Doce Veneno
MAMA
- Cantar? Ficou maluco? Já disse que não faria mais isso! – disse encarando Sho com surpresa.
- Qual é! Você já fez isso uma vez com a Vie Ghoul, por que está me negando isso agora? – suspirou. – Olha, não estou te obrigando, mas a Shoko-san me veio com essa ideia de fazer um dueto e... – fez uma pausa ao ver a garota ainda com uma expressão confusa. – Que seja! Vai fazer ou não? Estamos querendo começar as gravações semana que vem...
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!- Ok, Shoutarou - levantou-se. -, pensarei sobre o assunto.
- Já está me mandando embora? – Kyoko sorriu.
- Não é isso. Tenho gravações de manhã.
- Hm... Vai mesmo pensar sobre o assunto? – disse dirigindo-se para a porta. – Gosto bastante de sua voz.
- Flertando a essa hora na porta do apartamento dos outros? Quando vai mudar Sho? – os dois sorriram.
- É meu segundo emprego. – bagunçou os cabelos da garota. – Tente não ficar muito perto daquele cara, idiotice pode ser contagiosa.
- Não acredito nisso, passei quase a vida inteira perto de você e não fui muito afetada. – Sho murmurou algo que Kyoko preferiu não ouvir. – Anda logo, preciso me arrumar.
- Não vai precisar de ajuda? – perguntou com um sorriso malicioso.
- SHO!
- O que? Não tem anda de extraordinário, eu j- AI! – gritou ao receber um chute na perna. – Já entendi, já entendi! Heh, garota idiotável...
- Shoutarou! Eu vou t-
- Que bela visão temos logo cedo. – uma voz grave bastante familiar ecoava pelo corredor do prédio. – Cheguei na hora errada, Kyoko? – evidentemente ignorando Fuwa.
- Não, Ren, ele já estava saída. – fez um gesto agressivo para Sho. – Pode entrar, estava indo me trocar para irmos ao set.
- Tudo bem, tenho algo para falar com Fuwa-kun. – novamente o sorriso brilhante desenhado em seu rosto. – Não se preocupe, não vai demorar.
- Ren... – o rapaz apenas retribuiu com um sorriso, dessa vez sincero. – Tudo bem, vou me trocar. – deu uma última olhada nos dois antes de entrar no apartamento, ainda um pouco receosa.
- O que você quer, Tsuruga, pelo visto Kyoko disse algo. – Sho dizia olhando para a porta que Kyoko entrara.
- Sinto muito.
- Hã? – virou para Ren subitamente.
- Eu disse que sinto muito... – Sho tinha uma expressão de dúvida em seu rosto. – Por ontem, me excedi sem motivos, peço desculpas por isso.
- Oh, quem diria...
- Por favor não comece. – Ren voltou a ter uma expressão séria. – A culpa disso tudo é minha. Não deveria ter ficado tanto tempo longe. Na verdade, não pretendia ficar tanto tempo, eram no máximo dois anos, mas algumas coisas me prenderam lá. – suspirou. – De qualquer maneira, me desculpe por ontem.
- Imagino como deve doer em você me dizer isso. – Sho demonstrava não se sentir intimidado com a presença de Ren. – Será que devo te agradecer por ter ido embora? – sorriu.
Ren não respondeu a provocação de Sho, sabia que isso não resultaria em nada. Respirou fundo e preparava-se para entrar no apartamento.
- Realmente não se importa com o que aconteceu? – Sho lançou o último golpe antes de ir embora.
Ren parou segurando a maçaneta. Encostou a cabeça na porta e suspirou.
- Sabe... – levantou a cabeça. – Dizer que não me importo seria mentira. – virou-se para Sho. – O que eu mais tenho vontade é de saber cada detalhe do que aconteceu não só entre vocês dois, mas sobre o que aconteceu com ela nesses cinco anos. Ah, e com certeza tenho vontade de te matar. – fechou os olhos tentando espantar as imagens de Kyoko e Sho que insistiam em atrapalhar seus pensamentos. – Mas – encarou-o com mais intensidade. -, no fim isso não importa, é comigo que ela está agora. Nunca mais a deixarei sozinha, sou incapaz de me separar dela.
