Em Busca da Verdade

Encontrando o passado parte 1


Misty P.O.V

Finalmente o dia 22 acabou. Minha mágoa continua onde estava, mas ao menos diminuiu. Aquele dia me lembra de muitas coisas e todo ano tenho que me recuperar. Mas agora é bola pra frente, não posso viver do passado.

Por esse motivo mesmo, que irei me separar do Rudy ainda hoje. Ele é legal e me trata bem, mas não o amo. Não aguento mais todo dia fingir que gosto dele. De, na frente dos outros, fingir-me de apaixonada. E de trocar beijos sem amor, sem carinho. Beijos sem sentimento.

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Mas, antes disso, preciso saber a opinião da minha filha, da minha princesa. Afinal, ele é o pai dela.

Desço as escadas e vou tomar o café da manhã. Meu marido e minha filha já estão na mesa.

— Bom dia mamis! – ela abre o maior dos sorrisos ao me ver, e não consigo deixar de retribuir.

— Bom dia, meu amor!

Ela tem esse sorriso enorme, caloroso, que mostra todos os seus dentinhos. O sorriso de seu pai. Minha filha tem um sorriso muito parecido com o do pai. Não gosto disso, ela não devia ter o sorriso parecido com o dele. Mas tem.

— Bom dia, meu amor! – Rudy me cumprimenta também.

Rudy abre um daqueles seus sorrisos de galanteador que derrete o coração de todas as mulheres. Menos o meu.

— Bom dia. Filhota, a mamãe pode conversar um minutinho com você antes da senhorita ir pra escola?

— Claro! Mamãe, tudo o que você quiser!

Essa é a minha filha. Fazendo de tudo para ver as pessoas à sua volta felizes.

Ela vem ate mim, deposito um beijo na sua testa e subimos as escadas de mãos dadas.

Chego ao meu quarto, e minha pequenina logo se atira na minha cama. Deita com o meu travesseiro entre seus braços e pergunta delicadamente:

— Mamãe, o que você quer me perguntar?

— A mamãe gostaria de saber o que você sente pelo seu pai. A resposta tem que vir do fundo do seu coração, ok?

— Bem, eu gosto dele. – responde minha pequenina, não entendendo o que eu quero saber.

—Você prefere ele ou a mamãe? – pergunta injusta, eu sei, mas eu preciso saber.

— Lógico que eu prefiro você, né mamãe! – diz ela como se essa fosse a coisa mais obvia do mundo. – Vocês vão se separar?

Ela perguntou isso tão ingenuamente que eu me espantei. Achei que teria que explicar o que é separação e tudo mais, mas não. Minha pequena é tão inteligente!

— Bem… a mamãe quer se separar, meu amor. Mas eu quero saber primeiro a sua opinião. Se você não quiser, eu continuo com o Rudy…

— Não mamãe. Você tem que fazer o seu coração mandar você fazer! Ele é meu pai. Por isso que eu gosto dele, mas, na verdade, acho que ele não gosta muito de mim! – ela parecia chateada e nada, nada mesmo, me incomoda mais do que ver seu rostinho retorcido de tristeza.

— Como assim ele não gosta de você? – perguntei espantada.

Se o Rudy bateu no meu bebe, eu é que não queria estar na pele dele. Aquele idiota vai sofrer tanto que nem vai se lembrar do seu nome quando e SE acordar! Acho que tinha uma veia saindo da minha testa, porque minha filha até se espantou um pouquinho.

— Nem pense em matar o papai! – é impressão minha ou essa garota está começando a ler pensamentos? – Ele simplesmente não fala comigo nem faz nada, mal me olha, e quando me olha… bem, me olha com uma cara de que não gosta, como se eu lembrasse seu pior pesadelo ou coisa do tipo. Não sei por que… você sabe, mamãe?

Meu bebe me olhou com os olhinhos cheios de curiosidade, quero responder que sim. Que eu sei. Que ela lembra uma coisa a qual o Rudy teme muito. Mas ao invés de dizer isso, eu digo:

— Não sei meu amor, mas não se preocupe ok? A gente não irá mais ficar junto.

— Por que essa decisão repentina de se separar dele, mamãe? Você já quer se separar há algum tempo, né?

— Sim… mas me reponde uma pergunta?

