Ele E Ela

A primeira vista


Era incrível como dizer a verdade pode ser libertador.

Maria se sentia feliz ,simplesmente feliz, como a muito tempo não se sentia.

Ainda podia sentir os lábios macios de Miguel sobre os seus ,e aquela sensação tinha se repetido muitas vezes antes de finalmente se levantarem e voltarem ao carro.

Miguel mantinha seus braços ao redor da menina ao seu lado que parecia tão frágil ,mas na verdade era a pessoa mais forte que já conheceu. Maria mantinha a sua cintura de Miguel envolvida com firmeza por seus braços. E assim ,eles caminhavam de volta ao carro.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

- Eu agradeço por você ter me contado a sua história Maria. - disse carinhosamente.

- Não existe mais nenhuma outra pessoa a quem eu quisesse contar. - deu de ombros sorrindo.

Ao atravessar o portão do cemitério trocaram mais um delicado beijo, Miguel a soltou sorrindo e abriu a porta do fusca azul para que ela pudesse entrar ,depois deu a volta e entrou no carro ,ainda sorrindo como um bobo apaixonado ,e no fundo era isso mesmo que ele era.

- Por que você não fica um pouco lá em casa e me faz companhia? - Maria perguntou já dentro do carro em movimento.

- Pobre menina solitária. - Miguel fez graça e riu quando olhou rapidamente para Maria e viu o bico que ela fazia.

Ela não resistiu e acabou rindo junto com ele.

- Mas eu sou solitária mesmo sabia? Jack está em Nova York de novo e Berta já deve ter ido para casa a essa hora.

- Você passa a noite sozinha naquela casa gigante?!

- Só quando Jack está fora. - deu de ombros.

- Você só o chama assim? - a olhou por um curto momento.

Maria somente assentiu.

- Você realmente acha que ele tem culpa em tudo o que aconteceu? - Miguel perguntou receoso ,agora sabia que aquele era um assunto mais que delicado.

- Depois de ouvir tudo aquilo você ainda tem dúvidas?! - ela não estava entendendo aquela pergunta.

- É que não se pode saber o que ele pensa! E se ele sofrer tanto quanto você por conta das perdas?

Maria Flor estava se sentindo mais que desconfortável com aquela conversa, começou a estalar os dedos discretamente e torcer para que chegassem logo a sua casa. Só assim aquela conversa teria um fim.

Mas pensar que Jack sofri tanto quanto ela ,era praticamente impossível.

- Ele é incapaz de sentir qualquer coisa. - respondeu com os olhos fixos na estrada a frente.

- Maria ,não julgue ninguém. Principalmente seu pai!

Ela o encarou com um olhar interrogativo que foi facilmente identificado por ele.

- Quando julgamos ,também somos julgados.

O olhar interrogativo ,passou a ser um olhar perdido. Julgamentos, algo tão presente na vida de todos ultimamente. Parece ser o passatempo favorito das pessoas ,uma diversão tão dolorosa.

Sendo assim ,ela decidiu permanecer em silêncio. Não sabia o que dizer ,porque não tinha nada a ser dito.

Ele também permaneceu em silêncio. Pensava se tinha sido muito duro ,mas sabia que não. Só tinha dito a verdade.

Não demorou muito para que estacionasse em frente a casa de Maria. Quando eles estavam tomando folêgo para sair do carro ,um outro automóvel estacionou a frente deles. O carro era muito luxuoso ,era uma Mercedes preta ,brilhante ,parada bem a frente deles. Era o carro mais luxuoso que Miguel já tinha visto na vida ,tirando o porshe de Maria.

Ela sabia que sairia de dentro do carro ,por isso respirou fundo e manteve a expressão relaxada. Ou pelo menos tentou.

Já Miguel ,continuou encarando o carro ,imaginando quem sairia dali.

Foi quando um homem alto, vestido em um elegante terno preto e óculos escuros saiu do carro. Segurava uma pasta de couro preto nas mãos e seus sapatos estavam muito bem engrachados. Os cabelos grisalhos revelavam que já era um homem de idade ,mas isso só contribuia com sua imagem de homem sério. Era extremamente elegante.

- Quem é ele ? - Miguel sussurrou ainda o encarando.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

- É Jack ,meu pai.

Os dois ficaram em silêncio olhando para o homem elegante a frente ,e prenderam o ar nos pulmões quando o homem parou e encarou os dois dentro do carro.

Apesar dos óculos escuros e do vidro do fusca ,o olhar daquele homem parecia ultrapassar os obstáculos e queimar os dois.

- É melhor irmos logo, vem. - Maria suspirou e saiu do carro.

Miguel sabia o quanto aquele encontro seria tenso ,ainda mais com a presença de um desconhecido para uma das partes. Por isso respirou fundo e pediu a Deus que tudo ficasse bem ao sair do carro.

