Destino

Capítulo 13


Capítulo dedicado à warick, Pauliinha_eyva, Mury Motta, Gui_Lion, Lilá Brown, Thaís Perevell, joseuzumaki, Ana Black Salvatore, Looh, mia_kcullen, Andi, Gaby Black e Tsuki Kyra, que comentaram. Eu terminei esse capítulo ontem, mas fiquei sem internet o dia todo, desculpe.

O desenho mais parecido com o que o Rabicho fez para Harry que pude encontrar: http://images4.fanpop.com/image/photos/20600000/harry-ron-hermione-harry-ron-and-hermione-20682529-900-650.jpg

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PASSAMOS DOS 100 REVIEWS PESSOAL! MUITO, MUITO OBRIGADA! Em comemoração, vai um especial de 5000 palavras para vocês! Espero que gostem :D

“Como estão vocês?

Nós estamos bem

Não é o mundo ideal na cabeça de ninguém

Sono, sede, fome, frio,

Agora não dói mais

Sono, sede, fome, frio

Já ficou pra trás”

Titãs – Nós Estamos Bem

No domingo pela manhã, Harry estava trabalhando em seu plano. Ele quase não conseguira dormir à noite pensando no diadema, e tinha que destruí-lo o mais rápido possível. Considerando que a única forma que conhecia de fazer isso era com veneno de basilisco, o próximo passou ficou muito óbvio para ele. O problema principal é que nessa época Harry não possuía a espada e Fawkes dificilmente traria ajuda para ele, agora que o perigo que correria na Câmara Secreta era voluntário. Enterrou a cabeça nas mãos, pensando. Tem que haver algum jeito. Qualquer coisa. Qualquer coisa. Harry estava quase perdendo a cabeça, quando percebeu uma coisa: a chave para conseguir a espada era somente o Chapéu Seletor, a fênix só agira para levá-lo até o menino. Sorriu para si mesmo e levantou. Tomou banho e se vestiu com roupas adequadas para a batalha por debaixo das vestes da escola, e desceu para o Salão Comunal para esperar por seus amigos.

Todos notaram que Harry estava distraído, escondendo alguma coisa, mas não comentaram nada. Os Marotos se entreolharam e acenaram com a cabeça uns para os outros, em comunicação não-verbal que passou despercebida para os outros ocupantes da mesa. No dia anterior repararam que o comportamento de Harry estava estranho desde que voltara da detenção com o professor Lewis. Depois de tantos anos convivendo e aprontando juntos, os quatro tinham uma afinidade que quem era de fora não entendia, e pelos olhares trocados a mensagem era clara: vamos ficar de olho nele, porque com certeza está aprontando alguma. Claro, o alvo dessas observações estava inconsciente delas, olhando de forma significativa para Dumbledore do outro lado do Salão. O homem mais velho ergueu a sobrancelha levemente, mas assentiu. Depois do café da manhã, Harry disse que precisava falar com Dumbledore para resolver alguns assuntos pendentes sobre a matrícula, o que não enganou ninguém. Os outros se dirigiram para a Sala Comunal para fazer tarefas, terminar trabalhos e aproveitar o final de semana, enquanto Harry foi para o escritório do diretor. A gárgula abriu antes que ele pudesse dizer a senha, pois ele já era esperado.

O garoto se viu sob o olhar azul penetrante tão conhecido por ele e não pode evitar de sorrir.

- Bom dia, professor.

- Bom dia Harry. O que o traz aqui tão cedo?

- Para falar a verdade, professor, queria ter uma palavrinha com o Chapéu Seletor.

Os olhos do diretor cintilaram, e ele disse:

- Não seria nada relacionado à espada de Griffindor, não é Harry?

- Sim, seria. Gostaria de reaver a espada, se o Chapéu achar que sou digno novamente.

- Claro. Mas se me permite, por que esse desejo repentino?