- Heh, faça o que quiser. – Sho saiu em direção ao elevador.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!- Fuwa-kun! - Sho voltar a encarar Ren. – Obrigado.
- Não fiz nada por você. – entrou no elevador e desapareceu da vista de Ren.
[...]
- Sobre o que vocês conversaram? – Kyoko saiu do quarto e direcionou as palavras ao homem sentado no sofá. – Espero que não tenha matado o Sho. Ele nunca foi bom de briga e você meio que... Você sabe.
- Já disse para não se preocupar, apenas pedi desculpas. – Ren sorriu.
- Você pediu desculpas para o Sho?
- Não importa, por que demorou a sair?
- Ah, bem, estava com medo de sair e encontrar vocês dois discutindo. – aproximou-se de Ren. – Por isso acabei demorando mais que o normal.
Ren puxou Kyoko para seu colo e abraçou-a pela cintura.
- Ren!
- Me deixe ficar assim um pouco. – encostou a cabeça nas costas da garota e apertou-a com mais força. – Gastei todas as minhas forças conversando com aquele rapaz. Você me dá bastante trabalho, senhorita.
- E de quem é a culpa? – suspirou. – Preciso recuperar minhas energias. – começou a distribuir beijos pelo pescoço de Kyoko, causando arrepios por todo o corpo da garota. Ren se divertia com aquelas reações.
- É assim que você recupera suas e-energias? – perguntou um pouco corada. – Nós temos que ir para o set!
- Hm... Tem alguma ideia melhor? – mordiscou a orelha dela.
Kyoko virou-se e sentou entre as pernas de Ren. Apoiou os braços no encosto do sofá e ficou encarando-o. Ren ficou surpreso com a atitude da garota. Os olhos âmbares dela cintilavam e pareciam hipnotiza-lo.
Ele não conseguia se mover.
Sua respiração ficava mais rápida a cada centímetro que a garota se aproximava. Kyoko pôs a mão no peito dele e sorriu ao sentir os batimentos rápidos do rapaz. Roçou os lábios nos de Ren e um campo magnético pareceu se formar entre os dois, cada vez mais os aproximando, até que finalmente o beijou.
Era um beijo diferente dos que ela dera até então. Não havia timidez nele, apenas desejo. Ren aproveitou para aprofundar o beijo e enfiou a mão por dentro da blusa da garota, subindo pelas costas até alcançar o fecho do sutiã, enquanto a outra mão estava na nuca dela.
Kyoko segurou o braço dele e encerrou o beijo, quebrando toda a atmosfera entre os dois. Levantou-se do colo dele e ficou encarando-o, sorrindo, com o rosto levemente corado.
- Pelo visto recuperou suas energias, não é mesmo? – soltou uma gargalhada com a expressão incrédula de Ren. – Vamos, temos que ir para o set ou iremos nos atrasar. – pegou a bolsa e atravessou a sala parando frente à porta.
Ren ficou alguns segundos no sofá tentando se recompor. Apoiou as mãos no joelho e suspirou.
“O que ela está pensando? Quer me enlouquecer?”
Finalmente levantou e caminhou até a porta aos suspiros.
- Não faça esse tipo de coisa sem avisar. Meu autocontrole tem um limite, Kyoko.
- Oh, só você pode se divertir? – sorriu.
“Heh, parece que estou conhecendo um novo lado dessa garota...”
- Vamos. – estendeu a mão para o rapaz que sorriu ao sentir a pele quente da garota entrelaçando com seus dedos. Beijou a testa dela e saíram do apartamento em direção ao set.
[...]
- Ok, pessoal, bom trabalho! – gritou o diretor após o término das gravações. – Estão todos liberados.
- Hoje foi bastante cansativo. – disse em meio a bocejos. – Vamos, eu te levo para casa.
- Não precisa, Ren. Na verdade estou indo visitar minha mãe.
- Oh, isso significa que quer ir sozinha? – aproximou-se com uma cara triste.
- Já disse para não fazer essa cara! – Kyoko bateu levemente com o punho no peito do rapaz. – Ela tinha algo para me dizer. Ah, e você tem que falar com ela!
- Eu já falei. Ela soube do nosso namoro antes mesmo de você, sabia disso? - falou pausadamente.
