CRISTAL LAKE: ESTADOS UNIDOS

A limusine de Neame atravessa uma estrada ladeada por um bosque. O veiculo pára na frente de um grande casarão, localizado em uma zona descampada, próximo de um lago. Patrick Neame desce do carro, acompanhado de sua secretaria, e de seu mordomo. Um homem vem ao encontro dos três.

FISHER

- Seja bem vindo, Sr. Neame.

NEAME

- Sr. Fisher. Realmente fez um belo trabalho. A casa esta linda.

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FISHER

- Fico feliz que o senhor tenha gostado.

NEAME

- Foi necessário derrubar todas as cabanas?

FISHER

- Menos as da zona Leste.

NEAME

- Entendo. Caroline?

CAROLINE

- Sim, senhor?

NEAME

- O Sr. Fisher vai mostrar o escritório, acerte o valor dos honorários dele e de seus funcionários. Depois me repasse. Eu e Philip vamos esperar o resto da bagagem. Já deve estar chegando.

CAROLINE

- Sim senhor. Sr. Fisher?

FISHER

- Por aqui, senhorita.

Caroline e o Sr. Fisher entram na casa, enquanto Neame e seu mordomo ficam ao lado da Limusine, contemplando a estrada vazia.

NEAME

- Sabe Philip, comprei essa propriedade por menos da metade do preço que ela realmente vale.

PHILIP

- Isso é muito bom, senhor.

NEAME

- Este lugar já foi um acampamento de verão. Mas um menino se afogou aqui, naquele lago, e o acampamento nunca mais foi o mesmo. Trágico, não?

PHILIP

- Realmente, senhor.

O brilho de faróis na estrada anunciou a chegada do carro com a bagagem.

LOJA DO POSTO DE GASOLINA SMINER: CRISTAL LAKE

Uma moça morena, de óculos e cabelos curtos, usando um uniforme, termina de pôr um pacote de biscoitos na prateleira, quando um homem no balcão lhe chama.

CHEFE

- Já pode ir se quiser Lucy.

LUCY

- Ok, chefe.

Algum tempo depois, Lucy sai da loja, já sem uniforme. Ela atravessa a área do posto de gasolina, quando um carro estaciona á sua frente. De dentro do carro, um rapaz abre a porta. A garota parece surpresa em vê-lo.

LUCY

- Vince! O que esta fazendo aqui? (Pergunta ela entrando no carro, e dando um beijo rápido no namorado).

VINCE

- Eu tava por perto, daí eu resolvi te buscar.

LUCY

- Brigado, Vince. Onde é que você tava?

VINCE

- No Lee in. Tá todo mundo lá: a Amanda, o Edward, o Mark, enfim, todo mundo. Quer dar uma passada lá?

LUCY

- Não sei. Eu tô meio cansada, e é mais de meia noite.

VINCE

- Ok, a gente não vai então. (Diz Vince visivelmente contrariado).

LUCY

- Acho que não faz mal a gente ficar uma horinha só.

VINCE

- A gente não precisa ir se você não quiser.

LUCY

- Vamos sim. Faz tempo que a gente não dá uma saída.

AVIÃO SOBREVOANDO O ATLANTICO

O Padre Keir acorda em sua poltrona de avião, e ao olhar para o lado, vê seu companheiro de viagem, Peter Van Helsing, extremamente concentrado em seu Notebook.

PADRE KEIR

- Devia dormir um pouco, filho.

VAN HELSING

- Eu não durmo, Padre.

PADRE KEIR

- Você dorme muito pouco, isso sim.

VAN HELSING

- Esquece isso. Eu dei uma pesquisada em Cristal Lake. Parece que o acampamento Cristal Lake está diretamente ligado com o histórico violento da cidade. Um menino, Jason Voorhees, se afogou lá em 1957. No ano seguinte ao acidente, alguém matou um casal de monitores a facadas, por isso, o acampamento foi fechado. Tentaram reabrir o acampamento em 65, mas um incêndio misterioso impediu a iniciativa. A população local dizia que o acampamento era amaldiçoado.

