Desabafos

Devaneio (sobre qualquer coisa)


[https://www.youtube.com/watch?v=BPO3SaXHHBA - Waiting for the End]

[https://www.youtube.com/watch?v=v2H4l9RpkwM - Breaking the Habit]

[https://www.youtube.com/watch?v=alD4BbpBoyA - Sophomore Slump]

[https://www.youtube.com/watch?v=FTWLwCvoA4s - If it Kills Me]

[https://www.youtube.com/watch?v=4E6gkdpHFBc - Indestrutível]

—--

"— Quanto tempo dura a eternidade? [...]"

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...

Acordei pensando em você hoje. De novo.

E eu já escrevi um Desabafo sobre isso, mas eu acho que vou ter que me repetir. Porque eu tenho coisas demais para falar, e nem sei se isso daqui vai ser um Desabafo só, ou se vou ter que fazer três.

De qualquer forma, acordei pensando em você hoje.

Pensei no que eu ia te falar, nas nossas conversas sem sentido. Pensei em te mandar uma teoria muito louca, ou te recomendar um livro. Pensei em arranjar um jeito de te fazer me mandar um áudio, porque estou com saudades da tua voz.

Pensei em quando a gente se encontrar de novo. E então pensei na última vez que a gente se encontrou. Não em como você me machucou, mas em como eu passei cinco minutos com a cabeça no seu ombro e em como aquilo foi mágico.

Aí eu pensei na última vez que te vi sem cacos, sem rachaduras envolvidas. No nosso beijo. E em como eu queria que ele tivesse durado mais.

Eu estava com medo, cheio de receios sobre o que poderia acontecer entre a gente. Eu me afastei cedo demais, terminei tudo cedo demais. Tornei aquele beijo curto demais.

Mas eu estava com medo.

E eu vou quebrar todos os clichês mais românticos que eu adoro escrever, e confessar que não lembro do gosto dos teus lábios. Não sei se tinha algum, ou se eles só tinham gosto de batom [você estava de batom?]. Não me lembro do gosto da sua língua, também.

Mas eu me lembro do teu cheiro; eu não sei explicar, descrevê-lo em mil e um odores, mas eu me lembro vivamente, e acho que eu o reconheceria em qualquer lugar. Lembro do calor do teu corpo, do toque dos teus dedos, da textura da tua língua.

Eu me lembro de como aquela noite foi mágica, de como a gente dançou feito doido e de como eu queria ter passado mais tempo com você.

Mas eu tive que ir embora cedo. Mais uma vez.

E eu comecei a pensar em tudo que pode acontecer dessa vez. E em coisas que jamais aconteceriam.

Pensei ter ouvido tua voz. Pensei ter sentido o teu cheiro. Pensei ter te abraçado de verdade, mas estava tudo na minha mente.

E eu não lembro dos meus devaneios com exatidão, mas eu me lembro de pulsar insuportavelmente, até ter que me aliviar por mim mesmo.

Eu lembro que você me beijou. Eu lembro que você estava comigo, e que estávamos sozinhos no mundo.

E eu sei que isso nunca poderia acontecer, porque você vai ter que ir embora de novo, levar os cacos do meu coração mais uma vez, e minha mãe me mata se souber que eu deixei isso acontecer.

Eu juro para ela que você é só minha melhor amiga. Mas acho que ela não acredita.

Estou com saudade da tua voz, do teu cheiro, do teu toque, do teu corpo, do nosso beijo.

Seria loucura pedir mais um, mas eu não confio muito na minha sanidade quando se trata de você. Seria loucura esperar que você concordasse, mas nunca sei o que esperar quando se trata de você. Seria loucura sonhar mais além, mas não consigo evitar nada disso quando se trata de você.

Quero teu corpo. Quero teus lábios. Quero ouvir teu coração batendo rápido junto do meu, e saber que a culpa é minha.

E eu sei que eu pensei em levantar e escrever um Desabafo sobre isso, porque ainda eram seis da manhã, mas eu fiquei um pouco mais na cama e meu pensamento fugiu um pouco.

Porque aí eu lembrei de coisas que já escrevi aqui e que estão abertas à leitura de qualquer um. Lembrei de coisas que falei sobre você e sobre todo mundo.

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E então eu fiquei com medo que ele lesse.

É. Ele. Você sabe de quem estou falando. Do Desabafo nº 10.

Pensei no que ele diria. Se ele faria alguma coisa a respeito ou se ele deixaria para lá. Se isso significaria alguma coisa, ou se para ele seria só um Desabafo qualquer.

Pensei se ele saberia o quão verdadeiro é tudo o que eu posto.

Então, mais uma vez, minha mente criou cenários incríveis com situações que nunca aconteceriam, se é que o conheço um mínimo, para preencher um vácuo na minha imaginação, porque... Bom, porque não importa quão bem eu o conheça - ou não -; eu não consigo pensar em como ele reagiria a tudo isso.

