O povo de Artena ainda aclamava sua nova rainha quando a princesa Aurora notou a presença de uma mulher ruiva ao lado de Afonso, rei de Montemor, ela tratou de cutucar Jade e Beatriz e, discretamente, apontar na direção do mulher ruiva.

Amália estava com um vestido vermelho justo ao seu corpo, uma das cores da bandeira de Montemor, mas, diferente da maioria das mulheres e homens ali, ela não ostentava joias. Não, possuía um colar extravagante em seu pescoço, o qual quase estava coberto pela gola do vestido. Seus cabelos estavam soltos e a sua postura estava inadequada, ela parecia cansada de ficar em pé.

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—Ela parece uma pata. -Disse Jade.

Beatriz e Aurora colocaram a mão na boca, discretamente, para não gerar nenhum inconveniente.

—Uma pata real. -Experimentou Aurora. -É... Combina.

—Não, não, não, devemos tirar a parte do "real".

—Mas, me diga minha querida amiga, o que é uma pata da plebe na fila do pão? -Lucrécia se pronunciou.

As três princesas olharam para ela com surpresa e começaram a pensar.

Aurora, sabendo que Lucrécia soltaria mais uma de suas perolas resolveu fazer a grande pergunta, com um sorriso no rosto.

—Me diga, o que é?

As três mulheres se aproximaram dela e, como se fosse contar um segredo, ela sussurrou.

—Comida!

A piada era tão besta que caiu direitinho para o momento e as princesas desataram de rir, por sorte no mesmo momento em que o povo soltou mais um viva a sua rainha.

Quando, enfim, se controlaram, os olhos das quatro migraram novamente para Amália que, ao perceber a situação, colocou a mão na barriga, já um pouco eminente. Como se quisesse ressaltar a sua importância. Elas se entreolharam e disseram em sussurros.

—Comida!

*

*

*

*

Catarina estava emociona com aquele momento. Quando, enfim, o momento de iniciar as comemorações começaram, o povo de Artena começou a cantarolar o hino do reino, uma espécie de promessa, repetida a toda monarca. Os pelos de Catarina se arrepiaram e, em meio ao coro ela colocou a mão no coração e se virou, levantando o cetro e recebendo aplausos. Os nobres, na sua maioria, tinha permanecido dentro do castelo e os demais já tinha adentrada, e então ela entrou. Quando as portas se fecharam o coro persistiu, mas foi sumindo na medida que a música começava no salão.

E foi então que o momento de gloria passou e a multidão de nobres quase engoliu Catarina a procura de um pouco de atenção da nova rainha.

—Catarina! -exclamou Gertrudes. -Augusto estaria tão orgulhoso!

—Rainha Gertrudes, obrigada.

—Não agradeça, querida, nunca em toda a minha vida pude testemunhar tamanha devoção como a que esse povo possui por você.

—Minha rainha está certa, Catarina. Artena parece preparada para reinar ao seu lado o que é...

—Preocupante. -Disse Otavio, rei de Lastrilha, interrompendo o rei de Alfambres.

Antes que o rei pudesse concordar ou discordar outra voz surgiu.

—Em qual ponto de visto, rei Otávio? Por algum acaso alguma discórdia entre vosso reino e Artena pode surgir? -Questionou Antônia, princesa de Castelotes.

Otávio virou-se para a moça e a olhou com frieza, frieza essa que foi refletida.

—De forma alguma, princesa.

Antônia assentiu e foi até Catarina, pegou nas suas mãos e fez uma pequena reverencia.

—Majestade.

Catarina sorriu.

—Alteza.

Otávio, naquele momento já estava longe para que o rei de Alfambres pudesse confronta-lo, mas ele não esqueceria da resposta recebida pela princesa de Castelotes. Insolente, pensou o homem. Por sorte, nenhum olhar dirigido a ela por aquele ser humano poderia lhe afetar, Antônia sabia quem Otávio era e seus pais já tinham lhe ensinado a confronta-ló da maneira adequada, afinal, os acordos existentes entre Lastrilha e Castelotes nunca permitiriam qualquer ofensa a mesma.