Harry suspirou. Dumbledore, por mais que acreditasse em sua história, ainda estava longe de confiar nele como fazia o de seu tempo. Tinha que fazê-lo acreditar que não queria a espada por ganância, mas por algum motivo nobre, e Harry não estava disposto a revelar qual era de fato.

- Ela esteve sob minha posse durante algum tempo, professor, me habituei a tê-la por perto. Além disso, se formos em buscas das Horcruxes precisaremos dela em breve, certo?, respondeu, o argumento claramente muito facilmente refutável, uma vez que ambos sabiam que a espada não servia para nada sem o veneno. O garoto tinha certeza de que o professor saberia na hora que havia algo que Harry estava escondendo, mas esperava que a vontade de Dumbledore de dar à oportunidade de se provar para as pessoas falasse mais alto, e foi o que aconteceu.

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O professor sorriu e se levantou para pegar o Chapéu Seletor em uma das prateleiras. Ele entregou o pedaço de pano para Harry e sumiu por uma porta anexa ao seu escritório, dando privacidade ao menino. Harry pegou o Chapéu e o colocou, esperando alguns segundos antes de ouvir a voz saindo do rasgo perto da aba falando com ele.

- Interessante, rapaz... Interessante.

- O que é interessante, senhor?

- Que você esteja tão familiarizado comigo e não me recordo de você. Faz muito tempo que não falo com um viajante no tempo.

- Bem, eu preciso de uma coisa que o senhor pode me dar.

- Não sou estúpido, criança, eu já percebi isso. E você vai se meter sozinho a destruir um artefato raríssimo que pertenceu à minha adorada Rowena com ela? Acho que não, rapaz.

- O diadema pertenceu à Rowena Ravenclaw?

- Claro que sim. Quem mais poderia ter feito algo tão grandioso?

- O senhor tem que entender, a espada vai matar a Horcrux, que está maculando o diadema., tentou convencê-lo. Sabendo que o Chapéu via tudo que ele estava pensando, lembrou de tudo que Tom Riddle já tinha feito, de todos os gritos desumanos que as Horcruxes faziam...

O Chapéu ficou quieto, olhando as memórias de Harry, e soltou o que o garoto pensou ser um suspiro. Resmungou algo como “esse menino Marvolo, sabia que não ia dar boa coisa”, e de repente Harry se viu quase desacordado com o peso da espada que desabou com tudo em sua cabeça. Maravilhado, pegou a espada e a ergueu, sentindo como se ela fosse uma extensão de seu braço. Pegou o Chapéu e o devolveu à estante, decidindo sair sem se despedir de Dumbledore. Já no corredor, ele parou alguns instantes para pensar, determinando seus próximos passos. Harry tinha que colocar as memórias na penseira antes da aula de Lewis no dia seguinte, mas não queria esperar nem mais um dia sequer antes de destruir a tiara. Ia entrar na Câmara Secreta naquela tarde, após o almoço.

Harry fez seu melhor para esconder a espada debaixo da capa da escola, nas costas, mas definitivamente não bem o suficiente para que ele pudesse agir normalmente. No Salão Comunal ele correu para guardá-la a salvo de olhares em baixo de sua cama, e só depois desceu para conversar com seus amigos. Ele notou ou olhares que os Marotos estavam dirigindo à ele, e se esforçou o máximo que pode para parecer despreocupado. Harry observou divertido a conversa em que Lílian e Alice diziam querer ir para Hogsmeade novamente, ao contrário dos Marotos:

- James, amor. Vamos lá, vai ser divertido.

- Lily, por que nós não podemos simplesmente aproveitar o domingo em Hogwarts? Os exames estão chegando, nós temos que estudar... – o garoto falou para diversão suprema de Sirius, que riu alto do argumento muito obviamente falso de James, que não estudava voluntariamente para testes nem para salvar sua própria vida. Em Lily, porém, pareceu surtir efeito.

