“ O hanyou rugiu mais uma vez se lançando contra o lobo que não teve forças para desviar e com mais um soco o jogou ao chão. Queria destroçá-lo, fazê-lo em pedaços, arrancar a força a sua existência da face da Terra. Ele era uma ameaça, muito forte, muito astuto e poderoso. Tinha que morrer. Jogou-se sobre ele imobilizando o corpo fraco no chão e levantou as garras pronto para separar a cabeça do corpo, porém antes que pudesse fazer algo, sentiu o ombro direito ser atingido por algo pontudo. Ao olhar para frente viu Kagome com o arco ainda em pé com a mão parada na mesma posição em que deixara a flecha escorregar de seus dedos.”


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Sentiu a energia sendo drenada. Gritou saindo de cima do adversário que o olhava pasmado sem procurar o autor do disparo salvador. A dor!Era como ter os orgãos internos esmagados e triturados por uma força invisível. Colocou a mão sobre a flecha tentando arrancá-la, mas não conseguia sequer fechar as mãos sobre ela. Caiu sentindo a dor diminuir. A consciência voltava aos poucos. As garras encolheram, os caninos perderam o poderoso fio de corte recolhendo-se ao tamanho normal, os cabelos prateados escureceram até se tingirem por completo de negro, as orelhas desapareceram deixando apenas a aparência humana para trás. Sem energia Yokai , pôde enfim, fechar as mãos sobre a flecha arrancando-a com um movimento brusco. A carne reclamou, verteu sangue. Trincou os dentes para não gritar. Tinha esquecido como era horrível ser humano. Era doloroso. Um sutra poderoso estava preso ao cabo. Retenção, era o que trazia escrito a mão

Kagome se aproximou de Kouga e o ajudou a se levantar. Pôs a mão na boca ao ver o estado lástimavel em que estava cheio de cortes e sangue em todo o corpo e rosto.

_Kouga-kun.

_Kagome, não podia ter aparecido em uma hora mais oportuna. – ele disse aliviado.

_Oportuna?Já viu como está ferido?

_Posso garantir que, mesmo sem ver todos os ferimentos, eu os sinto. Se você tivesse demorado mais um segundo o Yusuke ia virar orfão de pai.

_Vira essa boca prá lá. Ainda bem que está vivo. Não faço idéia de porque estava lutando, mas isso não importa agora. É melhor levá-lo de volta a casa da Kaede-sama e tratar esses ferimentos.

_Não se preocupe tanto, eu vou sobreviver. Se esqueceu que sou Yokai?

_Como ia esquecer isso se essa sua maldita teimosia não deixa?! Agora vamos. Consegue andar?

_Acho que sim.

_Então vamos.

Kagome passou um dos braços dele sobre os ombros ajudando-o a se levantar. Quando chegou ao descampado e o viu lutando com InuYasha sentiu o corpo vacilar por alguns minutos, deixando-a sem ação. Reencontrar com o hanyou tinha sido uma surpresa e tanto. Sabia que visitando a Era Feudal com tanta frequência isso aconteceria, mais cedo ou mais tarde, e no fundo acabava torcendo para que nunca acontecesse, mas tinha acontecido e agora estava de frente para o maldito que brincara com o seu coração quando mais jovem.

Por muito tempo imaginou a reação que teria com o reencontro. Se pegou imaginando a mais diversas reações possíveis, lágrimas, raiva, rancor e agora se sentia aturdida ao contatar que não se comportava de nenhuma dessas maneiras. Não queria esganá-lo, não queria chorar, nada. Sentia-se normal, como se reencontra-se apenas um conhecido. A única reação que esboçou ao vê-lo encurralar Kouga foi a de medo de que ele machucasse fatalmente o Yokai. Kouga sim, despertava nela algum sentimento. Largou a cesta, apanhou uma das flechas, marcou-a com um dos selos de supressão que trazia na bolsa e lançou contra InuYasha tomando o cuidado de não acertar nenhuma parte vital. Nunca havia acertado- o de maneira tão agressiva, mas não se importou muito. Sabia que ele não morreria devido ao seu lado humano.