PADRE KEIR

- Talvez estivessem certos.

VAN HELSING

- Talvez não. Em 1980, tentaram reabrir o acampamento outra vez. Em uma sexta feira 13, enquanto os novos monitores preparavam o acampamento, alguém entrou lá e matou sete deles. A assassina era Pamela Voorhees. Ela também esteve por trás do incêndio na década de 60, e dos assassinatos em 58.

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PADRE KEIR

- Mas não acabou aí, certo?

VAN HELSING

- Não, não acabou. Em 1985, foi descoberto que Jason Voorhees sobreviveu ao afogamento. Em três dias, ele matou mais de 30 pessoas, até ser morto por Tommy Jarvis, um garoto de 10 anos. Depois disso, a cidade até tentou seguir em frente, mudou de nome e tudo, mas de alguma forma, Jason continuou a voltar de tempos em tempos, fazendo novas vitimas. Ele não é visto há 15 anos, deve ter finalmente morrido, mas tenho que admitir, esse lugar tem mesmo uma historia sinistra.

PADRE KEIR

- Cristal Lake é uma terra sangrenta há bem mais tempo, Peter. No passado, aquela região já foi habitada por índios, que foram dizimados pelo homem branco. Ainda existe uma lenda sobre um terrível inverno, em que um dos poucos nativos sobreviventes, teve a mulher e o filho assassinados por alguns andarilhos que passavam pela região. Esse nativo perseguiu esses homens, e os matou um a um.

VAN HELSING

- Que carma. (Diz o jovem monotonamente.)

PADRE KEIR

- Com certeza é o lugar certo para trazer Drácula de volta á vida.

VAN HELSING

- Falando nisso, qual é o plano pra impedirmos que Neame traga o vampiro de volta?

PADRE KEIR

- Plano? Não há plano, Van Helsing. Eu não acho que vamos conseguir chegar a tempo de impedir que Neame realize o ritual. A volta do Conde é algo inevitável a esta altura. Agora só nos resta rezar a deus, e pedir que ele nos dê forças quando chegar a hora.

VAN HELSING

- Que ótimo. (Diz Van Helsing cobrindo o rosto com as mãos).

BAR LEE IN

Cinco jovens estão do lado de fora de um bar, sentados em uma mesa, bebendo cerveja. Lucy e Vince se aproximam da mesa. Uma garota com longos cabelos ruivos se levanta, seguida por um rapaz moreno. A garota abraça Lucy.

AMANDA

- Olha se não é a minha trabalhadora favorita!

LUCY

- Oi Amanda. (Diz Lucy sorrindo, e retribuindo o abraço da amiga). E você Ed, como é que tá? Fiquei sabendo que brigou com a sua mãe de novo. (Pergunta ela se virando para o rapaz).

EDWARD

- Tô bem, Lucy. Tô superando. (Responde o garoto dando um sorriso, mas olhando pra baixo. Os dois trocam um abraço).

Lucy, Amanda, Edward, e Vince se reúnem aos três jovens restantes na mesa. Lucy cumprimenta o rapaz de cabelo rapado que se senta ao lado de Amanda.

LUCY

- Oi Mark, tudo bem?

MARK

- Tô bem. (Responde Mark sem dar muita atenção a Lucy).

AMANDA

- Lucy, esse aqui é o Willian, e esta é a Debra. (Diz Amanda se referindo aos dois jovens restantes na mesa, uma garota loira, e um rapaz baixinho).

DEBRA

- Eu sou prima do Mark. Eu e meu amigo viemos pra festa de amanhã no clube Forest Green, mas o Mark nos ligou pra gente dar uma saída hoje á noite.

LUCY

- Legal. Vocês tão hospedados aqui na cidade?

DEBRA

- Não. Estamos na cidade vizinha.