- É... Mas ontem você quase não me deu atenção, indo direto para aquela Zonkos! Que tipo de namorado é você, que me deixa sozinha para ir comprar coisas para brincadeiras? Não é assim que eu pensei que seria, James!, ela falou cada vez mais alto, deixando James horrorizado, se desculpando profusamente. Ele a abraçou e prometeu passar o dia inteiro com ela em Hogsmeade. A cena seria quase tocante se não fosse a piscada que Lily deu para Alice quando James finalmente a soltou e virou para falar com Peter. Harry achou que suas costelas iam partir de tanto segurar a risada, enquanto Remus parecia estar em uma situação semelhante. O garoto olhou para seu pai que ainda mandava olhares culpados para Lily, e riu mais ainda. Por outro lado, agora teria que arranjar uma desculpa para ficar em Hogwarts. Após o almoço, todos se dirigiram à saída, e Harry falou:

- Sinto muito gente, mas dessa vez eu passo.

- Como assim? Vamos, vai ser legal... Quem sabe você possa me apresentar a Madame Rosmerta..., disse Sirius, erguendo as sobrancelhas de modo malicioso. Harry fechou a cara.

- Que eu saiba ela não gosta de trocar fralda, Sirius. E eu perdi um tempão do ano letivo, se não começar a estudar agora vou ganhar mais T de Trasgo nos exames do que tenho fios de cabelo... -, respondeu, esperando que fosse convincente. Remus olhou para os amigos e acenou brevemente com a cabeça, fazendo-os suspirar aliviados. Pode deixar, eu fico de olho., ele parecia dizer.

- Isso, eu posso te ajudar. Você pode copiar as minhas anotações e..., - Harry bufou enquanto Lupin passava um braço em seus ombros e rumava direto para a Sala Comunal.

Harry estava se contendo para não petrificar Lupin bem ali. O garoto parecia estar fazendo de propósito para irritar Harry, falando e falando sobre um feitiço que Harry já conhecia, explicando detalhadamente toda a história de sua invenção. Há mais de uma hora, Remus parecia estar se esforçando para não deixar Harry sair dali, e o menino estava ficando mais nervoso. Quando o outro chegou ao ponto de erguer a mão de Harry para mostrar o movimento de varinha correto, ele achou que era o bastante.

- Lupin, eu já entendi. Obrigada.

- Mas eu nem falei sobre o...

- Não importa, já me ajudou bastante, acho que posso continuar sozinho daqui., e de uma forma estranha, o brilho no olhar de Lupin disse que era exatamente isso que ele esperava que Harry fosse dizer.

- Claro, Harry. Eu vou para a biblioteca, se precisar de mais ajuda me procure lá., disse, soando quase falso. O garoto de olhos verdes achou o comportamento do amigo muito anormal, mas não tinha tempo para perder. Correu para o dormitório, pegou a espada e respirou fundo. Revisou o plano em sua mente: matar o basilisco, pegar o veneno, destruir a Horcrux, retirar todas as memórias para deixá-las longe de intrusos. Ele sabia que ia ser mais complicado do que isso, mas era só o que podia fazer. Procurando algo dentro das vestes, ele tirou para fora um cordão com um frasco pequenininho, que ele usava pendurado, como um colar. De longe, o frasco parecia vazio, mas ali estava um dos bens mais preciosos de Harry. Quando Dumbledore morreu, Fawkes tinha pousado nos ombros de Harry e começado a chorar. Ele entendeu o recado, quase como se alguém tivesse falado para ele. A fênix ia embora depois da morte de seu dono, mas deixaria algo para Harry. Ele conjurou um recipiente e a ave virou a cabeça, permitindo que as lágrimas escorressem dentro dele. Pouco depois, ela cantou no funeral e foi embora para sempre.

Desde então, o frasco com as lágrimas estava sempre com Harry, como um amuleto. Aquele momento foi em que ele decidiu que ia continuar a guerra, ia atrás das Horcruxes e ia tentar com todas as suas forças vencer Voldemort, e estava entre suas mais significativas memórias. Apesar do canto desolado da fênix, o presente que ela lhe dera era esperança, para continuar vivendo depois da morte de seu mentor. Agora Fawkes, isso não vai mais acontecer.Não desta vez. Ele tocou o frasco para dar sorte, e se dirigiu ao banheiro do segundo andar.

