Deus Salve a Rainha.

A intensidade do vermelho!


Na física, destacando ondulatória e óptica, quando se fala em vermelho pensasse rapidamente a respeito do comprimento de onda, logo, relaciona-se todas as cores, mas, mesmo assim o vermelho ainda se sobressai por ter uma longevidade maior. Quando dormiu naquele casebre maldito, em seus próprios pensamentos e sem nem entender nada a respeito de física moderna, Amália se sentia exatamente como a frequência de luz vermelha. Mal sabia, claro, que essa sensação se desenvolveria até leva-la a corte do reino amigo daquele em que morava. Agora, eis ela. Amália estava em Montemor, aspirante a rainha e esperando um herdeiro que só serviria, como servia tantas outras vezes, em outros casos, para reafirmar seu poder.

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—Amália! -Exclamou Diana, seu velha amiga dos tempos de plebe.

Diana era um azul, poderia almejar o quanto fosse que nunca chegaria onde Amália chegou, talvez por isso ainda fosse uma figura tão comum na corte de Montemor, ela não representava perigo.

—Diana. -Ela abriu um sorriso.

—Como tem andado? Como está o futuro herdeiro de Montemor?-Perguntou com o peito cheio de orgulho.

Perdão, mas até nisso a mulher errava, aquela criança nunca seria herdeiro de nada, os possíveis herdeiros descansavam, calmamente, nos braços de seus pais no castelo de Artena.

—Olhem eles. -Exclamou Lucrécia.

Ela não cansava de observar aquelas crianças.

—Chego a duvidar que tenham saído de você, meu amor. -Disse Rodolfo, bobo de amores pelas crianças.

Lucrécia se agitou, quase derrubando uma das crianças.

—Claro que duvida! Enquanto eu paria você estava DORMINDO, Rodolfo! -Com o pequeno grito, o menino se agitou e ameaçou chorar. -Calma, meu grande bem, sabemos onde está o juízo do seu pai e, com certeza, não é na cabeça.

Rodolfo sorriu ao ver o pequeno olhando a mãe atentamente.

—E onde seria, meu amor? -Perguntou calmamente, sorrindo, como se não percebesse que ela o xingava.

Os olhos dela não saíram nem por um segunda naquelas crianças, eram como imãs.

—Nos braços que seguram seus filhos, porque se você soltar essa criança que a alguns minutos saiam de dentro da minha...

—Lucrécia! Não diga isso na frente deles! -Exclamou, fingindo que tampava os ouvidos da menina que segurava.

—Oras, Rodolfo, eles devem se orgulhar! Saber a dor que senti para que eles respirassem esse ar que, até então, é tão puro de odores sanitários.

—Lucrécia!

Vendo a cara de espanto do esposo, a mulher começou a rir, Rodolfo poderia ser tão irritante quanto engraçado. E ela só poderia agradecer aos céus por alguém ter cogitado esse matrimonio e, por outro milagre, ele ter se realizado. Na verdade, Lucrécia acreditava veemente que terminaria como aquela sua tia, louca e sozinha, mas não. Ali, em seus braços estava sua descendência e ao seu lado aquele que permaneceria contigo por toda a vida.

Ela guardaria aquele cena para sempre. Em uma cama bem ornamentada, ela descansava com seus filhos em seus braços e seu marido ao lado, segurando mais uma criança que do seu ventre saiu, não havia dor no mundo que pudesse superar os olhares que Rodolfo lançava para aquelas crianças, era amor puro. Daqueles que arrepia todo o corpo e causa inveja nos que veem.

Quando os homens de Artena foram mandados de reino em reino para comunicar os monarcas a respeito do batizado que ocorreria em alguns meses, tempo suficiente para as crianças se firmarem, essa viajem durou semanas, mas, enfim, eles retornaram. Catarina estava, cada dia mais, feliz e preocupada. A felicidade se dava pela presença das crianças e dos grandes amigos a sua volta, dos amores, no entanto, Otávio, rei da Lastrilha, lhe tirava o senso ao persistir com as falhas tentativas de anexação territorial e tráfico de pessoas em seu reino. Quem aquele homem pensava que era, afinal? Talvez o batizado fosse mais do que uma reunião religiosa, mas uma reunião de Estado.

Otávio precisava ser parado

Naquela manhã, em especial, Amália estava olhando pela janela do quarto que ocupava no castelo quando viu um cavalheiro com as vestes de Artena se aproximar com uma pequena comitiva. Os portões foram abertos e ela cuidou em se apresar para entender o que ocorria, qualquer movimentação vinda daquele reino, para ela, era sinal de alerta.

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—Senhores. -Gregório os cumprimentava.

—Convite para o rei de Montemor. -Disse o homem de Artena.

Gregório assentiu.

—E do que se trata?

—Os filhos do Lorde Rodolfo nascerem, senhor, se trata do convite para o batizado.

Nasceram? Os pelos de todo o corpo de Amália se arrepiaram. Aquelas crianças poderiam significar um perigo eminente, tanto para ela quanto para o seu futuro filho.

—Filhos? -Questionou, se metendo na conversa alheia.

Os olhos do homem migraram para ela e ele permaneceu quieto, não devia obediência a um individuo que, tal como ele, tinha nascido em Artena e, menos que ele, era apenas uma plebeia vendedora na feira. Mais que isso, Amália era vista com muito desagrado pela população arteniense , tanto que eles sequer gostavam de citar que ela nascerá ali.

