Durante o Fim

Primeiro Dia - Rony


Talvez sua esposa não tivesse notado, mas Rony achou muito peculiar ver as pessoas preocupadas em se debruçarem sob o motor de um carro quando deveriam estar aflitas com o tempo que se revoltava. Ele contou mais de vinte e cinco atitudes como aquela no caminho da volta, isso incluindo seus dois vizinhos. Não podia ser possível que tantos carros assim precisassem de atenção no mesmo instante. Curioso, resolveu averiguar com os Knows, tinha alguma afinidade com Stuart, o que poderia estar se passando.

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ー Stu, Jane ー acenou para a vizinha que tentava dar partida de dentro do carro ー o que está havendo? Problemas com a máquina nova?

ー Oi, Ronald. ー cumprimou-o o vizinho com um aceno ー Eu não sei, íamos para a casa da mãe da Jane por via das dúvidas, o tempo sabe, mas então essa coisa não quer ligar.

ー Aconteceu agora?

ー A máquina roncava maravilhosamente até vinte minutos atrás. Eu trouxe aqui da garagem e Jane foi apenas buscar as crianças lá dentro... Caramba! É um carro zero, do ano.

Sim, Rony sabia disso. Quando o seu vizinho comprou o carro passou dois dias desfilando pelo bairro com ele. Como ninguém parecia interessado no conversível dos Knows, Stu e Jane prepararam um churrasco apenas para poder mostrar a nova aquisição e falar de boca cheia dos 80 mil dólares que o veículo custou. Entretanto, agora Rony não parecia radiante pela derrota dos Knows, na verdade estava bem preocupado.

ー Pai, posso lá brincar com o Michael e a Layla? ー Hugo quis saber, apontando para os filhos dos Knows usando a ventania como diversão.

ー Agora não, filho. Fica do lado meu lado, tudo bem? ー pediu o ruivo falando numa altura suficiente para somente o filho escutar.

Alguma coisa nos olhos de Rony fez com que ele obedecesse o pai de prontidão, o que não era frequente.

ー Ok.

ー E se tentarmos dar um tranco nele? ー sugeriu Rony voltando a falar com o vizinho.

ー Será?

ー Eu ajudo! ー exclamou uma voz intrusa. Os vizinhos ergueram as cabeças por cima dos ombros e viram Jason Villevive se aproximando ー Meu carro também não quer sair da garagem, Nora está desesperada que eu dê um pulo no mercado e compre uns litros de leite por via das dúvidas desse tempo louco descambar para algo pior. Eu ajudo vocês com o carango aí e vocês me ajudam com o meu, que tal?

Jason era um vizinho do fim da rua, a típica pessoa detentora de uma expansividade na fala que assemelhava a um jeito grosseirão disfarçado.

ー Não é bem um carango que você vai empurrar, Jason ー devolveu Stuart, os sentimentos feridos pelo carro ー mas se o Ronald topar essa vai ser minha última opção antes de acionar o seguro.

ー Por mim tudo bem, também. ー o ruivo deu de ombros.

Stuart Knows fechou o capô, pediu para Jane sair do carro e assumiu o volante. Rony ordenou que Hugo esperasse próximo da varanda dos Knows junto a Sra. Knows e assumiu a posição traseira do veículo junto de Jason. Aproveitando o declive da entrada da casa, os dois impulsionaram a máquina para a rua e usaram toda a força de suas pernas para montar o embalo. Enquanto isso, Stuart parecia lutar ferrenhamente com a ignição para que o motor ressuscitasse.

Eles avançaram aproximadamente doze metros até que aquilo aconteceu. Há umas cinco quadras adiante uma sequência alucinante de três raios caíram no mesmo lugar. Para pontuar o absurdo físico, um estrondo horripilante de concreto desabando reverberou de encontro aos ouvidos deles.

ー Que merda foi essa?! ー exclamou Jason, chocado, parando de empurrar o carro.

ー Eu contei três raios, e vocês? ー perguntou um pálido Stuart saindo do volante.

ー Algum prédio ou casa desabou ー Rony constatou, sem enxergar nada por detrás de um mundo de telhados. O local era muito, muito distante dali para saber exatamente o que ocorrera.

A vizinhança de curiosos permeando a rua parou com o falatório e se aglomerou próximo do trio no carro.

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ー Meu Senhor, a mãe mandou Phil para o mercado! ー gritou o Sr. Wilson, um idoso de um casal bastante simpático que residia ali e moravam junto da filha e um neto adolescente ー Meu Phil, ele está naquela direção! ー continuou o velho, quase em pânico.

ー Calma, Sr. Wilson. Eu vou dar um pulo no mercado e trazer seu neto inteiro. Deve ter sido alguma das casas condenadas daquelas bandas que não aguentou esse tempo ー disse Rony buscando tranquilizar o homem.

ー Eu vou junto, aproveito e pego o maldito leite ー anunciou Jason Villevive nos calcanhares do ruivo.

Rony correu para a casa dos Knows e pegou Hugo levando o menino para frente da casa deles. Ali, agachou-se e disse atentamente olhando nos olhos do filho.

ー Vai, entre em casa. Avisa a sua mãe que já volto. Quero todos prontos para partirmos quando retornar, enfatize isso para aquelas duas.

ー É perigoso, pai. ー Hugo se mostrou reticente.

ー Sou eu, seu pai. Sei me virar, garotão. Agora entra! ー dando a ordem esperou Hugo abrir a porta, sumir para dentro do lar Weasley e seguiu com Jason Villevive na direção do mercado.

Stuart Knows ficou reclamando sobre o trabalho inacabado com seu carro, mas Rony estava tomado por um mal agouro e precisava conferir algumas coisas urgentemente.