Em Lugar do Frio
Explosão interna
Eu não fazia ideia do que eu estava falando. Ok, o anel. Mas que raio de anel era esse?! Olhei para Joseph, achando que ele estaria tão confuso quanto eu, mas não. A expressão dele se clareou, e ele olhou para frente, com os pensamentos longe.
– Joseph? – chamei. – Que anel é esse?
– O anel que eu dei a Antônia. Deve ser alguma pista. Mas...
– O quê?
– Como um anel seria uma pista?
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Eu não sei.
– Onde está esse anel?
– Depois que Antônia se foi... Recebi uma carta dizendo que a família guardou o anel junto com alguma outra coisa, e que Antônia queria que os entregasse a mim. Deve ser isso. Deve estar na casa dela.
– E onde era a casa dela?
Joseph olha para mim, com a expressão triste. Ele está me escondendo algo. Sei disso. Eu o conheço. Conheço-o como não conheço nem a mim mesma. É como se ele fosse a única parte que faz sentido em mim. E eu sei que, neste instante, ele tem medo da minha reação.
– Joseph. Fale.
– Não fique brava, okay? É... na sua casa – ele solta tudo com uma única respiração. Eu apenas fico encarando-o, perplexa.
– Como é que é?!
– Eu não sei, Liv! Okay?! Eu também fiquei em choque quando descobri onde você mora! Mas eu não podia fazer nada, não podia te dizer nada!
– Você só pode estar de brincadeira comigo... – Levanto-me, balançando a cabeça, e começo a caminhar.
– Liv...
– Não, Joseph! Admita que isso é só uma pegadinha! Eu estou aqui, preocupada com você, e você vem me fazer uma brincadeira estúpida dessas! – grito e várias pessoas param para me observar.
– Liv, pare com isso, as pessoas estão olhando para você... – diz.
Eu olho em volta, desafiadora, e também com um pouco de vergonha.
– Eles não podem me ver, Liv. Como você explica isso?
– Algo bem óbvio. Eu estou louca. – Acelero o passo.
– Liv... – A voz quase chorosa dele me faz parar. – Por favor. Você é minha única esperança. Minha única chance de me libertar.
Balanço a cabeça, não acreditando no que estou prestes a fazer. Sou idiota o bastante para me apaixonar por um cara que está morto e que ainda precisa de mim para encontrar a mulher que ele ama.
– Tudo bem. Vamos.
Não olho para trás, recomeço a andar e sei que ele está me seguindo.
***
– Esta casa foi demolida e reconstruída, Joseph – digo, ao chegarmos em casa.
– Tem que estar por aqui. Tem que estar. – Ele começa a ficar agitado e eu o conheço muito bem para não querer vê-lo assim.
– Tudo bem. Acalme-se. Sente-se.
Ele se joga no sofá, encarando-me. Eu tento me concentrar e fazer o mesmo que fiz no parque. Penso em Antônia, em Joseph, naquele anel...
Uma brisa passa pelo meu corpo. Eu sigo minha intuição e logo estou no quintal da casa. Caminho pela terra e olho para trás. Joseph está me seguindo. Paro. Algo me faz parar.
– É aqui, Joseph. Cave – peço. Ele logo arranja uma pá e começa a cavar.
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