– Como assim vai voltar pra lá? - Johnny perguntou confuso.

– Será melhor assim. Eu nunca devia ter vindo pra cá. As pessoas dessa casa não gostam de mim, as da cidade também não. Será um peso das costas que vou tirar.

– E quanto a mim, e o papai? Nós amamos você! Não, você não vai embora! - Rebateu irredutível.

– Eu também os amo, mas não dá pra continuar debaixo do mesmo teto que aquelas duas.

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– Nós vamos dar um jeito nisso, mas, por favor, pense melhor a respeito, você está com a cabeça quente. - Johnny me olhou como uma criança que quer muito alguma coisa. Deitei a cabeça em seu ombro e ele me abraçou como se quisesse me proteger.

– O Johnny tem razão, você está com a cabeça quente. - Meu pai disse, sentando ao nosso lado. - Ouvi tudo que conversaram, e eu tenho uma solução.

Havia expectativa nos olhos dele, e nos do meu irmão também. Papai me explicou que a casa anexada era completamente independente da casa dele, e que estava vazia há um bom tempo, e que já que eu não queria mais ficar junto com Audrey e Jenny na mesma casa, eu poderia ficar ali.

– Não é muito grande, mas como é apenas para uma pessoa acho que vai servir.

Johnny pareceu realmente empolgado com a ideia, já eu não estava muito certa se adiantaria alguma coisa.

– Pai, eu não sei se isso vai dar certo.

– Querida, só saberemos se tentar. Haley, a vida não é nenhum mar de rosas, e nem tudo é da forma como nós queremos, você sabe muito bem disso, então se dê uma oportunidade de ter uma nova chance. Em Nova Iorque você estará completamente sozinha, já aqui você tem a sua família e os seus amigos.

– Metade da família!

– Que seja apenas uma pessoa, mas que a ame e cuide de você.

– Eu posso pensar então? - Perguntei.

– Deve pensar! De qualquer forma, a casa precisa de uns retoques, então vou mandar fazer agora mesmo. - Ele disse, ficando de pé. - Por enquanto você fica aqui. Acredito que em menos de uma semana esteja pronto.

Meu pai saiu andando sem ao menos me esperar responder, e Johnny entrou comigo. Ele me acompanhou até o quarto, mas como sabia que eu precisava de um tempo, me deixou sozinha. Deu um beijo no topo da minha cabeça e saiu.

Deitei na cama com os braços por trás da cabeça e fiquei a pensar o que faria da minha vida. Tudo o que o meu pai havia dito era verdade, mas é tão difícil realmente conseguir não se importar com as coisas.

Percebi que eu precisava de um pouco de ar. Desci as escadas sem que ninguém me visse e sai pelas portas da cozinha.

– Vai a algum lugar senhorita? - Anna perguntou ao me ver saindo.

Virei-me de frente e confirmei com a cabeça, e pedi que não falasse nada, pois não me demoraria. Comecei a andar pelas ruas da cidade e acabei indo parar em frente ao lago, e mesmo sendo noite, a visão ainda era linda. O céu estrelado refletido na água me passava uma sensação de paz que eu não sentia há muito tempo.

Pensei na minha mãe, e no que ela faria se estivesse no meu lugar, ou qual o conselho me daria para me livrar daquela situação. Foi impossível não chorar ao lembrar dela. A falta que ela me faz é muito grande, e as vezes a saudade não cabe no peito.

– Está tudo bem Haley? - Uma voz atrás de mim falou. Virei a cabeça e vi que era o Jason. Dei de ombros como se estivesse tudo bem. - Você não me engana sabia. Sei que está acontecendo alguma coisa.

– Nada que você possa resolver. - Respondi, limpando algumas lágrimas com o dorso da mão.

Jason sentou ao meu lado, cruzando as pernas e brincando com o capim.

– Sabe Haley, eu sei que os últimos dias tem sido confusos, mas queria que soubesse que pode contar comigo se precisar. - Ele disse sincero. Eu apenas confirmei com a cabeça, e permanecemos ali, em silêncio.

Passou tanto tempo que acabamos adormecendo e quando acordei já era dia. Procurei por Jason com os olhos, mas ele não estava. O único que eu consegui avistar foi o Mike, que estava debruçado em uma pequena bancada ao lado do trailer. Não sei se era porque ele estava longe, mas sua fisionomia parecia séria demais. Ele tinha uma caneca nas mãos e quando viu que eu estava acordar, simplesmente entrou.

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Não me importei muito em ir falar com ele. Estava mais interessada em ir embora, mas acho que essa não era a intenção dele. Enquanto andava, Mike apareceu do meu lado, com o olhar sarcástico de sempre.