VINCE

- Vamos pedir outra cerveja?

AMANDA

- Vamos sim. (Diz Amanda se desgrudando de seu namorado Mark). Essa aqui já tá no fim.

Eles chamam o garçom, e logo há uma nova garrafa de cerveja na mesa.

AMANDA

- É o seguinte pessoal. A Van vai pegar cada um em casa. Eu tô fazendo uma lista. É só pagar na hora.

LUCY

- Eu já avisei que eu não vou de Van, né? Eu ainda vou tá trabalhando na hora que a van passar.

AMANDA

- Mas você vai, né?

LUCY

- Claro! Como se eu fosse perder a festa que você organizou. O Vince me pega no trabalho, e nós vamos pra lá. Vamos nos atrasar uma hora, no máximo.

EDWARD

- Trocando de assunto, vocês ficaram sabendo que compraram o acampamento sangrento?

AMANDA

- Serio?

EDWARD

- Se eu tô falando.

VINCE

- Mas vão tentar reabrir o acampamento de novo? Esse pessoal não cansa?

EDWARD

- Não vão tentar reabrir o acampamento. Ouvi falar que o cara que comprou o terreno construiu uma casa lá.

LUCY

- Quem ia querer morar num lugar onde já morreram sei lá quantas pessoas?!

CASARÃO DE PATRICK NEAME: CRISTAL LAKE

Neame já esta estabelecido em seu novo quarto, observando Philip arrumar suas roupas em um grande armário em estilo vitoriano. Nesse momento, alguém bate na porta.

NEAME

- Pode entrar.

Caroline abre a porta, entrando no quarto. A secretaria carrega uma pasta contendo alguns papeis.

CAROLINE

- O senhor tem um tempo, Sr. Neame? Gostaria de lhe repassar os valores finais dos honorários do Sr. Fisher e de seus funcionários.

NEAME

- Claro, querida. Você é realmente muito eficiente, Caroline.

CAROLINE

- Obrigado, senhor.

NEAME

- Vou ter dificuldades em encontrar alguém tão competente quanto você, minha jovem.

CAROLINE

- Como assim, senhor?

Philip agarra a moça por trás, e cobre sua boca e nariz com um pano úmido. A moça se debate, com uma mistura de medo e surpresa nos olhos. Mas aos poucos, seu corpo vai amolecendo, e seus olhos se fecham. Ela só não cai no chão, pois o mordomo impede a sua queda.

NEAME

- Prepare-a Philip.

Caroline acorda em um porão escuro. A moça se levanta ainda um pouco zonza. Ela percebe estar acorrentada, uma fita adesiva cobre a sua boca. Na sua frente, há um grande caixão de madeira, obviamente nobre. Uma voz vinda da escuridão chama a atenção da apavorada secretaria.

NEAME

- Você prestara seus últimos serviços para mim esta noite, minha querida. (Caroline olha em pânico para o patrão). Eu sinto muito por isso, mas eu precisava de uma oferenda de boas vindas, e digamos que você se encaixa perfeitamente no perfil.

Neame se aproxima do caixão, e tira o seu anel, depositando-o carinhosamente dentro do caixão. Neame então tira um frasco do bolso, contendo uma espécie de pó vermelho dentro dele, e o deposita cuidadosamente em cima do anel.

NEAME

- É chegada à hora do seu retorno, mestre. Esta terra será seu novo lar. O senhor tem seu símbolo de volta, que foi covardemente roubado por seus inimigos. O senhor tem seu sangue, guardado com zelo por seus seguidores, unido novamente a seu símbolo. E o senhor tem um servo, disposto a derramar seu próprio sangue por seu mestre.

Patrick Neame puxa uma navalha do bolso, e faz um corte no pulso, derramando seu próprio sangue sobre o anel e o sangue coagulado de Drácula. Uma misteriosa gosma vermelha começa a borbulhar, cobrindo totalmente o anel. Neame se afasta do caixão, ao mesmo tempo em que cobre o corte no pulso com um paninho. Caroline tenta gritar desesperada.

