Diário De Cassie

22-Agosto-2014 - sexta-feira


22-Agosto-2014 - sexta-feira

15:10

O mundo chega a ser um pouco menos depressivo na sexta-feira, não acha?

Meu único dever é estudar um pouco, e depois direi aos meus pais que vou à casa de Bruno. De fato, eu vou para lá. E de lá ele vai me levar a uma boate chamada White Zombie. Um pouco de música e muito álcool, é isso que compensa minha semana de “garota estudiosa”.

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Estava relendo o que escrevi ontem, e percebi que não falei nem de Bruno, nem dos meus amigos. Bem, permita-me:

Bruno é meu namorado há dez meses. Meus pais sabem há um mês. Ele é o único cara que olha nos meus olhos antes que para meus seios. Não é o cara mais romântico ou poético que existe, mas como ele eu me sinto segura em minhas loucuras. Ah, e acima de tudo, ele odeia olhos azuis.

A história de como nos conhecemos não é grande coisa. Amigos em comum, festas em comum, assuntos em comum... Não há nenhum amor renegado ou nenhuma grande história por trás. Apenas a mais pura convivência que se tornou em algo mais. Amor? Paixão? Não acho que seja pra tanto, mas está bom para ambos.

Sabe, agora estou pensando. Eu escrevi amigos, isso parece que eu sou super popular, e tenho milhares de amigos em todo lugar. Está longe disso. Na verdade, tenho quatro amigos em quem posso confiar com a vida. O resto vem e vai com a maré. Não que eu ligue. Quatro é bom demais.

Ana é uma garota alegre que anima todos à sua volta. Sério, até hoje não sei o que aquela menina quis comigo no primeiro dia de aula na oitava série. Com seu rabo de cavalo loiríssimo e um sorriso aparelhado, ela puxou assunto comigo até que eu acabei abaixando a guarda. Acabou que viramos ótimas amigas, e com ela as pessoas da escola passaram a me estranhar menos. Hoje ela não tem mais aparelho, e seus longos cabelos loiros raramente estão presos. Inveja? Talvez um pouco. Nós estudávamos juntas, mas como eu repeti só nos vemos nos intervalos.

Dani é uma rockeira irremediável. Aliás, devo meu bom gosto musical a ela, que me apresentou praticamente todas as bandas que eu conheço. Sempre com seu característico olho preto e franja no lugar, ela tem um humor negro muito único que me anima às vezes mais que Ana. Também sempre nos leva aos eventos da cidade, onde eu consigo beber mais tranqüilamente sem precisar me preocupar com questões de idade. Conheci ela em um curso de artes marciais, do qual já desisti por sinal. Acho que não gosto de violência.

Mayara é outra rockeira. Mesmo assim, ela e Dani não são tão próximas. Há uma certa incompatibilidade que nem mesmo eu entendo. Sobra para mim e Ana mediar discussões entre as duas, pelos motivos mais bobos. Mesmo assim, com um pouco de Vodka elas logo se tornam as melhores amigas. Agora ela é ruiva, mas já teve o cabelo de tantas cores que nem me lembro. Acabamos ficando amigas por sempre nos vermos nos shows da cidade.

Pois bem, sobrou Lucas, meu melhor amigo em todo o mundo. Basicamente é aquele amigo viado que quase toda garota quer. Eu o tomo como o irmão ideal que eu sempre quis. Ele já foi motivo de altas discussões entre eu e Bruno, porque quando começamos a namorar ele ainda não era assumido, mas eu já o tratava como irmão. Devo dizer que se não tivesse saído do armário meu relacionamento ia por água a baixo. O conheci no mesmo curso de artes marciais que Dani. Ele não desistiu,mas não lembro agora em que faixa ele está.

Eu devo minha vida a esses caras. Me ajudaram quando eu estava depressiva, e eu tenho uma certa dívida eterna com eles. Basicamente, são as únicas pessoas com quem eu me importo no mundo.

Bom, agora com certeza não posso permitir nunca que ninguém leia isso aqui. Sabe, não costumo ser tão melosa em palavras. Quando estou com uma caneta na mão parece que viro outra pessoa. Que bom que é só larga-la e voltar à vida real.

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O que me lembra, eu não imaginava a dificuldade que seria para encontrar um lugar para esconder o diário. Meu quarto tem lá suas gavetas e seus lugares secretos, mas tenho plena consciência que minha mãe conhece todos. Coisas como cigarro ou até uma dose de vodka eu consigo esconder, mas um caderno...

Ontem optei por colocar embaixo do travesseiro mesmo, e quando fui estudar enfiei no fundo do armário, mas vai ter que ser uma medida provisória. Se a empregada encontrar ela virá me subornar de novo, e eu não tenho mais dinheiro. Estou economizando, mas isso eu posso contar depois. O último cigarro que aquela mulher achou me custou uma limpeza de pele, não sei o que ela me pediria por todo esse material de chantagem que eu exponho aqui.

Talvez o mais sensato fosse queimar esse caderno e segurar os pensamentos dentro da minha cabeça como uma pessoa normal. Mas as pessoas normais quando colocadas sob pressão sofrem muito, até mesmo enlouquecem, e eu vou ter essa válvula de escape. Está decidido, preciso de um bom esconderijo, e rápido.

Tenho uma enciclopédia aqui no meu quarto que vai ser ótima, vou apenas fazer aqueles fundos falsos. O caderno, afinal nem é tão grande assim. Pelo menos terei algo para ocupar minha tarde.

Nossa! já são 15:50, tenho que me apressar se não não vai dar tempo de estudare e me aprontar.

Ah, uma última coisa. Hoje faremos competição de quem agüenta mais doses. A final é sempre entre Bruno e Dani, mas hoje me sinto com sorte, o que acha? Tenho chance?