Dona Distância

Gatos, Cartas e uma dose de Solidão


O Conceito andava lentamente pelas ruas deformadas de seu reino, estava tão sonolento que mal viu o vizinho à sua frente. Por um triz não pisou no rabo do felino que fumava um grande cachimbo encostado na calçada, enquanto lia um jornal de décadas passadas.

— Bom dia, Chess — cumprimentou ao vizinho. O gato ganhou tal nome por possuir o pelo parecido com um tabuleiro de xadrez. — Um tanto cedo para esses hábitos saudáveis, não?! — ironizou franzindo de leve o cenho, com ar reprovador.

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— Bom dia, D. — respondeu dando uma longa baforada na cara do Conceito, que prendeu a respiração para não tossir. Seus olhos começaram a lacrimejar, deixando o gato satisfeito. — A festança de ontem foi boa, hein? Você está um horror. — provocou o felino com um sorriso imenso estampado no rosto.

— Nem me lembre! — exclamou entortando a boca em uma careta sofrida. — Solidão trouxe um novo jogo de cartas do mundo dos humanos, um tal de Uno. Ficamos até de madrugada jogando, mas no meio da última partida ela ficou brava e foi embora parecendo um furacão. Tenho quase certeza que Caos influenciou um humano a criar tal jogo... Ele poderia acabar com uma civilização inteira usando essa armadilha do Coisa Ruim! — respondeu o Conceito agitado. Seus olhos estavam avermelhados e sob eles, imensas olheiras escuras que contrastavam com a pele pálida.

O felino gargalhou em resposta, seu riso era estranho e abafado, como se sua voz arranhasse algo dentro de sua garganta antes de sair.

— Coisa Ruim? Você parece uma humana falando essas coisas.

Distância cruzou os braços e curvou-se em direção ao gato, mostrando-lhe a língua. Ele apenas a ignorou e voltou a ler seu jornal, sem se importar se ela ficaria parada ali ou não. Alguns minutos sendo ignorada foram suficientes para que o Conceito desistisse do “papo animado” e continuasse seu caminho entre as pedras irregulares e azuladas pelo reflexo do astro que iluminava seu reino.

Qualquer um que a visse, diria que era uma humana normal, a não ser pelos longos e chamativos cabelos brancos que, se soltos, encostavam em seus calcanhares. Carregava nos olhos extremamente negros e densos um ar melancólico e nostálgico, ares de saudade, combinados com uma espécie de alegria escondida, de criança sapeca que acabou de aprontar. Seus lábios, um tanto avermelhados, eram pequenos e sempre ofereciam um sorriso infantil. Estar em sua presença era, de certa forma, aconchegante. Apesar da cor de seus cabelos, não se via nenhuma ruga em seu rosto aparentemente jovem, mas seu corpo mudava constantemente. Às vezes era como agora, e outras, seu corpo envelhecia, assumindo a aparência de uma senhora com cerca de setenta anos. Usava roupas estranhas que ninguém em sã consciência usaria, a não ser sua avó, provavelmente, que possui o dom de misturar estampas de animais, flores e formas desconhecidas e se sentir o máximo. Distância gostava de usar saias rodadas que paravam abaixo de seus joelhos e casaquinhos de lã ou tricô, feitos a mão por ela mesma. Colecionava os chapeis mais inusitados e diferentes, que vinham de todos os cantos do Universo. Ela era um motivo de piada para muitos, por seu jeito um tanto ingênuo e incomum.

Ela continuou andando por um bom tempo até encontrar Smelly, o gato fedorento, pulando entre as pilhas de objetos perdidos, que se acumulavam cada vez mais em colunas altas e começavam a pender perigosamente para os lados. Já fazia muito tempo que o felino praticamente morava naquele lugar, procurando sempre por um objeto misterioso que ninguém sabia o que era.

—Oi, Smelly!