NEAME

- Philip, tenha a bondade. Vamos mostrar ao mestre como é útil ser sócio de um hospital que recebe doações de sangue.

O mordomo entra carregando um garrafão contendo um líquido vermelho. Apesar de aparentar ter bastante idade, Philip é bem forte. O mordomo despeja o conteúdo do garrafão dentro do caixão.

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NEAME

- Aceite esta oferenda, Rei dos vampiros. Que ela lhe dê a força necessária para se erguer. (O sangue começa a borbulhar fortemente dentro do caixão, se espalhando, como se mais sangue surgisse do nada). Reviva, oh Príncipe das Trevas, e faça o mundo relembrar o seu nome. Erga-se, oh dono destas terras, e tome o que é seu por direito.

LAGO CRISTAL LAKE

No fundo do lago, pequenos redemoinhos começam a se formar. Algo agita a terra do fundo do lago.

CASARÃO DE PATRICK NEAME

O sangue no caixão se aproxima da borda agora, borbulhando muito. O cheiro de sangue enche o ar. Lagrimas de medo escorrem dos olhos de Caroline. Uma fumaça negra começa a emanar do caixão. Pode-se ver rapidamente um esqueleto tentando sair do sangue, com carne começando a crescer em seus ossos. Ele some na fumaça negra.

NEAME

- É hora de regressar. Se erga e reviva. Seu descanso acabou. Esta livre agora!

LAGO CRISTAL LAKE

Os redemoinhos aumentaram agora. Na superfície, vapor começa a ser liberado da água. Os redemoinhos subitamente param. As águas do lago parecem ter voltado ao normal. De repente, uma figura enorme, se ergue da terra no fundo do lago. Está escuro demais para vê-lo com nitidez. A figura puxa algo da terra, um facão. O ser se liberta de seu tumulo aquático, e começa a subir lentamente para a superfície.

CASARÃO DE PATRICK NEAME

A fumaça pára de emanar de dentro do caixão. O local está quase em silêncio total, só se ouve os gemidos de Caroline. Uma mão sai de dentro do caixão, agarrando a sua borda. Neame e Philip observam a cena com atenção. Um homem se ergue de dentro do caixão, ainda dentro dele. Ele esta sem camisa. O homem possui cabelos pretos, com as entradas grisalhas. É extremamente pálido, e há um estranho tom avermelhado em volta de sua pupila. Philip se aproxima do caixão, carregando uma longa capa preta.

PHILIP

- Por favor, aceite esta capa, Senhor Conde. Em breve lhe arranjaremos trajes mais apropriados.

Drácula encara o mordomo com certo desprezo, mas aceita a capa que este lhe oferece, se cobrindo com ela, e se levantando do caixão. Patrick Neame se aproxima.

NEAME

- Seja bem vindo de volta, mestre. Meu nome é Patrick Neame, sou seu humilde e leal servo. Em sua homenagem, trouxe uma oferenda.

Drácula olha para Caroline, no canto da sala, e se aproxima lentamente. Ela tenta gritar, mas a fita adesiva que cobre a sua boca não lhe permite. A pobre moça se encolhe, enquanto lagrimas correm por seu rosto. O vampiro a agarra pelos ombros, e a faz olhar para ele. Subitamente, todo o medo que ela sentia, parece desaparecer. Ele a abraça, e revela suas presas, longas e pontiagudas. Ele crava as presas no pescoço dela, e ela grita de dor, tentando se desvencilhar, mas é inútil. Um pouco de sangue escorre da ferida, caindo no chão. Philip e Neame observam o rei dos vampiros se alimentar.

PHILIP

- Pelas historias que ouvi, imaginava que ele tivesse um pouco mais de classe, senhor. (Diz Philip em voz baixa para o patrão).

