Quando eu era criança tinha a mania de caçar vagalumes e os prender em potes de vidro para que pudesse vê-los iluminar meu quarto a noite, não sei por que fazia isso... Simplesmente adorava admira-los, eles voavam em zig e zag, tentando em desespero sair daquele lugar. Sempre fui egoísta, quando se tratava de sentimentos. Eu amava aquela sensação de aconchego que só as luzes dos vagalumes me traziam e por isso os privava de liberdade, para meu inerte prazer. Minha mãe me disse uma vez ... “Quando você ama algo, precisa deixa-lo ir...” Eu não concordava com isso e até hoje ainda bato nessa mesma tecla... Quando eu amo não quero ver aquilo jamais partir, era meu pra sempre não era?

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Não era?

Touma estava ali diante de mim, sem saber como lidar comigo, eu chorava tanto e ele se sentia culpado de certo... Mas a culpa não era dele afinal, aquela notícia chegaria mais cedo ou mais tarde não é?

Não tive coragem de olhar para Kou, meus sentimentos que há tanto haviam sido esmagados por ele, fazendo com que meu coração e cérebro se esquecessem dele, ao ponto de não o reconhecer... Mas mesmo assim... mesmo que o negasse, mesmo que lutasse contra ele... ele sempre estava ali afinal, dentro de mim, dentro das minhas rezas malsucedidas e dos meus choros angustiados, ele estava ali o tempo todo... Por que minhas lágrimas eram por ele... e minha reza era para que um dia eu pudesse vê-lo novamente... por que afinal... afinal... eu sempre o ...

– Kou está em coma... irreversível... Eu sinto muito! – aquelas palavras de Touma foram mais pesadas que concreto, era como se eu tivesse em um pesadelo do qual não podia sair.

Eu já havia perdido alguém que amei na qual pude conviver durante 19 anos da minha vida, e agora vou perder alguém... que não tive essa oportunidade! Isso não era justo!!

Touma se agachou e eu pude sentir a presença de Kou logo atrás de mim, como iria encara-lo afinal? Como poderia simplesmente aceitar o fato que o perdi pra sempre? Soquei o chão com força a ponto de sentir minha mão quebrar, mas não doía... Enquanto Touma me pegava a força pelo braço e depois saia correndo chamar alguém sabendo que não iria colaborar para ir ao um hospital... Kou se sentou paciente na minha frente.

Ele era lindo! Não me cansava de dizer isso mentalmente, queria dizer isso alto... Talvez não tivesse tanto tempo assim, se ele estivesse morrendo de fato, ele poderia desaparecer pra sempre. Mas eu não conseguiria, aquilo era algo que desejaria fala diretamente a ele, quando ele estivesse me abraçando.

Então ele sorriu e eu me perdi novamente, como poderia desejar tanto alguém assim?? Só de pensar que nunca poderia tê-lo como desejaria, me dava tanta angustia, tanto que doía! Cai sobre o chão... Touma parecia meio apavorado, pois corria de um lado pro outro. Minha mão não doía, apesar dela estar muito inchada, a dor que sentia naquele momento não era física, quem dera que fosse, é uma dor muito pior... “as dores emocionais são muito piores que as dores físicas, pois elas não podem ser curadas com nossos remédios mundanos. Há algumas que nunca saram, ficam abertas pulsando eternamente... é o que chamamos de saudades!” . Li isso em algum mangá, Naruto! Com certeza Naruto. Isso sempre fez sentido na minha vida.

Quando era apenas uma criança tinha mania de caçar vagalumes e prende-los a um pote de vidro achando que assim eles seriam meus para sempre, aquilo nunca fora egoísmo... Eu afinal só queria vê-los próximo a mim... Isso não errado é?

Tudo que eu amo afinal... Vai embora. Seu pudesse prender minha mãe, Kou... dentro de um pote de vidro, mesmo que os outros julgassem egoísmo eu faria! Por que afinal, o egoísmo muitas vezes é uma forma de amor!

Abri meus olhos repentinamente dando de cara com Kou, não me acostumava ao fato de tê-lo me vigiando sempre que dormia, mas antes que pudesse gritar de susto ele tampou minha boca, sua mão estava mais gelada que o de costume, foi então que tudo caiu de novo sobre mim, aquilo não era apenas um sonho, Kou estava entre a vida e a morte, e seu tom de cinza parecia ainda mais fraco se comparado a antes. Ele tirou sua mão de minha boca, acariciando assim minhas bochechas e contornando meus lábios.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Fiquei preocupado com você.

– Não precisava, eu apenas... surtei, como sempre faço! – por que estava tentando disfarçar como se ele não soubesse o que tinha acontecido?

– Ele parece se preocupar muito com você. – olhei para onde Kou apontava, Touma estava sentado numa cadeira que parecia muito desconfortável, estava com o seu chapéu sobre o rosto e seu ronco me parecia estar sendo contido para não me acordar. Ele parecia preocupado, mesmo dormindo.

– Ele me parece ser uma pessoa de coração bom. – Kou parecia distante, triste talvez, como era idiota... como alguém poderia estar feliz sabendo o que havia acontecido de fato com ele? – Onde estou afinal? – tentei quebrar aquele gelo chato.

– Está no pronto socorro da cidade, você quebrou a mão e desmaiou de dor. – realmente aquilo não era de total mentira.

– Kou... – eu queria dizer algo, mas o que? Sinto muito mas você vai morrer? ... Ou por favor não morra, ainda quero viver junto a ti? Ele olhou pra mim sorriu e pegou minha mão.

– Eu sinto que meu corpo está aqui! – arregalei os olhos, tive uma mistura de excitação e formigamento, tristeza e aflição. Vê-lo de um jeito diferente do que estou acostumada, não seria algo que talvez suportasse.

Me levantei devagar da cama para não acordar Touma, abri a porta lentamente para que ninguém me pegasse fora da cama, por sorte não havia ninguém por ali.

– Você pode sentir?

Ele afirmou com a cabeça e me guiou até a ala da U.T.I, parei por um instante, Kou havia ganhado algumas cores quando se aproximou de seu corpo. Eu adentrei a ala, tendo que me esconder as vezes as pressas para que nenhuma enfermeira me visse.

Estava parada diante de seu quarto, eu finalmente tinha o encontrado! Adentrei o quarto e senti meu coração quase ser expulso do corpo, era ele afinal, não era mais um sonho ou um pesadelo, ele realmente existia! Kou, que há tempos rezava para encontra-lo novamente, estava diante de mim, mas não da maneira que eu queria encontra-lo...

– Kou! – cai lentamente de joelhos ao chão, estava acabada afinal. Senti seu espírito me acalentar, ele estava ali afinal.

– Nunca vou me afastar de você! – ele disse ao meu ouvido, por mais que eu quisesse acreditar nisso, ele não poderia mais me envolver nos seus braços quentes novamente.

Kou... como seria minha vida sem você?? Os aparelhos dele ainda apitavam, pi-pi-pi... aquilo era um sinal, ainda havia esperança para ele! E eu não iria deixa-lo partir assim tão facilmente! Dessa vez não! Estou disposta a fazer de tudo para tê-lo novamente!