Destino

Capítulo 20 - Os Sentimentos de Renji


Rukia corria para casa tentando escapar da chuva que já começava a cair. Apertou mais a capa de Ichigo contra o corpo, suspirando ao sentir o cheiro que ainda emanava. O cheiro dele. Sorriu, corada, lembrando dos momentos incríveis que ambos haviam compartilhado. Jamais antes havia se sentido tão completa e feliz.

Diminuiu a velocidade dos passos ao aproximar-se de sua casa. Abriu a porta e espiou lá dentro. Pelo jeito ninguém tinha chegado ainda. Dirigiu-se rapidamente para o seu quarto, achando melhor tomar um banho e guardar a capa de Ichigo antes que alguém a visse. Iria devolvê-la no dia seguinte. Entretanto, ao abrir a porta do quarto, levou um susto ao deparar-se com Renji sentado em sua cama. Parecia que estava ali fazia muito tempo, tinha uma expressão sombria, apoiando o rosto nas palmas das mãos, os ombros caídos.

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– Renji, o que faz aqui? – perguntou, imaginando se algo grave havia acontecido – Por que não está trabalhando? Aconteceu algo?

– Não aconteceu nada – por um momento, Rukia sentiu-se mais tranqüila - Onde estava, Rukia?

– Eu... estava... é.. – Rukia tentava responder ao irmão.

– Parece que fiz uma pergunta difícil... – Renji falou, com um sorriso cínico – Deixe-me fazer uma mais fácil: quem é Ichigo?

Rukia o encarou, surpresa. Como ele sabia? Decidindo que já era hora de parar de esconder a existência do ruivo, ela foi franca:

– Como sabe sobre Ichigo, Renji?

– Não importa como eu sei. O que importa é que eu sei. Quem é ele, Rukia?

– É um... amigo realmente importante... – disse, com um pouco de medo da reação do irmão se lhe dissesse qual sua relação com Ichigo. Imaginou o que ele faria se soubesse do que se passou mais cedo, na cachoeira. Não conseguiu evitar um tremor.

– Um amigo... tem certeza, Rukia? A julgar pelo rubor na sua face e... por outras razões – não iria lhe dizer que ela havia sussurrado o nome dele enquanto dormia, não haveria como explicar isto sem complicar-se – não me parece que seja apenas um amigo.

– Renji, eu realmente não quero falar disto com você agora – Rukia tentou encerrar a conversa. Dirigiu-se para seu armário, metendo a capa de Ichigo lá dentro – Agora, por favor, saia de meu quarto que quero tomar um banho, me trocar e... – foi interrompida por Renji, que segurou com força o seu braço, virando-a para si.

– “Não quer falar disto agora?” Como ousa tratar-me desta maneira, praticamente me expulsando do seu quarto? Tenho o direito de saber quem é este sujeito que acha que pode envolver-se contigo. – disse enfurecido diante da atitude da morena.

– Direito? Que direitos você acha que tem? – Rukia decidiu enfrentá-lo. Estava farta do irmão agindo como se fosse seu dono. – você não é meu dono, não é meu pai e muito menos o meu esposo. Você é o meu irmão. Não tem direitos sobre a minha vida! Conto-lhe o que eu quiser e quando quiser! Agora solte o meu braço, que está me machucando. Não me obrigue a levantar a minha mão a sério contra você.

Renji recuou como se Rukia tivesse lhe dado um tapa. Nunca a sua adorada e doce Rukia havia falado com ele daquela maneira. Sua fúria diante da possibilidade de perdê-la não permitia que ele percebesse que a tratando daquela maneira a estava afastando de si, portanto, decidiu que devia ser tudo culpa daquele tal Ichigo. Aquele desconhecido que estava tentando roubar o amor de sua morena.

– Então é assim que me trata agora? – disse, enfurecido - Esquece que eu sou parte da sua família? Não vê o que este tal Ichigo está fazendo contigo, Rukia? Este imundo esta a te transformar em alguém que não respeita mais a família, em uma qualquer que...

O alto som de um tapa encheu o quarto de Rukia. Espantado, Renji levou a mão à face, depois olhando para Rukia com indisfarçável perplexidade. Poe um momento, sentiu vontade de revidar, entretanto, controlou-se enquanto fitava a pequena, que tinha os olhos marejados.