—Gregório, faça com que ele me responda!

O conselheiro do rei a olhou, afinal, o que a mulher desejava que ele fizesse? Graças ao bom Deus, foi o momento em que Afonso apareceu.

—Gregório, ouvi murmúrios de guardas de Artena no castelo, o que aconteceu?

O concelheiro logo fez uma reverência, sendo seguido pelos homens de Artena.

—Majestade, é uma comitiva em prol da comunicação do nascimento e futuro batizado dos filhos de vosso irmão, Lorde Rodolfo.

Afonso sentiu sua alma se alegrar.

—Pois bem, que noticia maravilhosa, apressem-se em retorna à Artena com a minha confirmação...

—A nossa! -Amália o interrompeu.

Todos os olhos foram para ela, Afonso suspirou, amaldiçoando a si mesmo.

—Partirei para Artena o mais tardar em quatro dias. -Avisou os homens.

—Majestade, senhor de Montemor, peço a licença da palavra. -O homem arteniense se pronunciou e, ao ver o rei assentir, continuou: -O batizado será realizado em vossas terras.

Um pouco confuso, mas sem deixar transparecer, Afonso assentiu e observou os homens se dirigirem a saída.

Gregório suspirou.

—É a tradição, senhor. -Disse com pesar. -Se o senhor desposar Amália não haverão só murmúrios, mas também uma mudança na linhagem real. Seus possíveis futuros filhos não herdarão mais do que alguma terra por generosidade do próximo monarca.

—Futuro rei? -Gregório assentiu. -Por isso eles serão batizados em Montemor, eles são os herdeiros do trono.

Amália colocou as mãos na barriga, já aparente, ela sabia que aquelas crianças causariam algum problema para ela.

—Sinto muito, senhor, mas nunca houve a possibilidade de, em um matrimonio como o vosso, ocorrer a coroação de possíveis filhos... Eles serão vistos como... -Gregório ficou com vergonha de pronunciar a palavra.

No entanto, Afonso não tinha essa vergonha.

—Bastardos.

—AFONSO! -Amália gritou, abraçando sua barriga e com algumas lagrimas nos olhos. -É do nosso filho que você está falando!

Gregório suspirou novamente, aquela mulher não tinha um pingo de respeito pela figura do rei e, infelizmente, se não houvessem mudanças, ele seria um dos primeiros a levantar as mãos pela nova linhagem real. Enquanto havia tantos problemas em Montemor, em Artena, Catarina e Henrique passeavam pelo labirinto, ele fazia com que a rainha soltasse algumas gargalhadas ao tocar certas partes do seu corpo.

—As crianças de Lucrécia são tão formosas. -Disse Catarina, sentindo os braços de Henrique passar pela sua cintura e apertar.

As mãos dele fizeram um estranho carinho na barriga lisa dela.

—Isso é alguma indireta? -Ela o olhou. -Está querendo me engravidar, mulher?

Catarina sorriu.

—Para isso eu deveria lhe propor matrimônio, príncipe.

Ele levantou os braços, rendido, e aproximou a boca do ouvido dela, fazendo com que sua fala provocasse arrepios aconchegantes.

—Outra indireta? -Ela estava seria, apenas sentindo as sensações que ele provocava nela. -Soube, minha rainha, que é preciso superar uma extensa lista de pretendentes. -Os lábios dele distribuíam beijos pelo pescoço dela.

—Não se preocupe. -Disse com um pequeno gemido no final. -Vossa alteza é o primeiro.

Ele sorriu com a fala, naquele momento, tudo que ele mais queria era tê-la por toda a vida, seu lado possessivo gritava para ele enlaça-la, mal sabia o príncipe que, mais possessivo que ele, era ela.

—Fico mais aliviado. -Disse, virando-a para ele.

Os olhos de Catarina estavam cheios de tesão, mas o sorriso que surgiu em seus lábios era sapeca, ela se soltou dele.

—Cuidado, quem muito descansa acaba perdendo a corrida.

E correu pela labirinto, deixando-o ali. Sorte que, pelos meses que havia passado ali, conhecia aquele lugar muito bem.

—Volte aqui, mulher. -Exclamou, sendo guiado pelos risos dela.

Os meses passaram rapidamente, logo, as crianças estavam com seus sete meses, esbanjando saúde e fofura por onde passavam. Lucrécia tinha olheiras debaixo dos olhos e aparentava esta sempre cansada, mas, coitado de Rodolfo, o homem trabalhava pelo reino durante o dia e, de noite, trabalhava para sua esposa. Os choros dos três eram o terror das manhãs dos pais, tanto que, assim que fizeram seis meses, amas foram contratadas e as crianças foram postas em seus cuidados. Cada um tinha seu quarto individual, de modo que, se um chorasse não acordaria o outro.

—Bom dia, Rodolfo. -Dizia Henrique, com um grande sorriso no rosto, zombando da aparência do homem.

—Bom dia? Só se for para você! Rodolfinho não conseguiu dormir a noite toda e Lucrécia me mandou ficar com ele! Vê se pode uma coisa dessas! Eu!

Catarina riu.

—Perdão, ela fez errado? Você também tem responsabilidades na criação deles, Monferrato.

