Easy

15 – Cold weekend


No sábado de manhã America ainda não tinha a mínima ideia do que pensar. Nem queria imaginar como seria olhar no rosto de Trevor na segunda feira. Ou no de Stacy. Mas sabia que iria ter muita vontade de matar aquela garota, mais do que já estava agora.

Eram quase duas horas da tarde e ela ainda estava na cama. Havia passado a madrugada chovendo e também amanhecido do mesmo jeito, então seu ânimo para fazer algo era zero.

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Seu celular tocou. Era Andy. Ela deixou tocando, sem atender, e pouco depois Madison ligou, mas ela também não atendeu. Estava os evitando desde cedo. Apenas não estava com a mínima vontade de falar com eles, pelo menos não por enquanto.

Na noite passada, depois de ter levado um banho de vodca – e provavelmente algo mais – de Stacy, America não sabia o que fazer. Não conseguiu encontrar Madison ou Andy em lugar algum, mas encontrou Amanda, que se tornara sua amiga no último mês que se passara, e pegou uma carona com ela. Elas nunca haviam conversado muito, mas estavam se aproximando e Amanda era uma pessoa muito legal; cursava medicina no primeiro semestre e era colega de Andy, embora esses dois não conversassem muito. Uma amizade entre os dois seria algo muito bom.

O celular de America tocou mais umas quatro vezes, duas ligações de Andy e duas de Madison. America levantou e deixou o celular tocando no quarto, e quando o celular parou de tocar a campainha soou.

— Eu não acredito que são eles – ela murmurou.

Andou descalça até a porta e quando a abriu os dois caíram para dentro.

— Você tem celular para quê? – Andy disse, bravo.

— Eu queria me desligar do mundo um pouco. – mentiu.

—E por que você simplesmente sumiu da festa ontem? Ficamos preocupados! E você perdeu o maior bafo, todo mundo está falando que uma garota levou um banho de vodca da Stacy ontem. – Madison falou, torcendo seu cabelo que estava encharcado da chuva.

— Eu realmente não tinha muito o que fazer depois, já que fui eu que levei o banho de vodca. – ela respondeu indo até a cozinha, e sentindo as milhares de perguntas que viriam dos dois, que vinham atrás dela. – Acho que ainda estou cheirando a álcool.

— COMO É QUE É? Aquela cadela te deu um banho de vodca??? – Andy gritou tão alto que America teve medo de que os vizinhos tivessem escutado.

— É. Exatamente isso que você acabou de ouvir. – ela não estava com a mínima vontade de repetir. Muito menos de explicar a história toda.

— Eu vou matar essa garota! Acho melhor ela já escolher o lugar e ir cavando a cova dela! – Andy exclamou, furioso.

— Mas por quê? Ela simplesmente fez isso ou – Madison abriu um sorriso malicioso – teve algum motivo, tipo você se pegar com o McCalton?

O rosto de America ficou totalmente vermelho e a amiga caiu na gargalhada. Andy estava chocado e confuso, com uma expressão estarrecida, olhando de uma para outra.

— Isso é verdade? – ele perguntou.

Ela assentiu com a cabeça, devagar, e ele logo deu pulinhos, dizendo:

— Ahhh, eu não acredito! Finalmente!!

Madison continuou rindo e o rosto da outra ficou mais vermelho ainda, se é que isso era possível.

— Como você sabe? – ela perguntou.

— Digamos que eu errei o corredor quando estava procurando o banheiro.

— Ai, que vergonha. – ela murmurou.

— Vergonha? Querida, você pegou o bofe mais lindo da universidade! Isso é motivo para ficar super hiper mega feliz! – Andy falou, fazendo-a rir, e foi até a geladeira.

— Me diz, ele beija bem? – Maddie perguntou, extremamente curiosa.

America riu, e corando novamente, admitiu:

— Sim.

As duas riram mais ainda.

— Jesus, como eu queria estar no seu lugar, exceto pela parte da vodca, claro.

— Stacy provavelmente vai me matar com os olhos segunda feira. – America disse com um suspiro no final da frase.

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— Querida, isso tudo é inveja porque ele beijou você e não ela. – Andy falou, voltando da cozinha. – Inveja porque ele finalmente se tocou que você é melhor que ela.

Ela andou até seu quarto e trocou de roupa, deixando o pijama de lado. Foi até o banheiro e penteou seus cabelos – que estavam totalmente emaranhados, pois na noite passada ela tivera de tomar outro banho e acabara dormindo com o cabelo molhado, sem penteá-lo –, pensando nas últimas palavras de Andy.

Aquele final de semana começara frio; Madison estava com um cachecol grosso enrolado no pescoço. America vestiu uma roupa aconchegante e voltou para a sala onde os amigos estavam, sentados no sofá.

— Ainda não consigo acreditar. – Madison disse, rindo. – E foram só uns amassos? Nenhuma mão boba, nada a mais?

