Perguntei-me em que exato momento minha vida voltou ao seu “normal”, pela calmaria que agora preenchia meus dias mais pacíficos que demoraram a chegar, mas nada disso queria dizer que a tristeza havia simplesmente desaparecido após afastar a quem pensava que seria meu melhor amigo.

Não vou dizer que nada melhorou, pois está melhor que antes, apesar que logo depois do incidente a noticia de primeira mão na escola era essa, e todos apenas ficava falando desse assunto, bem, ao menos a escola progrediu em sua segurança, mas para isso alguns alunos tiveram que ser postos de cobaia para tal mudança acontecer.

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Muitas pessoas disseram que mudei nesses últimos dois meses, apesar de eu não sentir nem um pouco, apesar de que minhas ‘tiradas’ evoluíram bastante. Falaram que passei a sorrir mais, principalmente após o tempo que comecei a ficar mais próximo de Nathaniel, o que era improvável para muitos, para ser sincero, até para mim.

Em tocar no assunto sobre o representante de turma, ele agora, oficialmente meu namorado e um nerd independente, já que agora está morando sozinho e trabalhando assim como eu. Sinto que nosso relacionamento está melhor que o começo, por assim dizer. Nós não temos muito tempo juntos, nos vemos quase sempre na escola e o loiro esta praticamente muito ocupado com os assuntos de classe, recusando meus beijos por dizer que nos meteríamos em problemas se algum professor nos visse, mas, sinceramente, sinto falta dele, mais do que nunca.

O natal estava chegando e o caminho para o colégio estava mais brilhante, as lojas e casas emitiam o ‘espírito natalino’ com suas decorações extravagantes, por mais que eu passasse sozinho e recebesse um cartão postal de meus pais, era a época que eu mais gostava.

Ao chegar próximo à escola, via alunos e professores enfeitando os portões e as paredes da construção, o ano estava acabando tão rápido, sendo nosso ultimo ano naquele lugar, uma tristeza e emoção preenchiam meu coração, muitos disseram que ao saírem, sentirão a falta, e eu sentia isso agora, mesmo antes de tudo chegar ao seu fim.

Fechei meus olhos e respirei o ar frio do inverno, o vento frio fazia minha pele tremer-se, sentindo o ultimo inverno da minha juventude.

Assustei-me quando senti algo em minhas costas e um braço entrelaçar meu pescoço.

— O que está pensando, Castiel? — Perguntou Alexy sorridente que chegou junto de Lolla.

— É verdade, é raro vê-lo com essa expressão, aconteceu alguma coisa? — A garota de cabelos trançados me fitou pensativa.

— Vocês não sentem nada? Tudo terminou tão rápido — Meu olhar apenas observava tudo que até agora não havia parado para ver.

— Você esta falando da escola? Na verdade me sinto um pouco aliviado, mas vou sentir falta de tudo isso — Os olhos daquelas duas pessoas agora também acompanhavam as pessoas passarem e os enfeites sendo colocados.

— Foram anos divertidos, apesar de que fora meio conturbado, mas não acho que isso é o fim de tudo — Lolla sorriu — Para falar a verdade, acho que estamos começando.

O sinal tocou e parte de nós se desesperou quando viu o portão se fechado e por pouco ficarmos do lado de fora. Talvez Lolla tenha razão, afinal, ela nunca fala coisas desnecessárias, apenas às precisam ser ditas.

Quando nos aproximamos da sala, percebi que havia mais pessoas que o normal, e Íris fora em direção dos dois “cupidos” que estavam a caminho de sua sala falando algo que os fez voltar junto a ela.

— O que houve? — Perguntei um tanto curioso.

— Os professores disseram que algumas salas irão se juntar, parecem que estão planejando algo — Ela fez um gesto com a cabeça nos indicando para entrar, mas os três haviam levado uma bronca por chegarem atrasados e eu já estava me preparando para a falação da professora Delanay, da qual sua voz era facilmente reconhecida, e o professor Faraize que tentava acalmar a situação. Esperei alguns minutos e respirei fundo e soltei o ar pesadamente.

Assim que girei a maçaneta senti os olhares para minha pessoa, o que me dera um pequeno deja-vu, a mulher mais velha me fuzilou com os olhos enquanto o professor me dera um sorriso amarelo.