— Distânnnncia! Bommm dia! — respondeu o gato com seu sotaque único, alongando as palavras sempre que encontrava um “m”ou “n” nelas.

— Como vai sua busca?

— Até agora, semmmm sucesso. — miou sofridamente.

— Tome cuidado! Essas pilhas estão ameaçando soterrar alguém! — disse preocupada, colocando as mãos nas bochechas, e arregalando os olhos.

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— Nnnnão se preocupe! Esse gato ainnnnda temmm algummas vidas. — brincou, sem tirar os olhos do armário de madeira em que estava concentrado remexendo.

O Conceito se despediu, continuando pelo tedioso caminho, ora cantarolando, ora de olhos semicerrados, com sono. Muitas vezes começava a conversar consigo mesma, e se distraia discutindo com sua mente que parecia nunca concordar com suas opiniões ditas em voz alta. Quando começou a sentir fome, pegou o sanduíche de morango silvestre temperado com algumas gotas da chuva de outono, que havia levado em seu bolso, e comeu com muito gosto, saboreando cada pequena mordida que dava.

Seu reino era um tanto diferente dos demais, lembrava uma ponte extremamente longa, que pairava nos confins do Universo, onde não existiam planetas, astros ou constelações, apenas aquele imenso corredor iluminado por uma fraca luz azulada que se apagava cada vez mais com o passar dos séculos. A luz era uma pequena estrela chamada Hyor, que havia se perdido e chegado até ali de forma misteriosa. Durante a noite ela deixava de brilhar, deixando os habitantes do reino dependentes de velas e lanternas, pois esse era o momento que descansava suas forças para iluminar o dia seguinte. O solo era formado por terra vermelha batida, pedaços de metais desconhecidos, restos de estrelas que haviam morrido há muito tempo e todos os tipos de objetos perdidos, que vinham de todos os lugares, e, por alguma razão que Distância desconhecia, acabavam ali, formando um imenso lixão em alguns pontos do reino. O corredor era plano, estreito e comprido, se estendia por milhares de quilômetros, tornando tudo mais difícil para seus habitantes.

Em um dos extremos, que apontava para onde estariam os outros reinos, há muitos anos luz dali, claro, estava sua estranha caixa de correspondências. Essa era um amontoado de pedras, com cerca de um metro de altura, que formava um pequeno arco e no centro estava um retângulo metálico, uma espécie de porta, que podia ser aberta com a chave que apenas Distância e o Carteiro tinham. Quando a destrancou, quase foi derrubada com o amontoado de caixas e cartas que saíram dali. Sempre recebia sua correspondência atrasada e acumulada, pois como seu reino era de difícil acesso, e o “Correio Intergalático” apenas entregava suas correspondências em intervalos de tempo um tanto longos, por ser considerada uma área não urgente, o que irritava profundamente o Conceito. Mas ela até entendia, pois isso só era possível por haver uma espécie de magia em seu domínio, ou o Carteiro nunca a encontraria e as cartas nunca chegariam ao seu destino.

“Por quê?” você pode perguntar.

Bem... Ela mora longe de tudo e de todos. Além de onde reinam os Sentimentos, o Tempo, o Sonho, o Caos, o Nada e a própria Morte. Um lugar além do fim do universo. Um lugar realmente muito... Distante. Ela faz jus ao nome de todas as formas.

Tentou da melhor forma carregar tudo consigo, pois a viagem até ali era longa, e Distância só voltaria depois de algumas semanas. Usou seu casaco amarelo de lã para fazer uma espécie de trouxa, mas quando estava quase terminando de empilhar tudo, acabou se desequilibrando e caiu de bunda no chão, espalhando toda a correspondência pelo caminho. Percebendo que não seria capaz de levar tudo, sentou encostada nas pedras que formavam a caixa de correio e separou os envelopes dos pacotes. Abriu a primeira carta e a leu, se preparando para as reclamações que ouviria de todos os insatisfeitos:

[9 de Agosto de 1946

Planeta Terra – Portugal]

“Senhora,

Saiba que, nesse exato momento, eu te odeio com todas as forças desse velho corpo que já não se sustenta direito.