– Nunca mais... – ela engasgou – nunca mais se atreva a chamar-me de uma qualquer, e lave sua boca antes de chamar Ichigo de imundo. Você não o conhece como eu conheço. Agora saia do meu quarto. SAIA!! – disse, empurrando-o para fora do quarto.

– Essa conversa não acabou, Rukia. Quero saber que é esse Ichigo e quero saber agora! – ele disse, tentando ficar no quarto.

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– Qualquer conversa minha contigo já está encerrada há muito, Renji.

– Então, veremos o que Urahara e Youruichi pensam acerca de seu comportamento escandaloso.

– Faça como quiser, contanto que SAIA DO MEU QUARTO! – ela gritou.

Rukia conseguiu colocá-lo para fora, batendo a porta assim que ele saiu. Encostou sua testa na porta, depois se virou e apoiou as costas na mesma, escorregando até o chão. Abraçou os joelhos enquanto iniciava um choro sentido. Nunca ela e Renji haviam brigado desta maneira. Desejou que Ichigo pudesse estar ao seu lado, mantendo-a naquele abraço quente, que fazia com que ela sentisse que nada no mundo poderia lhe causar mal.


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Do lado de fora, Renji socou a porta, furioso. Afastou-se quando ouviu o som do choro da morena, naquele momento sentia-se incapaz de ter qualquer compaixão pelo sofrimento dela.

– Isso não vai ficar assim. – dizia para si mesmo - Vou conversar com Youruichi hoje mesmo e dizer-lhe o que está acontecendo. Tenho certeza que Youruichi ficará do meu lado. – o ruivo iludia-se, imaginando que Youruichi o ajudaria a afastar Rukia daquele desconhecido. Sem esperar mais, deixou a casa em direção à área de treinamento do esquadrão. Iria resolver isto agora mesmo


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– Kisuke, eu já estou indo, tudo bem? – Youruichi perguntou para o marido. Urahara lançou-lhe um olhar penetrante. Geralmente era ele quem tinha que praticamente arrastar a esposa do esquadrão. Youruichi, percebendo o seu olhar, completou – É, eu sei que sempre sou eu quem sai por ultimo. Mas hoje, desde cedo, estou com este aperto no meu peito... Quero ir ver se Renji e Rukia estão bem.

– Eles estavam bem estranhos ontem no jantar, não? –disse Urahara, pensativo – Renji parecia extremamente zangado, embora tentasse se controlar. E percebi que Rukia evitava o olhar do irmão, como se estivesse assustada... Tem alguma idéia do que pode estar acontecendo, Youruichi-san?

– Mais que uma idéia, meu querido – A morena respondeu, com um suspiro – Tenho quase certeza do que está acontecendo. Acredito que Renji não foi capaz de superar aquela paixonite por Rukia, antes, ele a cultivou. Posso ver como ele olha para ela – Urahara olhou para a esposa, visivelmente aflita. Há muito tempo ela havia contado sobre a paixão que Renji nutria pela pequena. – E nossa filha atualmente brilha de felicidade, como nós, quando nos apaixonamos... Para mim, é mais do que obvio que ela está apaixonada por alguém, e esse alguém não é o Renji. Pela maneira como as coisas estavam ontem, e como Renji estava hoje, parece que ele já descobriu sobre a paixão da irmã. E o pior é que eu o mandei hoje para casa mais cedo, sem nem pensar na possibilidade de Rukia não estar lá... e agora estou preocupada – terminou, levando uma mão à testa.

– Yare, se está tão preocupada, então é melhor que vá logo, querida – Urahara pegou na sua mão e a trouxe para um abraço carinhoso. Sempre achara incrível a maneira como a esposa se conectara com aquelas duas crianças, a ponto de sentir quando havia qualquer coisa de errado com os dois.

Youruichi aninhou-se por um momento nos braços do marido. Deu-lhe um leve beijo nos lábios, e então se afastou.


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Youruichi estava a meio caminho de casa quando avistou a conhecida figura de certo ruivo. Praguejou em voz baixa. Por Kami-sama, seu maldito sexto sentido não podia ter falhado, ao menos uma vez?

– Youruichi-san! Que bom que a encontrei – Renji disse assim que a avistou – Descobri algo muito grave hoje! Descobri que Rukia anda saindo escondido e pior, anda se encontrando às escondidas com um rapaz!

– Não diga, Renji – Youruichi disse, com um suspiro. Pelo jeito, fora capaz de adivinhar com precisão o que estava acontecendo – Bem, filho, para mim era bem obvio que Rukia não vivia enclausurada em nossa casa, e ela está certa! Afinal, ela não é nenhuma prisioneira – disse, deixando Renji visivelmente surpreso e irritado – Na verdade, nunca vi sentido na tola proibição que você tentou impor à Rukia, Renji...