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— Onde você estava?! Só faltava você para começar! — Pensei que iria ouvir isso da professora de ciências, mas por incrível que pareça foi de Rosalya — Juro que vou mudar seu despertador para quatro horas da manhã! — A sala tentou segurar o riso para não aborrecer os mais velhos que estavam presentes.

— Prometo que não vou fazer mais isso — Me aproximei das cadeiras que estavam vazias, passando perto de Nathaniel que me observava, assim que nossos olhos se encontraram, ambos ficamos um pouco sem jeito.

— É fácil dizer quando o ano está acabando! — Os risos que estavam segurando gradualmente se tornavam impossíveis de se manter, que desencadeavam outros muitos. Dei um leve peteleco na testa da mais baixa que reclamou do gesto botando a mão onde foi desferido. Sentei ao lado de Lolla que abriu um sorriso largo e um malandro, colocando a ponta do dedo indicador em minha bochecha que estava um pouco quente, tossi falso.

— Agora que finalmente estão quietos, o professor irá dizer a finalidade dessa aula — O olhar um tanto rude da professora se virou olhando para Faraize que rapidamente levantou-se de sua cadeira um pouco desajeitado.

— Bem... — Ajeitou sua gravata xadrez — Como todos sabem, o ano está quase em seu fim, e todos que estão aqui irão seguir caminhos diferentes a partir de agora, vamos passar uma folha, e nela cada um de vocês escreva sobre a experiência de vocês nesse ano e o querem para o futuro, e vamos chamá-los aqui na frente para lerem o que escreveram — Muitos discordaram da ação e outros ficaram um pouco animados, e eu, nunca havia pensado em meu futuro. — É isso — Então, começou uma conversação incessante entre os alunos.

E me perguntei o que as pessoas tinham contra se aproximar pacificamente das pessoas, após me surpreender com certo trio que me cercou repentinamente.

— O que vocês pensando para o futuro? Eu vou entrar em uma faculdade de Design de Moda — Os olhos de Rosalya brilharam com apenas uma frase sua.

— Apesar de isso não ser grande novidade, combina com você — Disse Alexy encostando seu lápis na própria testa pensativo.

— E você, Alexy? O que está pensando? — Rosa retrucou.

— Bem, eu pensei em trabalhar com Engenharia Eletrônica, eu e meu irmão estávamos pensando nisso há muito tempo e você Lolla? — A morena não havia ouvido de primeira, e parecia bem focada no que estava escrevendo — Alô? Lolla?

— Ah! Oi, desculpa — Sorriu abobada com sua falta de atenção.

— O que você pretende ser? — O azulado repetiu a pergunta mostrando sua curiosidade.

— Bem, eu estava meio indecisa até algum tempo atrás, mas eu quero ser veterinária, e faz um tempo que estou estudando para isso — Sorriu amigável, e no mesmo instante todos me fitaram intensamente.

— Meu pagamento é no fim do mês — Desviei meus olhos.

— Ah, não seja assim, queremos saber em que faculdade vai entrar — Os olhares curiosos se aproximaram.

— Estão muito perto — Cruzei os braços e o trio se afastou um pouco, mantendo o contato visual, senti-me intimidado e obrigado a falar — Eu não sei ainda.

— O que?! Como assim não sabe?! Já estamos no ultimo ano! — Rosalya levantou a voz e todos se viraram para observar a situação, mas rapidamente se procuraram um outro lugar para olhar quando viram minha expressão um tento incomodada com a situação.

— Eu não pensei nisso ainda, não estava tão preocupado com isso — Disse sério enquanto Alexy e Lolla me olhavam desacreditados.

— Você ainda tem tempo para pensar, mas tem que fazer isso com cuidado, tem que pensar o que você realmente quer — Lolla desenhava um rosto sorridente em minha folha enquanto falava.

— Eu concordo com ela, faça isso no seu tempo, você vai achar o que quer logo — Aqueles três realmente tinham certa presença da qual não queria perder tão fácil assim. O sinal do intervalo havia tocado e a maioria já havia escrito o que iriam fazer no futuro, enquanto aquilo martelava em minha cabeça.

