Dois Mundos

Capítulo 20


Caminhamos um pouco até encontrarmos uma espécie de caverna, só que era uma grande arvore que aparentava ter alguns anos e estava oca, era um lugar confortável e úmido, o chão era coberto por musgo e sobre a entrada havia cipós coberto de folhas que desciam e formavam uma cortina que ia até o chão.

“vamos ficar aqui”- disse Hans, tirando a mochila das costas.

“gostei desse lugar” –disse Beth, passando as mãos sobre a cortina de folhas, fascinada.

Tivemos que ficar por ali, até que não era um mal lugar, eu até gostei, era o único lugar dali que tinha um ambiente “feliz”, aquela cortina de folhas e o ambiente convidativo me fazia lembrar de casa, do conforto dela e dos meus pais, mas logo em seguida eliminei esse pensamento da cabeça, estava evitando pensar neles.

Repousamos nossas mochilas no canto do tronco oco da arvore que chamávamos de toca, nos ajeitamos sobre o musgo que serviu como cama de tão fofo que era.

Eu e Evandro ficamos em um canto, encolhidos juntos, minha cabeça sobre o peito de Evandro e suas mãos sobre meu ombro. Percebi que no começo, Hans e Beth estavam com um pouco de receio, não sei se era da nossa presença ou receio deles mesmos, mas conforme o tempo, Beth cedeu e apoiou sua cabeça no ombro dele.

“pode dormir, eu fico de vigia”- disse Evandro, olhando a vista, sobre as cortinas de folhagem.

“vou continuar acordada o máximo que conseguir”- disse eu.

Ele não respondeu e todos nós ficamos ali no silencio da noite, olhando sobre a folhagem que era a nossa única proteção.

***

Acordei de manhã, com o cheiro de algo queimado.

Ainda me lembro de ontem, quando estava sentada junto com Evandro olhando sobre as folhas e depois eu deveria ter apagado pois não lembrava de mais nada.

Não tinha mais ninguém na toca, e o sol penetrava sobre as plantas e vinham direto para meus olhos, coloquei a mão na frente, me levantei e sai, Evandro estava sentado sobre um tronco e mexia na fogueira que agora tinha ali.

“bom dia”- disse, colocando minhas mãos sobre seus olhos, ele soltou o galho onde um pássaro estava atravessado e de onde vinha o cheiro que sentia de dentro da toca, se levantou e me abraçou.

“onde estão eles?” – disse.

“eles quem?”- disse Evandro, voltando a cozinhar.

“Hans e Beth”- disse eu.

“ah, pediram para irem caçar juntos e que eu ficasse para cuidar de você, mas acho que eles querem passar um tempo juntos sabe, acho que a gente atrapalha a ‘relação’ deles”- disse ele, rimos juntos.

Dei uma olhada em volta e agora de manhã, com o sol que iluminava tudo, até que aquele lugar não era tão péssimo e horroroso como eu pensava, na verdade a noite deixa tudo horroroso.

Enquanto tive tempo de pensar, uma ideia veio em minha cabeça, a nossa meta de descer até ali era acabar com tudo isso, destruir a ‘placa mãe’ que dava vida á todos esses robôs e viver em paz, mas nós quatro não tínhamos mapas ou nenhum instrumento sequer que pudesse nos ajudar a chegar até lá e destruí-la, então pelo jeito, teríamos que encontrar sozinhos, do nosso jeito.