—Eu sei, Lurton, mas... Arh, aquela criança produz uns odores... Por Deus... -Fez cara de nojo ao lembrar, provocando mais risos. -Ria, Henrique, pode rir, sua vez chegará e, Catarina, como aquela que não deve ser nomeada mas com está com minhas Lucrécinhas, é tão cruel quanto.

Catarina sorriu, um sorriso maldoso, fazendo Henrique engolir em seco.

Manhãs como aquelas eram normais, sempre um dos dois estava reclamando do outro, no entanto, quando a noite chegava, as crianças dormiam e tudo estava só entre eles, era o amor que prevalecia e, entre beijos, ele endeusava a mulher. Rodolfo poderia não dormir e conviver diariamente com fezes de crianças, mas nada poderia pagar a paz de espirito que sentia ao ver a esposa e os três filhos. Aquela era sua família, por ela ele lutaria.

Nas terras que pertenciam a Rodolfo, em Montemor, quanto mais a data para o batizado se aproximava, mais detalhes eram desenvolvidos. O castelo não tão grande quanto o que o rei Afonso residia, mas tão exuberante quanto, foi limpo e os funcionários restituídos. Logo, todos que estavam em Artena foram para a villa. Uma comitiva com cinco carruagem e mais de 50 homens acompanhava as famílias reais de Vicenza e Córdona. Os reis e rainhas iam em uma das carruagens, nas outra estavam Júlio e Mary (altezas de Vicenza) acompanhados por Leonardo (príncipe herdeiro da Córdona), outras duas carregavam pertenceis e, na quinta, estavam Jade e Ciro.

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Seus olhos sorriam em direção ao príncipe.

—O que aconteceu, príncipe? -Haviam pontas de malicia em sua voz.

—Deus, Jade, algum dia você me matara.

Ela riu e aproximou o rosto, ficando frente a frente.

—Não desejo lhe matar, meu amado, mas posso pensar em diversas formas de te levar ao paraíso. -Ciro arregalou os olhos. Onde estava aquele homem sarcástico e mal-humorado? - Será muito interessante quando chegarmos. Catarina se surpreenderá com as novidades relacionadas ao nosso possível matrimônio.

As sobrancelhas dele se arquearam.

—Possível? Que história é essa? -Ele segurou na cabeça dela com carinho. -Você escolheu me cutucar, Jade, você escolheu e veio até mim com as mais obvias intenções e, agora que me faz seu servo, deseja me rebaixar a um possível matrimonio? Acaso perdeis o juízo? Não é possível, é um futuro muito próximo.

Ela sorriu e o beijou.

—Acaso não sabeis que tenho muitos pretendentes? -perguntou cínica.

Uma linha vermelha passou pelos olhos dele. Em poucos meses aquele mulher tinha se tornado sua vida e nada nem ninguém poderia se meter. Ela pertencia a ele.

—Preciso de uma lista, querida.

Ela o olhou em desafio.

—Por que, meu amado?

Ele abriu um pequeno sorriso malicioso e aproximou a boca do ouvida dela, provocando arrepios por onde os lábios passavam, uma ramificação que se estendia por todo o corpo.

—Creio que eles sentirão o peso da minha espada porque nada, nem ninguém, possui o poder de te separar de mim.

Ela arfou quando ele plantou um beijo casto em seu pescoço.

—Assim seja. -Disse em meio a um pequeno gemido.

°

O vilarejo de Yaman se localizava em uma estranha região montanhosa do reino, estranha pois destoava de toda a paisagem de Montemor que era árida e extremamente seca, necessitada urgentemente de água, fato este que garantia uma amistosidade entre Artena e o reino. No entanto, aquele vilarejo montanhoso, mesmo que não fosse um grande exemplo de pluviosidade, era agraciado por melhores índices que o resto do reino, sendo assim lá era um perfeito local para presidir o batizado dos futuros herdeiros do trono.

Assim que o povo de Montemor soube do grande evento caravanas começaram a serem planejadas, assim como carruagens com vinhos e especiarias foram mandadas para o local, com o passar doa dias o calmo vilarejo se tornou agitado e todas as estalagens estavam cheias. O comercio de Montemor arrecada cada vez mais, principalmente a agricultura. Do alto do seu majestoso castelo, o rei Afonso observava mais uma remeça de pessoas saírem da cidade, alguns iam a pé, tamanha a fé em um futuro melhor. Afonso entendia aquilo. Entendia o que aquelas crianças significam, entretanto, não sentia nenhum sentimento ruim destinado à elas.

Seu orgulho foi o criador de toda essa mudança, do seu declínio. Das suas perdas. Sim, perdas, tantos por amigos, quanto pelos entes queridos e amados. Por ela.

—Estava certa, Catarina. -Sussurrou.

—Senhor?

Ele se virou rapidamente.

—Sim, Gregório, não percebi sua presença.

O servo fiel fez uma reverencia.

—Peço perdão se o incomodo, majestade, no entanto é importante avisa-lo que sua carruagem o aguarda. -Ele assentiu. -A senhorita Amália também o aguarda.

Afonso suspirou, a muito tempo Amália não era uma boa companhia e, só em pensar nas horas que passariam juntos, o estomago revirava.