— Castiel, você vem com a gente? — Rosa perguntou enquanto as outras pessoas se espreguiçavam e saiam logo em seguida da sala.

— Acho que eu vou pensar mais um pouco nisso — Eles assentiram e saíram da classe em direção ao refeitório, enquanto uma pergunta simples insistia em tornar-se mais difícil.

Passei as pontas de meus dedos pela superfície da pequena mesa de madeira do meu assento e levantei meus olhos até a janela que mostrava uma paisagem entristecida a meu ver, talvez os sentimentos que me rodeavam naquele momento me faziam olhar as arvores e a neve de um modo distinguido, ou então, era para ser apenas deste jeito.

Saindo dos meus pensamentos um tanto melancólicos, retirei-me de minha sala e caminhei em direção ao pátio, pensei em imediatamente em ir para o terraço, do qual todos os anos eu sempre achava um modo de entrar, mas uma pessoa carregando uma prancheta em seus braços me chamou a atenção.

— Psiu! — Tentei chamar a atenção do loiro que me ignorou de primeira. — Senhor representante! — Ele andava um pouco apressado, então insisti em acompanhá-lo — Por que está me ignorando? — Seus passos continuavam ligeiros em direção ao grêmio.

— Se eu parar agora eu não duvido nada que irá tentar me beijar de novo — Soltei um riso pelo nariz, não pelo motivo do seu desespero aparente, mas porque estava totalmente certo.

Segurei sua mão e nos aproximamos da sala do grêmio, onde abri a porta e a fechei rapidamente deixando apenas nós dois naquele lugar. Posicionei meu antebraço acima de sua cabeça.

— Então, você consegue ler mentes agora, Nath? — Sorri provocante.

— Não podemos fazer isso na escola, é contra as regras, e se nos pegarem estamos ferrados — Tentou se retirar da nossa proximidade exagerada. O puxei pelo o cinto amarronzado o fazendo voltar para sua posição inicial.

— Eu não vou fazer nada, prometo — Sorri, mas ele me olhou desconfiado — O que você vai fazer depois que sair oficialmente desse lugar?

— Eu pretendo entrar em uma academia de policia — Um pequeno sorriso de sua parte mostrou-se.

— Espera, sério? — Sua feição se emburrou, dando um soco de leve em minha cintura e finalmente me fez solta-lo, ri — Não é que você não combine exatamente com isso, é que eu não esperava, só isso — Tentei amenizar a situação segurando o sorriso.

— Bem, acho que agora é você que tem que decidir o que quer ser senhor Castiel — Colocou a prancheta em cima da mesa e juntou algumas folhas espalhadas pela mesma, e parecia que ele havia escutado minha conversa mais cedo.

— Talvez eu possa ser o bandido — Me aproximei de suas costas pondo minhas mãos no móvel em volta do loiro. Cheguei meu queixo em seu ombro, Mas senti uma cotovelada sutil em meu abdômen que me fez por as mãos no mesmo.

— Primeiramente, eu o deixaria na solitária, e precisa melhorar suas táticas de conquista — O mais baixo juntou o material e andou até a saída do local.

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— Sim senhor... — Ouvi um riso baixo que me fez sorrir, e me perguntei quando ele ficou tão propenso a me dominar assim.

Espreguicei-me e coloquei minhas mãos em minha nuca, e me vi novamente no corredor sem um exato caminho a percorrer, então perambulei pelo espaço, pensando em algo para escrever naquela folha.

Então, me deparei com um pequeno espaço com uma porta que dava para o porão onde praticava musica junto a Lysandre. Minhas mãos frias agora tomavam o espaço de meus bolsos, me aproximei da entrada e abri a porta descendo as escadas. Por um período de tempo, me senti entristecido.

Sentei-me no chão daquele lugar um tanto espaçoso, e sem minha permissão, as lembranças tomavam conta de minha mente, algumas me faziam esboçar um sorriso sozinho.

Na parede daquele local, se encontrava encostado um violão antigo, mesmo com a preguiça de levantar e ir até lá, não custava nada. Eu tentei encontrar uma palheta em meu bolso do qual normalmente a guardava, mas por um imprevisto do universo, estava furado. Sentei-me novamente posicionando o instrumento de um jeito confortável.