Imagine uma tempestade horrorosa, com árvores caídas e enchentes carregando carros. Agora multiplique por 10. Lá fora está desabando o mundo, estamos em pleno Apocalipse e eu não posso comprar a droga do meu cigarro.

POR QUÊ?

Por que me odeia tanto? Pisei NO MALDITO rabo do seu gato, por um acaso?

Agrh! Antigamente eu só atravessaria a rua, tudo era perfeito! Mas então o dono teve que mudar para duas quadras daqui! O QUE FOI QUE EU TE FIZ, MULHER?

POR QUE, DONA DISTÂNCIA?

POR QUE NÃO DEIXA ESSE POBRE HOMEM FUMAR SEU CIGARRO EM PAZ?

Saiba que se essa noite o mundo acabar, você terá tirado de um homem fadado à morte seu último pedido. Viva com isso. ”

Distância riu. Os humanos a odiavam por tão pouco, como se fizesse tudo de propósito para desgraçar suas vidas. Eles eram sempre os que mais reclamavam, agiam como se todo o Universo girasse ao seu redor.

“Mal sabem eles.” Pensou ainda rindo. Pegou a próxima carta. Essa não era da Terra. Abriu com curiosidade:

[10 de Provençal de 6042

Planeta Jaguapor – Distrito das Cordélias]

“Cara Senhora,

Saiba você que sei muito bem o que anda tramando.

Há quatro anos, quando aconteceu pela primeira vez, lembro perfeitamente. Era a prova das 20 Quadradas, e eu estava ganhando a prova! Mas, como por mágica, alguém que estava muito distante de mim, apareceu à minha frente... Eu não sei como, mas por um instante pude jurar que o espaço entre ele e a marca de chegada encurtou! Achei que estava louco! Mas esse ano aconteceu novamente! Você roubou a corrida para aquele Rosarino idiota! Tá devendo dinheiro para alguém, é?! Qual é a sua? Você me deve a vitória!

(...)”

O Conceito encarou a carta sem entender bulhufas, mas depois de alguns minutos forçando a memória a ficha caiu e algo veio à tona. Uma lembrança flutuou ao seu redor, fazendo sua mente girar, e Distância a inspirou lentamente, o cheiro leve e adocicado indicava que era algo recente. Logo lembrou exatamente o que havia ocorrido! Chess, o gato, havia pedido a ela que encurtasse a distância naquele planeta há 20 anos! O felino a ludibriou, com argumentos de que aquilo era questão de vida e morte!

“Ah, seu malandro!” pensou Distância com vontade de arrancar os bigodes daquele gato sacana. Sempre caia na conversa do felino cheio de tramoias. Com vontade de bater em si mesma por ter caído naquilo, pegou outra carta com raiva, sem perceber que o envelope estava todo manchado com o que parecia resto de comida.

[2 de Janeiro de 1993

Planeta Terra – Estados Unidos da América]

“Olá, dona Distância,

Sou eu de novo... Desculpe o incômodo, mas será que poderia me ajudar mais uma vez? Minha mãe deixou o garfo na cozinha... Sei que parece um pedido bobo, mas ela só volta depois do trabalho, e estou com muita fome... Por favor, me ajude!

P.S. Já comecei minha dieta. Pretendo emagrecer todos os Kg que me impedem de levantar dessa maldita cama barulhenta. Logo não a incomodarei novamente com meus pedidos.”

Distância teve pena do garoto que era muito jovem para passar por tudo aquilo. Imaginou o quanto ela deveria ser um incômodo para tudo que ele precisava fazer.

“Espero que tenha alcançado seu objetivo de emagrecer.” Pensou com um pequeno sorriso. Suspirou antes de pegar a próxima carta, sempre que vinha algo daquele planeta era algo perturbador. Os seres de lá não costumavam ser muito educados.