—Senhor, devo também avisa-lo que a agricultura alcançou níveis nunca vistos antes, ultrapassando até mesmo à mineração, o senhor teve uma esplendorosa ideia ao investir nos campos de Montemor e destinar certa quantidade de água às plantações.

Afonso negou, com um peso na alma e um pequeno sorriso no rosto.

—Não deve destinar seus gratulações a mim, Gregório, diga tais palavras a real pessoa por trás de mudança.

O concelheiro ficou curioso.

—De quem falas, majestade?

—Catarina, Gregório, foi tudo ideia de Catarina.

E saiu, carregando consigo milhares de memórias e grandes arrependimentos, como ele poderia voltar no tempo de resolver seus impasses?

As viagens de alguns reis duravam dias, mas, para Afonso foi questão de horas, por sorte e por ser manhã cedo, Amália dormiu por toda a viagem.

—Meu irmão. -Disse ele, animado ao cumprimentar Rodolfo.

O príncipe estava na entrada do pequeno castelo que possuía dando às boas vindas aos convidados, Lucrécia não estava ao seu lado, dada a necessidade de entreter os que já haviam chegados.

—Afonso, seja bem-vindo. -Disse polidamente, sem saber muito bem como se comportar na presença do irmão.

Rodolfo esperava a todo momento um ataque vindo de Montemor, ele conhecia a história, sabia como possíveis herdeiros viviam cotidianamente na mira de pessoas ligadas aos seus reinos, sabia que, normalmente, reis não eram de acordo com mudanças como a que aconteceria. Por esse motivo, uma guarda especial de Artena cuidava da segurança de Lucrécia e das crianças, sempre havia homens perto deles o suficiente para matar, sem dó nem piedade, qualquer possível ameaça, foi a ordem de sua rainha e eles morreriam entes de descumpri-la.

Antes que Afonso dissesse algo ao irmão, ao até mesmo Amália se metesse no assunto, outra carruagem chegou ao vilarejo. Homens começaram a retirar os pertences dali e o futuro rei de Brunis saiu do castelo sorridente.

—O príncipe Henrique não veio junto à sua família? -Perguntou o rei de Montemor, curioso.

—Não, o príncipe esteve conosco e com a corte de Artena durante alguns dias.

O príncipe abriu um belo sorriso ao avistar a irmã sair da carruagem, logo tratou de beija-lhe a mão e, juntos adentraram o castelo, na porta, Afonso pôde ver, os escuros e longos cabelos de Catarina apareceram e logo foram abraçados pelos braços de Aurora, sua alteza real de Brunis.

—Por favor, meu irmão, me acompanhe, seus pertences serão devidamente guardados em sua habitação.

Afonso assentiu e seguiu o irmão, esquecendo-se completamente de Amália, a qual os seguiu, observando toda e qualquer movimentação. Dentro do castelo monarcas dividiam-se entre comer e conversar amenidade e estrategias politicas, não foi difícil localizar Catarina, aos olhos do rei de Montemor ela sempre seria o centro das atenções. Mas, não houveram contatos entre eles, a maioria dos monarcas sequer ousaram se aproximar do rei ao notar a presença da plebeia. Assim aquele dia se seguiu, Rodolfo foi o único a dialogar verdadeiramente com o irmão. No dia seguinte, pela manhã todos logo estavam de pé.

—Eis que entrego nas mãos do Senhor vossas altezas reais príncipe Phillip de Monferrato, príncipe Eloise de Monferrato e princesa Penélope de Monferrato, que o Senhor Deus guie vossas escolhas e torna suas vidas sábios aprendizados.

O castelo estava todo ornamentado com flores brancas e vermelhas, o cardeal estava organizando toda a celebração e, com jubilo, entregou às crianças ao senhor Deus, eles se comportaram durante toda a cerimonia e, após o final, choraram a procura de alimento.

—Estavam tão formosos! -Exclamou Lídia, princesa de Morghenrof.

Todos que estavam ao seu redor logo concordaram.

Amália estava se sentindo ultrajada. Como Diabos um cardeal poderia está curado para um simples batizado e para o seu casamento ele só enviava cartas declarando instabilidade em sua saúde?

—Que maldição! -Exclamou contrariada.

—Creio que sejam palavras inadequadas para o momento, plebeia. -Disse a princesa Beatriz que, por um infortuno passava pela mulher naquele momento.

—Eu... Vejo que a saúde do cardeal se encontra em perfeita ordem. -Beatriz sentiu o sorriso crescer ao compreender as palavras anteriores, Amália ficou seria. -Sou novamente motivo de graça, alteza?

—Muito bem, usou adequadamente meu titulo, no entanto, contra meus princípios, ouso concorda com você, afinal a senhorita me causa enorme... -Ela pensou na melhor palavra. -Bom, me encanta sua habilidade de me fazer gargalhar.

—Perdão, mas a que se deve essa minha habilidade?

Beatriz pensou, mas quem tomou a palavra foi seu cônjuge.

—A seu falso senso de inocência.

—Isso, obrigada, meu amor. -Agradeceu e o sentiu pegar sua mão carinhosamente. -A saúde de vossa santidade é alterável dependendo do motivo pelo qual ele é clamado. -Amália franziu o cenho, fazendo Beatriz suspirar inquieta. -Em outra palavras, o servo do nosso senhor Deus jamais se prostraria a divina santidade pedindo por um casamento indigno, imagine só, uma plebeia suja e um rei, é uma equação inadequada.

