Dois dias passaram em que a intimidade anterior se transformou claramente. Jacob queria mudanças que o aproximassem da esposa, porém as mudanças ocorridas acabaram por afastá-los, o que logo o levou a constatar que toda a sua experiência de vida (sexual) com mulheres de nada valia naquele momento, quando havia sentimentos envolvidos.

Ele não sabia o que dizer, o que fazer, como agir.

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Ou sabia?

Talvez soubesse. Tinha uma vaga ideia, uma ideia que pouco lhe agradava, pois entrava em choque com seu temperamento reservado. Precisava confessar que estava apaixonado, que sabia do amor dela pelo seu irmão. E principalmente que seu comportamento, aquele comportamento que a magoara e os afastara, se devia ao fato de que ele sentia ciúmes de Edward.

Porém, fato irrefutável era que o uso das palavras não era seu forte (quando se tratava de assuntos como aquele). O marquês tinha quase certeza de que se se atrevesse a dizer alguma coisa, qualquer mínima coisa, acabaria metendo os pés pelas mãos e magoando a esposa como fizera no dia da visita do irmão. E, se fizesse isso, certamente seria decretar o fim de seu casamento. Nunca mais voltariam a ter a relação de antes.

Sem falar no receio de ouvir claramente dos lábios dela a impossibilidade de amá-lo.

Não!

Antes de tudo, de qualquer coisa, era preciso tentar conquistar aquela mulher. Ele sabia muito bem, conquistar alguém poderia ser razoavelmente fácil, além de que jamais usara qualquer uma de suas táticas sedutoras com Isabella, fora apenas ele mesmo em todos os momentos. A garota nunca fora um alvo almejado, o que tornava tudo ironicamente complexo, pois agora, a mesma garota se transformara no centro de seu mundo. E por isso, agora essas artimanhas poderiam lhe servir, sim, talvez fosse a única maneira de chegar ao ponto desejado.

Teoricamente Bella seria uma conquista fácil, pois era sua esposa, mas a insegurança (um sentimento sobre o qual ele apenas agora descobriu o significado) o perturbava apontando as falhas desse plano. Se a mulher continuava apaixonada por Edward, talvez ele nunca conseguisse se aproximar e obter o que queria dela apenas usando das táticas que deram certo com as outras.

De todos os pensamentos que o assaltavam, um deles era correto, se tratando-a bem não conseguira substituir o irmão no coração da esposa, da maneira como vinha se portando não conseguiria mesmo. Era necessário redobrar a paciência e evitar novas crises de ciúmes. Mesmo que elas acabassem acontecendo dentro dele, não deveriam ser exteriorizadas de forma tão agressiva.

A paz, o companheirismo e os momentos de carinho precisavam voltar a acontecer entre eles ou seu casamento se transformaria num suplício sem precedentes, talvez só comparável ao irremediável fracasso matrimonial vivido por Sarah e Ephraim.

E foi durante essa turbulência sentimental que Renée decidiu convidar o casal para um jantar. Bella não queria ir, não se sentia bem emocionalmente para enfrentar a mãe, o irmão e principalmente a noiva do irmão. Mas Jacob fez questão de aceitar o convite. Seria um momento em que eles poderiam colocar a prova diante dos outros membros da família a qualidade de sua relação, mesmo que naquele momento não lhes parecesse firme o bastante.

*

Foi numa noite especialmente quente, quando Isabella pode colocar um vestido mais leve. Um vestido que a deixava mais sensual do que nunca. Um vestido que provocava no marido desejos mal contidos e olhares cada vez mais apaixonados.

Na noite marcada, após concluir sua preparação, Jacob ingressou no quarto da esposa silenciosamente. Ia tentar uma renovada aproximação enquanto a mulher terminava de se arrumar. Assim que cruzou pela porta do aposento contíguo, a viu parada perto de um imenso espelho remexendo em um par de luvas. Hanna não estava mais ali, o que queria dizer que Bella estava praticamente pronta.

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Colando-se nas costas dela acariciou a pele dos braços, Bella ergueu os olhos e o observou pelo espelho. Havia mágoa nos círculos de cor chocolate, e essa visão pesou no coração dele. Imediatamente o marquês circulou a cintura delicada com os braços, recostando o corpo esbelto no seu. Instintivamente Isabella parou de calçar as luvas para afagar o braço que a segurava tão carinhosamente.