NEAME

- Ele têm. Fique um longuíssimo tempo privado de seu principal alimento, e vamos ver pra onde vai a sua classe, Philip. Quando ele terminar, diga a ele que estou esperando no escritório. Dê-lhe roupas adequadas. Depois, livre-se do corpo da pobre Caroline.

Neame sai do aposento, enquanto o vampiro continua a sugar o sangue da secretaria. Ela já não grita mais.

MARGEM DO LAGO

Subitamente, vários animais se afastam da margem do lago. Um grupo de pássaros voa do alto das arvores. Um lagarto corre para dentro da mata. No lago, algo irrompe da água. Um imenso homem, de quase dois metros de altura, anda em direção a margem, segurando um facão. Ele usa calça e uma jaqueta extremamente surrada. No rosto, ele usa uma mascara de Hockey, que deve ter sido branca no passado, mas agora se encontra amarelada. Os olhos por trás da mascara não parecem demonstrar emoção alguma. Jason sai da água, e anda em direção á mata.

CASARÃO DE PATRICK NEAME

Patrick Neame esta sentado em seu gabinete, quando Drácula entra pela porta. O conde agora usa botas, calças, e uma camisa social preta. Usa também um, sobretudo também preto. O estranho tom avermelhado que circulava suas pupilas desapareceu. No momento em que o homem entra na sala, Neame se levanta.

NEAME

- Mestre, é um prazer finalmente conhecê-lo.

DRÁCULA

- Agradeço Sr. Neame. Onde estamos?

NEAME

- Nos Estados Unidos Da America, mestre. Mais precisamente em uma cidade chamada Cristal Lake.

DRÁCULA

- Estamos na America? Por que não estamos na Europa?

NEAME

- Era impossível trazê-lo de volta lá, mestre. A abadia de Carfax em Londres, e seu Castelo na Transilvânia foram adquiridos pela igreja católica. Seus antigos lares foram destruídos e benzidos. O senhor precisava de um novo lar. Demorei bastante tempo para encontrar o lugar ideal, mas finalmente encontrei essas terras, aqui na America.

DRÁCULA

- Realmente, eu consigo sentir algo nesse lugar. (Diz Drácula indo até a janela, e observando o lago do lado de fora). E eu gosto.

NEAME

- Essa é sua casa agora, mestre. Se assim o desejar.

DRÁCULA

- O senhor parece ser muito leal a mim, Sr. Neame. Eu respeito isso. Diga-me, você sabe o que tentei fazer da ultima vez em que estive entre os humanos? (Pergunta o vampiro encarando com um olhar curioso o seu anfitrião).

NEAME

- Sim mestre, eu sei. O senhor tentou dizimar a população mundial com a criação de uma bactéria mortal.

DRÁCULA

- Ficaria á meu lado se eu tentasse novamente? Eu saberei se estiver mentindo. (Drácula e Neame se encaram por alguns instantes).

NEAME

- Sim mestre, eu ficaria. (Responde Neame tranquilamente). Se assim o senhor desejar, significará que à hora final do mundo chegou.

O Conde sorri com a resposta, e se aproxima de Neame, colocando a mão em seu ombro.

DRÁCULA

- Muito bem Sr. Neame, vejo que é mesmo leal a mim. (Diz Drácula se sentando na cadeira antes ocupada por seu anfitrião). Mas não se preocupe. Aquilo foi um erro. O mundo havia mudado demais, e eu não estava lá para presenciar a mudança. Confesso que achei que não havia mais lugar pra mim, por isso resolvi acabar com tudo. Mas nos meus instantes finais, percebi que mais do que nunca, havia lugar no mundo pra alguém como eu, Sr. Neame. O mundo é um lugar ideal para mim agora.

NEAME

- O que pretende fazer agora, mestre?

DRACULA

- Como você disse, esse lugar é o meu lar agora. (Diz Drácula se levantando). A noite ainda é longa. Preciso fixar raízes, meu caro Neame. Eu volto antes do amanhecer. (Diz Drácula saindo pela porta, sem olhar para trás).