Meus dedos sozinhos formavam acordes de uma musica desconhecida, em minha garganta, um som de uma canção sem letra. Fechei meus olhos, e apenas ouvi os sons que não saíam das paredes, e sem querer, sem o mínimo de consentimento, sem motivo, algumas lágrimas saíam, não me esforcei em limpa-las, aquela musica que apenas eu sabia pareceu não merecer ser impedida.

As cordas já antigas foram forçadas ao ponto de uma delas simplesmente corromper e fazer um pequeno corte em meu dedo.

— Droga — Resmunguei pela dor que era suportável, então ouvi soluços, e ergui minha visão para saber quem estava ali e eu não ter percebido, e era Lolla que chorava junto a Alexy e Rosalya que mordia seu lábio inferior segurando algumas lagrimas, perto das escadas, Íris, que limpava os olhos com sua blusa verde com Violette ao seu lado segurando seu portfólio de desenhos com uma de suas mãos e a outra consolando a ruiva junto a Kim, Peggy que gravava toda a situação, Armin com os olhos fechados encostado na parede, Melody com suas mãos atrás de si mesma fitando o piso cinzento, Ambre e suas seguidoras quietas no topo da escada, Kentin que tentava comer um de seus biscoitos com uma feição entristecida, e Nathaniel, que olhava-me com ternura.

Confesso que fora uma situação cômica observando a situação atual das pessoas, e não saber o motivo de tudo ter se tornado tão choroso.

— Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui? — Perguntei confuso.

— É que... O sinal havia tocado.... e você não tinha... aparecido ainda, então a gente foi... te procurar, e... — Lolla tentava dizer, mas se atrapalhava em seus soluços e fungadas, Alexy segurou o riso. Apesar de eu não entender o motivo de toda a comoção.

— E eu gravei tudo! — Peggy disse vitoriosa.

— Rosalya... Por que está tremendo? — Íris se recompôs e se dispôs a perguntar à grisalha.

— É que... se eu chorar agora a maquiagem vai borrar, e eu fiquei muito tempo fazendo isso pro ultimo dia o Castiel simplesmente querer estragá-la! — No exato momento em que a frase acabou uma risada alta das pessoas tanto amigas, quanto os que não se davam muito bem, invadiram a sala. E então percebi que ainda sentia as lagrimas em meu rosto e limpei rapidamente para que ninguém as percebesse tanto, porém, com o olhar de Nathaniel sobre mim, senti-me pego.

Ouvimos a voz de alguma pessoa mais velha nos chamando da porta, e então percebemos ser a diretora, e imediatamente todos se tornaram incrivelmente obedientes. Coloquei o violão novamente em seu lugar, talvez, em um dia como esse, alguém decida descer nesse mesmo lugar e querer tocá-lo.

Antes de subir, por uma breve falta de atenção da mais velha, dei-me ao luxo de roubar um beijo de Nathaniel, que me olhou assustado pelo gesto.

— Desculpa, essa promessa eu não consegui manter por tanto tempo, não ligo de ficar na solitária — Sussurrei, e subi as escadas não antes de piscar meu olho de um modo debochado para o loiro, que negou com a cabeça sorrindo.

— Andem logo, garotos! — Ela me deu leves tapinhas em minhas costas — Nathaniel, por que está tão vermelho? Está com febre? — Soltei alguns risos que insistiram em escapar logo em seguida disfarçados tosse, e apressei-me para entrar em sala, pude sentir o olhar do loiro em minhas costas julgando-me.

Entrando em sala, todos já estavam assentados, mas longe de um modo civilizado pelo modo que a classe estava cheia de pessoas. O representante chegou logo após assentando em seu lugar na primeira fileira, e lembrei de como o observava no começo, então, para me dispersar dos pensamentos os nomes começaram a ser chamados. E não demorou muito até chegar à vez de Lolla, da qual Alexy gritou algo como “Arrasa!”, e todos começarem a rir.