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(...)

Lupin e o resto dos Marotos vinham se preparando desde a noite anterior. Eles já tinham aprontado vezes demais para não reconhecer alguém prestes a fazer isso, e Harry definitivamente ia. Eles tinham combinado de seguir o rapaz de perto caso ele conseguisse ficar sozinho, para não serem deixados de fora do que quer que o outro estivesse fazendo. Quando todos foram para Hogsmeade, Remus foi a escolha óbvia para ficar e “ajudar” o amigo. Ele se esforçou para não deixá-lo sair de perto de sua supervisão, mas acabou que Harry o dispensou solenemente, e o lobisomem percebeu que havia mais do que uma brincadeira no que Harry estava tramando. Quando o garoto subiu para o dormitório, Remus chamou os amigos pelo espelho duplo de James, que emprestara para ele. Sirius e Peter atenderam, prometeram achar James e voltar para escola o mais rápido possível. Quando Harry fugiu da escola para a batalha e foi capturado, todos se sentiram muito culpados, mas admiraram a força do rapaz. Assim, todos concordaram em ficar de olho nele, prontos para impedi-lo de fazer alguma loucura ou participar dela, se fosse o caso. Como um lobisomem, Remus tinha sentidos muito mais aguçados do que o normal, principalmente olfato e audição. Quando Harry desceu as escadas, ele se cobriu com a capa de invisibilidade de James e o seguiu cuidadosamente, para não ser descoberto. Ele começou a se perguntar aonde diabos ele estava indo quando sentiu-se ser empurrado por James e Sirius, que fizeram um barulho espetacular ao tentar se enfiar debaixo da capa sem serem percebidos. Harry virou para trás na mesma hora, a varinha apontada para a origem do barulho. Felizmente, Remus conseguiu controlar a situação e os três estavam quase agaichados para caberem todos sob a capa sem nenhuma parte descoberta.

- Cadê o Peter?

- Ele ficou em Hogsmeade para distrair as meninas. Deu trabalho convencer elas de que ele realmente adorava o Madame Puddifoot., Sirius respondeu, entre risadinhas abafadas.

- Cale a boca e vamos logo. Por Merlin Padfoot, você não consegue ser discreto?, eles seguiram o garoto de longe, o mais discretamente que puderam. Quando ele entrou no banheiro feminino, eles se entreolharam, surpresos.

- Ele pode ser algum tipo de tarado., sussurrou Sirius novamente, levando um tapa de Remus na cabeça. No momento em que entraram, porém, só tiveram tempo de ver uma mão arrancar a capa de cima deles.

Harry percebeu que estava sendo seguido fazia algum tempo. Quase paranóico, imaginou Comensais da Morte ou algo pior. Seguiu seu caminho até o banheiro, onde poderia se defender em um lugar sem tantas rotas de fuga para os possíveis atacantes. Qual foi sua surpresa quando puxou a capa de invisibilidade, descobrindo James, Sirius e Remus abaixados, meio enroscados uns nos outros, o mais próximo que podiam ficar para serem cobertos pela capa. Ele quase riu da cena constrangedora em que os amigos se encontraram, mas perguntou:

- Que diabos vocês estão fazendo?

- Nós é que devíamos perguntar isso, Harry. Seguimos você e olha aonde viemos parar!

- Se vocês não tivessem se metido aonde não foram chamados, com certeza não estariam aqui. Ou melhor, a julgar pela posição em que vocês estão, talvez gostem mesmo de encontros clandestinos em banheiros abandonados..., disse, tirando sarro da posição comprometedora em que foram achados.