Os olhos de Amália se enxeram de lágrimas, ao longo Afonso observou a estranha movimentação e se aproximou.

—Amália, o que aconteceu?

—Eu... -Mais lagrimas rolaram assim que ela o viu se aproximar e sua mão foi diretamente para barriga aparente.

—É simples, a plebeia estava confusa quanto a saúde do santo cardeal e, por caridade, minha amada Beatriz se dispôs a explicar.

—Do que está falando? -Questionou Afonso, confuso.

—Do seu possível matrimonio.

—Afonso, diga a eles que eles estão errados! Você enviou cartas para o cardeal! Diga a eles. -Implorava aos soluços.

Afonso ficou serio, imediatadamente. Beatriz e Felipe logo entenderam do que se tratava.

—Ele não mandou. -Disse Felipe a esposa, como se confidenciasse um segredo, mas em alto e bom som.

Os olhos de Amália se arregalaram.

—Você está errado! -Disse diretamente para o príncipe. -Afonso me ama, Felipe!

Felipe?

—Vossa alteza! -Corrigiu Beatriz, mais uma vez irritada com a clara falta de respeito. -É claro como água, plebeia. Não haverá matrimonio por duas razões. A primeira se trata de ordem, regras são necessárias para manter um equilíbrio no reino, você é uma clara ofensa a essa regra. A segunda, mesmo que a presença de um possível filho do rei seja algo a se importar, essa criança nunca passará de uma bastardo, seja pela clara concepção antes do matrimonio ou pelas suas origens. -Beatriz se aproximou perigosamente, fazendo com que Afonso também se aproximasse mais. -Você é tão pobre que não se alegrou em alcançar o posto do amante do rei, sua podridão foi tanto que vai desgraçar a vida de uma criança inocente.

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Nesse ponto Amália já tremia fortemente e tinha as fases vermelhas de raiva, ela a qualquer momento poderia agredir a princesa. Afonso sabia disso, por esse motivo distanciou a mulher do casal real e a levou para o jardins da propriedade.

—Afonso, me diga que ela mentia! -Exigia.

No entanto, antes que pudesse se pronunciar, vozes foram ouvidas, fazendo ambos se sobressaltarem.

—Lhe digo, meu amigo, não há futuro para Montemor se está permanecer nas mãos de Afonso, veja o que ocorreu hoje! Como pode haver tamanha humilhação perante a nobreza? A presença daquela serva em um evento tão importante, o disparate dela em nos responder... Eis uma promessa, na próxima vez que houver qualquer contato entre aquela mulher e nos, não haverá misericordia, Rodolfo foi muito cordial ao aceitar sua presença.

Uma risada soou.

—Precisamos preparar a forca! Eis um grande espetáculo e um excelente aviso, sangues não devem se misturar.

—Nunca. -Concordou o outro homem.

Amália estava arrepiada e tremia severamente, logo foi abraçada por Afonso que, compadecido com a situação da mulher, começou a lhe dizer palavras de acalento. Ela não se demorou ali, na verdade, nenhum dos dois, eles subiram para seu quarto e, após um banho, ambos foram para seus leitos. Amália dormiu nos braços de Afonso e ele não teve o mesmo prazer, pois passou toda a tarde em claro, repassando aquelas palavras em sua mente.

—Meu bem, o que há? -perguntou Henrique, pegando Catarina pela mão carinhosamente e a levando até um canto mais silencioso.

—Me senti mal ao ver o sofrimento da feirante.

Henrique sorriu calmamente e a tomou em seus braços, levando seus lábios a testa dela e deixando um beijo lá.

—Eis uma boa rainha, se preocupa com seu povo. Mas, Beatriz e Felipe estavam no seu direito de exigir respeito, aquela mulher, antes mesmo de engravidar, já destilava desrespeito para com a monarquia.

Catarina assentiu, ainda sentindo um estranho peso em seu ser.

—Catarina, o que há?- Perguntou Rômulo, sendo acompanhado por sua irmã, Alexandra.

Catarina trocou um rápido olhar com Henrique e sorriu.

—Creio que estou cansada, foi uma manhã agitada.

Alexandra sorriu e se aproximou.

—Devo descansar, soube que haverá um grandioso banquete pela noite.

A rainha de Artena assentiu.

°

A noite de Rodolfo passou-se sem muitas novidades, diferente da do seu irmão. Afonso passou a noite em claro, tentando acalentar Amália, a qual teve pesadelos durante boa parte da noite. Eram sonhos ruins envolvendo seu morte, a morte do seu bebé, a tomada dele, envolvendo uma possível futura humilhação publica ao ser expulsa de Montemor. Ela se debateu e chorou, quando o dia começou a mulher estava destruída. Tudo isso, ligado ao fato da dor de cabeça fez com que Afonso tomasse a decisão de ir falar com o irmão. Ele encontrou Rodolfo sentado nos jardins, brincando com uma das suas crianças.

—Rodolfo, por favor, pode me acompanhar?

O olhar do duque saiu da sua pequena filha e migrou para seu irmão.

—Claro, permita que eu entregue minha pequena criança a sua mãe. -Disse, já se levantando.

—Não é necessário, irmão, será uma rápida conversa.