Maria Flor o esperava do lado de fora, e Jack permanecia imóvel a frente deles.

Os dois deram passos lentos até pararem a frente do homem engravatado ,em um ponto do minúsculo caminho, Maria agarrou a mão de Miguel e tomou ar.

O silêncio era mais que tenso ,Miguel sentia vontade de ir embora ,mas sabia que tinha que dar apoio a Maria e um hora teria que conhecer o pai dela.

Jack tirou os óculos e Miguel descobriu de quem Maria tinha erdado seus lindos olhos verdes.

- Olá . - ele disse inexpressivo.

- Oi Jack. - Maria respondeu amigável ,mas com esforço. - Eu queria que você conhecesse meu namorado..

Ao ouvir as palavras dela Miguel não pode evitar a surpresa e euforia que tomou conta de seu corpo. Eles eram namorados?!

Olhou para ela com um grande sorriso nos olhos, mas sabia que no momento tinham que se concentrar no homem a sua frente. O pai de sua namorada..

Miguel o encarou e sorriu ,estendeu a mão.

- Muito prazer em conhecê-lo Sr.Santino. Eu sou Miguel Collins.

Jack pareceu relutante ,mas estendeu a mão e apertou a de Miguel com firmeza.

- Jack Santino. - respondeu com um aceno de cabeça. Depois olhou para a filha. - Eu não sabia que você tinha namorado.

- Você não sabe muitas coisas sobre mim . - Maria resmungou e recebeu um olhar repreendedor de Miguel. - Enfim! Começamos a namorar hoje ,e ele só veio me deixar em casa.

- Mas já? Queria conhecer mais a fundo meu genro. - Jack sorriu irônico.

Miguel se manteve firme, mas aquele homem o pertubava.

- Já Jack. - Maria deu as costas para o pai. - Vem Miguel..

- Esperem.. - Jack interviu. - Eu vou passar pouco tempo na cidade e não posso disperdisar oportunidades preciosas de conhecer novas pessoas. Meu rapaz, porque não vem almoçar conosco amanhã?

Miguel gaguejou ,mas acabou aceitando o convite.

- Tem certeza? - Maria perguntou preocupada baixinho ,tinha total certeza de que esse almoço seria complicado.

- Claro ,eu vou a igreja e quando sair venho direto para cá. - Miguel deu de ombros.

- Um jovem cristão? - Jack perguntou mal podendo disfarçar o risinho. - Muito bem Maria, arranjou um jovem cristão. - e com isso deu as costas para os dois e se pôs a caminhar até a porta de casa.

Quando já estavam sozinhos ,Maria suspirou irritada.

- Desculpe por isso ,ele é tão irritante! - fechou os olhos tentando conter a raiva que crescia dentro de si.

- Está tudo bem ,não se preocupe. - pôs as mãos sobre os ombros dela. - Namorada..

Maria Flor abriu os olhos e o encarou envergonhada. Só agora tinha se dado conta do que tinha dito.

- Ah... me desculpe ,eu não quis te deixar envergonhado.. eu .. ai minha nossa.

Vendo como ela estava tão envergonhada, Miguel a abraçou e deu risada ,sabendo exatamente o que fazer em seguida.

Ao tirar os braços do redor dela, Miguel pôs um joelho e deu risada da expressão perplexa de Maria.

- Miguel o que você tá fazendo? - perguntou com os olhos arregalados e mãos sobre a boca.

Miguel pegou a mão direita da menina e a beijou com carinho, em seguida a olhou ,dessa vez livre de qualquer brincadeira. Aquele momento era sério.

- Maria Flor Santino, você é a garota mais linda e perfeita de todo esse mundo.Por esses e vários outros motivos e te faço a seguinte pergunta.. Quer namorar comigo?

- Sim! - nem precisou pensar para responder.

Antes que Miguel pudesse se levantar ,Maria se jogou em seus braços e os dois cairam deitados no chão da calçada.

E foi assim que o namoro dos dois começou.

(...)

Naquela mesma noite ,depois de passar uma hora inteira no telefone com seu namorado, Maria ligou para Berta. Um pouco constrangida pela hora, mas ela tinha que contar a novidade aquela mulher que era praticamente sua mãe hoje em dia.

Maria ficou ainda mais constrangida quando Berta atendeu ao telefone ,sua voz era de quem estava deitada a tempos. Mas foi só contar a novidade que Berta se animou mais que o esperado, gritando ao telefone e fazendo Maria cair na gargalhada.

Depois planejaram juntas o que seria preparado para o almoço do dia seguinte. Berta iria chegar mais cedo e pelo o que estava falando ao telefone, a quantidade de comida seria o suficiente para alimentar a um batalhão.

