Diário de uma Bruxa

A Recusa de Batatinhas


– Onde vamos treinar? – perguntei, curiosa.

– No campo de Quadribol. – ele respondeu. – Não estão usando por causa do Torneio.

– Mas nós podemos treinar lá? – levantei uma sobrancelha.

Ele soltou uma risada bem-humorada e olhou pra mim, imitando o gesto de “levantar sobrancelha”

– E desde quando você segue as regras, Bramen?

Dei um soco em seu ombro.

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– Não me chame de “Bramen”.

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Andamos até chegarmos no grande campo, com as torres e bandeiras balançando, e o lugar, deserto. Draco nos seguiu e quando eu perguntei o motivo, e limitou a balançar os ombros e dar um sorriso bobo.

– Quero ver você passando vergonha.

Fiz uma cara emburrada.

– Eu não vou passar vergonha. – cruzei os braços. – Não sou tão fraca assim.

– Tudo bem, Louise. – Cedrico o ignorou, e Malfoy se sentou na arquibancada. – Vamos treinar um pouco. Que tal uma corrida?

– Corrida? – resmunguei, e cada músculo meu protestou apenas com a menção dessa ação.

– Você me pediu pra te treinar – ele pegou minha mão e me puxou até o canto do lugar – e eu vou fazer isso.

Resmunguei outra vez, algo que nem mesmo eu entendi, e ele riu.

– Pronta?

Assenti, preparada.

– Vai comer a minha poeira. – ameacei, sorrindo, mas sem acreditar em minhas próprias palavras.

– Três...dois... – Draco contou – Vai!

Disparei, ambos deixando um monte de terra e lama voar atrás de nós. Corri o máximo que pude, meus pulmões protestando e minha respiração, ofegante. Olhei para o lado e ele me acompanhava sem esforço. Me empenhei mais, mas ele percebeu e me passou, rindo.

Quando cheguei ao final, ele me esperava, encostado na torre atrás de si. Minha respiração estava irregular, e a sua também. Estava suada e cansada, e odiava ficar assim.

– Já chega. – falei.

– Mas nós nem começamos. – ele sorriu, malicioso.

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Corremos mais algumas vezes, eu sempre sendo incapaz de ganhar. Uma das vezes eu cheguei perto, mas seria preciso muito mais treino. Ele me fez correr cinco vezes por toda a extensão do campo, e eu achei que seria moleza, mas o lugar era enorme. Isso era me treinar? Me mandar correr pra lá e pra cá enquanto se está sentado? Quando terminei a quinta volta, estava tonta a cansada, e cai no chão.

– Você está bem? – ele veio até mim, me ajudando a levantar. Eu lhe lancei um olhar de “a culpa é toda sua, não venha me perguntar se estou bem”. Ele riu.

– PARA DE RIR AGORA! – Perdi a paciência. – Você só me mandou correr pra lá e pra cá até agora!

– Acredite, você vai ter que correr durante o Torneio. – ele falou, sombrio. – Não dá pra lutar contra tudo.

Tirei uma mecha de cabelo do meu rosto, o encarando por um minuto.

– Me desculpe... – olhei para os meus pés.

– Como?

– Eu sei que você queria muito participar do Torneio. – ele se aborreceu, e sua boca formou uma linha fina em seu rosto.

– Eu sei que não foi culpa sua ser escolhida. – ele continuou. – Eu já disse isso.

– Isso não muda o que aconteceu.

– Pedir desculpas também não vai mudar nada. – Percebi que ele tinha razão, mas fiquei em silêncio. – O que você tem de fazer agora é treinar e ganhar por mim.

Sorri pra ele, e era um sorriso sincero, o que só acontecia raramente.

– Pode deixar. – eu ri, mas levantei uma sobrancelha (é, eu faço muito isso) – Mas pode parar de me mandar correr pra todo lado?

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Ele riu de volta, entrelaçando suas mãos nas minhas e me puxando pra perto de si.

– Acho que isso eu não posso fazer. – ele me abraçou.

Pela primeira vez, não senti embaraço, e percebi que gostava muito de Cedrico: Ele era o meu melhor amigo.

Draco pigarreou, e vi que ele tinha conjurado um pacote de batatinhas.