— Maddie, eu já disse. Foram “só uns amassos” como você falou. Nada a mais. – America respondeu, revirando os olhos. – Vamos falar sobre outra coisa, por favor? – murmurou, com o rosto ficando vermelho novamente.

Não queria sequer pensar na noite anterior, não queria lembrar do toque de Trevor em si. Mas, apesar de tudo, ela era obrigada a admitir que não fora algo ruim. De fato, ela havia gostado daquilo. Mas é claro que ela nunca admitiria aquilo para alguém, muito menos para ele.

— Está bem, está bem. – Madison disse, jogando as mãos para o alto.

— Mas – Andy se intrometeu – você ainda vai nos contar todos os mínimos detalhes!

— Ok, ok. Mas não hoje. Enfim – ela falou, mudando de assunto –, o que acham de passarmos a tarde assistindo seriados?

— É uma ótima ideia – os dois falaram em uníssono e America riu.

Ela, que estivera também sentada no sofá, se levantou e replicou, indo até o quarto e voltando com seu celular na mão.

— Que bom. Vou chamar a Amanda também.

— Quem? – Andy fez uma cara de desgosto.

— Amanda Ellingson. Acho que ela inclusive é sua colega. – a francesa respondeu, enquanto procurava o número dela em seu celular.

Logo o encontrou e fez a ligação, e ela atendeu no terceiro toque.

— Meri! – disse, com seu jeito alegre e jovial de sempre.

— Oi Mandy. Eu, a Madison e o Andy vamos fazer maratona de seriados aqui no meu apartamento e eu pensei em te convidar, o que você acha?

— É uma ótima ideia! Agora mesmo?

— É, agora mesmo. Sabe onde é meu apartamento, né?

— Sei sim. Me esperem que eu já estou indo.

Elas desligaram. Madison e Andy se ajeitaram no sofá E Andy disse a America:

— Meri, pegue uns cobertores para nós. Está muito frio.

— Vá você pegar e deixe de ser preguiçoso. – ela replicou.

Ele resmungou algo que ela não conseguiu entender e foi pegar os cobertores, enquanto a francesa foi até seu quarto pegar os DVDs de seriados que tinha. Deixou-os em cima da mesa de centro da sala e não muito depois a campainha tocou. Ela abriu a porta e era Amanda.

As duas garotas se abraçaram e America disse:

— Sente-se, Mandy. Vou fazer uma pipoca para nós.

No caminho para a cozinha havia um espelho, ela se aproximou e observou seu pescoço. Havia duas marcas ali, marcas que pareciam que iriam demorar para sumir. Na segunda feira ela ia precisar disfarça-las de alguma forma.

— Esse garoto só me dá problemas – resmungou em voz baixa, sem que os outros escutassem.

Não demorou muito e ela já havia feito a pipoca de micro-ondas e voltou para a sala, onde os três conversavam animados sobre algo que ela não sabia o que era. Andy, que antes parecera não ter gostado muito da presença de Amanda ali, tratava-a agora como se fossem velhos amigos. Era sempre assim com ele. E pelo o que America pôde notar, parecia até que ele olhava para ela de um jeito... diferente. Devia ser coisa da cabeça dela.

— Pronto. Vamos assistir?

***

A cabeça de Trevor não parava de latejar. Era uma dor insuportável, mas ele já estava acostumado com ela. Não era a primeira vez que ficava de ressaca.

Não sabia que horas eram, estava com preguiça de pegar seu celular e olhar, mas ele ainda estava na cama. Sua barriga já estava roncando de fome.

Pela janela, ele viu que parecia que o mundo estava prestes a cair de tanta chuva. Isso o fazia querer ficar mais ainda na cama. E apenas não o fez porque a campainha tocou.

Cogitou a ideia de não atender. Tocou novamente. E de novo. Por fim, quando estava prestes a tapar os ouvidos com um travesseiro, uma voz que ele conhecia muito bem disse, muito irritada e sem paciência:

— Para de fingir que está dormindo e abre logo essa porta, Trevor!

Ele apenas levantou porque era Maya, pois se fosse outra pessoa, como Stacy, não gastaria seu tempo. Levantou da cama um pouco tonto, e só percebeu que estava só de cueca quando já estava na porta. Ah, tanto faz, pensou. Abriu a porta e a ruiva entrou.

— Pelo amor de Deus, coloque uma calça. Vou ter pesadelos depois disso – ela disse, virando-se de costas e largando a caixa de gato que segurava no chão.

Trevor deu risada e foi até seu quarto, colocou uma calça de abrigo – que ele adorava, tinha uma coleção delas – e voltou para a sala. Maya estava com os cabelos molhados, colados ao rosto.

— Eu não acredito que você veio até aqui nessa chuva apenas para trazer esse gato – ele falou quando reparou no gato preto dela andando pela casa.

— Não tive escolha. – respondeu ela, tirando o casaco ensopado. – Marcaram minha viagem para amanhã, então tive que trazê-lo agora. Você não está com uma cara muito boa. – observou.

— Ressaca – ele falou, indo até a cozinha.

— Como foi a festa da Warnock?

