Doce senhorita

Capítulo 12 - Entendendo sentimentos


—Aqui está. – Nico observou Thalia pagar a passagem.

Eles haviam ido ao terminal rodoviário de Nova York, onde ela comprou uma passagem ainda sem local definido. Nico apesar de preocupado, não disse nada. Ela queria sair viajando por ai sozinha, onde vários monstros podiam encontrá-la facilmente. Franziu o cenho ao pensar nisso, mas se deteve ao comentar algo. Sabia, pelo pouco tempo que eram amigos, que não era uma boa ideia questioná-la.

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Voltaram ao acampamento em silêncio. Cada um perdido em seus próprios pensamentos. Ambos haviam acabado de perceber que apesar da tensão existente entre eles, os dois construíram uma amizade, e de nenhuma forma queriam perder isso.

Thalia despediu-se de Nico e rapidamente sentiu-se enjoada em pensar que ainda teria que ir ao encontro de Ártemis. Tentou demorar um par de horas fora, contando que fosse o suficiente para que a deusa cansasse de esperar e fosse embora. Ao visualizar a fogueira do jantar acesa e uma figura diferente dos demais sentada com Quíron, soube que estava errada.

—Eu já estava cansada, Thalia. – a deusa ajeitou seu cabelo atrás da orelha, exibindo ainda mais o esplendoroso rosto que várias mortais matariam para ter. – Precisamos conversar.

Já afastadas dos demais, a filha de Zeus já não sentia mais tanto medo quanto quando saiu do acampamento mais cedo. Já esperava ser expulsa da caçada por ter beijado Will, ou no mínimo, uma punição bastante severa. Espantou- se visivelmente quando a deusa começou a falar,

—Escute Thalia, não quero perder você como caçadora e sei bem de seus planos. – ela arqueou uma sobrancelha em reprovação. – minha vontade era puni-la. Mas já não estamos mais na Grécia antiga. Em razão disso, proponho um acordo.

—Qual? – a caçadora engoliu em seco.

—Eu te dou um ano a contar de hoje. Nesse tempo, você pode viajar para onde quiser, beijar quem quiser.- ela fez uma careta de desdém. – mas terá que se comprometer que no fim desse prazo, largará tudo definitivamente e terá que sair novamente do acampamento. Sem previsão de volta.

A semideusa exalou o ar preso em sua garganta. Sequer imaginaria que Ártemis fosse ser compreensiva em fazer uma proposta assim, valorizando o tempo no qual ela dedicou á caçada. Seu coração sentiu-se livre de todo aperto que tinha antes de falar com a deusa.

—Eu aceito. –respondeu de imediato. - Não tenho nem como agradecer por isso, minha senhora.

—Então estamos entendidas. –Ártemis suspirou como se estivesse cansada e ajeitou o cinto que lhe cobria a cintura fina. – espero que não me decepcione.

Dito isso, a mesma saiu da presença de Thalia que voltou a Quíron para se despedir e logo desaparecer.

Thalia ainda atônita com o que acabara de acontecer, começou o caminho de retorno ao seu chalé. Estava feliz por não precisar sair da caçada, pelo menos não imediatamente. Despedir-se das meninas que praticamente ajudará a criar ao longo desse tempo, pensara enquanto comprava a passagem, iria ser doloroso. Aliás, essa passagem que ela usaria para fugir, poderia ser usada livre de toda a culpa. Um sorriso de alívio brotou em seus lábios ao perceber que poderia experimentar uma vida como sempre quisera. E então, nico surgiu em sua cabeça. Afastou a ideia com certo pesar, ao lembrar do que ele havia dito ‘’eu voltei com rose’’. Suspirou e voltou a apegar-se a alegria e recém-adquirida.

Os dias depois do ocorrido passaram-se rapidamente. Nico estava levando as coisas com Rose todo o esforço que podia, já que não gostava dela. Queria ser correto e não magoa-la. Prometeu a si mesmo que tentaria, ainda que fosse errado. E aquilo de alguma forma o tranquilizava, alguém que gostasse e estava livre para ficar com dele. Evitava a todo custo falar e encontrar com Thalia desde o dia que Ártemis estivera no acampamento, mas já havia observado-a sorrir enquanto ajudava as meninas de Ártemis em seus treinamentos diariamente e treinar no campo de arco e flecha com o garoto Solace. Queria poder falar com ela novamente, mas reprimiu essa vontade quando pensava em Rose. A presença de Thalia o afetava mais do que ele imaginava, ela, e em tão pouco tempo, soube bagunçar sua cabeça de um jeito que Rose nunca fez. Afastava a ideia de estar apaixonado por Thalia, mas não podia mais negá-la.

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Em uma noite, enquanto voltava de um show em NY, o mesmo saiu de seu carro e seguia ao seu chalé, ouviu ao longe o som de uma espada cortando o vento.

Seguiu o barulho, até enxergar o pavilhão onde Thalia fazia movimentos rápidos e precisos com sua espada.

Seu cabelo espera parcialmente preso, com algumas mechas lhe caindo sobre os ombros. A lua que brilhava intensamente naquela noite passando através do espaço aberto do pavilhão, iluminando seu rosto de tal forma que Nico não foi capaz de se conter ao ir aproximando-se para observá-la. Silenciosamente, ele encostou-se na parte da parede onde a lua iluminava-o somente da cintura para baixo.