Sirius se levantou rapidamente, ofendido, e se preparou para retrucar quando Remus levantou a mão, impedindo-o. Com o semblante sério, falou:

- Estou falando sério agora, Harry. O que é que você veio fazer aqui?, fazendo o alvo da pergunta pensar seriamente. Agora, não conseguia pensar em uma desculpa convincente, e nem gostaria disso. Sentiu-se mal por pensar assim, mas sabia que podia controlar os três caso não aceitassem e a situação fugisse do controle. Falou a verdade.

- Há uma Câmara escondida neste banheiro, e eu vou para lá. Ela foi construída por Salazar Slytherin, mas eu preciso ir.

- O quê? Você..você é um grifinório! Como sabe disso?, acusou Sirius, fazendo o afilhado suspirar.

- Olhe isso. – respondeu, tirando a espada de dentro das vestes, mostrando-lhe o punho com o nome de Godric Gryffindor gravado logo abaixo da bainha. – Eu sou ofidioglota, mas não significa que sou um Sonserino ou do lado das trevas., os três começaram a gritar raivosos, interrompendo-o com essa afirmação. Harry olhou diretamente para Lupin, e disse:

- Há muitas habilidade e criaturas que são pré-julgadas como sendo das Trevas, mas isso não é verdade. Muita gente sofre discriminação por ser uma coisa sob a qual não tem controle e tem que aguentar quem desconhece julgando como maligno. Supus que alguém como você Remus, não seria capaz de jogar pedras em mim por uma condição que me foi imposta e que tive que esconder a vida toda. Estou decepcionado., ele disse sinceramente, com voz grave.

- Como...como você soube?, respondeu o lobisomem, com voz fraca.

- Não importa, Lupin. Achei que vocês seriam mais compreensivos. Sinto muito, mas vou ter que tomar medidas mais drásticas., ele ergueu a varinha, mas Remus o impediu. Ele olhou para os dois amigos, voltou-se para Harry e disse:

- Quero ir com você., James e Sirius pareceram chocados, mas se recuperaram. Após o que pareceu ser um momento de reflexão, James também se pronunciou, dizendo que ia. Todos olharam para Sirius, que pareceu profundamente dividido. Por fim, ele suspirou e acenou solenemente com a cabeça.

- Tudo bem então. Preciso fazer uma coisa e pretendia fazê-la sozinho, mas não vou impedir vocês se quiserem vir. Mas para isso, vocês precisam confiar em mim. Se eu disser para vocês correrem ou ir embora, você tem que fazer. Se eu mandar você fechar os olhos, você fecha. Se eu pedir para ir embora, você vai. Entenderam?

Todos assentiram, meio assustados.

- Vocês vão ter que me deixar lidar sozinho com o que tem lá embaixo, porque eu sei como fazer isso. Se tentarem ajudar, provavelmente vão se machucar e eu também. Prometem fazer isso?, dessa vez, hesitação. Depois de um longo tempo, concordaram. Dando-se por satisfeito, Harry tomou a espada ainda na mão de Sirius e andou em direção à pia, procurando a cobra em miniatura na torneira. Depois de tantos anos treinando a ofidioglossia, Harry já não precisava imaginar que a cobra estava viva para falar, e ordenou com facilidade, ouvindo o assobio estranho que saiu de seus lábios. Viu também os três colegas sugando o ar com força, ainda sem acreditar direito. Uma luz branca piscou na torneira, que começou a girar, expondo o cano largo. Harry pulou nele sem pensar duas vezes, escorregando no limo, caindo infinitamente para baixo da escola.

Lá em baixo, Harry pisou nos crânios de animais e esperou que os outros descessem. Todos eles pareciam meio atordoados, olhando para o lugar com medo e espanto. Harry se perguntou se era assim que pareceu quando foi lá pela primeira vez, mas então lembrou-se que sua maior preocupação já naquela época era Gina. Ele instruiu os amigos a fechar os olhos à qualquer movimento estranho, mas não revelou por que. Não havia sentido em deixá-los ainda mais nervosos. Ao dobrar mais uma curva, se depararam com as duas cobras entalhadas na pedra, esmeraldas brilhantes no lugar dos olhos. Harry sussurrou “abram”, e elas se separaram, deslizando suavemente, permitindo a passagem.

