E Se...?

Capítulo 4


Ainda estava sentada no sofá da sala principal, chorando e esperando que minha vida voltasse ao normal ainda naquele momento. Ouvi passos atrás de mim, vindo na minha direção. Enxuguei rapidamente minhas lágrimas mais não tive coragem de ver quem era.

- Alice? Você está bem? - Era uma voz bem conhecida por mim. Uma voz doce e alegre que pertencia a alguém que adora ver as pessoas rirem de suas piadas.

-Oi Tomás. Tô bem, sim - Eu disse. Não estava com muita vontade de olhar para ele, sabia que ele ia me zoar pelo meu estado.

- Hey! Não vai olhar pra mim não? - Ele falou bem curioso para saber o que estava acontecendo.

- Olha... Se você quiser dividir... - O Tomas estava disposto a fazer de tudo para escutar minha voz - Só não me trata como você trata os nerds, em? Meu nome não e Téo, haha! - Eu fiquei com um pouco de raiva. Eu sabia que era uma brincadeira inocente, mas naquele momento, era a pior brincadeira que alguém poderia fazer comigo.

- PARA TOMÁS! ME DEIXA! VOCÊ AINDA NÃO PERCEBEU QUE EU NÃO ESTOU BEM?ME DEIXA SOZINHA, AFF!- Eu não entendi o que eu estava fazendo. Ele não sabia oque tinha acontecido. Ele não merecia aquela bronca, mas eu fiquei nervosa e saí correndo para meu quarto.

Fiquei deitada por horas até que eu resolvi abri um dos meus armários. Eu ainda não tinha aberto ele desde aquele dia que minha vida mudou. Até que eu levei um susto. Um dos violões da minha mãe estava dentro do armário. Não sei como, afinal meu pai nunca me deixou nem se quer tocar nos violões de minha falecida mãe. Peguei o violão, sentei na cama e comecei a tocar e cantar "Rebelde Para Sempre" até que chega Roberta já batendo a porta.

- Aff, que musica ridícula. Com sua voz rouca então... Quem escreveu isso? - disse a Selvagem. Como sempre, tentando me deixar mais pra baixo do que eu já estava.

- Você não vai querer saber - Eu disse me segurando pra não rir. Já pensou eu revelar que foi ela quem escreveu a musica? Ela ia me chamar de idiota. Eu continuei cantando até que algo inesperado me acontece.

-Na na na na - Cantarolou Roberta tentando imitar o ritmo de "Tchau pra você". Eu dei um pulo da cama. Tinha mesmo a esperança de que ela lembrasse de algo sobre nossa banda, RebeldeS.

- Que foi isso? Tem formiga na sua cama garota? – perguntou Roberta. Acho que ela estava louca para me ver pegar fogo.

- Pera ai! Que musica é essa que você tá cantando? - Eu perguntei super feliz.

- Sei lá! Era a musica que você estava cantando ontem. Ela fica melhor com uma letra e comigo cantando - disse Roberta. Naquele momento minha felicidade foi toda embora. Ela não lembrava nada da banda. Comecei a lembrar do Tomás, afinal, aquela musica era dele. Eu ainda estava péssima por tudo aquilo que eu fiz com ele. Me levantei, ajeitei meu cabelo que estava SUPER embaraçado e fui em direção ao corredor dos meninos em busca de Tomás.

Cheguei perto de seu quarto, até que a porta se abriu e apareceu Tomás com uma grande sacola de plástico. Não perdi tempo para falar com ele.

- TOMÁS! - Eu gritei me direcionando a ele.

- Ah, oi- Ele disse hesitante. Reparei que ele já estava esperando uma bronca minha.

- Tomás, me desculpa. Eu estava sem paciência. Você não teve culpa de nada... Eu não estava bem - Eu disse. Cruzei meus dedos a espera de um sonoro "Tudo bem Alice!".

-Tudo bem, cara. Eu vi que você não fez por mal! Tipo, eu também dei corda, foi mal - disse ele vindo me abraçar. Abri um sorriso bem grande.

- Mas o que tem dentro dessa sacola? - Eu perguntei curiosa.

- Sei lá. O Pedro achou uns troços, botou nessa sacola e pediu para eu jogar fora - Respondeu ele. Sim, eu precisava saber o que tinha lá dentro, afinal, e se fosse algo sobre o meu verdadeiro mundo?

- Bom, quer que eu jogue isso fora? - Eu perguntei.

- E porque você quer fazer isso? Você nunca nem tocou em uma lixeira!- Disse Tomas surpreso.

-É que eu tô querendo mudar – Sim, essa foi minha péssima desculpa.

- Então tá, né? - Tomás me deu a sacola e me deu um beijo na bochecha e depois entrou no seu quarto. Pensei em um lugar onde eu poderia ver o que tinha na sacola de Pedro sem ninguém me interromper. Aí pensei no porão.

Cheguei lá e lembrei de todas as vezes que eu me reunia com o resto dos RebeldeS. Quando ToCar e DiRo assumiram o namoro, quando eu voltei com Pedro, quando quebraram nossos instrumentos, minhas brigas com a Roberta... Enfim, tudo que aconteceu lá naquele lugar. Eu senti mesmo que eu tinha toda a minha vida de volta. Era como se tudo tivesse acabado.

Sentei no sofá e abri a sacola. Lá dentro tinha várias fotos minhas com Diego, todas rasgadas. Fotos nossas que eu não lembro de serem tiradas, mas que mesmo assim, partiram meu coração. Eu achava que estava fazendo o certo, para tudo voltar ao normal. Não queria que o Diego ficasse assim. Muito pelo contrário, queria que ele percebesse que não é de mim que ele gosta. Mas e se nesse mundo ele realmente gosta de mim? E se essa paixão que eu vi entre DiRo era só o fruto da minha imaginação? Acho que sim. Só sei que o magoei e naquele momento, eu precisava de alguém que me escutasse e que acreditasse em mim. É pedir demais? Comecei a chorar, a cada segundo que passava o meu choro se tornava mais intenso. Algumas lagrimas caíram nas fotos que começaram a rasgar ainda mais com efeito da água.

Quando eu estava aponto de berrar, percebi que tinha alguém descendo as escadas. Rapidamente botei as fotos de volta para a sacola e me escondi. Sim, eu estava com medo de ser o Diego.