– A noite deve ter sido muito boa hein Haley! - Ele disse. Era nítida a mudança no tom de voz, e o jeito como ele falou meu nome. Era até estranho, já que ele sempre me chamou por apelidos.

– O que quer dizer com isso? - Perguntei.

– Não se faça de boba. Está descabelada, com pedaços de galho no meio do cabelo e eu vi você e o garoto de ouro dormindo juntos ontem a noite. Posso ser tudo, menos idiota! - Ele disse.

– O que? Você por acaso ta achando que o Jason e eu...que nós... - Era realmente desconfortável pensar no que ele estava imaginando. Jason e eu era uma possibilidade irreal. Não havia nada entre nós, e nem passaria a haver. Mas talvez Mike não pensasse desss maneira, quer dizer, ele com certeza não pensava assim. Para ele, nós realmente dormimos juntos como um casal.

– Sim, você é um idiota. E pensar uma coisa dessas é uma estupidez. - Respondi.

– E por que é uma estupidez? - Ele perguntou, ficando de frente pra mim, e segurando um dos meus braços. - Por acaso o garoto de ouro de Ellsworth já perdeu o encanto?

– Eu...eu..

– Responde NI, por que é uma estupidez achar que você ainda gosta dele? - Mike estava próximo demais, e eu já não estava pensando direito.

– Eu preciso ir. - Eu disse, e o deixei ali.

Fui para casa praticamente correndo, e quando cheguei, meu pai e Johnny me procuravam desesperados.

– Onde você estava? Pensei que tivesse fugido! - Johnny disse preocupado, me abraçando com força.

– Eu precisava pensar um pouco na minha vida, e acabei perdendo a hora. - Respondi. Meu pai também me abraçou, e me levou para o lado de fora da casa. Ele queria me mostrar o lugar que eu ficaria. Era uma casa bem menor que a dele, porém parecia bem aconchegante.

– É aqui que você vai ficar. Só precisa de uma pintura, e ficará novinha em folha. - Ele disse.

– Já posso vir? Não me importo que não esteja pintada, posso fazer isso depois.

Meu pai ficou a pensar se era uma boa ideia, mas acabou cedendo. Johnny subiu comigo para ajudar a empacotar minhas coisas, e ficou realmente surpreso com a quantidade de caixas que enchemos. Passamos o dia inteiro indo e vindo da casa nova, e no final do dia estávamos exaustos.

Já era inicio de noite quando terminamos tudo. Ainda faltava algumas caixas, mas podíamos fazer isso no dia seguinte.

O celular do Johnny tocou, era Alanis. Os dois ficaram conversando por volta de meia hora, e eu aproveitei para tomar um banho nesse tempo.

– Espertinha, fugindo do trabalho pesado, não é! - Ele disse quando voltei.

– Estava apenas ocupando o tempo enquanto você namorava pelo telefone. - Respondi marota.

– Já que não vou vê-la hoje, tinha que falar pelo telefone.

– Por que não?

– Porque os pais dela não a deixariam sair a noite.

– Mas nem se a irmã for junto?

– Ai que está o porém. A Isa não está em casa. Pelo que Alanis me contou, ela saiu com o Mike.

– Como assim, saiu com o Mike?

– Eu não sei. E por falar nele, o que ta rolando entre vocês? - Johnny perguntou curioso. Era óbvio que ele havia pensado alguma coisa sobre o dia que estávamos no Taylor's. Tentei mais uma vez desconversar, mas ele era insistente, na verdade Johnny conseguia ser pior que a Carlla.

– Não é nada.

– Haley Sullivan, você pode enganar a todos, mas sou seu irmão e te conheço muito bem.

Sentamos no chão da sala, e eu acabei contando tudo a ele, exatamente tudo o que havia acontecido desde que cheguei em Ellsworth.

– Você quer uma opinião, ou eu tenho que guardá-la pra mim.

– Depende, se for algo que vá me ajudar pode falar, caso contrário, pode guardar pra você.

– Você ta caída pelo Mike!

– Johnny! - Ralhei.

– O que? Se tudo que me contou for verdade, então sim, você gosta dele, só não quer assumir. Bem eu vou tomar um banho também. Estou morto de cansado. - Ele disse, levantando e indo embora. Fiquei ali, parada no mesmo lugar, pensando em tudo o que conversamos.

Será que é realmente por isso que todas as vezes que ele chega perto de mim minhas pernas bambeiam? Será que eu gosto mesmo dele e ainda não me dei conta? Não, isso não pode ser possível, ele é o Mike, o caipira e ogro que tira minha paciência só pelo fato de existir. Não posso estar gostando de alguém assim!