AEROPORTO TOD BROWNING

Peter Van Helsing se olha fixamente no espelho do banheiro. O lugar esta deserto. O jovem passa a mão pelo queixo, sentindo a barba serrada, e depois pelo ralo bigode que cresce em cima da sua boca.

VAN HELSING

- Tá na hora de fazer essa barba e esse bigode, Peter.

O rapaz liga a torneira, e molha o rosto. Depois disso, tira uma pequena cartela do bolso, tirando uma pílula branca. Ele a coloca na boca, e volta a encher a mão em concha com a água da pia, engolindo-a em seguida, junto com o comprimido. Van Helsing sai do banheiro, e encontra o padre Keir o esperando sentado em uma cadeira, com as poucas malas que ambos levaram, ao seu lado.

VAN HELSING

- Vamos pegar o ônibus agora?

PADRE KEIR

- Vamos.

Ainda é madrugada alta. Poucas pessoas circulam pelo aeroporto. A dupla sai do aeroporto, e logo chega a uma parada de ônibus deserta.

VAN HELSING

- Tem certeza que é aqui?

PADRE KEIR

- Tenho sim. Tivemos sorte de passar um ônibus para Cristal Lake tão perto do aeroporto.

VAN HELSING

- Por isso que o inimigo esta um passo á nossa frente, Padre. Recursos financeiros. Quer dizer, pelo que você me contou, esse Neame veio de Jatinho pra esse país, e depois deve ter alugado um carro ou coisa parecida. E nós, padre? Viemos de classe econômica, e vamos de Ônibus pra Cristal Lake. Sendo que é muito provável que esse ônibus dê umas 500 voltas até chegar lá. Disputa no mínimo desleal, né?

PADRE KEIR

- Eu não falei que seria fácil.

VAN HELSING

- Não falou não. Mas eu tava aqui pensando sobre uma historia que meu pai me contou uma vez. Um tal de Bram Stocker quis comprar o diário de nosso antepassado, Abraham Van Helsing. E não só dele, mas o de vários envolvidos naquele ataque de Drácula a Londres, como o diário de Jonathan Harker, e Mina Murray. Mas Abraham convenceu a todos a não vender, e obviamente não vendeu o dele. Meu pai achava que Stocker queria escrever um romance com os diários. Pena que não conseguiu.

PADRE KEIR

- Foi melhor assim. Saber da existência de vampiros geraria pânico na população.

VAN HELSING

- Ia ser só um livro, Padre. Ninguém ia saber que era verdade. E eu sempre achei que essa historia de Drácula daria um bom filme, sabia?

PADRE KEIR

- E no que isso nos ajudaria agora, Van Helsing?

VAN HELSING

- Stocker teria ganhado bastante dinheiro, e conseqüentemente, os Van Helsing também, o que significaria que teriamos mais dinheiro agora, e talvez não estivessemos pegando um onibus. Alem do mais, o cinema esta precisando de bons filmes de vampiro.

PADRE KEIR

- E quem interpretaria Drácula? (Pergunta o padre rindo).

VAN HELSING

- Boa pergunta. Não vejo ninguém fazendo isso hoje. Meu pai acha que Vincent Price teria dado um bom Drácula, mas acho que o Christopher Lee teria ficado melhor. Principalmente na época da Hammer. Quer dizer, eles fizeram a trilogia Karnstein. Imagino a Hammer fazendo o filme do Drácula. Tivemos ótimos filmes de vampiro ao longo dos anos como Os Garotos Perdidos e A Hora Do Espanto, mas a trilogia Karnstein é realmente ótima.

PADRE KEIR

- Concentre-se na realidade, Van Helsing. Lá vem o nosso ônibus.

Os dois param o ônibus, e colocam suas malas no bagageiro. Não há quase ninguém no veiculo. O ônibus então parte, levando os dois estrangeiros para Cristal Lake.

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