— Primeiramente, olá a todos! — Politicamente correta, estranhei de inicio — Estamos livres! — Acho que voltou ao seu estado normal — Mas, isso não quer dizer que não sentiremos falta de tudo isso, dos amigos que fizemos aqui, por muitos agora irão seguir caminhos diferentes, é o momento que paramos o preconceito entre nerds, roqueiros ruivos com certa mudança de humor — Olhou para mim brincalhona sorrindo de lado e acho que muitos entenderam a indireta nem um pouco sofisticada, não pude conter o sorriso — populares e bem, vocês entenderam! Eu só espero que nunca percamos a nossa juventude por mais que o tempo passe, que os laços de amizade sempre nos levem uns aos outros, por mais distante que estivermos, afinal, o mundo é ‘pequeno’ quando se trata de rever verdadeiros amigos, amores — Sorriu travessa — E é claro, o Alexy, porque quem irá ser feliz sem ver essa pessoa, não é mesmo? — Muitos concordaram e riram, afirmando que seria verdade. — Sentiremos falta das noticias da Peggy, por mais exageradas que sejam algumas vezes, mas é um dom de repórter — Sorriu se conformando, mas a garota mencionada abrira um riso concordando — Ou das dicas de moda que Rosalya dá com tanto carinho.

— Quando estiver vestindo uma calça com estampa de animais e uma camisa xadrez, eu estarei lá! — A menina de cabelos brancos brincou colocando a mão na cintura — Esboçando um riso convencido.

— Ou quando os professores falam para o Armin guardar o videogame — O gêmeo de Alexy fez-se de inocente, logo rindo depois. — E Kentin que sempre consegue comer escondido — E por um acaso o moreno estava realmente comendo e tentou guardar sorrateiramente o pacote de biscoitos, o que fez muitos gargalhar. — Nathaniel, cujo representante ninja, se meus passos se chamassem “pontos de ação” eu estaria sem nenhum — Cruzou o braço e o loiro coçou a cabeça sorrindo amarelo. — Mas sempre ajudou os alunos no que eles precisassem — A garota abriu um sorriso largo, e Nathaniel fez o mesmo. — E íris que sempre te da uma mãozinha, mesmo também estando sem tempo — A ruiva corou-se — E você, aquela pessoa ali atrás, de preto e cabelo tingido! — A menina apontou para mim e os alunos rapidamente voltaram-se os olhos para minha pessoa. — Você pode continuar dando tiradas, mas contando que continue sorrindo, está ótimo! — Era impossível não sorrir naquele momento que ela me olhava brava, mas segurando para não rir, mesmo tendo tantos olhos sobre mim. — Eu não posso falar muito, até porque ninguém quer ficar ouvindo um discurso de uma eternidade, certo? Mas mesmo as pessoas que não mencionei, todos tem seu potencial, é especial num todo, o que espera para nós mais na frente, ninguém sabe, mas podemos sentir que pode ser algo incrível... Bom... Acho que é isso... — Transpareceu uma expressão alegre e boba e o silêncio da sala fora tomado por aplausos sinceros, e eu me senti realmente forçado pelas palavras de Lolla a aplaudir também.

— Bem, acho que tudo o que queríamos falar, Lolla já disse do melhor jeito possível, não é? — As pessoas concordaram com Rosalya que não havia palavras mais bonitas a ser ditas, muito menos ofuscar a sinceridade da morena.

Não sabia se iria ver novamente a neve cair igual aquele dia pela janela da sala de aula, com o sentimento indescritível, misturados em lembranças, os dedos gelados que foram esquentados propriamente um dia que uma outra mão a segurou, ou os sorrisos bobos que meus amigos mostravam naquele ultimo ano da nossa historia no colégio, mas ao menos sabia podia alegrar-se apenas de lembrá-los.

Então, após um tempo de conversas jogadas fora e despedidas sentimentais da parte de todos sem exceção, o sinal da ultima aula tocou e a morena de tranças junto aos gêmeos e Rosalya, me convidaram para passar a véspera de natal na próxima semana junto a eles, já que estavam planejando uma despedida animada para ter boas lembranças da qual aceitei, apesar de não gostar muito de festas, e claro, furtarem meu celular para colocar devidamente seus números de celulares, até juntar outros alunos conhecidos para fazerem o mesmo, dando um ‘adeus’ caloroso junto ao desejo de um feliz natal e ano novo ao sai pela porta do colégio juntos.