Contrariado, Rodolfo assentiu, mas, na verdade, fez isso graças a clara segurança garantida pelos homens de Artena.

Eles andaram até uma sala fazia, porém com alguns móveis, próxima ao jardim, provavelmente algum recinto de relaxamento. Afonso sentou na cadeira que, provavelmente era destinada ao monarca das terras e Rodolfo permaneceu em pé, com sua pequena Eloise.

—Pode dizer, irmão. -Disse o duque, polidamente.

Afonso passou as mãos no rosto, procurando as palavras.

—Toda essa situação é muito estranha, Rodolfo, desde esse batizado em Montemor até os comentários que ele trouxe, no entanto, meu irmão, o que mais me incomoda é a repentina ação de alguns nobres contra a minha pessoa.

Rodolfo franziu a testa, claramente confuso.

—Fala de conspiração?

—Falo de insultos velados á mim e minha senhora.

Senhora? Ele fala da plebeia?, Rodolfo engoliu o riso.

—O que aconteceu?

Afonso respirou fundo, tentando reunir toda a paciência que tinha em si, como se aquele homem na sua frente não passasse de um ser sem entendimento.

—Rodolfo, irei repetir, sendo mais claro, desejo que os reis de Alfambres e Vicenza deixem esse local imediatadamente! Ontem houve um episodio de completa e plena humilhação para comigo e com a mulher que carrega o herdeiro do meu trono.

O príncipe de Montemor se controlou para não abrir um sorriso de puro escarnio.

—Creio que essa questão seja muito delicado, Afonso. -Disse serenamente. -No entanto, alguns pontos são necessários serem trazidos a tona. -A criança em seu colo se mexeu. -Apenas... GUARDAS! -Gritou. Logo, quatro homens de Artena adentraram a sala, espantando Afonso, tanto pelo grito quanto pela chegada dos homens armados. -Por favor, levem a princesa para sua mãe e... -Ele pensou um pouco, estudando silenciosamente a situação. -A águia tinha razão.

Imediatadamente os homens assentiram, se curvaram em respeito, pegaram a menina e sairão.

—O que isso significa? -Perguntou Afonso, autoritário.

Rodolfo virou-se para o irmão e o encarou, assumindo uma postura fria.

—Significa que você se comportou exatamente como previsto e que, infelizmente, é necessário zelar pela segurança dos herdeiros do trono, logo, da minha família.

—Rodolfo, você...

—Deve permanecer calado, rei de Montemor, vossas palavras já foram mais que necessárias para compreensão dos fatos. Sendo assim, lhe apresento as minhas. -Rodolfo andou pelo quarto, pensando. -Antes do falecimento de nossa, muitíssimo prezada e amada, avó houveram tempos de paz em Montemor, havia fartura de água e comida suficiente para abastecer o povo e, ainda, garantir preciosos acordos com o minério. -Seu rosto virou-se para o irmão. -Você acabou com isso! . -Depois tornou a observar o ambiente. -Em seguida, com a sua repentina volta, o povo, que já vivia o luto pela sua monarca, enxergou em você a esperança necessária para persistirem a viver bem. Você falhou. Levou àquelas pessoas a extrema fome e alimentou a sede por poder vindo de alguém que sequer conseguia pronunciar os cânticos de seu reino de nascença. -Ele encarou o irmão com frieza.

—Não ouse...

—O que? Te confrontar? Novamente? Não há motivo para temer nada, majestade. Vosso poder se esgota ao passar do tempo e com as suas ações... É triste quando percebemos o quão fundo o poço pode ser para alguns, Afonso. -Rodolfo suspirou. -Sua presença nesse recinto é bem-vinda, mas a ignorância nunca será. Portanto, sim, os monarcas permaneceram, pois aqui é o lugar deles, quem anda alterando regras e modos comportamentais é você, quanto a mulher que te acompanha, peça para ela ser cuidadosa, Amália ainda é uma cidadã de Artena, se a sua rainha se zangar pode, rapidamente, pedir sua cabeça e, a ela, será dada. Sem nenhuma dor por qualquer criança.

Afonso o encarava com claro ódio.

—Você não...

—GUARDAS! -Gritou antes que ele pudesse continuar, outros cinco homens entraram, a porta permaneceu aberta. -Até o momento os herdeiros do trono são essas crianças e... Só para alerta-te, eles estão devidamente seguros. Você não ira querer afrontar nenhum dos seus da Cália, pois se faltar um fio de cabelo da adorável cabeça das minha crianças, não sobrará um sequer da sua. -A expressão fria sumiu do rosto de Rodolfo e ele sorriu, como se nada tivesse acontecido. -Tenha um bom dia, meu irmão! Amanhã haverá reunião no palácio destinado a monarquia da Cália, é bem-vindo, meu irmão.

E saiu, tendo sua passagem guardada pelos homens de Artena. Assim que se viu longe das amarras do irmão mais velho suspirou de alivio ao se dar conta que tinha amadurecido o suficiente para lutar poder lutar pela sua família com veemência, nunca agradeceu tanto aos céus essa nova chance.

Diferente dos Monferrato, Catarina estava tendo um começo d dia esplendido, ela tinha acordado super disposta e, divergindo da noite passada, uma grande animação tomava de conta do seu ser.

—Por que precisa ir? Aquele incompetente do Ciro não pode arrumar tudo?

