Capítulo 3

Telefonemas

“...Faz 3 dias que eu não durmo direito

Sua filha me deixou desse jeito

E o que ela mais fala é que a senhora é brava

Mas hoje eu não vou aceitar levar um não pra casa…”



Alojamento de Rosa

Horas antes…

— Não, senhora Elena, não vai atrapalhar nada não… Pode vir sim… Está bem? Ok, então! Vou esperar a senhora. Beijo… Tchau, Tchau. — disse Rosa, desligado o celular. Ela ainda estava sentada no pé da cama, logo depois que Kuklo saiu da casa. A jovem enfermeira foi no aplicativo de contatos novamente e discou outro número. Seu dedo hesitava, mas precisava fazer aquilo.

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Apertou, o telefone começou a chamar e ficou esperando com o coração na mão, pulsando a mil por hora.

— Alô? Filha, é você?

— Oi mãe, bom dia! Tudo bem com a senhora?

— Tudo sim, filha! Que surpresa boa! Você quase nem liga dia de semana!

— Então, é que hoje eu precisava ligar. A senhora tá muito ocupada?

— Não, nada que eu não possa fazer mais tarde! Mas… Aconteceu alguma coisa?

— Não, mãe, não aconteceu nada, não precisa se preocupar… Mas… Eu preciso falar uma coisa com a senhora, pode ser?

— Hoje? Não dá pra falar por telefone?

— Não, mãe, tem que ser pessoalmente… Tem como a senhora vir no meu alojamento?

A Coronel Maria Carlstead ficou muda por uns instantes do outro lado da linha e, depois de um minuto, ela respondeu. Rosa ficou com o coração na mão com todo aquele silêncio.

— Minha filha, você não me esconda nada! É alguma coisa com você, não é? É alguma coisa que tá mexendo com você por dentro, não é?

Rosa não conseguia mentir para a mãe. Ela sabia até mesmo quando mentia.

— Sim, mãe. Tem haver comigo sim… É uma coisa que tá me incomodando faz tempo… Eu queria esclarecer tudo pra senhora hoje…

— Você tá namorando, Rosa?

— Bem… A senhora não queria conhecer a pessoa que me fez continuar no exército, mesmo a senhora não querendo?

Maria mais uma vez fez um silêncio de morte no outro lado da linha.

— Sim, quero conhecer esse sujeito!

— Taí a chance, mãe. Hoje ele vai vir na minha casa… A senhora não queria vir? Eu tô sendo sincera com a senhora…

— Ah, mas é claro que eu vou! Vou tirar esse assunto a limpo hoje mesmo!

— Então, vou esperar a senhora, está bem?

— Está bem, Rosa! Olha o que você vai aprontar, hein?

— Não vou aprontar nada não… Só quero jogar limpo daqui pra frente…

— Acho bom mesmo, menina! Quatro horas eu tô aí, pode ser?

— Pode, pode sim. Vou esperar a senhora. A gente bate um papo e faz a comida…

— Tá certo. Você presta atenção no que você tá fazendo, menina!

— Eu tô prestando sim… Tchau, mãe, um beijo, te amo!

— Tchau, Rosa, se cuida viu? A mãe te ama muito também.

Dona Maria desligou do outro lado da linha e Rosa encostou a cabeça no colchão, sentindo uma sensação de alívio e preocupação ao mesmo tempo.

— Kuklo, você vai ter que me desculpar… — disse Rosa, vendo a foto dos dois no plano de fundo no telefone: ela e ele no parque, juntos, se divertindo.

Continua…