Depois de bater papo por alguns instantes ,Maria desligou o telefone e o deixou em cima de seu criado mudo. Apagou o abajur e se deitou, encarava o teto tranquilo e depois de um tempo se pegou sorrindo. Como não sorria a um bom tempo.

Na manhã seguinte, Maria Flor acordou mais cedo que o normal e arrumou todo o seu quarto com todo o cuidado. Sabia que era quase certo de Miguel não passar nem por perto daquele cômodo ,mas era melhor garantir. Ao terminar a primeira tarefa do dia ,estava cansada mais satisfeita pelo trabalho.

Desceu ainda de pijamas esperando encontrar Berta ocupada com a arrumação da grande e luxuosa sala, mas foi surpreendida ao encontrar o espaço completamente organizado. Escutou barulhos vindos da cozinha e sabia que era ali que encontraria Berta.

Palpite certeiro.

- Bom dia minha querida! - Berta disse animada enquanto colocava vários ingredientes em cima do calcão central da cozinha.

- Bom dia Bertinha, você já arrumou a sala inteira?

- Cheguei mais cedo do que imagina ,estou tão animada por esse menino estar na sua vida!

Chegava a ser engraçado o modo como Berta estava eufórica.

- Berta, você nem o conhece! - Maria achou graça.

- Mas já me informei. O pai dele é um bom homem e um dos médicos mais importantes do hospital da cidade.

- Eu sei, já conheci o pai dele esqueceu?

- Claro que não ,mas eu mesma precisava me certificar. - deu de ombros enquanto abria travessas na geladeira buscando alguma coisa.

- O que vamos ter para o almoço? - Maria perguntou se inclinando sobre o balcão e passando os olhos por tudo que estava ali.

- Lasanha de frango, pão de milho e salada. Tudo bem?

- Tudo ótimo. - Maria respondeu baixinho ao lembrar que lasanha de frango era a comida favorita de sua mãe.

- Querida você pode arrumar a sala de jantar pra mim por favor?

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

- Claro! - respondeu se recompondo do instante de tristeza.

- E depois vá se arrumar logo ,seu namorado deve chegar daqui a pouco!

Maria saiu da cozinha e de pijamas organizou toda a sala de jantar ,não estava tão desorganizada já que as refeições em família não eram a rotina a anos naquela casa.

Depois de tudo limpo e bem organizado, Maria subiu para o quarto e entrou em seu banheiro. Se sentia radiante, como se a qualquer momento pudesse inflar e sair voando por ai feito um balão.

Sua única preocupação era Jack ,ontem ele tinha sido um tanto quanto hostil e tinha medo de que isso se repetisse hoje. Queria que Miguel se sentisse a vontade, queria que ele participasse de sua vida o máximo possível.

Decidida a não deixar a felicidade escapar por entre seus dedos por causa de seu pai, Maria se despiu calmamente e tomou um banho relaxante.

Depois tratou de cuidar dos chacos nos cabelos ,e da maquiagem leve que faria naquela manhã. Entrou em seu closet mais que indecisa, não queria se arrumar demais, afinal iriam almoçar em sua casa. Mas ao mesmo tempo queria estar linda para ele.

Por fim decidiu por um vesitdo azul claro de alças que ia até um pouco antes do joelho. Pôs brincos e algumas pulseiras finas que seu pai havia trazido de NY para ela certa vez.

Se examinava quando ouviu o ronco do motor que já lhe era familiar, foi até a grande janela de seu quarto e viu o fusca sendo estacionado na entrada da garagem.

Correu para fora do quarto e por pouco não saiu rolando escada abaixo quando tropeçou em seus próprios pés.

- Calma menina calma! - Berta falou vendo a cena cômica. - Pra que tanta pressa?

Nesse momento o barulho da campainha soou pela casa.

- Por isso! - Maria Flor respondeu rindo e correndo para a porta.

Antes de abrir a porta parou e respirou, arrumou o vestido e pôs os cachos sobre os ombros.

Abriu a porta e sorriu ao ver o menino de olhos de oceano parado ali.

Usava calça jeans escuro e blusa social azul ,no mesmo tom de seu vestido. Deram risadinhas ao perceber essa coincidência.

Miguel estendeu a mão e acariciou seu rosto.

- Bom dia minha Flor.

- Bom dia Miguel. - respondeu sorridente.

Aquela era um dos momentos mágicos entre os dois, quando se olhavam daquele jeito, e com o mínimo contato era como se estivessem ligados para sempre. Era como mágia ,o problema é que não durou muito...

- Olha quem chegou! O namoradinho cristão da minha querida filha. - Jack disse sorrindo ao descer as escadas calmamente.

Maria se virou para o pai e ao apertar a mão de seu namorado ,soube que o dia não seria nada fácil.