Já se passaram três dias que estou no hospital. Joaquim falta as aulas para ficar comigo, saia apenas para ir ao colégio tomar banho e logo volta. Não voltamos a falar sobre os últimos acontecimentos.

Nesse período as enfermeiras ficaram atentas aos meus sinais vitais e fiz uma tomografia por causa de um pequeno sangramento. Descobri que é pelo sangramento que permaneci no hospital, após analisar os exames o neurologista chegou a conclusão que deve sumir sozinho, mas caso não suma, cirurgia. Felizmente o último exame mostrou que está sumindo e o médico foi otimista em dizer que amanhã farei mais um e caso volte limpo, receberei alta.

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Quanto a minha perna, o uso de gesso mostra que preciso de tempo.

– Já está melhor Alice? – pergunta Joaquim assim que volta de uma ida ao colégio.

– Estou sim, muito obrigada por se preocupar comigo!

– Não é nada. Gosto de você, então é quase inevitável não me preocupar com você.

– Joaquim, combinamos que não voltaríamos a falar disso.

– Não falaremos disso, até você ficar melhor. Lembra?

– Eu lembro sim, mas esse momento ainda não chegou se você ainda não percebeu. Ainda estou no hospital.

– Você já está melhor, até receberá alta amanhã.

– Mas isso não vem ao caso. Se você quer me ver melhor por que você não me deixa em paz?

– Por que como eu já tinha dito eu me preocupo com você e não consigo ficar longe de você.

– Olha seu cha...

– Como se sente senhorita? – o médico entra no quarto, olhando diretamente para mim enquanto pega a minha pasta ao pé da cama.

– Me sentirei melhor quando o senhor me dar alta!

– Entendo, ninguém se sente bem moralmente em um hospital.

– Quer que eu saia doutor?

– Não é preciso senhor Joaquim. É até melhor que você esteja aqui, afinal você é o namorado dela e também o responsável aqui no hospital, estou certo?

– Sim, sou mesmo o namorado dela! – Joaquim me olha quando diz e eu reviro os olhos – Aconteceu alguma coisa nos últimos exames?

– Não, os exames estão cada vez melhor! Só vim mesmo ver se a senhorita está sentindo alguma dor ou se os remédios estão tendo efeito.

– Nenhuma dor. Por mim eu já teria recebido alta!

– Mas como eu já disse você deve receber amanhã. Agora eu tenho que ir ver uma outra paciente, se você se comportar sairá daqui amanhã mesmo.

– Até mais doutor!

Ele foi embora e me deixou sozinha com o Joaquim que era o que eu menos queria naquele momento. Eu não quero falar com ele, mas como eu vou conseguir isso se ele não larga de mim nem mesmo para me deixar respirar?

– Acho melhor continuarmos aquela conversa, né?

– Acho melhor não, estou com muito cansada.

– Mas tecnicamente você acabou de acordar, então como você pode estar com sono?

– Eu disse que estava cansada e não com sono.

– Então podemos conversar.

– Olha acho melhor você me deixa descansar, porque se não daqui a pouco não poderei ter alta amanhã de tão cansada que irei estar. Será tudo por conta sua!

– Tudo bem, deixarei você “descansar “, mesmo sabendo que você só está falando isso para escapar da nossa conversa, mas logo iremos voltar ao colégio.

– Perfeito! Será que você não tem que ir na lanchonete? Você já deve estar com fome, concorda?

– Na verdade eu não estou com fome, mas eu vou a lanchonete para te deixar em paz. Pois é isso que você quer, concorda?

– Não é isso. Quer dizer eu quero sim ficar sozinha, mas isso não tem nada a ver. Acho que você irá entender.

– Pode ser! Vou indo na lanchonete e dar uma volta, mas depois eu volto para posar com você!

– Não precisa voltar!

– É claro que preciso posar com você, além de ser seu responsável e ser quase obrigado a ter que posar aqui, eu não quero te deixar sozinha nesse lugar.

– Olha eu não quero que se sacrifique por mim. Eu posso muito bem ficar sozinha.

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– Sei e também eu amo ouvir você falar o quanto me ama a noite. É um dos motivos.

– Como é que é?

– Vai dizer que não sabe que fica falando de mim a noite?

– Para de mentir! Acho melhor você ir logo!

– Estou indo – ele me deu um selinho e depois sai sem me deixou falar algo.

Eu sei que quando eu era criança eu tinha o costume de contar todos os meus segredos a noite. O que acabou fazendo eu me dar mal várias vezes, porém eu pensava que isso tinha acabado. As minhas amigas de quarto no colégio nunca me disseram que eu falo a noite, talvez eu já tivesse deixado essa mania, mas quando eu conheci o Joaquim acabei tendo tantas coisas dentro de mim que voltei a falar, mas isso tinha que acontece agora? E ele principalmente tinha que ouvir, podia ter um sono tão pesado que ele nem percebesse esse pequeno detalhe!