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Caminhava apressadamente pelo bosque adentro. Os ouvidos atentos a qualquer ruído diferente ao de seus sapatos quebrando um ou outro galho pela trilha em meio à mata fechada. Foi então que avistou-a: usava um vestido azul celeste, ornamentado com alguns detalhes em dourado, sendo que Hinata insistia em levantar a barra do traje para que pudesse equilibrar-se sobre o tronco caído. Na ponta dos pés, seguia naquela brincadeira. Sasuke a observava com certa curiosidade. De repente, um vacilo: a menina teria ido de encontro ao solo, se o tio não a amparasse pela cintura mais do que depressa , evitando assim sua queda. A face de Hinata enrubesceu tamanho fora seu constrangimento.

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– S-sasuke?- Balbuciou perplexa. Notando o olhar de reprovação que o tio lançava-lhe, temendo que num acesso de cólera pudesse machucá-la, limitou-se a murmurar - Perdão.– Desculpou-se pelo inconveniente baixando os olhos para fitar os próprios pés. Sasuke cerrou os punhos.

– O que fazia aqui? - Indagou-lhe de forma ríspida.

– Eu só... Apenas... - Começou desconcertada, porém, o moreno logo a cortou:

– Uma moça tão jovem quanto você não deveria andar por aí desacompanhada. - Tal comentário a surpreendeu. O Uchiha se preocuparia com ela de verdade ou era apenas interesse?!Humpft, que mais aquele sujeito poderia desejar de si?

– ...

– E se acontecesse alguma coisa ruim? E se alguém aparecesse? - Hinata arqueou uma de suas sobrancelhas confusa. Que é que o tio estaria tramando agora?

– Eu não... - Outra vez foi interrompida:

– Tem ideia do quanto eu sofreria caso alguma coisa te acontecesse? - Tal confissão deixou a menina pasma. Revoltou-se com tamanha hipocrisia.

– Sentiria realmente minha falta? - Perguntou reunindo toda a coragem que possuía. Seu tom era amargo e expressava incredulidade. O rapaz sorriu.

– Você é minha sobrinha. E eu te amo.– Sustentava aquela encenação como se aquilo o divertisse.

– Então por que... ? - Começou num misto de frustração e indignação, porém, logo deteve-se ao deparar-se com o semblante aborrecido do Uchiha.

– Pensei que tivéssemos concordado em esquecer o que aconteceu, querida... - Outra vez, o sorriso que trazia tanta aflição à pobre Hinata! Engoliu em seco, recuando dois passos - A noite em que eu tentei te matar, o nosso breve relacionamento...

– Desculpe. - Lamentou-se.

– É EXATAMENTE DISSO QUE ESTOU FALANDO: PARE DE SE DESCULPAR POR TUDO E QUALQUER COISA, SUA... - A garota cerrou os olhos com força, esperando que Sasuke a ofendesse ou lhe desse uma surra.

– Eu só... - Agora as lágrimas novamente molhavam sua face pálida.

– Não. - Cortou-a frio - Você ainda não entendeu, não é?! Eu disse que VOCÊ é a MINHA boneca de porcelana: é especial... Minha única amiga! Não é como uma coisa, é algo de valor inestimável e insubstituível pra mim.– Perplexa, Hinata ouvia o tio repetir as palavras que ela mesma dissera na manhã em que perdera sua querida amiga de olhos de vidro, ainda de olhos fechados. Franziu o cenho questionando-se com que propósito Sasuke fazia tudo aquilo - Olhe pra mim. - Mandou. Ainda que receosa, a jovem obedeceu, deparando-se com sua Sara nos braços do tio ao fazê-lo.

– S-Sara? - Constatou, ainda que sem compreender, estendendo as mãos para tomá-la para si. Entretanto, antes que o fizesse, o Uchiha a ergueu no alto, suspendendo a sua altura, uma vez mais confundindo a moça.

– Pode tê-la novamente... Se for uma garota boazinha.– Porque aquilo quando era muito mais simples ameaçá-la como sempre o fazia?

– Por favor, tio: ela é minha. Me devolve! - Suplicou num muxoxo. A verdade é que sentia falta de conversar com a boneca, sua única confidente nos momentos de angústia em meio a solidão na qual se encontrava desde a morte dos pais.

– Não; ela era sua. Eu mandei concertá-la depois do nosso pequeno incidente. Aliás, o restaurador fez um excelente serviço, não acha? - Retorquiu com uma expressão debochada.

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– Está bem; que é que o senhor deseja? - Perguntou-lhe por fim.

– Que você coopere. - Respondeu-a de modo frívolo, continuando - Iremos deixar o Japão em breve e não quero chamar a atenção para nós, se é que me entende... - De súbito, o sorriso da menina iluminou-se.

– Quer dizer que estamos voltando para a Europa? - Criara de imediato a expectativa de regresso: em Londres, havia a Srta. Kurenai, Gaara, Kakashi e muitos outros conhecidos do Uchiha que, na certa, perceberiam o que sucedia-se. Eram todos boas pessoas e Hinata tinha absoluta certeza de que não a desamparariam. E quando tudo estivesse terminado, poderia ir a França, buscar os parentes da mãe.

– Não. - As palavras do moreno interromperam fizeram-na perder a esperança novamente - Vamos para outro país. - Anunciou num timbre entusiasmado - Quem sabe algum lugar da África? Sempre fui fascinado pela cultura egípcia... - Concluiu gargalhando. E, notando o estado atordoado no qual a sobrinha situara-se, aproximou-se devagar, murmurando - Não achou mesmo que eu fosse tolo o suficiente para arquitetar um plano dessa magnitude e voltar ao nosso país para ser descoberto e enviado a prisão, achou?– Hinata soluçou. Não, não: o tio era realmente muito astucioso. Estava condenada a uma vida miserável e infeliz até que a morte finalmente os separasse. A morte... Seria melhor do que aquilo, sem dúvida! E, foi sem pensar nas consequências que empurrou o Uchiha para longe de si embrenhou-se na mata, correndo com certa dificuldade, arfando: fugindo... Caso fosse apanhada pelo tio, não importava; nada mais a preocupava, exceto embarcar no próximo navio que pudesse levá-la ao continente.

Sasuke seguiu em seu encalço, frustrado pela audácia e impulsividade da menina. “Ela não é assim...” Estava quase alcançando-a quando, ao segurá-la pelo braço, fê-la desequilibrar-se e cair, rolando pelo morro íngreme no qual localizavam-se, indo parar dentro de um lago. Debatia-se freneticamente, visto que não sabia nadar, tentando salvar-se do afogamento eminente desesperadamente. O Uchiha a observava atônito, entretanto, sem nada fazer. Por fim, só o que restara boiando fora Sara, a boneca de porcelana: Sasuke obtivera êxito afinal.

Esta história já estava fadada a tragédia desde o princípio. Finais felizes são preferíveis, no entanto, nem sempre as coisas terminam bem nas histórias... E, seja na ficção ou na realidade, indivíduos como o Uchiha nunca triunfam de verdade: Sasuke foi acusado pelo assassinato da sobrinha, cujo corpo jamais foi encontrado, e condenado a morte.

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Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.