O trio não se despediu sem primeiramente dar-me um abraço afetivo, e não ouvi nem uma vez a palavra “Adeus” saírem de suas bocas, apenas um “Até logo”, do qual retribui os esperando se retirarem do colégio, e através da janela, aquelas pessoas acenando animadas, e tive que fazer o mesmo, apesar do mau jeito natural de minha pessoa.

Eu ainda havia guardado a chave do terraço da escola, e então pensei em passar para ver a visão da cidade de cima mais uma vez, passei pelos professores que já estavam se retirando, não antes de me dizerem para ter um natal feliz, apesar de eu ter feito eles passarem algumas poucas e boas, desculpei-me apropriadamente, o que estranharam de inicio, mas aceitaram com um sorriso brincalhão.

Então caminhei sem pressa, pois havia muito tempo que podia deixar ali, subi as escadas que levavam ao terraço da escola e abri a porta de ferro azulada e enferrujada, claro, com a ajuda da chave da quais as pessoas se acostumou de um ‘baderneiro’ sempre as pegar.

O lugar com o chão em cinza mesclava sua cor com o branco da neve e algumas pequenas poças congeladas. Aproximei-me da grade de segurança e observei o dia indo embora, fiquei admirando a paisagem da cidade que aos poucos se iluminava com luzes e enfeites antecipados.

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Então ouvi passos de alguém logo atrás, me virei para reconhecer a pessoa que se aproximava.

— Me disseram que você estava aqui — Nathaniel tentou me alcançar, mas o gelo dificultava seu caminho.

— Deixe eu te ajudar — Fui em sua direção pegando em suas mãos que estavam mais quentes que as minhas, ele quase escorregou algumas vezes, o que fez aquele momento cômico. — Não acha que está muito frio para a princesa decidir sair? — Quando finalmente seus pés estabilizaram-se me encostei na grade.

— Tsc... — Cruzou os braços olhando para mim, mas quando seus olhos dourados se voltaram à cidade, perderam forças. Seu olhar brilhava. Queria beijá-lo — Uau... — Suas mãos seguraram a grade gelada. — Então esse é o motivo de você sempre matar aula aqui.

— É bom quebrar as regras algumas vezes — Tentei acompanhar onde o mesmo fitava, mas admirava tudo ao mesmo tempo.

— Eles te convidaram para ir à festa de despedida também? — Perguntou curioso.

— Sim, vou juntar o que eu tenho de interação com pessoas e usar para aparecer lá, mesmo eu não gostando de festas, não quero deixá-los chateados, e nem receber ligações furiosas no outro dia — Revirei os olhos só de pensar no que teria de agüentar se eu faltasse. — Você vai também?

— Ah, sim! Vai ser legal — Disse um pouco envergonhado colocando uma de suas mãos em sua nuca. — Se quiser nós podemos ir juntos? Talvez...

— É melhor que esteja pronto as oito, vou até seu apartamento te buscar, mas não me espere de terno com uma flor no bolso do paletó. — Estendi minha mão para ajudá-lo a não cair no gelo.

— Eu posso andar sozinho — Disse confiante, mas em seu segundo passo já estava escorregando, o que por impulso me fez o segurar pela cintura.

— Você está bem? — Ficou um tempo quieto.

— Não se preocupe — Tentou soltar-se de mim, mas o segurei com mais firmeza. Aproximei-me para beijá-lo — Eu disse que estou bem — Redirecionou o rosto.

— Pelo menos me deixe não deixá-lo cair, branca de neve — Mas sua teimosia fez não só ele, mas eu cair no gelo também.

— Não precisa me evitar tanto, sabia? — Suspirei, me levantando e estendendo minha mão para ajudá-lo a levantar.

Com o seu peso, me impulsionei para frente, caindo por cima do loiro podendo fitar com mais clareza seu rosto pálido.

— Você fez isso de propósito, não é? — Mas ele é bem esperto.

— Fiz — Sorri travesso após conseguir o meu feito.

— Eles vão nos trancar na escola — Me advertiu se levantando limpando suas roupas. Logo após me levantei, o seguindo para o começo das escadas, e realmente, a escola já estava sendo fechada.