—Você não deveria estar dormindo? – ela disse, sem olhar em sua direção, enquanto encostava levemente no boneco parado em sua frente.

—Pode-se dizer que algo atraiu minha devida atenção.

Passou-se alguns minutos em silêncio, enquanto Nico a contemplava. Thalia estava tão bonita sendo iluminada pela lua que chegava a doer, ele pensou.

—Você parece feliz. – ele disse sinceramente.

—Porque acha isso? – ela respondeu, ainda sem olhar em sua direção.

—Eu vi. Desde que Ártemis veio aqui. – comentou.

—Nós conversamos. - ela começou. – Resolvi minha pendência. Estou parcialmente livre.

— E nisso você não deveria estar um algum outro lugar do mundo, nesse momento? –ele perguntou confuso.

— Alguns pequenos ajustes e logo farei isso. – ela virou-se para ele. – Revanche?

Nico pegou a outra espada da mão de Thalia e girou-a até firmá-la em sua mão.

— Seja um cavalheiro e não me deixe ganhar.- ela se postou em posição de ataque.

—Sabe que sua conceito de cavalheirismo está equivocada não é? – ele franziu a sobrancelha divertido.

Os dois se moviam graciosamente pelo espaço, de forma com que nenhum conseguia chegar perto um do outro. Thalia era rápida, e Nico era preciso em seu movimentos. Qualquer um que olhasse, declararia empate.

Em um momento oportuno, Nico usou uma agilidade e passou a espada pelo pescoço ao lado direito de Thalia, abrindo-lhe um grande corte que imediatamente começou a sangrar.

—Você pretende me matar, Di Angelo? – ela sorriu e levando a mão no lugar machucado.

—Pelos deuses! Não era minha intenção. – largou sua espada no chão e foi até ela, afoito.

Ela sentou-se na arquibancada e apontou para uma bolsa caída no chão. Vasculhando-a, Nico encontrou materiais para curativo.

—Ser uma caçadora é ser prevenida. – ela disse enquanto ele se postava ao seu lado.

—Deixe-me ver.- o garoto disse.

Nico passou a ponta dos dedos pela orelha de Thalia chegando até a sua nuca, onde tombou sua cabeça levemente para o lado. Sentiu ela estremecer ao seu toque. Não pode deixar de evitar o sorriso quase imperceptível que lhe acometeu ao perceber esse detalhe. Thalia fechou os olhos sob sua mão e expirou calmamente enquanto ele cuidava da ferida. Enquanto ela se encontrava assim, pode observar seu rosto, desde as bochechas agora coradas, o nariz arqueado e pequeno, os cílios grandes e curvados até os lábios perfeitamente rosados.

A garota não pode deixar de deleitar-se com o toque dele. Sua mão fria era macia e tinha um toque delicado em sua pele. Aguardou sem pressa até que ele finalizasse o curativo. Imediatamente lembrou-se de quando ajudou-o com seu ombro, e de como queria descobrir se todo seu corpo era frio.

—Está pronto.

—Não foi essa vez, Di Angelo. – ela juntou suas coisas, sem olhar para ele.

—Prometo tentar ser mais preciso da próxima. - ele murmurou.

—Aguarde por uma cicatriz da próxima. - ela fechou o zíper da bolsa. Suspirou pesadamente, disse de repente. - Porque você desapareceu?

—Era o melhor para nós dois. - Nico respondeu prontamente, esperando o que viria depois.

—Eu estou cansada de jogos, Nico. - respondeu irritada. - Não aconteceu nada entre nós. Eu não entendi porque não quis ser meu amigo e realmente, não vou insistir nisso. Só não seja tão leviano com os sentimentos das pessoas.

Dando passos firmes, afastou-se dele. Thalia não sabia lidar com esses sentimentos, e reagiu da forma como sempre soube: afastando-se definitivamente.

Nico, que permaneceu sentado e indignado observando enquanto ela se afastava, percebeu que ela realmente não havia entendido nada do que estava acontecendo. Moveu-se até a sombra mais próxima e em segundos estava parado na porta dela, que levou um susto quando subiu o degrau de seu chalé.

—Você não pode me chamar de leviano, unicamente porque não percebe o que está acontecendo. - disse pausadamente tentando controlar o tom de voz.

—E o que está acontecendo, heim?– respondeu exasperada.. - Você dá vários sinais que poderíamos ser amigos, e ao mesmo tempo desaparece por dias, - ela esbarrou nele sem delicadeza ao abrir a porta de seu chalé, entrando e fazendo-o com que a seguisse. - me fazendo acreditar que sou uma completa idiota em pensar que sequer poderíamos nos dar bem. E então, volta como se nada tivesse acontecido e…

—O que acontece Thalia, - ele interrompeu-a, sibilando. - É que eu gosto de você. E eu gosto de verdade. Mas foi ele quem você escolheu. - apontou a direção que ficava o chalé de Apolo. - Não permiti sofrer por sua causa, e é isso que irrita você.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.