Desde à noite do jantar que seu marido estava diferente. Mais retraído, parecendo medir tudo o que fazia ou dizia, observando-a com um olhar preocupado, triste. Sequer voltaram a estar juntos intimamente como antes. Por isso era tão bom tê-lo junto a si novamente? Ela se perguntou. Olhando-a daquela forma carinhosa, gentil e sedutora? Ficar longe dele era como perder a capacidade de respirar, ela simplesmente sufocava em saudade.

Distraindo a esposa das reminiscências, o rosto de Jake se encaixou na reentrância do pescoço dela, preenchendo-a de uma gostosa sensação de alegria. Bella sentiu quando ele respirou profundamente enquanto a apertava ainda mais. Era sim uma posição incômoda, mas jamais se queixaria de estar sendo literalmente esmagada pelos braços dele, pensou soltando o primeiro sorriso espontâneo em dias.

Ela estremeceu em seus braços, e ele imaginou se aquilo era o reflexo de algum sentimento que Isabella nutria a seu respeito. As mãos dela apertaram a manga de sua casaca tentando aconchegar-se ainda mais. Ele se sentia bem recebido. Quem sabe aquilo era mesmo reflexo de um sentimento, por menor que fosse, uma luz que o conduziria à felicidade completa.

Com facilidade ele a virou de frente, observou detidamente os olhos castanhos, Bella estava séria, esperando por algo. De repente as mãos seguraram seu rosto, e ela o puxou para perto. Tocou os lábios do marido com lenta paixão, sugando a pele rosada e farta da boca dele. Jacob sorriu enquanto a sentia grudada em seu corpo, com a boca ligada a sua.

Camadas de roupas os separavam, mesmo assim, ele a percebia como se estivessem nus. Bella enfiou os dedos nos cabelos negros, acariciando, enroscando, alisando enquanto ouvia o som do próprio coração acelerado. Ah, seu coração ainda era capaz de bater após tantos dias em que parecera quase morto. Ela sentia falta do toque dele, da presença dele, daquela entrega que a conquistara dia a dia, mesmo antes do casamento.

Os braços se estreitaram, o beijo se prolongou e foi com certo esforço que o casal se separou, ambos sabiam que havia um jantar a sua espera. Então, Jacob quase se sentiu arrependido de ter aceitado o convite da sogra.

*

O jantar reuniu o barão, a baronesa, seu filho mais velho Jasper, a noiva Alice, e Jéssica, a irmã caçula de Isabella. Durante as primeiras duas horas, a conversa transcorreu alegremente, com Isabella contando como era a casa de campo, as acomodações, como foram os passeios, além dos locais que visitara.

Quando o jantar finalmente foi servido, Jacob confirmou que a sogra tinha uma ótima cozinheira. Ele provara o tempero da mulher na noite em que pedira a mão de Isabella, depois, todas as recepções, encontros e jantares se deram na residência principal do marquês. Então, aquela era sua segunda visita formal à casa dos sogros.

Renée, fingindo ou não, parecia muito gentil, tanto com a filha quanto com o genro. Alice estava encantada em poder se mostrar íntima da família da Swan, da qual já se sentia parte integrante e evitou atritos com a cunhada. O que Bella mentalmente agradeceu já que sua paciência para a cunhada estava cada vez mais curta.

Em contrapartida, os homens se reuniram na biblioteca para falar de assuntos diferentes, mais especificamente negócios. Com um charuto enfiado nos lábios, Jasper e o pai contavam a Jacob sobre o novo empreendimento familiar. A aquisição de algumas terras ao norte.

– É uma boa época para investir em terras. – Jacob comentou sem muito entusiasmo.

– Foi o que nosso contador comentou... elas estão bem localizadas e se mostraram férteis. Logo teremos bons arrendatários.

A localização das terras não indicava que pudesse ser assim, pois a estrada que levava ao local era péssima, e se o sogro pretendia colocar alguém para arrendar, deveria dar a manutenção do trajeto, o que encareceria consideravelmente o projeto de reforma, consequentemente diminuindo os lucros.

– É necessário ter cautela... – ele fez uma tentativa de verificar a disposição do sogro e do cunhado em receber conselhos.

– Já pensamos em tudo Black! – Jasper foi o primeiro a exclamar otimismo – Será um grande empreendimento que nos renderá ótimos lucros!