Deu as costas a ele. Não se importava com o que ele podia estar pensando, nem se estava ferido ou sentia dor. Preocupava-se apenas com o amigo que tantas vezes a ajudou em seus momentos de tristeza e que agora estava ferido.

InuYasha, por outro lado, sentia-se perdido diante da presença de Kagome. Sabia que ela estava diferente, sentira isso na noite passada, mas não tinha noção de quanto. Ela o acertara e, sem se preocupar, correu para socorrer Kouga. Pela primeira vez ela não esboçou nenhum sinal de preocupação para com ele.

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_Kagome.- chamou segurando o ombro ferido.

Ela tinha se levantado e caminhava em direção a vila. Trazia o Yokai lobo apoiado em um dos ombros. Parou ao passar por ele, fitando-o nos olhos.

_InuYasha, é uma surpresa nada agradável vê-lo. O que faz aqui tão longe da Kikyou?-perguntou interrompendo a marcha.

Kouga permanecia quieto.

O hanyou sentia o olhar dela esmagar o coração.

_Eu precisava conversar com você.

_Conversar comigo?Desse jeito, atacando o Kouga-kun?!

_Eu não queria que isso acontecesse. Ele tentou me impedir.

_Claro que tentou. É meu amigo, quis apenas me proteger.

_Ele me atacou!

_E você revidou. Olha, eu não sei porque resolveu dar as caras depois de tantos anos e, sinceramente, não me importo muito com os possíveis motivos. Se quer conversar não precisa de tanto auê. Eu vou levar o Kouga para a vila para tratar dos ferimentos dele, porque não vem junto. Está ferido e, na forma humana, duvido que vá conseguir voltar para junto da Kikyou para que ela cuide dos seus ferimentos.


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Hayato estava do lado de fora, sentado em um pequeno banco, quando sentiu o cheiro da mãe se aproximando. Deixou o vide-game cair das mãos ao sentir cheiro de sangue vindo na mesma direção. Estaria ela machucada? O sangue gelou. Apoiou uma das mãos no banco e alcançou as muletas que estavam deitadas, levantando-as se pondo de pé com menos velocidade que queria. Maldita perna engessada, não fosse o maldito ferimento já estaria perto dela.

Mal deu três passos e viu Miroku surgir na porta.

_Ei garotão, onde pensa que vai sozinho?

_Tio Miroku, ainda bem que apareceu. Temos que ir depressa, eu senti o cheiro da minha mãe e de sangue!Acho que ela está ferida!

O monge abriu os olhos preocupado. Se Hayato tinha farejado sangue com certeza não era uma coisa boa. Entrou apressado procurando a bolsa que sempre trazia consigo. Kaede, Rin e Sango que riam e conversavam coisas átoa se assustaram com a pressa de seus movimentos.

_Sango, onde está a minha bolsa?- perguntou aflito.

_Na estante detrás, mas porque tanta aflição, homem?

_Hayato, ele disse que sentiu cheiro de sangue. Tenho que ir até Kagome, ela pode estar em perigo.

As três se levantaram assustadas.

_Meu Deus, temos que ir logo.

Miroku mirou a bolsa no lugar onde a esposa tinha afirmado. Abriu e pegou uma sacola de sutras que amarrou junto ao uniforme.

_Não podemos ir todos. O Kouga não está aqui e alguém tem que ficar para proteger as crianças. Deixem que eu vou sozinho.

_Nem pensar, pode ser algum Yokai perigoso. – Sango disse lavantando o osso voador e apoiando-o nas costas como se pesasse o mesmo que uma pluma.- Eu também vou.

_Sango, você tem que ficar. – ele pediu sério.

_Não tente me deter Miroku, eu sou uma caçadora, tenho experiência em lutas. Não posso ficar aqui sentada enquanto a minha amiga e o meu marido correm perigo!

Ela seguiu em direção a porta, mas foi impedida por ele.

_Não vá Sango. Você tem que ficar para proteger as crianças e a vila. Se for um ataque Yokai vamos precisar de uma caçadora experiente.

_Eu vou com você, Miroku. Não tente me impedir.