Rômulo e Aurora, curiosa, chegaram em seguida e cumprimentaram Catarina, dentre outros lhe disseram bonitas palavras. Até que um dos últimos, da pequena filinha que foi criada, foi Afonso e sua companheira, Amália.

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—Catarina. -Disse e fez uma pequena referencia com a cabeça, referencia essa imitada por Amália. -Longo seja vosso reinado. -Desejou.

—Afonso, obrigada. -Ela se aproximou, respeitosamente, dele e lhe disse. - Agradeço também pelo apoio em meio a partida de meu pai, obrigada por toda ajuda, Artena não esquecerá.

Ele assentiu.

—Não se preocupe, não foi um favor a Artena, foi apenas um reflexo de algo que um dia você fez por mim.

Eles se olharam e deixaram aquele sentimento infantil de amizade lhe dominar, em um dos momentos mais difíceis da vida de ambos eles tinham permanecido juntos. De uma forma ou de outra.

Como ocorreu na morte da rainha de Artena, mãe de Catarina.

Afonso se aproximou, era apenas um garotinho. Ele abraçou Catarina e permitiu que ela chorasse.

—A mamãe... Ela não vai mais voltar, Afonso, traga de volta, prometo te deixar ganhar nos próximos jogos. Por favor, eu prometo ser boazinha. Eu quero minha mãe. Eu não quero ficar sozinha. -Chorou.

—Eu não vou te deixar.

—Você promete? -perguntou entre soluços.

—Sempre estarei contigo. Para sempre.

Assim como, ele ajudou ela na morte do seu pai, o bom rei.

Eles se abraçaram e ela chorou mais.

Por favor, Afonso, traga-o de volta. Por favor. Não deixe-o ir embora.

—Você não esta sozinha. -Sussurrou. -Eu estou aqui. -Disse com firmeza. -Chore, querida, chore muito, pois você terá que passar força para o reino.

E, quantos aquela acidente levou a alma dos monarcas de Montemor a pequena Catarina estava ao lado do pequeno garotinho.

—Vai ficar tudo bem, Afonso. -Disse a voz extremamente infantil.

O príncipe não disse nada, ele apenas ficou olhando aquela caixa levar seus pais embora. Para longe dos seus olhos.

Quando, por fim, o salão ficou vazio, ninguém conseguiu ver as crianças debaixo da mesa, Afonso conseguiu derramar algumas lagrimas e ele chorou como se estivesse sendo surrado.

—Eu quero a mamãe e o papai, Catalina. -Disse entre soluços.

Os pequenos bracinhos dela contornaram, o máximo que pode, o corpo dele e ela tentou passou a maior segurança que pôde.

Catarina sorriu.

—Foi uma promessa.

Amália, percebendo a troca de olhares, se meteu entre Afonso e Catarina.

—Catarina, meus parabéns pela nova conquista! -Disse com uma falsa animação.

O sorriso sumiu e Catarina olhou para a mulher com nojo.

—Perdão, você acabou de exclamar que, o fato do meu pai, seu rei, ter morrido foi uma conquista? Você está me parabenizando por ocupar um lugar que meu pai deveria ter me cedido e não ser uma espécie de obrigação? -Catarina respirou fundo. -Me respeite, plebeia. Eu sou sua rainha e posso lhe mandar para forca a qualquer momento por todas as palavras insolentes pronunciadas. Coloque-se no seu lugar.

Amália a olhava com raiva e susto.

—Vamos, Amália. -Disse Afonso.

—Perdão Majestade se mais uma vez lhe causo tristeza. -Disse cinicamente.

—Triste? -Catarina, pensativa, sorriu. -Por que estaria triste? Afinal, este é o começo do meu reinado.

—Você perdeu Afonso para mim! ...

Antes que Amália concluísse Catarina começou a rir.

—Permita que eu conclua. Você acredita que venceu? -Seu sorriu sumiu e ela assumiu frias feições.- Você é apenas uma golpista, até mesmo o povo sabe. Está grávida de uma criança bastarda que, por sua culpa, não terá sequer direito ao trono.

Amália ficou seria e passou o mão no ventre em sinal de preocupação.

—Regras mudam, Afonso não permitirá que nosso herdeiro passe por isso. - disse segurando a mão do marido, que não dizia nada.