Movendo a cabeça em uma concordância obrigatória, Jacob ficou em silêncio e permitiu que o cunhado continuasse a expôr seu pensamento. Era óbvio que ele se considerava apto a tomar as decisões sozinho, principalmente porque o pai e a noiva desmiolada o apoiavam cegamente.

Nesse momento Charlie pediu licença e se retirou ao ser chamado pelo mordomo. Foi aí que Jasper se sentiu a vontade para falar abertamente com o cunhado.

– Alice tem sido uma ótima conselheira – o rapaz explicou enquanto Jacob imaginou a moça dando conselhos sobre roupas, maquiagem e danças. - Tem me auxiliado em tudo! Ela é uma mulher sem igual...

Novamente a única coisa que o jovem recebeu do marquês foi um sorriso forçado. E já se considerando muito íntimo e capaz de dizer o que pensava continuou:

– Ao contrário de você que fez um casamento pouco vantajoso, tenho certeza de que o meu não será assim.

Os olhos do marquês se fixaram diretamente no rosto do outro que sem medo continuou.

– Não me olhe assim como se eu estivesse falando algum despropósito. Sei muito bem que casou com minha irmã porque foi obrigado... não tenho conhecimento dos motivos exatos, porém...

Aquilo passou completamente dos limites.

– Não há motivos escusos que tenham me levado a realizar o pedido! – Jacob informou com convicção falsa. – Sua irmã, ao contrário do que diz, é uma pessoa que estaria apta a fazer qualquer homem feliz.

Sim, e graças a uma ajuda do destino, o sortudo fora ele, pois era feliz com ela, e seria ainda mais se fosse amado.

– Ah, Black... não me venha com essa! Está falando comigo, não precisa bancar o marido amoroso... Isabella teve uma apresentação fraca. Não havia especulações suficientes sobre ela na sociedade que indicassem um casamento com alguém como você. Nós a considerávamos uma forte candidata ao celibato. Nunca foi bonita ou atraente como minha noiva, além disso era fechada demais e tímida... sem mencionar a possibilidade de que nem possa lhe dar filhos saudáveis...

A raiva subiu pelo peito preenchendo a garganta de Jacob, se estivessem sozinhos ele esbofetearia o cunhado para que nunca mais ousasse falar de sua esposa daquele jeito. Mas, apertando as mãos contra o próprio corpo controlou a explosão e tentou ser claro.

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– Sua irmã é uma pessoa especial. Quem dera todos os idiotas como você e eu, tivessem a sorte de encontrar alguém como ela para lhes abrir a mente e o coração. Se as pessoas, até mesmo os familiares não reconhecem as qualidades dela, é porque estão cegas olhando apenas para suas insignificantes figuras... – aproximando-se do cunhado continuou em tom baixo e ameaçador. – e peço que no futuro meça suas palavras quando se referir a ela, pois se, ouvir um único comentário seu, ou de sua noiva menosprezando Isabella novamente, você vai se ver comigo... juro pelos céus que acabo com você... está me ouvindo?

Jasper o olhava atônito, de onde viera aquela explosão de raiva se tudo o que dissera não passava de verdade? Apavorado pela ideia do cunhado estar realmente apaixonado por sua irmã, acreditou que o melhor seria fingir que aceitava a imposição, pois ter um dos homens mais importantes da região como inimigo não era o que ele queria. Afinal, como cunhado do marquês de La’Push, tivera acesso à pessoas e negócios que antes não foram possíveis. A simples menção ao nome de Jacob já era suficiente para lhe ajudar, mesmo que o outro nem soubesse disso.

Voltando-se para o sogro que ingressava na sala naquele momento e os observava sem compreender o que acontecia, Jake não se preocupou em esclarecer nada, apenas despediu-se para imediatamente sair do ambiente e da casa dos sogros. Bella tinha total razão, eles definitivamente não deveriam ter ido aquela casa. Nem mesmo um jantar saboroso pagava pelas inúmeros desgostos que aquelas horas representaram. Sem perder tempo ele se dirigiu à sala principal, onde encontrou Isabella, a mãe, a irmã e a cunhada. Assim que o viu a jovem mudou de posição, no rosto estava estampado o desejo de escapar dali. Um desejo que ele também partilhava.

Deixara a esposa ali a mercê da dupla de raposas, e se culpava por isso. Era já hora de corrigir o erro. Sem mais demora convidou a esposa para partir. Convite que foi prontamente aceito.