_Sango!- gritou fazendo ela se assustar. Era a primeira vez que se alterava com a esposa.- Não vá, por favor.

_Miroku, você sabe que esse papel de esposa assustada que depende da proteção do marido não serve para mim.

_Eu sei. Por isso estou pedindo para que fique. A sua força pode ser necessária aqui. Não pode abandonar as pessoas a mercê do perigo. Entenda, por favor.

Os olhos dele estavam suplicantes. Sango deu um passo para trás pesando os prós e os contras das suas alternativas que se abriam a sua frente. Deveria ir, tinha certeza disso. Não conseguiria se acalmar imaginando Miroku correndo perigo sem que ela estivesse ao lado para socorrer, mas não tinha coragem de negar o pedido dele.

_Fique, por favor. A vila precisa tanto das suas habilidades quanto eu. – disse como se adivinhando seus pensamentos.

_Tudo bem.

_Obrigado por entender.

Miroku deu um beijo na testa dela e saiu. Mirou os lados e xingou baixinho ao perceber que Hayato não estava mais lá. Deveria ter se atentado ao espírito inquieto do garoto e levado em consideração que ele não iria obedecer como uma criacinha disciplinada. Esse comportamento não seria de seu feitio. A sua pequena discussão com Sango tinha rendido minutos preciosos e agora ele tinha dois problemas nas mãos.

Felizmente não precisou andar muito para encontrá-lo. Respirou aliviado, apertou ainda mais o passo e chegou ao lado direito do garoto, acompanhando a sua marcha lenta, porém decidida.

_Merda de gesso!- Hayato resmungou sem olhar para ele. – Se não fosse ele eu já estaria do lado da minha mãe.

Miroku nada disse. Sabia que ele estava certo. A urgência da possível situação cobrava mais agilidade, mas no momento não podiam dispor disso. Mesmo que Miroku pudesse se adiantar, sem Hayato e seu faro apurado, seria impossível encontrar Kagome naquela mata fechada. Teriam que ser pacientes e rezar paa que tudo desse certo.

Os passos eram lentos e nervosos. Hayato praguejava a sua condição com todas as forças. O vento parecia querer zombar dele e soprava a favor, trazendo, com ainda mais intensidade, o cheiro que fazia sua mente trabalhar a mil. Por duas vezes bateu com o gesso em uma pedra largada no meio do caminho, era doloroso, mas ele não tinha cabeça para se concentrar na dor e logo a esquecia. Outro cheiro fez os pêlos do seu corpo se arrepiarem em um terrível frênesi, era familiar. Hayato conhecia-o de anos. Kouga.

Os dois se sobressaltaram ao ver três sombras surgirem de dentro da mata. Uma era baixa e parecia carregar outra pessoa no ombro, que, pelo formato da silhueta, sugeria um homem ferido. A terceira vinha atrás, cabisbaixa, segurando um dos ombros como se ele fosse partir. As sombras andavam com passos lentos, porém decididos que os faziam abandonar, aos poucos, o julgo das sombras feitas pelas copas das árvores mais altas.

O garoto identificou a mãe e Kouga pelo cheiro. Quando eles abandonaram de vez a faixa escura, respirou aliviado ao perceber que a mãe estava bem e trazia o Yokai lobo no ombro, servindo-lhe de apoio. Respirou aliviado, percebendo tardiamente que não era a mãe que sangrava e sim ele. Peocupava-se com o pai substituto, era triste vê-lo aparecer daquele jeito. Kouga é um Yokai lobo muio poderoso e jamais o vira ganhar mais de um arranhão em confrontos devido as suas habilidades, que dirá ferimentos que o deixassem de uma maneira tão lastimável a ponto de não conseguir se sustentar nas pernas.

Miroku correu para socorrer Kagome. Uma luta entre Yokais era algo corriqueiro e Kouga adorava fazer aquilo, apesar de nunca ter chegado em tais condições. Precisava ajudá-lo. Ele era pesado, Kagome jamais suportaria carregá-lo até o vilarejo.