Catarina a encarou e se aproximou lentamente.

—Eu não permitirei que mude, no seu caso. -Disse friamente, com um toque de malicia. -Logo os verdadeiros herdeiros de Montemor irão nascer e eles não possuirão seu sangue. -Disse olhando diretamente para Lucrécia e Rodolfo.

Amália estava mais pálida ainda.

—Isso é uma ameaça?

Catarina a encarou por mais uns instantes, seu rosto sem expressão.

—Não, é um aviso. As coisas não são como pensa, plebeia, existe um motivo para serem como são e, essas pessoas que estão aqui não permitirão que mude. Não será você ou qualquer outra aventura real que mudarão essa história. Agora, com licença, existem certos protocolos a serem cumpridos.

—Ela não é minha rainha! -Exclamou, quando ambos já estavam de costas para Catarina.

—SOLDADOS! -Exclamou alto.

Todas as conversas pararam e cerca de dez homens se aproximaram da rainha.

—Matem-na.

Os olhos de Amália faltaram saltar, junto ao seu coração.

Os homens começaram a marchar, não havia musica, só aquele som. Afonso estava tão chocado que ao menos conseguia se mexer. Um deles tirou uma espada da bainha e apontou para a moça. Os olhos de todos estavam voltados para a situação adiante. Amália gritou em desespero e uma lagrima desceu.

—Parem! -Mandou, eles pararam. -Se afastem. -Eles deram três passos para trás. -Estão liberados, voltem aos seus postos. -O que tinha tirado a espada, guardou. Catarina se aproximou de Amália, devagar. -Eu sou sua rainha! Você nasceu no meu reino e, por sorte ou azar, deve respeito a MIM! -Ela se virou para os demais. -A próxima vez que essa plebeia ousar desafiar a minha palavras ou degradar a memoria do meu pai, seu fim será pior que uma morte rápida.

Amália tremia e soluçava copiosamente.

Catarina se virou e saiu, contudo, antes que pudesse se começar outra conversa escurou o barulho da taça caindo. Olhou para trás e viu a plebeia desmaiada no chão, o vinho que escorria muito parecia com sangue e, como foi imaginada, Afonso passou mais uma vergonha.

—AMÁLIA! -Gritou ele, correndo ao socorro da moça.

A atenção de todos passou para ele, as conversas cessaram.

—Amália, acorde, vamos! Alguém chame um curandeiro! -Exclamou em desespero. -Ela está gravida! TEM SANGUE AQUI, ALGUÉM SE MOVA! -Gritou nervoso.

Catarina ouvia uma tentativa de esconder a risada vinda de Lucrécia que estava ao seu lado. Ela olhou a moça, já vermelha e quando foi tentar, ela própria segurar o riso, percebeu que não eram as únicas. Um soldado saiu correndo a procura do homem pedido pela rei e logo retornou com ele. O curandeiro se aproximou de Amália, sem perceber o problema do vinho (que o rei de Montemor confundia com sangue), e a tratou apenas pelo desmaio. Quando percebeu a claro fingimento da mulher levou as mãos ao braço dela e beliscou ali.

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Amália levantou assustada, no mesmo instante e soltou um pequeno grito. Foi o bastante para o salão explodir em gargalhadas. Afonso, ainda pensando no tal sangue ficou irado com tamanha indecência por parte daquela pessoas.

—VOCÊS ESTÃO LOUCOS? ELA ESTÁ GRAVIDA! CATARINA! -Exclamou aos gritos. -COMO PODE SER TÃO CRUEL? ELA ESTÁ SANGRANDO E PODE PERDER O BEBÊ, MEU FILHO! PAREM DE RIR, NÃO É UM ESPETÁCULO....

—Afonso, Afonso, Afonso. -Chamou Catarina.

—O QUE É?

—É apenas vinho! -Exclamou.

*

*

*

*

Rodolfo observava a vergonha monumental que seu irmão estava passando, ele até queria rir, mas, por respeito aos velhos tempo, tratou de distrair os nobres. A música voltou a tocar e duas servas apareceram para ajudar Amália com o vestido. Ela se foi com a promessa que retornaria, mas isso não aconteceu. A noite transcorreu tranquilamente.

