Kim estava do lado de fora do círculo. Segurava Nina, imobilizando-a, mas sem nenhuma reação além dessa. O momento em que a corrente afrouxara foi durante a troca entre os dois, permitindo ao assassino ocupar seu lugar. Aproveitando-se disso, havia posto Nina em uma posição perigosa. Bran não teve reação, tal como Julie. Os dois ficaram observando o que o homem planejava fazer, mas sem mover nem um músculo. Kim então falou.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Está vendo, Edge? Atos ruins geram pessoas ruins. Simples assim. É o fim!

E avançou sua foice contra o pescoço de Nina.

– Não, Fung. Não é o fim!

E com isso, Nina atacou-o de surpresa. Sabia em que momento sua mente falharia e ele estaria mais vulnerável e se aproveitou disso. Assim que o atacou com a adaga, cortando seu rosto verticalmente, ele a soltou. Edge não hesitou e disparou contra Kim outras muitas vezes. Que caiu ao solo. Edge pôde ver algo que o deixou completamente perplexo. Kim havia abaixado a máscara e sorria alegremente. Os assassinos foram se aglomerando, tentando evitar que os disparos atingissem seu mestre e morreram aos poucos. Poucos ficaram parados, incrédulos. Assistiam a tudo calados. Finalmente, fugiram e abandonaram o local. A chuva continuava a cair, lavando os ferimentos abertos de Kim. Os quatro o cercaram. Nina finalmente falou.

– Por que tudo isso, Fung!? Por que todo esse teatro!?

– Nina… Foi um teatro por pouco tempo. Eu… Eu percebi o quão errada minha visão sobre a filosofia que sigo era. Edge. Você é bom. Muito melhor do que eu.

Ele tossiu um pouco de sangue, mas logo voltou a falar:

– Pessoas ruins geram coisas ruins, não é mesmo? Olhe meu estado… Em minha busca, me tornei alguém ruim.

Edge retrucou, sem hesitar:

– Não ouse falar assim de Fung, seu maldito! O Fung… O Fung que eu conheci nunca foi alguém ruim! Nunca!

Kim arregalou os olhos por um momento:

– Talvez… Não exista certo e errado, não é mesmo? Talvez…

Nina tratou de abrir espaço e tratou as feridas de Fung como pôde. Bran, Julie e Edge ajudaram, mas o resultado já era claro. Ele morreria em breve, apenas postergaram o inevitável. Ele voltou a falar, dessa vez, calmamente:

– Eu… Eu precisava colocar suas ideias à prova. Precisava enfrentá-lo, Edge. Bran, Julie, Nina… Todos eu já havia entendido. Faltava você. Como não pude ver o quão diferente você era, Edge? Por que o julguei tão mal assim?

– Não me julgou mal, Fung. Eu não sou uma boa pessoa. Mas também não sou uma má pessoa. Sou apenas… Eu mesmo.

Fung sorriu e explicou:

– Nunca existiu um Kim. Nunca existirá. Eu criei esse nome e essa identidade na DANTE. Nunca existiu também um Fung. Eu também o criei para a MAGNUM. Mas agora, percebo. Existiu sim um Fung. Esse sou eu, não o outro. Esse é o lado que eu escolhi, afinal… Mas era tarde demais. Eu fiz o que pude por vocês. A fita que encontraram é verídica. Eles tinham planos por aqui, mas os Mataharianos os expulsaram. Todos que encontraram que falaram o contrário eram meus assassinos. Eu os espalhei pela cidade de forma a tentar guiá-los até aqui. Eu posso dizer uma coisa para todos vocês, meus caros. Valeu a pena. Foi bom… Ser Fung por algum tempo. Muito obrigado, meus caros. E nunca se esqueçam do que lhes disse. Independentemente de tudo, confiem no poder que vocês possuem de mudar seus destinos e suas vidas. Edge está aqui como prova disso. Todos aqueles que morreram, tudo aquilo, Edge. Tudo está em seu passado. Siga em frente sempre, meu caro. E mais uma coisa. Eu… Eu escolhi esse caminho, Edge. Sabia que não me enfrentaria caso fosse Fung. Uma vez que tivesse escolhido meu lado, o outro me perseguiria. Ao escolher vocês, eu coloquei em risco toda Matahari. Um ataque da DANTE e tudo poderia se acabar. Não posso deixar meu povo passar por isso, vocês devem entender. Depois do incidente em Kersey, aonde todas aquelas pessoas morreram, aquela névoa, tantas mortes... Nina. Atacar-te era a única forma de motivá-lo a…

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Não fale sobre isso, Fung. Não tem o que perdoar, está tudo bem!