Não consigo pensar em como ninguém reagiria a nada disso.

[e isso não era nem um pouco planejado, mas já que estamos aqui...]

O que os caras diriam? Os meus amigos? E as meninas? Deuses, o que a Mari teria a dizer? A Bea e a Lari? A Io? Você?

Porque mesmo na minha cabeça, mesmo sabendo que isso é contra todas as probabilidades e que mil e uma pessoas podem ler esse Desabafo, eu ainda estou falando com você.

O que você diria ao saber o que eu fiz? O que você teria a dizer sobre tudo o que eu te confessei, se eu te contasse de todos os momentos bastante inapropriados em que era você na minha cabeça?

Uma parte de mim sonha alto. A outra diz que estou sendo idiota. Nenhuma das duas ouve a pequena voz que grita a plenos pulmões que não importa, porque eu não deveria tentar me machucar de novo. Não tão dolorosamente.

Mas o que posso fazer? Estou viciado em você. Viciado nos teus papos, na tua voz. Viciado no teu cheiro e no teu corpo. Viciado em tudo que te tange.

Como o papai é viciado em café. Como a Thalia é viciada em nicotina.

Como eu sou viciado em escrever.

Eu digo que só preciso de mais um beijo, mas a verdade é que depois desse, eu vou querer mais um. E mais um. E vou continuar querendo mais e mais, porque eu sinto que eu nunca vou te ter o suficiente.

Mas eu não estava mais falando de você. Estava falando dele. Ok.

Bom, minha cabeça começou a rodar em mil e uma situações, mil e um cenários cuja verossimilidade não é lá muito provável. Mas pensei neles mesmo assim. Pensei em detalhes que eu não sei se são reais ou inventados. Pensei em situações que nunca tinham me ocorrido, em fatos que nunca tinham passado pela minha cabeça, mas que são reais.

Estranho, dos lábios dele eu lembro o gosto. Lembro do gosto, da textura, do modo como eles se encaixavam estranhos nos meus... Lembro de tudo.

Talvez porque eu o beijei por tempo suficiente.

Eu lembro de pensar em outra pessoa, também. Em cenas que já me haviam ocorrido e me apavorado. Hoje, eu só as usei. É engraçado; o fato de eu não lembrar dos teus lábios me fez pensar se eu lembrava dos lábios deles. Sim. Textura, sabor, até o jeito.

Mas mesmo assim, os únicos que eu ainda quero, os únicos que eu ainda morreria para ter, são os teus. Os lábios distantes, inalcançáveis. Os lábios fantasmas de um beijo único que não durou o suficiente para me satisfazer, mas o suficiente para me enlouquecer e viciar.

E eu estava relendo esse conto de mil versões e novecentos nomes e tudo começou a se embolar na minha cabeça. Tudo se misturou, todos os nomes e os beijos e os sentimentos e eu não posso fingir que não gostei.

Foi agridoce.

Como você. Como aquele namoro. Como as ficadas ao pé da porta enquanto toda a casa dormia.

Incrível. Mas estranho.

E eu peguei para reler esse conto de mil versões e novecentos nomes e notei que ele começa bem antes do que eu achava, que provavelmente não tem um fim e que ele é o principal motivo pelo qual eu tive que começar a escrever meus Desabafos.

Ele não é sobre você. É sobre outra coisa. Outro sentimento.

É sobre perda.

Sobre perder meus amigos para outros lugares. Sobre o padrão desgraçado de sempre gostar um pouco demais da pessoa errada. Sobre me afastar de quem eu gosto por motivo nenhum. Sobre ser sempre solitário e só notar tarde demais. Sobre perder a si mesmo.

Mas então, às vezes é preciso perder a si mesmo para encontrar de verdade.

E isso é uma coisa muito louca que talvez não tenha nada a ver com o assunto, mas que na minha cabeça tem tudo a ver.

Cogito, ergo sum.

Penso, logo existo.

René Descartes. A Teoria da Dúvida Hiperbólica.

[na verdade, a máxima é da Teoria da Existência e da Essência, mas eu acho ela incrível e vou mantê-la]

Descartes falava que era preciso duvidar. Que é preciso pensar que nada do que você sabe está certo ou que nada disso é real, para começar a pensar a realidade de um modo mais crítico e chegar aos fatos de verdade.

Como eu fiz com catorze anos quando me apaixonei por uma garota. Como eu fiz com dezesseis quando me olhei no espelho e não me reconheci naquele corpo. Como eu continuo fazendo todo dia, mesmo quando eu tenho certeza do que eu sinto.

Como eu fiz quando elas me deram as costas e eu me tornei a pessoa mais solitária do colégio.

E essa aula me virou de ponta cabeça. Não que isso tenha sido uma grande reviravolta. Quero dizer, vocês provavelmente estão tipo "ok, então você estava agindo dentro de uma teoria fiolosófica. Grandes merda".