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Depois de cinco minutos de caminhanda, Kagome sentiu o peso de Kouga diminuir significativamente. Devido ao sangue Yokai puro que possuía os ferimentos se regeneravam três vezes mais rápido que os de um ser humano. Os pequenos cortes já estavam todos fechados e os médios caminhavam para a cicatrização. Os ossos da perna, que tinham sido esmigalhados pelo hanyou começavam a se unir e tomar forma novamente. Levaria ainda dois dias para se restabelecerem e voltarem ao normal.

Inuyasha caminhava atrás da dupla, calado. Não conseguia tirar da cabeça a maneira fria com a qual Kagome o tratara. Era doloroso ser repudiado com tanta ferocidade pela pessoa que antes so o recebia com amor e carinho. Kouga estava sendo tratado melhor do que ele, infinitas vezes.

Estavam dispersos em pensamentos quando viram a silhueta de duas pessoas surgir mais a frente. Uma era alta e trazia um cajado nas mãos, a outra, de estatura baixa, apoiava-se sobre uma muleta, gingando o corpo em uma caminhada sofrida e rápida. Kagome quase deixou Kouga cair ao ver o filho ao lado de Miroku. Ele não devia ter vindo, não devia se reencontrar com o pai. Fechou os olhos tentando se controlar, talvez não fosse do jeito que imaginava, ao menos rezava por isso com toda a fé que tinha. Hayato e seu espírito indomável e orgulhoso não descansaria até dar vazão a toda raiva que supre por InuYasha.

O vento soprou na direção do rosto do Hanyou que deixou o rosto enfeitar-se com um lâmpejo de surpresa. Levantou o olhar para observar melhor e preocupou-se ao ver o filho caminhar tão debilmente com a ajuda de uma escora de madeira. Ao lado dele, Miroku desatou a correr em direção ao trio. Não deu muita atenção ao monge, estava prestes a conversar pela primeira vez em anos com o filho. O que devia dizer? Como explicar a ausência?A traição?Como fazê-lo entender que foi um descuidado ao ignorar o aviso de Kagome, que ainda amava os dois e que o seu maior desejo é se desculpar com eles?Por instantes o medo o paralisou. E se Hayato o odiasse?Juntou coragem. Aquela velha questão tinha que ser resolvida de uma vez por todas. O filho ia entender, sempre declarara abertamente o seu amor incondicional pelo pai e sua admiração pela sua força. Ia dar certo, era o que ele contava.

Miroku chegou perto de Kagome e Kouga. Perguntou enquanto transitava o peso do Yokai lobo para o próprio ombro.

_Kagome, o que aconteceu?Porque o Kouga está desse jeito.

_Porque vieram aqui, Miroku?- respondeu com outra pergunta. –Não deviam ter vindo.

_O Hayato sentiu o cheiro de sangue junto ao seu e disse que poderia estar ferida, por isso viemos.

_Não deviam. Eu pensei ter sido bem clara ao dizer que ele não podia sair a noite com a perna quebrada.

_Mas eu estou com ele, o que poderia acontecer?

_Muitas coisas, Miroku. Não acredito que se arriscaram...

_Dá um tempo, Kagome. Ele sentiu o cheiro de sangue, ficou preocupado. Não pode nos repreender por estarmos preocupados.

_O Kouga ia me buscar, não tinha porque se preocupar.

_Não mesmo?!Olha o estado dele!Está quase morto.

Kouga rosnou mostrando um olhar feroz para o monge.

_Veja bem como fala, humano. Não vou admitir que zombe do meu estado ou duvide das minhas capacidades como lutador.

_Desculpe-me, Kouga, não foi a minha intenção. Também me surpreendi ao vê-lo assim. Por falar nisso, o que aconteceu?

_Ele aconteceu.- Kagome apontou com a cabeça para a terceira figura que até então tinha sido ignorada pelo monge.

_InuYasha? Mas como, porque?

_Deixe isso para mais tarde, Miroku. Tneho que cuidar do Kouga antes e rezar para Hayato não me providenciar uma longa noite.

_O que tem comigo, mãe?- perguntou o garoto as costas de Miroku, deixando o corpo descansar um pouco. Tinha o semblante sério.