Henrique sorriu, com sua rainha em seus braços.

—Não esqueça que Jade também vai, aposto que eles mais ficarão juntos do que farão algo.

Catarina suspirou, o coração de Henrique deu um pequeno salto e a incontrolável vontade de permanecer nos braços dela parecia tomar seu ser.

—Penso em implorar. -Disse com um pequeno sorriso em seu rosto, o mesmo estava bem próximo do rosto do príncipe.

—Suplico que não implore, sabe que não aguentarei e sequer poderei pensar em partir.

—Isso está correto, você nunca deve pensar em partir, jamais! Há muito tempo me pertence, príncipe de Brunis.

Henrique a apertou contra si e deixou um beijo casto em seus lábios, Catarina soltou um pequeno gemido, só Deus compreendia o tamanho do seu dsejo pelo homem que a tinha em seus braços.

—Quem mais vai?

Henrique parou para pensar.

—Ciro, Jade, Vanessa, Bernardo e Beatriz.

—A princesa de Castelotes? -Perguntou recordando-se de uma conversa tida a muito tempo atrás.

—Sim, a princesa de Castelotes é formosa em inúmeros aspectos.

—Vanessa?

Ele assentiu.

Ele assentiu.

—Nunca conversamos sobre isso. -Disse ela.

—Tens razão, temos que por as cartas na mesa, mas já lhe digo por adiantado que não há nenhum rastro daquele antigo sentimento.

Catarina sorriu, mas por dentro seu coração estava pequenininho.

—Acho bom, es meu, meu querido. -Disse próximo ao ouvido dele.

Juntos eles caminharam até a entrada do castelo, encontrando os demais esperando e seus parceiros se despedindo.

—Creio que logo Felipe chorará. -Disse Aurora, achando graça da demora para o príncipe se despedir de sua esposa.

—Aposto um colar que ele não conseguirá ficar longe dela por mais que uma noite e, amanhã pela manhã, será o primeiro a chegar. -Disse Vanessa, a príncipe de Castelotes.

Elas se olharam e riram, sendo seguidas por Catarina e Henrique.

A presença de Vanessa não causava sequer um desconforto a Catarina, a jovem era um posso de alegria e nunca poderia pensar em atrapalhar a história de alguém. Sim, o coração da princesa doía ao ver a alegria do casal, mas também se alegrava por eles, ela gostava de Henrique o bastante para manter-se distante e, quando às saudades batiam, corria a ele, fantasiando amor de amizade.

—Do que riem? -Perguntou Felipe, com a voz um pouco fina.

—Gostaria de um lenço? -Perguntou Ciro, irônico.

—Oras, seu... Brinca com a situação pois Jade o acompanhará, mas, veja meu caso e o de Catarina, ficaremos sozinhos... -Os olhos do príncipe se encheram de lágrimas.

Era uma situação cômica.

Beatriz se controlava para não desistir e ficar com o marido que, naquele momento, estava mais que sensível.

—Meu amado, tens que se controlar. Amanhã estaremos juntos! -prometeu.

Felipe a abraçou apertado.

Eles subiram em seus cavalos e, sendo acompanhados por um número considerado de guardas, saíram do vilarejo indo na direção do palácio. Deixando um inconsolável Felipe para trás e, observando da entrada do castelo, um Afonso irritado com a clara demonstração de afeto entre Catarina e Henrique.

Catarina acabou por separar-se dos demais e, junto a Luciola, ambas contornavam um dos corredores do castelo indo para os jardins, a rainha necessitada ar puro após um começo de manhã de despedidas e reuniões com alguns reinos parceiros.

—Minha senhora, irei providenciar algo para a senhora comer.

Catarina assentiu.

—Sim, estou faminta e traga algum livro também, pretendo passar algumas horas aqui.

Luciola assentia e deixou sua rainha sentada em um banco do jardim. Catarina tinha os olhos fechados, apreciando a estranha mistura de sensações que o clima daquela região provocava.

—Vejo que se agrada com o tempo. -Disse uma voz firme, mas não fria.

A rainha de Artena sabia de a quem pertencia aquela voz.

—Sim, me agrada muito essa estranha mistura.

Ela ouviu um suspiro vindo dele e a presença dele ao seu lado.

—Fico feliz.

Ela abriu os olhos e o olhou.

—Qual o problema, Afonso?

Ele abriu um sorriso cínico, mas por dentro só alegrava ao ouvir seu nome ser pronunciado por ele de forma tão leve.

—Você é uma das primeiros pessoas que me chama de Afonso.

—Bom, suas atitudes não são boas lacunas para a aproximação dos nossos amigos. -Disse, aproveitando o sol em sua pele.

Ele o ouviu suspirar.

—Nossos amigos? Há muito tempo não cultivo à amizade dos monarcas da Cália.

Catarina abriu os olhos e, mesmo incomodada com o sol, o encarou.

—Por favor, Afonso, não creia que irei cultivar nenhum sentimento de pena para com sua pessoa. Essa distanciamento é apenas fruto das suas escolhas e... Sim, imagino que esteja cansado de ouvir isso e ouvir que precisar tomar decisões mais sabias, no entanto é necessário, primeiro, pagar o preço pelas decisões anteriores.

Ele não tinha o que falar, parecia que aquele mulher tinha a resposta para todas as suas perguntas.