Respondi de forma diferente, como ela percebia tantas coisas?

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— Claro! – ela respondeu. Suas pequenas sobrancelhas franzidas levemente.

Ela me olhou e eu posso ver em seus olhos que está preocupada comigo. Agora ela é a mãe e eu, a filha. Mas ela é muito nova. Nem completou sete anos ainda.

— Tem alguma coisa que passa despercebida por esses seus olhos cor de esmeralda?

Eu rio, ela ri comigo antes de responder com ar maroto:

— Não sei, mamãe. Mas o tio Brock disse que você também percebia tudo! Mas não percebia uma coisa, mas ele se recusou a me dizer o que era!

Claro, eu não havia percebido que eu e Ash éramos o casal perfeito e éramos um apaixonado pelo outro. Que eu tinha de me arriscar, ao invés de temer a rejeição. Fui muitas vezes um cupido, mas quando chegava a minha vez, ia tudo por água a baixo. E também que eu não deveria tê-lo permitido ir embora.

— Quando você teve essa conversa com o seu tio?

— Há alguns dias atrás. Eu achei esse baú aqui ó, mamãe!

Ela vai até o meu armário e pega uma caixa lilás e decorada. Abre e tira muitas fotos que estavam lá de dentro.

Minhas fotos de quando eu era mais nova. Da minha adolescência. De quando eu e Brock viajávamos com o Ash. Como ela havia achado isso?!

Fiquei branca, assustada e imóvel, enquanto ela ia tirando as fotos da caixa.

— Você andou mexendo nas minhas coisas? – perguntei num sussurro.

Se ela ler o meu diário, se ela achar e ler o meu antigo diário, descobrirá o que escondi por todos esses anos. Ela não pode achá-lo.

— Foi por acidente. Eu tava brincando, quando achei essa caixa e chamei o titio porque ele aparecia nessas fotos! – diz calmamente, explicando-se e não demonstrando preocupação.

— Ok, mas não deve mexer nas coisas da mamãe! Você sabe que gosto de ter uma privacidade!

— Tá, mas senta aqui mamãe! Quero te mostrar o que achei!

Minha filha diz isso com tanto entusiasmo que não posso resistir ao seu doce sorriso, um sorriso puro que eu tenho muito medo. O sorriso que fez eu me apaixonar por seu pai, um sorriso que é irresistível para mim.

Sento-me ao seu lado, esperando que ela simplesmente visse as fotos e dissesse como devia ser legal sair pelo mundo afora viajando, mas é lógico que ela não iria dizer isso. Se dissesse, seria fácil demais, e, pra mim, as coisas nunca são fáceis.

— A minha preferida é essa daqui, mamis! – ela me mostra uma das fotos que eu mais gostava nesse mundo, mas que, hoje em dia, me trazem lembranças que eu prefiro esquecer.

Mostra-me uma foto de quando estávamos na ilha do Rudy. Foi muito engraçado tirar essa foto. Eu rio quando a vejo. O Brock estava do meu lado e, do outro, estava Ash. Ele estava com o braço sobre meu ombro, pois o Rudy queria ficar do meu lado e me abraçar, mas o Ash não deixou e ele ficou do meu lado, com o braço por mim como se dissesse que eu era dele, e que o Rudy deveria ficar longe. Rudy estava do lado do Ash, com uma cara de mosca morta, olhando a mim e ao meu Ash de forma assassina, como se fosse nos matar. Foi muito engraçado tirar a foto, o barraco que deu, mas o Ash venceu. Eu disse que preferia que o Ash ficasse do meu lado, pois nos conhecíamos á mais tempo. Grande mentira! O queria ao meu lado, pois eu o amava.

— Por que você está rindo, mamãe?

— Pois me lembro como foi engraçado tirar essa foto, minha linda.

— Quem é esse de cabelos pretos?

— Um amigo. – disse fria e secamente. Demais, em minha opinião, mas eu acho que não tinha escolha, se falasse de outro modo, desabaria no choro na frente da minha pequena.

— Você gostava muito dele, né?

Espantei-me com a pergunta de minha filha, estava tão obvio assim? Achei que nessa foto eu havia disfarçado bem, mas nada passa despercebido pelos olhos de minha pequena, o que eu iria responder? O que poderia responder?

Continua...