bem. Liga pra mim amanhã.

— Certo.

Duda se despediu de Marta e desligou. A psicóloga pediu um cigarro ao policial.

...

No dia seguinte, Solange resolveu ligar para esse amigo inspetor soteropolitano para saber sobre o caso da prisão de João Guedes em 2017.

— Diga, querida amiga.

— Raimundo, sou eu, Solange. Aquela PM daqui do Ceará.

— Ah, Solange. Há quanto tempo não nos falamos? Dois anos? Veio felicitar minhas bodas de prata com a minha esposa?

— Nada disso. Quero um favorzinho seu. Em nome daqueles bons tempos quando nos conhecemos em Recife.

— Fala. Se estiver dentro das minhas expectativas, ajudarei.

— Houve um caso ano passado na Bahia de uma turista cearense que foi estuprada e matou o bandido a tesouradas.

— Lembro. Foi em Recife de Bom Jesus. Ela foi inocentada como em legítima defesa.

— Pois bem, a moça está morando na mesma cidade que eu, e desde que chegou aqui está sendo perseguida por alguém que quer vingança. Tenho a intuição de que seja algum parente do tal Iran.

— E o que quer que eu faça?

— Poderia interrogar o parceiro dele que está preso? Seu nome é João Guedes.

— Solange, não vou mentir. Vai demorar um pouco. Como eu imagino que isso seja extra-oficial, eu poderei visitá-lo na prisão apenas como visitante, e ele não terá obrigação alguma de me responder.

— Confio em ti, Raimundo. Vai que é tua!

Dias se passaram, Rafael ficou perplexo com a surpresa dentro da caixa. Não saberia como reagir numa situação daquela diante de uma ameaça. Duda passava por um sério perigo, mas havia tantas pessoas ao redor dela que era dificílimo deduzir quem mandara o recado. Decidiu ir encontrar com ela no sítio mesmo com as recusas dela.

Enquanto isso, Duda marcou um encontro com Théo na pracinha central da cidade. A moça ficou esperando por alguns minutos, o moço atrasou quase vinte minutos. Ao se levantar do banco para ir embora, foi tocada no ombro pelo rapaz.

— Te assustei?

— Um pouco. Ainda estou surpresa com mim mesma por ter aceitado esse encontro.

— Mas a gente marcou como amigos, não foi? Não quero pressioná-la a nada.

Duda agradeceu a compreensão do homem. Viu um carrinho de sorvete e foi pedir dois. Théo não quis que ela pagasse, insistindo em o fazer.

— E então, Théo. Quem você é de verdade e como conhece a Natasha?

— Nós nos conhecemos em Fortaleza. Somos amigos de infância desde que aquela cabeleireira usava cuecas e tênis preto. Nossas famílias eram vizinhas, ou seja, vivíamos no mesmo bairro.

— E cadê seus pais? Eles moram aqui?

— Não. Eu moro sozinho. Natasha alugou um quarto pra mim, mas com o dinheiro do salário na empresa que eu trabalho e nos bicos que eu faço, deu para me livrar da Natasha.

Rafael dirigia o seu carro no entorno da pracinha, quando viu a sua esposa conversando com o rapaz. Estacionou o veículo, desceu e foi até os dois.

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— Quem é o seu amigo?

— Ah... Rafael, o que faz aqui?

— Eu te pergunto o mesmo. Pensei que estava traumatizada e não quisesse se relacionar com outros homens.

— Calma aí, cara. Ela e eu somos apenas amigos. Mesmo sendo marido dela, esqueceu que você a traiu?

— Eu tive um motivo...

— Motivo? Com a Daniela foi um bom motivo. Escuta, Rafael, não me importo com quem você está transando, mas me deixe em paz.

— Quem garante que esse cara é o seu perseguidor? Semana passada eu recebi uma mensagem dizendo que o perseguidor estava perto de você. Eu ia na sua casa te avisar.

— Parabéns, cara. Aviso dado, aviso recebido. Agora cai fora...

Rafael meteu um soco na cara de Théo. Logo os dois trocaram socos. O policial Becker teve que intervir na briga e ameaçar prender os dois. Rafael foi embora dali antes que uma multidão se formasse. Duda perdeu a vontade de se divertir e também saiu. Théo ficou visivelmente irritado.

...

À noite, Rafael saiu do seu escritório e foi para a academia que frequentava. Entrou levando uma mochila em que sua roupa estava. Preparou-se para os exercícios de musculação e luta. Apenas o personal trainer e outro cliente estava no local. Já passava das nove da noite.

— Poxa, Rafa, já vou fechar. — Reclamou o personal e dono.

— Espera eu tomar um banho? Convido você para uma cervejinha.

— Não, preciso dormir cedo pra sair cedo amanhã para o interior.

— O sábado promete, hein? Já vou.

Rafael entrou no vestiário, retirou a roupa de academia, ficando pelado. O loiro era musculoso, com um porte atlético invejável. Entrou no chuveiro e foi tomar banho.

Uma sombra entrou no vestiário. Rafael percebeu, afastou a cortina e tentou ver se havia alguém.

— Rodrigo?

Depois de tomar o banho, ele foi de toalha até o armário. Havia um envelope sobre a mochila. Um bilhete escrito "Vou matá-la hoje". O secretário se apressou.

— Vai aonde com essa pressa, homem?

— Preciso avisar para a Duda que aquele filho da mãe vai fazer algo.

Ele imediatamente entrou no carro e saiu em disparada pelas ruas. Tentou ligar para Eduarda várias vezes, mas em todas elas caía na caixa-postal.

— Droga, atende! Atende!

O veículo passava de oitenta por hora quando passou por uma avenida. O freio não quis pegar de maneira alguma. O carro de Rafael colidiu com um poste, capotou três vezes e parou na calçada.