Viram-se em uma câmara muito comprida e mal iluminada.Altas colunas de pedra entrelaçadas com cobras em relevo sustentavam um teto que se perdia na escuridão, projetando longas sombras negras na luz estranha e esverdeada que iluminava o lugar. Harry tomou a liderança, caminhando entre as colunas de pedra. Havia imagens de cobras esculpidas em todo lugar, imponentes e sibilantes, pareciam dirigir seus olhares de esmeralda para os visitantes. Harry parou no meio da câmara, tentando se lembrar das palavras exatas de Tom Riddle para convocar o servo. Finalmente, abriu bem a boca, e sibilou: “Fale comigo, Slytherin, o maior dos Quatro de Hogwarts”. Nada aconteceu. Permaneceu ali, incrédulo, quando entendeu. Saber a língua das cobras não basta, somente o herdeiro de Slytherin pode abrir a Câmara.

Mas Harry sabia que havia uma parte dele que estava lá, que sabia o que era ser um Slythrin verdadeiro. Ele respirou fundo e fechou os olhos, tentando encontrar aquela parte dele que sempre suprimiu. Aquela que sabia falar a língua das cobras, que tentava se conectar com cada Horcrux. Resgatou dentro de si a sensação de quando lançou o Cruciatus em Bellatrix, o prazer de observar a dor. Lembrou de Tom Riddle falando de como eram parecidos, do Chapéu Seletor falando que ele se tornaria grande na Sonserina. Sentiu o poder fluir por suas veias, sem se conter, deslizando por dentro dele como centenas de cobras rastejando. Harry deixou sua parte Slytherin consumi-lo, deixando-se dominar por sua própria semelhança com Lord Voldemort, pensando em todos os momentos em que estivera na mente dele durante o quinto ano. Sentindo-se infinitamente poderoso, ele ergueu os braços sem se conter, e por fim, repetiu.

Fale comigo, Slytherin, o maior dos Quatro de Hogwarts.