- Então, você pediu permissão para ela antes de falar comigo? - sorriu calorosamente de forma que Ren teve que se controlar para não agarrá-la ali mesmo. – O que vocês conversaram?
- Se-gre-do. – Kyoko fez uma cara emburrada. – Mas posso dizer que ela aprovou seu namorado.
- Vou perguntar diretamente para ela.
- Hm... Então me ligue quando sair do hospital.
- Tudo bem, te vejo mais tarde. – fez uma vênia e saiu do set.
[...]
- Não está em casa, não atende o celular, não apareceu na agência... – Ren murmurava preocupado em frente ao apartamento de Kyoko. – Onde essa garota se meteu? – suspirou. – Ela ainda disse que me ligaria quando saísse do hospital...
“Será que ela passou a noite lá?”
Ren teve um mau pressentimento. Dirigiu até o hospital com um pouco de medo do que encontraria. Nunca acreditara em superstições, mas ele parecia sentir que algo estava errado.
Entrou correndo no hospital ignorando o fato de que poderia ser reconhecido.
- Com licença – disse para a recepcionista. -, estou aqui para visitar Mogami Chieko.
- T-t-t-tsuruga... Erm... Espere um minuto. – saiu da recepção levemente corada. Minutos depois o médico responsável pelo tratamento de Chieko apareceu.
- Olá, sou o Dr. Harada, estava responsável pelo quadro de Chieko. – disse com voz suave.
- Ah, sim, obrigado por tudo doutor. – cumprimentaram-se. – Sabe me dizer se uma garota veio visita-la ontem?
- Então o senhor não soube?
- Soube... Sobre o que? – perguntou receoso.
[...]
- Ei, idiota! Onde você esteve a noite passada? Como pode deixa-la sozinha? Realmente um inútil. – a voz de Sho parecia mais irritante pelo telefone.
- Vou pular a parte em que pergunto sobre como você conseguiu meu telefone. – a expressão de Ren completamente obscura. – Onde está Kyoko?
- E você vem perguntar para mim? Me ligaram do hospital hoje de manhã e quando tentei falar com ela não consegui. Ela não atende minhas ligações. Merda, onde essa garota se meteu? – suspirou. – E não pense nada estranho, consegui seu telefone com um amigo que é meio paranormal, estava preocupado demais com ela para manter meu orgulho.
Ren parou o carro no acostamento. Não conseguia raciocinar direito e falar com Fuwa Sho não ajudava muito.
“Chieko-san teve complicações na cirurgia ontem e acabou não resistindo. Sua filha ficou sabendo quase na mesma hora. Ela cuidou de toda a papelada e saiu sem dizer uma palavra, pensei que fosse buscar alguma coisa, mas depois disso ela não apareceu.
Ela estava bastante abalada.”, as palavras duras do médico o deixavam completamente transtornado a cada vez que se lembrava.
- Ah, merda! Não faço ideia de onde essa garota esteja. Acho que vou procura-la n-
- Sho, pare de procurar por ela. – disse severamente. – Você não deve se preocupar com isso.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!- Quem você pensa que é para me dizer uma coisa dessas, é claro que tenho que me preocupar com isso! Heh, se sentindo só porque é o namorado dela? Não me venha com essa! – respirou fundo. – Você nem sabe onde ela está!
- Eu sei onde ela está. – a voz grave e triste fez Sho calar-se. – Por isso, não precisa se preocupar, estou indo busca-la.
- Onde ela está?
- Depois, Sho. – desligou o celular e ficou encarando a estrada.
Uma sensação nostálgica invadiu seu peito. Lembranças distantes e felizes de um tempo puro e nítido ecoavam por sua mente.
- Parabéns, Kuon, parece que ela ainda não confia em você. – suspirou. – Por que tenta fazer tudo sozinha? – encostou a cabeça no volante. – Agora entendo o que você quis dizer, Chieko-san. Parece que as duas têm algo em comum. – sorriu tristemente.
Levantou a cabeça e finalmente ligou o carro.
“Espero que esteja lá, Kyoko.”
Acelerou o máximo que pode, indo em direção ao passado, em um tempo feliz, uma época onde os corações não eram partidos e as almas ainda não estavam corrompidas.
Estava indo à Kyoto.
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