_Nada com que precise se preocupar, meu filho.

_Se não fosse importante vocês não estariam cochichando nas minhas costas.

_Hayato, o negócio é que...

_Não precisa gastar saliva, Miroku. Hayato, em casa conversamos melhor.

Ele manteve uma pequena e silenciosa discussão usando apenas o olhar. Enfim, desistiu.

_Fico feliz de descobrir que o cheiro de sangue que senti era do Kouga. Estava muito preocupado.

_Quer dizer que ficou feliz em saber que eu que estou quase morrendo, moleque?- brincou sem ser ouvido.

_Eu sei, Hayato. Mas não devia ter me desobedecido. Sabe que não gosto de vê-lo se aventurar a noite quando está machucado.

_O mesmo para você mamãe. Como não me preocupar?

_Não deveria ter vindo, podia ter sido pêgo por algum outro Yokai, sabe que eles detestam Hanyous.

_A senhora ficaria se soubesse que eu estou ferido?

Kagome ficou sem palavras. O disgramado era muito bom com as palavras.

Hayato deu um passo ao perceber a terceira e, aparentemente muda, figura atrás de Kouga. Era um homem alto, de olhos e cabelos negros, um humano normal. O desconhecido trajava uma estranha vestimenta vermelha e olhava para ele embasbacado. Hayato teve duas impressões ao vê-lo, a de que o conhecia de algum passado distante e de que o homem tinha para ele um estranho e irritante olhar de amor. Cara louco! Não sabia explicar porque, mas não simpatizava com ele.

Kagome, Kouga e Miroku ficaram sem reação ao ver o menino fitando tão intensamente o hanyou. Fez-se um minuto de torturante silêncio até que Hayato o quebrou.

_Quem é você?- perguntou grosso e seco.

O questionamento pegou os três de surpresa, esperavam um reencontro cheios de tormenta e violência, mas, por algum motivo abençoado, Hayato não lembrava do pai, talvez por ainda ser muito pequeno quando foram separados. InuYasha sentiu o abismo entre ele e o filho aumentar violentamente.

_Não se lembra de mim, Hayato?- perguntou sentindo a emoção sufocar suas palavras.

_Não. – disse ainda sério apoiado em sua muleta. – Porque deveria, e como diabos sabe o meu nome?

InuYasha sentiu-se engasgar. Quanta indiferença por parte das pessoas que tanto o amaram um dia. Fitou tristemente o olhar do filho e sentiu o coração ser assaltado pelas imagens que trazia guardadas vivas na lembrança do menininho de covinhas e sorrisos inocentes que fazia festa quando ele chegava. Quase pôde ver Hayato pequeno agarrar suas pernas enquanto sorria pedindo colo, ser substituído por aquele garoto alto de olhar atento e sério. Nada de sorrisos, nada de abraços nem covinhas ou gargalhadas. O que ele tinha a sua frente era um Hayato crescido e cheio de amargura.

_Eu... eu...

_Em casa nos prerocupamos com apresentações, Hayato. – Kagome interrompeu. – Por hora, vamos apenas andar.

_Sim, mãe. – disse interrompendo o olhar e voltando-se para Kouga com um estranho sorriso. – Quem diria que um dia eu ia te ver assim, Kouga, tão acabado. Acho que está ficando velho para lutar.

_Ainda está uns mil anos adiantado para fazer comentários assim, moleque. Mesmo ferido eu dou cabo de você em um instante.

_Dá nada. – ele riu. – Você nunca me machucaria, eu sei disso. Pararia antes de dar o primeiro golpe.

_Sorte a sua, moleque, eu gostar tanto de você. Caso contrário estaria no chão.

_Com um pé em cima de você, você quis dizer.

_Fala muito, Hayato. Reze para não encontrar com um Yokai maligno com essa língua afiada.

_Se isso acontecer, você vai estar lá para me proteger, como sempre esteve.

_Rezo que sim, rapaz. Rezo que sim.

InuYasha sentia-se cada vez mais ignorado pelo filho ao ver a amizade e carinho com o qual ele conversava com Kouga.