– Tenho sim. Ações boas fazem pessoas boas, esqueceu, minha querida? Eu… Quero ser bom, pelo menos até o final.

Nina não respondeu. Colocou-o em seu copo e começou a arrumar seu cabelo. Com muito cuidado, prendeu seu cabelo novamente como antigamente. Era Fung ali, agora. Não havia mais dúvida nenhuma. As lágrimas de Nina esquentaram o rosto do homem que estava prestes a morrer. Edge e Julie choraram sem hesitar, deixando as lágrimas caírem pelo amigo que partiria em breve. Bran se virou e olhou para o céu, deixando a chuva molhar seu rosto. Não queria assumir, mas não era apenas a chuva a descer por seu rosto. Fung então moveu sua mão até o rosto de Nina e disse, sem hesitar.

– A MAGNUM não podia ter uma pessoa mais especial como líder, minha querida. Por favor, fique com isso…

Moveu sua outra mão e retirou um pequeno objeto do bolso. Era alguma espécie de cartão de memória.

– Essas informações estão para serem analisadas na DANTE desde que entrei. Ninguém conseguiu quebrar o código que as guarda, mas dizem que é algo assombroso… Eu consegui uma cópia após me oferecer para tentar decifrá-la usando as técnicas de Matahari, mas não obtive sucesso… É o que tenho a lhes oferecer, meus caros. Eu espero… Que esse ato os ajude. Muito… Muito obrigado, Edge… Nina.

E com isso suas forças se acabaram. Fechou os olhos e sua mão caíra. A chuva não havia diminuído naquele lugar. Guardaram o que Fung carregava e voltaram para a cidade. Ao chegarem, foram cercados por uma multidão. Sabiam da morte do líder da Ordem dos Assassinos, o que os revoltou. Eram assassinos em um território estrangeiro. A população os cercou. Com armas e preparados para atacá-los, foram parados por algo inesperado. Vindo atrás dos quatro, uma figura se aproximou. Era um dos assassinos de Fung, ainda vestido como o mesmo. Aproximou-se da população e falou em Matahariano com todos. Aos poucos, a multidão foi se dispersando e eles finalmente conseguiram passar. Antes de ir, ainda os deixou um recado, escrito em um papel.

Era um agradecimento. Estava em língua local e tinha a grafia de Fung. Nina olhou para trás, procurando-o, mas não obteve sucesso. Uma possibilidade lhe passou pela cabeça, mas ela a afastou rapidamente com um sorriso. Fung morrera naquele local. Antes de sair, o assassino se colocou de joelhos e fez uma reverência solene aos quatro. Nina pôde ver um pequeno óculos guardado nas vestimentas daquele homem que partira em pouco tempo, sem perguntas. Embarcaram de volta no final da tarde daquele mesmo dia, chegando a Albius rapidamente. Nina releu o bilhete novamente, sozinha em seu aposento.

“Obrigado, meus caros. Saibam que nada do que fizeram por mim será esquecido. Os sorrisos e nossos bons momentos ficarão para sempre guardados comigo. Matahari jamais se esquecerá do que fizeram por mim. Contem sempre com cada um de nós e sejam sempre bem vindos aqui, com minha permissão,

Fung Zhou, líder da Ordem dos Assassinos”

Nina sorriu e deitou-se. Estava cansada e seus olhos, inchados de tantas lágrimas. Tratou de dormir e se preparar para o dia seguinte, aonde tentariam quebrar o código do cartão.