Do outro lado da linha

Atendimento #244: Traidor


Atendimento #244: Traidor

Algo que deve existir em toda empresa, não só no ramo de atendimentos, é um elo e um respeito muito grande entre os contribuintes, ou seja, os funcionários e a empresa. Ezequiel sabia disso e por mais que ele sacaneasse, tirasse onda, mandasse o cliente de estado em estado procurando pelo produto, ele sabia onde poderia chegar para não comprometer a relação com a empresa. A entrevista que ele dera sem querer para o funcionário de Fábio era um exemplo de limite transpassado e o vazamento de informações era outra, só que a primeira não era sua culpa, já na segunda, a mera existência do livro “Do outro lado da linha” poderia ser usada contra ele.

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— O que você quer ligando aqui Fábio, se regozijar e esperar para ver minha operação, meus atendentes — ele buscava o termo correto... — minhas crianças... — achou.— caírem?

— Basicamente? Você já caiu, só questão de tempo até que esse seu livro chegue aos ouvidos dos donos na Coreia, no Japão, na Indonésia ou seja lá onde for. Quando isso acontecer eles vão mandar uma equipe tática para pegá-lo, e isso deve acontecer em pouco tempo.

— Tá… — Ezequiel olhava no celular uma mensagem que dizia “pacote a caminho do destino” — Mas você não disse, o que quer. Ligar para mim não faz sentido já que você mesmo já me ferrou. Bastava apenas ficar em casa esperando pelo momento de me ver caindo.

— Senhora sério para de ligar! Esse negócio de que o supervisor comemorou quando encerrou a ligação com a senhora não aconteceu, para começar essa história que está mencionando nem têm nada com a realidade de nossa operação.— Kleber elevava sua voz de trovão de forma a afugentar o cliente. Por possuir uma potência vocal tão grande que poderia fazer um leão correr de medo, sua voz acabou por ter sido projetada pelo ar até o telefone de Ezequiel, fazendo fábio escutar .

— Está vendo Ezequiel? Seus funcionários estão sofrendo por sua causa; cada palavra, cada atendimento que você fez é responsável por isso, agora cada sacanagem que você cometeu com um cliente vai começar a se voltar.

Nosso herói sabia que seu passatempo, antes esquecido e deixado de lado não deveria estar em seu computador, mas o vazamento não era sua culpa. Alguém de má índole o tinha enganado e ele sabia quem, entretanto o mesmo não se acusou e se o supervisor o fizesse o mesmo poderia alegar calúnia.

— E seu espião que nem teve a moral de aparecer por aqui? Faz dias que eu espero por ele mas ele simplesmente desapareceu. Vai lá ligar para ele vir aqui se regozijar com você, ele ao menos vai estar presente.

— Meu espião? Você é divertido garoto, fala de coisas estranhas. Estamos falando de vingança e não de um esquema de espionagem.

— Não se faz de sonso comigo Fábio, eu sei que você colocou uma pessoa aqui dentro para achar uma falha. — Ezequiel puxava assunto, ele e seu adversário queriam a mesma coisa alí “ver a queda do oponente em tempo real” a questão era, quem é que cairia primeiro?

— Ah claro, você fala como se eu fosse o único cara no mundo inteiro que te odiasse.— O diretor do jornal emitiu um muxoxo. — Eu sei de coisas que você nem sonha, até sua ascensão a supervisão, e olha que eu nem cheguei nessa parte do seu livro ein. É verdade que não fiz isso só, mas eu lhe garanto que eu não coloquei nenhum espião por aí.

“Estou fazendo o máximo que eu posso, mas está um trânsito infeliz.”

Nosso herói mordeu o lábio inferior tentando conter o ódio. A mensagem que ele lera significava que seu contra-ataque ainda não estava pronto.

— Você mente muito mal Fábio. Eu sei que tudo isso é culpa sua.

— Continue achando isso criança, jaja os seguranças do seu prédio vem retirar não só você como todos os seus amigos.

Naquele momento, entre burburinhos de atendentes encerrando e iniciando chamadas tudo se aquietou. Nosso escritor de casos bizarros percebeu que um elevador se abrira no lobby. “Tudo estava acabado” Foi a primeira coisa que ele pensou, entretanto, ao invés de seguranças apenas uma figura apareceu,

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— Traidor filho da p¨t@! — Esbravejou Ezequiel assim que Laurence surgiu na entrada.

No momento que sua voz se espalhou em onda todos os operadores solicitaram um momento de suas chamadas, irados como alguém que está com uma mega dor de dentes os atendentes encararam o colega. Ezequiel poderia ser o autor da história que relata a rotina da central, mas o responsável por vazar a piada que deveria ser interna estava ali, de peito aberto, e outras coisas mais, para uma vingança.

— Senhor, esse negócio de “atendimento #025 pó pó pó” onde um atendente escreveu sobre seu televisor no galinheiro não procede está bem, agora se me permite eu vou linchar uma pessoa ali. — Luly tirou o headfone e começou a estralar os dedos da mão indo em direção ao traidor, mas parou. Suas palavras anteriores começavam a retornar como uma ondulação nas águas calmas de um rio. Retornou a chamada. — É sério mesmo que o senhor têm uma televisão e um sintonizador de canais em hd no galinheiro senhor? — Completou ela lendo o registro anterior no sistema enquanto seus demais colegas corriam para matar Laurence.