Em um certo momentos os príncipes se juntaram para dialogar a respeito de alguns campeonatos que iriam ocorrer.

—Deveria haver o campeonato da vergonha. -Provocou Ciro, olhando diretamente nos olhos de Afonso.

—Ciro. -Disse Felipe, colocando as mãos nos ombros do príncipe de Córdona- Está é a noite de Catarina, não vamos piorar mais as coisas.

Ciro gargalhou.

—Não se preocupe, meu bom amigo, Catarina parece ter apreciado os momentos vividos está noite. -Disse olhando a rainha rir junto a outras mulheres. -Fico feliz por ela, não são todos eventos reais que são tão divertidos.

Afonso, irado, tentou avançar nele, mas foi segurado por Rodolfo.

—Não crie mais problemas, Afonso. -Disse seriamente. -Aqui não é uma roda de amigos, certas atitudes podem prejudicar o reino. -Afonso assentiu, ainda irritada com as provocações.

—Catarina não faria isso. -Disse Felipe, tentando amenizar o clima. -Ela é centrada quando o assunto são os reinos.

—Pena que não é tem centrada quando o assunto é amor. -Ciro soltou outra perola, mais uma provocação.

Mas, antes que Afonso pudesse fazer ou dizer algo, surge outra voz.

—Por que me xingas, grande Ciro? -perguntou Henrique, teatralmente.

O sorriso de Ciro se alargou, como quem vê um grande companheiro depois de anos.

—Sim! Grande es tu, Henrique de Brunis! -Saudou alegre.

—Está cortejando Catarina, Henrique? -perguntou Afonso, o ciúme brilhava em seus olhos.

—Cortejando. -Experimentou a palavras. -Não, rei Afonso, posso dizer que sou devoto da rainha.

—Devoto? -Questionou Aurora, se metendo na conversa. -Meu irmão é bobo, senhores, quando o assento é Catarina.

Henrique sorriu, sem nenhuma vergonha.

—Está rindo de que Felipe? -Perguntou Elisabeth. -Devo chamar Beatriz aqui para lhe dizer algo?

O sorriso do príncipe sumiu, enquanto os outros riam. Bom, quase todos, Afonso se permitiu se afastar do grupo e apenas observar, sem ser o centro de qualquer provocação.

—Oras! -Exclamou Ciro. -A nobreza da Cália é composta de apaixonados!

—De que falam? -Perguntou Catarina se aproximando ao lado de Beatriz e Jade.

Henrique então começou a ficar vermelho, fazendo com que Catarina sentisse vontade de abraça-lo.

—Bom, majestade, Henrique nos falava da sua nova conquista. -Provocou Ciro.

—Sim? -Ela o olhou.

—Ciro costuma trocar as palavras, quando ele diz conquista quer dizer paixão, quando exclama que eu fala quer dizer que ele grita.

Catarina sorriu.

—Então, o príncipe tem um novo amor?

Um clima começou a surgir e a troca de olhares começou.

—Sim.

—De quem se trata?

—Perdão, senhora, tenho vergonha de declamar meus sentimentos.

Catarina riu com a feição teatral adquirida por ele.

—Não temas, senhor, penso que ela pode vir a se alegrar e retribuir seus sentimentos.

Sem perceberem eles começavam a se aproximar. E se olhar. E se desejar.

—Acredita que serei tão sortudo?

—Acredito. -Disse encarando diretamente os lábios dele.

Antes que ele chegasse a ele, contudo, Ciro se meteu no meio de caminho fazendo um movimento com as mãos, como se tentasse tirar algo do caminho.

—O que está fazendo, Ciro?

—Acabando com o tesão que foi criado.

Todos olharam para o chão, envergonhados, principalmente Catarina e Henrique. Quem também olhou foi Afonso que, mesmo distante, presenciou a cena.

*

*

*

*

A rainha Safira se pronunciou em meio ao grupo que observava os mais novos conversando.

—A Cália está bem guardada. -Declarou.

—Sim, longos serão os tempos de gloria. -Disse Francis, rei de Morghenrof.

E os mais velhos reis e rainha observavam a nova geração que ganhava cor a cada dia e concordaram.