– Youruichi-san! Como pode falar assim, tão calmamente? Se tentei impedir que Rukia ficasse saindo sozinha, foi com a intenção de protegê-la! E o que está acontecendo só vem confirmar que eu estava certo: já há um rapaz tentando aproveitar-se de sua inocência, e ela encontra-se enfeitiçada por ele, chegando ao ponto de estapear-me a cara por que disse uma palavra quanto àquele cão!

– Essa é minha filha!! – disse Youruichi com um sorriso, diante do olhar aturdido do filho – Ora, Renji, o que esperava? Se alguém se referisse à pessoa por quem estou apaixonada por estes adjetivos, eu certamente lhe pagaria a ofensa da mesma forma! Você tem que ter mais tato, Renji... E tem mais: como você pode ter tanta certeza de que este rapaz deseja somente aproveitar-se dela? Quem sabe não estão ambos apaixonados? Também diziam coisas horríveis de seu pai quando nos apaixonamos... E já se passaram mais de vinte anos desde que estamos juntos!

Renji sentia-se frustrado. Sua conversa com Youruichi não estava acontecendo como imaginara. Pensara que ela o apoiaria incondicionalmente e que trataria de por algum juízo na cabeça de Rukia, ainda que fosse à força...

– Youruichi-san, eu sinceramente achei que se preocupava mais com sua filha – Renji resmungou.

– Claro que eu me preocupo com ela Renji! Só não vou me precipitar em meus julgamentos. E você, se realmente ama a sua irmã, deveria tentar compreendê-la. E se a felicidade dela estiver ao lado deste rapaz?

– A felicidade dela não está ao lado deste rapaz – Renji exclamou, sentindo uma onda de desespero ao imaginar um futuro sem sua morena.

– Como pode ter tanta certeza, meu filho? – Perguntou Youruichi. Sentiu-se culpada diante da evidente dor do rapaz. Havia se omitido por tempo demais. Já estava na hora de trazer o filho à realidade.

“Porque a felicidade dela está ao meu lado” – Renji pensou. Entretanto, não foi capaz de dizer qualquer palavra para a mulher à sua frente.

– Renji – chamou-o, gentilmente – Sinto muito. A verdade é que tenho me omitido... Talvez por não querer magoá-lo, ou talvez por acreditar que aquele sentimento que nutria por Rukia era passageiro, coisa de adolescente – Renji olhou-a, realmente surpreso. Youruichi e ele jamais haviam conversado sobre o sentimento que acidentalmente revelara naquela noite. – Renji... você tem que superar este sentimento... A realidade é que, apesar de não haver laço sanguíneo, você e Rukia são irmãos. E acho difícil, até mesmo impossível, que a esta altura da vida ela consiga vê-lo de outra forma...

A verdade atingiu-o brutalmente. Jamais conseguira abandonar a esperança de que Rukia viesse a amá-lo e ouvir aquela verdade da boca de sua mãe fez com que o ruivo desmoronasse. Desviou o olhar por um momento, dando um pesaroso suspiro, e então voltou a encarar Youruichi, que se assustou ao ver lagrimas nos olhos do rapaz.

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– Você acha que, no fundo, eu não sei disto, Youruichi-san? Acha que nunca tentei apagar este sentimento? Eu tentei, juro que tentei... Mas esquecê-la me é impossível. Ainda que me tirem o coração, continuarei a amando, pois ela está gravada em minha alma! – teimosas lagrimas escorriam pela face do ruivo quando terminou de falar.

O coração de Youruichi doeu por seu filho. Aproximou-se do rapaz e abraçou-o. Renji não mais conteve as lágrimas, e a morena sentia que tinha novamente em seus braços o assustado garotinho de nove anos que ele era quando o encontrara.

– Chore, meu filho, chore – disse, acariciando-lhe o cabelo – Pode chorar até tirar toda esta agonia de seu coração. Essas lágrimas não são desonra, são a prova do quão profundamente você é capaz de amar. E amar assim, Renji, é a maior virtude que alguém pode ter...

Após ouvir estas palavras Renji sentiu-se acalmar. E permitiu que aquele pranto corresse livre, na esperança de que as lagrimas pudessem lavar a imensa tristeza de sua alma.