– Quando vai recomeçar a correr, Bramen?

Estreitei os olhos, me afastando de Cedrico.

– Me dá essas batatinhas.

– Não.

– Anda.

– Por que deveria?

Lhe lancei um olhar sombrio.

– Draco, eu estou correndo a quase três horas, me dá logo essas batatinhas.

Ele suspirou, contrariado e se levantou. Me aproximei e ia pegar o pacote quando ele subitamente o afastou, rindo.

– Não.

Me irritei, (nunca me recusem comida) e pegava minha varinha quando Cedrico tossiu.

– Vamos voltar ao treino.

Suspirei, mas olhei pra Draco com maior firmeza.

– Eu vou lembrar disso.

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Assim que o treino acabou (tive que fazer duzentas flexões, o que achei muita maldade) voltei para o dormitório. Àquela altura, o sol já havia nascido completamente, e os alunos já acordavam para o dia de aula que viria. Tomei um banho, me livrando de todo aquele suor. Mesmo assim, meus músculos e ossos doíam, e sabia que no próximo dia iria doer muito mais.

O dia de aula foi o mesmo de sempre, e tivemos História da Magia, aula em que dormi, Transfiguração, em que transformei meu gato preto, Tarrence em um baú de madeira, Runas Antigas, uma das que eu mais odiava (talvez pelo fato de ser chata) e Poções, em que professor Snape me tratou bem como sempre. Sim, eu adorava ser a favorita dele.

Quando tudo terminou, ainda tinha umas duas horas para o jantar. Andei até a parede de pedra do dia anterior, e a porta de madeira escura apareceu de novo, com um rangido. Abri e entrei.

Música alta ecoava pela sala, do mesmo tocador, e Neville dançava com uma pessoa invisível.

Segurei a risada, e vi que ele não havia notado a minha presença. De manhã, ouvira alguns garotos da Grifinória rindo e dizendo que ele não parava de dançar, e todo o seu tempo livre era ensaiando. Fiquei admirada pelo quanto aquilo significava pra ele, e admirada também principalmente pelo fato de aquilo significar pra ele. Ele se esforçava tanto! Achei errado ficar ali rindo silenciosamente, então, abri a porta e bati, fingindo ter entrado agora.

– Ah, Louise. – ele parou, constrangido, provavelmente imaginando se eu tinha visto ele ensaiando com a pessoa invisível.

– Estou atrasada?

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Os dias passaram lentamente, e sempre iguais: eu treinava com Cedrico, ia para as aulas, ensaiava com Neville (que se dedicava cada vez mais) e jantava. Melhorei fisicamente (um pouco, porque, digamos que eu não parei de comer bolo como Cedrico aconselhara) e Neville e eu melhoramos muito na dança, ao ponto de nem estar mais nervosa. (Mas ele estava)

No dia anterior do baile, acordei cedo como sempre, e me encontrei com Diggory.

– Hoje é nosso último treino. – ele disse, com uma expressão que não pude decifrar. Tristeza, talvez? Desapontamento?

– Sim, o Torneio é no dia seguinte do baile. – falei, como um convite para ele continuar.

– Espero que esteja pronta. – sua cara de preocupação se transformou em um sorriso. – Está nervosa?

– Claro. – falei. – Vou participar em uma competição que pode tirar a minha vida.

– Vocês podiam fazer isso mais interessante. – Draco disse, como sempre, enchendo. – Essa corrida e todos esses exercícios já perderam a graça.

– Graça? – o encarei. – Eu suo aqui, quase morrendo de tanto correr, e você diz que perdeu a graça?

Ele balançou os ombros.

– Ele tem razão. – Diggory admitiu, aborrecido, mas olhou pra mim e o sorriso voltou. – Devíamos fazer uma aposta.

– Que tipo de aposta?

Ele pensou por um momento.

– Quem perder a corrida vai ter que usar o uniforme da casa inimiga. – ele sorriu de volta, malicioso. – por um dia inteiro.

– É uma aposta. – apertamos as mãos, enquanto Draco observava, atento e com outro sorriso malicioso. – Prepare-se pra usar verde, Diggory.

– Prepare-se pra usar amarelo, Bramen.