A boca da estátua de Salazar se moveu, deixando a vista um túnel escuro, do qual o basilisco saia, sibilando. Ele se desenrolou na direção de Harry, expondo toda sua grandeza. O garoto, ainda de braços para o alto, ordenou: “venha a mim, Rei das Serpentes.” A cobra gigante deslizou para Harry, que ergueu a espada de Gryffindor, pronta para o sacrifício. A serpente percebeu a intenção de Harry e tentou atacá-lo, os olhos mortais bem abertos na semi-escuridão. Ele se deitou no chão e rolou para longe, gritando para os Marotos correrem e fecharem os olhos. O basilisco o perseguiu, agitando a imensa cauda no ar. Harry viu quando ela jogou Remus e James para longe, sendo arremessados contra a parede e caindo, desacordados. Ele ergueu a espada novamente, tomando coragem para enfrentá-la. Ele permaneceu parado, os olhos quase fechados, esperando que a cobra o atacasse. Ela abriu a boca para abocanhá-lo quando Sirius começou a lançar uma imensa sucessão de feitiços, que somente irritaram o animal. Harry xingou a estupidez do outro com raiva, que agora corria loucamente pela Câmara, tentando escapar. O garoto correu para tentar ajudar Sirius, escalando as pedras, e sem pensar, pulou em cima da serpente. Às cegas, balançou a espada no ar com violência, cortando seus olhos, que sangraram um líquido negro profusamente. Ele se sentiu ser arremessado e caiu no chão, quase desmaiando com o impacto. O basilisco espumou em agonia, chicoteando a cauda no ar. O garoto levantou-se com dificuldade, sangue escorrendo de um corte acima da sobrancelha. Desviou do rabo da serpente, e tateou cegado pelo sangue quente que escorria em cima dos olhos, procurando a espada. Sua mão tocou o punho cravejado, e ele a arrastou para si. Desviando para longe da cobra, tirou sua varinha e fez um feitiço de cura em si mesmo, antes que sangrasse até a morte. Uma ironia e tanto, morrer por causa de uma queda quando tem um basilisco furioso atrás de mim., pensou, quase delirando. Sacudiu a cabeça, arrumando os pensamentos enquanto rolava tentando escapar. Segurava o punhal firmemente, e se ergueu novamente quando estava embaixo da boca sibilante. Com toda a força que possuía, fincou a espada na cabeça da cobra, transpassando-a de baixo para cima. Ela ainda balançou por alguns segundos, o veneno escorrendo loucamente em cima de Harry, e depois caiu no chão com um estrondo que tremeu a câmara. Sujo de veneno, suor e sangue, o menino recuperou a espada agora infectada da substância fatal para as Horcruxes com dificuldade, puxando o punho com as duas mãos, arrancando pele e músculo da cobra junto. Remus, James e Sirius agora estavam encolhidos em um canto, recém-despertos, observando tudo de olhos arregalados, mas ele não estava com paciência para lidar com isso. Respirou fundo por alguns instantes, recuperando as forças, e deu início ao processo de arrancar alguns dentes do basilisco, recolhendo em frascos o veneno que pingava de alguns deles. Cortou generosos pedaços de pele e, hesitante, arrancou os dois olhos amarelos, dilacerados e cegos. Sabia que o basilisco era um animal raríssimo, e que muito provavelmente aqueles eram ingredientes raros. Pretendia vendê-los para conseguir algum dinheiro para financiar sua busca para as Horcruxes, e guardar o veneno consigo. Ele passou a mão na testa, tentando limpar o suor da tarefa sanguinária, mas só conseguiu se sujar ainda mais. Percebeu que havia feito uma verdadeira carnificina, pele, sangue, veneno, pedaços da cobra para todo lado. Subitamente, se deu conta de que não sabia os efeitos do veneno em contato direto com a pele, e seu corpo formigava desconfortavelmente. Guardou tudo cuidadosamente, e andou para encontrar aos amigos. Quando ele deu o primeiro passo em direção à eles, viu que se encolheram automaticamente e Harry estacou, incrivelmente magoado. O flash de medo que passou nos olhos deles foi muito claro, e Harry sentiu aquilo como uma facada nas costas.

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Eles que resolvem me seguir, querem vir até a Câmara Secreta comigo pra depois ficaram com medo de mim. Ótimo. Perfeito., pensou com raiva. Respirou fundo para se acalmar, a adrenalina ainda correndo. Não é hora para ficar bravinho. Pelo amor de Merlin, são só um bando de adolescentes assustados, não estão com medo de você. Mas no fundo, no fundo, Harry sabia que eles estavam. Soltou a espada, guardou a varinha no coldre e se aproximou lentamente deles.

- Vocês estão bem?

- Estamos. Eu e James batemos a cabeça, mas acho que estamos ok.

- Ótimo. Sirius?

- Estou legal. A cobra não conseguiu me alcançar porque...bem, porque você pulou nela e tudo mais., ele respondeu, completamente embaraçado. Harry sorriu, mas não respondeu. Um silêncio tenso se espalhou, até que James se pronunciou:

- Harry... o que diabos era aquilo?

- Um basilisco. É um animal muito feroz, e fatal de muitas formas. Ele petrifica se você olhar nos olhos dele indiretamente, mas mata se olhar de frente. Além disso, o veneno é uma das substâncias mais mortais que existem.

- Oh claro, bem básico. E você notou que está coberto dele, certo?, comentou ironicamente Sirius, uma beiradinha de histeria aparecendo na voz.

- Nada que não possa ser resolvido, tenho certeza. Vamos logo, se demorarmos vão sentir a nossa falta. Ah, mais uma coisa. Por mais óbvio que possa parecer, tudo que aconteceu aqui hoje, permanece aqui. Ninguém pode saber, nem Lily nem Peter. OK?