Passamos em frente à porta da sala de aula, e então parei em frente a ela, abrindo-a e levando meus passos até meu assento no fundo daquele espaço, peguei as chaves de um dos meus bolsos, por um momento a fitei na palma de minhas mãos, e a deixei em cima de minha antiga mesa.

Ao sair do colégio com o pensamento que seria a ultima vez naquele lugar, encontrei Nathaniel parado em frente à saída da escola.

— Vou levá-lo até em casa, é meio perigoso agora que está anoitecendo — Ofereci-me sem muito esforço, entretanto o representante, digo, o loiro mostrou um rosto um pouco desesperado, do qual escondia algo e insistia em deixá-lo ir sozinho.

— É que... Eu preciso fazer algo antes, sabe?... — Ele realmente era péssimo em bolar desculpas.

— Nath, é só falar que não quer ir comigo — Disse sério — Por que você está me evitando tanto esses últimos dias? — Ele não podia confiar em mim o suficiente para dizer o que estava errado?

— É difícil ficar sozinho perto de você... — Agora esta tudo mais confuso ainda — Eu nunca realmente namorei alguém, não sei como me comportar e muito menos o que fazer, e eu não sei como reagir quando você se aproxima — Abaixou a cabeça — Eu sou tão medroso nessa questão que me torno um completo idiota.

— Não pode fazer isso comigo — Puxei a gola de seu casaco. — Se você agir assim sou eu que tenho que me comportar, senhor policial — Iria beijá-lo se talvez seus olhos fortemente fechados não me fizesse rir. — Relaxe, não irei fazer nada que não queira, abra seus olhos — Coloquei meu dedo entre suas sobrancelhas franzidas. — Mas ainda quero levá-lo para casa.

— Eu sou um garoto crescido, sei me cuidar, e eu preciso passar em um lugar primeiro — Apesar de minha curiosidade ser tamanha, de tanto Nathaniel insistir, acabei cedendo ao seu pedido, já faltava um tempo até escurecer completamente, e haviam muitas pessoas na rua, o que me deixou parcialmente despreocupado.

— Antes eu preciso te perguntar uma coisa — Ele me olhou curioso — Estava pensando em apresentá-lo aos meus pais — Seus olhos se arregalaram. — Mas eu não ligo se quiser esperar se ainda não tem certeza se quer realmente ficar comigo, se é isso que quer, nunca se sabe a reação — Sua expressão tornou-se raivosa.

— Você acha que eu não sei o que eu quero? — O loiro se aproximou — Realmente pensa que estou indeciso quanto ficar junto a você? Não sou um garotinho, Castiel, eu sei muito bem o que eu quero para minha vida agora, sem ninguém para ditar regras em cima de mim, ou tirar minha liberdade — Uma de suas mãos segurou minha camisa preta a amarrotando pela força que a pegava. — E é você quem eu quero de agora em diante — Mordeu seu lábio inferior, eu nunca o vi com a expressão que eu, naquele dia frio do inverno em frente ao portão do colégio, havia amado ver.

Sabia que um relacionamento era também feito de confiança, e eu teria que me esforçar para ser um bom namorado para ele, mas seus sentimentos que pensei por todo esse tempo estarem reprimidos, estavam se mostrando pouco a pouco.

— Eu não consigo — Aproximei de seu rosto um tanto avermelhado e com o consentimento desajeitado em uma confirmação de um gesto de sua cabeça, um beijo não muito demorado e muito menos rotulado como o de um romance de cinema, apenas de dois namorados em pé na neve, sabia que queria estar com ele por muitos infinitos.

Após uma breve despedida com o limite de tempo para amanhã, andei por ruas e esquinas até aproximar-me de minha casa, onde em seu portão pequeno e meio enferrujado havia uma carta, não demorei em deduzir novamente que era de meus pais e que novamente eles não poderiam vir para casa, mas quando a retirei para ler, senti um leve frio na barriga e uma felicidade espontânea, assim como uma singela preocupação.

”Para: Castiel

Filho, desculpe-me por não ligarmos regularmente, a sua mãe perdeu o celular novamente e você sabe como eu sou para essas coisas tecnológicas, em fim, estamos indo para casa, chegaremos antes da véspera de natal, espere por nós

Com amor, seus pais”