— Ótima – um sorriso sacana surgiu no rosto dele.

— O que foi? – Maya perguntou.

— Eu peguei a francesa.

— A francesa? America? – ela parecia em choque de ouvir isso.

— Ela mesma. Acredite, ela é gostosa.

— Argh, acho que vou vomitar. Acredite – ela imitou a voz dele –, ela merece coisa melhor. – falou e foi até a cozinha também.

Trevor fingiu não ter escutado o comentário dela. Tomou uma aspirina com um longo gole de água gelada e falou:

— Tudo estava indo perfeitamente bem, mas aí a Stacy apareceu e jogou vodca na America, e...

— Ela realmente fez isso?! – Maya perguntou, interrompendo-o.

Ele assentiu e ela caiu na gargalhada.

— America me olhou com uma cara tão... engraçada. Nenhum de nós dois esperávamos isso, pelo menos não eu. – completou ele.

Pegou as coisas na geladeira e começou a fazer uma torrada. Sua barriga estava roncando mais ainda de fome.

— Eu quero uma também – Maya replicou, quando se recuperou do ataque de risadas.

— Vai fazer então, ué – retrucou ele, e ela eu um soco de leve em seu braço.

— Você é o dono da casa, eu sou a visita. Faça a boa ação do dia, pelo menos uma vez na vida. – ela falou, rindo, escorando os braços na bancada de mármore.

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— Pelo jeito que você fala parece que eu vivo maltratando cachorros e gatos nas ruas. Até parece – ele disse, e fez uma torrada para ela.

— É bom mesmo, porque se eu souber que você maltratou o Anúbis vai ser ver comigo. – ela retrucou, ameaçadora. – Mas, voltando ao assunto America... coitada da garota. Deixe-me adivinhar, você nem ao menos a procurou, não é? – falou, suspirando.

— Não sou tão insensível, é claro que eu a procurei. Mas não a encontrei em lugar algum – ele respondeu, pegando um suco na geladeira.

— Hum, sei. Vou acreditar dessa vez. – ela olhou para ele, desconfiada.

Eles tomaram o suco e Anúbis esfregou-se nas pernas de Trevor.

— Oi, amigão – disse e se virou para Maya. — Viu? Ele me adora.

Ela deu risada.

— Ele adora todo mundo. Não se esquece de dar ração para ele.

— Ok. Se esse gato morrer de obeso, a culpa não é minha...

A ruiva bateu no braço dele, dessa vez para valer, e ele resmungou um baixo “ai”.

— Não é minha culpa que ele seja gordo. – ela retrucou.

— Só falei verdades. – ele disse e ela revirou os olhos, irritada.

***

— Eu não creio que o Dan era a Gossip Girl esse tempo todo! – Andy falou alto, depois de terem terminado a sexta temporada do seriado.

America, que estava quase dormindo, esfregou os olhos, cansada. Não conseguira prestar atenção em nenhum dos episódios que assistiram.

— Olá? Planeta Terra para America? – Amanda falou, estalando os dedos na frente do rosto da francesa.

— Ah, oi – esta falou, depois de bocejar novamente.

— Estava com os pensamentos longe pelo jeito – Maddie disse.

— Só estou com sono. – a francesa rebateu, insistente.

—Tenho uma pequena suspeita de que esse “sono” tem nome e é Trevor... – Andy falou e as outras garotas caíram na gargalhada.

America bateu nele com uma almofada, com força.

— Cala a boca. – resmungou, aborrecida. – Eu não estava pensando nele. – falou, em voz mais baixa.

— Só a sua cara já te entrega. – Madison replicou, ainda rindo.

— Vocês são uns chatos. – America retrucou e afundou o rosto em uma almofada azul.

Eles riram e Amanda foi se levantar. Ela estivera sentada no tapete ao lado de Andy, pois Madison e America haviam tomado o sofá, e quando se levantou ela tropeçou em um chinelo que estava pelo chão e caiu por cima de Andy. Os dois se encararam por alguns segundos em silêncio, assustados, com o tombo dela. O rosto de Amanda estava excepcionalmente perto do rosto dele, e contra a sua vontade, o coração de Andy começou a bater mais depressa com a proximidade deles, assim como o coração dela. Seus olhos pareciam conectados.

Mas em questão de nanossegundos a morena se levantou e falou, com um leve rubor nas maçãs do rosto:

— Desculpe.

Andy nada disse e também se levantou, ainda pensando no que acabara de acontecer ali.

America e Madison se entreolharam de modo cúmplice quando a amiga saiu da sala e foi até a cozinha.

— É apenas impressão nossa ou rolou um clima aí? – a francesa falou, sorrindo levemente.

— Impressão de vocês – ele retrucou, áspero e rude.

Madison ia replicar quando Amanda voltou para a sala, trazendo um prato de pipoca nas mãos.

— E então? Vamos assistir Once Upon a Time? – perguntou ela.

As outras duas se entreolharam novamente e riram baixinho, enquanto Andy revirava os olhos, e America respondeu:

— Claro.