Os Marotos hesitaram um pouco, mas concordaram. Todos caminharam para a saída, cambaleantes e cansados. Na entrada do túnel, Harry desencolheu uma vassoura.

- Não sabia que vocês viriam, então trouxe só uma. Vamos ter que ir aos poucos. James, leve Sirius na garupa. Cuidado, siga somente o túnel principal, senão você vai se perder aqui dentro e nós nunca mais vamos achá-lo., James engoliu em seco, mas subiu na vassoura velha do colégio, seguido de Sirius. Eles partiram e Harry se viu sozinho com Lupin, que o observava.

- Lá atrás... nós não estávamos com medo, você sabe. Não de verdade, pelo menos. Mas você tem que entender que a gente estava planejando pregar uma peça em você, te pegar com alguma garota ou algo assim. Aí nos vemos em uma Câmara obscura com uma cobra de seis metros tentando nos comer. Você puxa uma espada e sai duelando com ela, a mata e depois arranca os pedaços para guardar. Não é exatamente um domingo no parque, cara., disse com fervor.

- Eu sei, mas não pedi para vocês virem, pedi? Vocês nem deviam saber disso, pra começar..., falou, enterrando a cabeça nas mãos.

- O que você precisava fazer aqui em baixo? Não faz sentido!

- Eu...eu precisava disso. – ele tirou um dos numerosos frascos de veneno do bolso, mostrando o líquido escuro que ele continha. – Veja, quando eu matei o basilisco, a espada ficou impregnada disso. Eu preciso destruir um...objeto maligno, e o veneno de basilisco é uma das únicas coisas que podem fazer isso.

- Quando é que você vai começar a confiar em nós, Harry? Você está obviamente fazendo um tipo de missão, sei lá. Nós podemos te ajudar! Tem tanta coisa sobre você que não faz sentido e seria apenas tão mais fácil se você nos contasse o que é!

- Eu não posso, Remus. Eu desejo do fundo do coração que pudesse contar, mas eu não posso., ele disse olhando nos olhos de Lupin, e o outro garoto viu que era verdade. O silêncio caiu, mas não por muito tempo.

- Como é que você soube que eu era um lobisomem?

- É meio impossível conviver com um e não saber. Quer dizer, quantas vezes a história de “visitando a mãe doente” ia colar? Você tem os sentidos mais sensíveis que o normal, você fica doente na lua cheia. Você esconde bem, mas eu já tive um amigo lobisomem, sei como é.

- Sério? Como que ele era?

- Ele era um dos melhores amigos do meu pai, e foi meu professor durante um ano. Levou uma vida difícil pra caramba, e quando ele finalmente teve a chance de construir uma família, achou que não merecia, inventou uma desculpa e foi embora. Fiquei tão bravo com ele por causa disso que quase partimos pro braço... Ficamos um bom tempo sem nos falar, mas depois ele me convidou para ser padrinho do filho dele. Apesar disso, ele é um dos homens que eu mais admiro. Depois que o meu padrinho morreu, ele foi o único que realmente entendeu o que eu estava passando, a gente meio que se ajudou.

Remus ficou em silêncio, ouvindo. Por fim, perguntou:

- Mas... ser lobisomem afetava muito a vida dele?, falou baixinho, e Harry pode ver o medo nos olhos dele, o adolescente assustado com a perspectiva de sair de Hogwarts e não conseguir uma vida normal.

- Confesso que não sei muito sobre a vida dele, mas afetou sim. Ele foi rejeitado muitas vezes, mas isso não o impediu de se tornar extremamente competente. Afetou para o bem e para mal. Demorou para ele achar o rumo certo, mas achou, e agora ele está feliz. – Lupin pareceu ter uma carga enorme tirada dos ombros. Nessa hora, James mandou a vassoura pelo túnel, e Harry e Lupin subiram, cansados, sujos e cheios de dúvidas, mas com mais esperança do que tinham quando vieram.