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[10 de Contelações Lunares de XLWE

Planeta Roudar – Mityr]

“SUA @#%$*&¨*+!!

EU ESTAVA A DEZ PALMOS DELE! DEZ!

%$#@!!

PERDI MINHA ÚNICA CHANCE DE FALAR COM MEU GRANDE AMOR GRAÇAS À VOCÊ! EGOÍSTA! QUER ELE PRA VOCÊ QUE EU SEI!

(...)”

A carta continuou cheia de xingamentos, e o Conceito resolveu ignorá-los, jogando a carta de lado, e partiu para a próxima enquanto ainda tinha paciência. O envelope era de um material mole e macio, que esticava. Nunca havia recebido nada daquele lugar.

[89 do Segundo Período Valar de 670 d.O.

Segundo Sol de Froits – Região da Gorseva]

“Distância

Eu estudei durante toda minha vida uma maneira de visitar o primeiro Sol de Froits, calculei tudo da forma mais precisa e segura. Era para tudo dar certo! Mas por causa de um metro, um pequeno metro de distância, cai dentro da fenda Gubion.

Por quê? Por que não me ajudou? Por que me deixou afundar naquela lama quente?

Minha vida foi arrancada de mim de forma dolorosa e injusta.

E a culpa foi sua, por se fazer presente quando a Matemática me confirmou o contrário.

Para de se meter onde não é chamada! ”

Aquilo fez o coração de Distância pesar, sabia o quanto era comum vidas serem tomadas por sua causa. As cartas que recebia na maioria das vezes eram tristes e sofridas, como essa que havia lido. E o Conceito entendia esse sofrimento. Ela gostaria de poder ajudar, mas era ciente de suas responsabilidades. Não era sempre que podia interferir, existiam regras a serem seguidas...

Estava cansada já de tantas reclamações, pensou em deixar o restante para ler em outro momento, mas quando olhou para sua direita, uma pequena carta de envelope amarelo chamou sua atenção.

“A última.” pensou, tentando acreditar que faria isso. Apesar das coisas ruins que lia, tinha a necessidade de ler tudo, tinha esperança de um dia receber algo bom. O país estava apagado, mas conseguiu ler perfeitamente o planeta. Era uma humana.

[24 de Fevereiro de 1924

Planeta Terra]

“Cara dona Distância,

Gostaria de perguntar-lhe:

Por que me odeias? Por que tiras tudo de mim?”

— Eu não te odeio, criança. — murmurou tristonha.

“O pouco que tenho levas para longe...

Por que sempre me afasta de quem eu amo?

(...)

Agora a Solidão bate a minha porta e não quero abrir.

(...)

Por favor, dona Distância... Leve a Solidão para longe de mim.”

A melancolia que sempre a mantinha calma, agora se fora, dando lugar a solidão. Ela se concentrou nesse Sentimento, e imediatamente “trouxe” a Solidão para seu domínio.

— Você e essa mania de me trazer de repente. Eu tenho lugares para estar! — disse o Sentimento sem paciência. Apesar de poder ir a vários lugares ao mesmo tempo, era diferente quando ia até o reino de Distância, perdia um pouco de sua influência e força sobre os outros seres a quem estava visitando.

Solidão era tão pálida, que parecia estar doente. Também tinha a aparência que lembrava a de uma humana em sua forma adolescente, apesar de ter muitos e muitos anos de existência. Seus cabelos eram negros, longos e opacos, muito mal cuidados, tanto que lembravam o cabo de uma vassoura velha de tão armado e ressecado. Usava um moletom marrom largo demais para seu corpo magro, que quase chegavam aos seus joelhos. Sempre estava de pés descalços e pouco se importava com sua aparência, apesar dos outros Sentimentos viverem dando sermões sobre sua maneira desleixada. Seus olhos negros transmitiam tudo o que representava. Olhos solitários e tristes, sem brilho algum ou qualquer esperança.