—Eu parti seu coração? -Perguntou em sussurros. -Te machuquei? -Havia medo em seus olhos e temor pela sua resposta.

Mas, contrariando as expectativas do rei de Montemor, Catarina sorriu e voltou a fechar os olhos, com o rosto completamente virado para o sol.

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—Sim, partiu. -Disse calmamente. -Mas, está tudo bem, como pode ver não sofri tanto quanto imaginei, na verdade, foi bom.

—Bom?

Ela sorriu, o que provocou ondas de uma especie de prazer que distinguia de qualquer sentimento assemelhado à sentimentos carnais, era algo maior, parecia que Afonso sentia com a alma, sentia tanta falta dela, falta de sentir que poderia ser protegido e protege-la, sentia falta dos seus sorrisos destinados a ele e da maneira com que ela levantava a cabeça apenas para aproveitar algo, seja o vento ou os raios de sol.

—Sim, não é legal ser tão dependente de alguém. -Ela deu uma pausa, pensando nas suas próximas palavras. -Amor não é questão de obrigação e, diferente de muitos, eu posso escolher se quero amar ou não e, sim Afonso, eu escolho amar.

Ele não sabia o que dizer, então preferiu para de pensar tanto e focar em algo real.

—Eu te amo.

Ela não o olhou, mas suspirou.

—Você não ama, Afonso, você me deixou, escolheu partir e arcar com sua escolhas sem sequer me comunicar. -Ela se virou e, com os olhos sendo iluminados pelo sol (transparecendo o marrom), o olhou diretamente. -Quem ama não abandona... -O olhar dela vagou. -Você foi embora... O oceano sempre nos dá a resposta, Afonso.

—Senhora. -Exclamou Luciola, se aproximando com uma bandeja.

Aquela foi a deixa de Afonso, ele se levantou.

—Tenha um bom dia, Catarina.

—O mesmo, Afonso.

E saiu dali como se não estivesse deixando uma parte de si.

°

A rainha Gertrudes aproximou-se e logo estava ao lado de Catarina, ambas observavam o soar do baile de batizado. Afonso estava mais distante, com Amália e Gregório, muitos cercavam Rodolfo e Lucrécia questionando sobre os gêmeos, Lucrécia parecia ter se tornado uma especie de santa ao dar a luz a três crianças e as três permanecerem vivas e muito saudáveis, de fato, parecia um milagre. Alguns casais dançavam, para a surpresa de Catarina, Teobaldo estava distante da multidão e sentava em um banco com Mary ao seu lado, eles sequer se tocavam, mas tinham sorrisos travessos nos rostos. Felipe dançava com sua irmã, mesmo com feições tristes, tristeza essa que divertiu alguns monarcas fez com que outros pensassem na identica dependência com seus conjugues.

—Catarina, minha querida. -Se pronunciou a rainha ao seu lado, Catarina logo a olhou. -Em um tempo que já passou imaginei que poderia ser o baile dos seus filhos com Afonso de Monferrato... -Catarina iria se pronunciar, mas a mulher levantou a mão. -Sim, sei das atuais complicações envolvendo-os e, sequer consigo pensar igual pensava, no entanto era algo idealizado. Mesmo naquele baile para reaver Montemor, mesmo quando ele estava com a plebeia, ainda assim, me era de extrema clareza o olhar que ele lhe direcionava.

—Que tipo de olhar?

Gertrudes a olhou.

—Devoção.

Catarina sorriu.

—Creio que tenha havido um engano, o rei nunca foi devoto a mim.

Gertrudes sorriu, mesmo que seus feições continuassem serias.

—Não só foi, como é. E, acredite em mim, pequena águia de Artena, aquele homem daria sua própria vida a ti, se lhe fosse desejado.

Os olhos de Catarina pararam em Afonso. Ela o analisou. Ele parecia tão distante, como se quisesse firmar seus pensamentos, mas ao menos conseguisse se fixar no chão em que pisava. Ao seu lado, aquela mulher de nada lhe servia, nada. Talvez fosse por querer dele, talvez não, mas ela não adiantava muito.

—Durante minha infância, Afonso foi um bom amigo, quando cresci ele se tornou um desconhecido, agora, ao reinar, ele é apenas uma companhia diplomática.

Antes que Gertrudes dissesse algo a mais, Aurora passou pelos olhos de Catarina, estes se alegraram e ela piscou para a mulher que sorriu que fez um sinal avisando que estava de olho, coisa que provavelmente era armação do irmão.

—Vejo que, se es fruto de devoção de alguns, encontrastes vossa própria devoção.

Catarina sorriu.

—Henrique é muito mais do que eu sequer poderia sonhar, se engana ao pedir que Aurora garanta minha satisfação, ele com muito menos que um sorriso o faz.

Gertrudes assentiu, não feliz, mas contente pela visível felicidade da rainha de Artena.

Enquanto observava o baile e se distraia pensando sobre seu reino, Henrique e, até mesmo, a situação envolvendo Afonso, Catarina não percebeu a chegada repentina de Otávio, muito menos observou a aproximação da princesa de Castelotes, não, não Vanessa, a princesa mais velha se chama Antônia, ela seria a herdeira do trono

—Boa noite, majestade. -Disse a mulher fazendo uma referencia.

Otávio sorriu.

—Boa noite, minha querida.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.