Elas não se consideravam “melhores amigas”, mas Solidão era, sem dúvidas, sua companheira mais fiel. Os outros Sentimentos não precisavam estar presentes para afetar-lhe, como acontecia com todos os outros seres, pois seu domínio era distante demais, e ir a um lugar tão remoto era quase como deixar de existir. Seu reino era o único que não precisava ser visitado, mas Solidão sempre estava lá. Afinal era o sentimento mais forte que possuía.

Nenhuma das duas sabia ao certo o que uma representava para a outra, além do óbvio, claro.

— Leia isso. — disse mostrando a carta da garota. — Você precisa se afastar dela. — Distância realmente tinha certo controle sobre os sentimentos, conseguia afastá-los, mas nem sempre.

— Você sabe que não funciona assim... Essa garota estava muito próxima a mim. Agora já é tarde demais.

Distância sentiu uma enorme avalanche de tristeza acertar seu peito em cheio, sufocando-a. Deixou escorrer uma lágrima de raiva e culpa, estava cansada de ser odiada e ter que carregar esse fardo nos ombros. Solidão sem saber o que dizer, apenas a abraçou. O Conceito sentia-se aquecido e ao mesmo tempo vazio. Era inexplicável o que Solidão causava em si. Ao mesmo tempo em que lhe fazia companhia, dava esse sentimento solitário. Era um grande paradoxo.

— Eu preciso ir... Volto mais tarde para nosso Clube do Livro. — Solidão sorriu. Apesar de ser o que é, tinha um sorriso. Um sorriso meio estranho e torto, de quem não é acostumado a mostrar os dentes, mas ainda assim era um sorriso. Não era feliz ou alegre, mas Distância gostava.

— Você sempre esquece as duas primeiras regras. — Distância respondeu tristonha.

— Elas são muito complicadas. — Solidão torceu o nariz e mostrou a língua, fazendo careta.

— Mas são iguais! É só não falar sobre o assunto, oras! — Distância riu.

— Você, claramente, não entendeu a referência. — brincou o Sentimento, levando um pequeno tapa no braço do Conceito que franziu o cenho e empinou o nariz. Por algum motivo Distância tinha muita curiosidade e interesse pela cultura humana, sempre que podia bisbilhotava em objetos perdidos que encontrava em seu reino. Muitas coisas apareciam misteriosamente por lá, e o Conceito adorava. Foi assim que encontrou o primeiro livro e iniciou as leituras semanais com o Sentimento.

Quando Solidão foi embora, Distância voltou pelo caminho, carregando da forma que conseguiu o que havia sobrado dos pacotes e envelopes, e, depois de muito andar, chegou a sua casa, onde procurou o tinteiro e um pedaço de papel. Demorou muito, mas os encontrou dentro de uma gaveta esquecida em um canto de seu quarto. Fazia tempo que não respondia uma carta, pois sabia que provavelmente elas nunca chegariam ao destinatário. Escreveu mais para si mesma, do que para a garota que já estaria velha, ou até mesmo morta, quando a carta chegasse.

No começo não sabia bem o que dizer, mas algo pipocou em sua mente e logo o papel transbordava de palavras. Havia apenas um pequeno espaço no final da folha, então ela terminou dizendo:

“A Solidão pode estar presente, mas a Esperança também está. Ela te dará forças para suportar o que ainda virá. Não desista. Algo bom vai acontecer, sei disso.

Dona Distância.”

Ela selou a carta e a guardou na mesma gaveta onde havia achado o tinteiro, iria colocá-la no correio quando voltasse dali alguns dias.

Logo ficou entediada. Deixou seu corpo cair na cama e ficou encarando o teto por alguns minutos. Depois de um tempo sentiu-se sozinha, então seus olhos brilharam e ela exclamou com um pequeno sorriso:

— Solidão!

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.