Sim. Provavelmente é grandes merda mesmo e não tem nada a ver com nada do que eu estava falando e isso é só uma coisa super banal, corriqueira e "whatever". Mas para mim significou o mundo.

Como uma luz no meio do túnel. Não a luz da saída, uma luz elétrica, mesmo. Para iluminar o caminho e mostrar que talvez, só talvez, eu estivesse indo pelo caminho certo o tempo todo, mesmo que sem querer.

E isso tudo começou a me dar um nó em algum momento enquanto eu ainda estava deitado. Eram seis da manhã e minha cabeça rodava em teorias filosóficas e beijos e gostos e lábios e fantasias.

E eu precisei vir aqui para falar de um último assunto. Uma última coisa que não tem nada a ver, mas que na minha cabeça tem uma ligação muito clara que eu não vou conseguir passar para o papel.

[engraçado como eu continuo com essa ideia romântica de passar tudo para o papel. Não sei. Só algo que eu notei agora.]

Eu finjo que sou um personagem de alguma coisa, às vezes.

Não eu, eu. O Yurie.

É difícil explicar, mas de vez em quando eu me distancio da situação e a observo desenrolar-se como um espectador em um cinema ou teatro. Às vezes sou o narrador, também. E o Yurie fica lá, como um dos personagens - principal ou não. Pego-me curioso para saber o que ele vai fazer ou pensando "essa situação é tensa, não queria estar lá", mas eu estou lá, e eu sei disso. Porque eu sou ele, mas também sou eu.

Deu para entender? Acho que não, mas é assim que funciona, e eu não sei explicar melhor.

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Pego-me pensando em como deve ser uma bosta ser trans e estar em um corpo que não é seu, mas aí eu me lembro que eu sou. Penso em como deve ser uma pressão fodida ser vestibulando, e aí eu lembro que eu sou. Penso em como deve ser um cu estar apaixonado por alguém que só te vê como amigo, e aí eu lembro que eu estou.

A vida é um livro para mim, só que funciona do jeito inverso. Ao invés de eu me afundar demais na história às vezes e me esquecer do mundo real, eu me desapego demais dela e me esqueço que isso não é o mundo real.

O que também é um pouco cartesiano, mas deixa a Filosofia pra lá agora.

Suponho que eu devesse fechar esse capítulo por aqui, porque eu já falei demais. Suponho que eu devesse achar uma frase bonitinha, ou terminar no parágrafo anterior e deixar por isso mesmo, porque nem eu mais sei definir sobre o que é esse Desabafo.

Mas eu não sei se estou pronto para isso.

Porque ainda tem tanta coisa que eu deveria falar. Sobre você. Sobre eles. Sobre a minha vida, sobre a minha solidão, sobre como eu desisti de tentar.

Sobre como a vida tá parecendo cada vez menos preciosa.

Mas eu não sei como fechar esse círculo e deixar tudo ligado. Já duas vezes eu confessei que não tem como explicar a ligação entre os assuntos, será que posso dizer isso de novo? Será que ainda vai ter um sentido quando tudo isso terminar? Ou eu deveria terminar esse e começar outro? Talvez ir fazer um conto para descansar a cabeça. Ou estudar, aproveitar o dia.

Tomar café da manhã?

Mas enquanto eu escrevia isso, você não saiu da minha cabeça. Eu tive que abrir a nossa conversa do Whats, e notei que você já viu a última coisa que eu te mandei. Aí eu pensei em você de novo, e comecei a pulsar no meio da sala de estar.

Sou a única pessoa acordada dessa casa e nada me impede de voltar para a cama, mas eu não quero pensar mais do que já estou pensando. Não quero que a minha mente se afunde em mais cenários, mais imagens, mais fantasias.

Não quero me sentir daquele jeito com você na minha cabeça.

Talvez eu devesse me afastar. Ter uma crise de abstinência e ficar sem você, sem teus textos, teus livros, teus áudios, nossos assuntos e minhas lembranças.

Mas isso não adiantou da última vez. Não vai adiantar de novo.

Esse é um daqueles vícios dos quais a gente não se cura. Tipo cigarro. A gente pode dizer que acabou, que a gente tá sem, tá bem. Mas estamos só esperando uma oportunidade para cair no vício de novo.

Beijar teus lábios só mais uma vez.

Talvez teu pescoço. Te segurar nos meus braços. Ouvir a tua voz, tua risada.

Dizer que te amo e ver seu olhar quando você souber.

Te entregar meu coração e deixar você saber que ainda o está segurando, e que não estamos aceitando devoluções.

Quando foi que a minha vida começou a girar ao teu redor? Quando foi que a minha mente não foge de ti? Quando foi que...

Ah, porque eu não deixei quieto?

Deveria ter continuado namorando, talvez. Deixar você ir sem saber o que poderia ter acontecido e pronto. Quem sabe, eu nunca teria me viciado. Talvez eu tivesse me apaixonado por ele. Talvez eu nunca teria que escrever meus Desabafos, eu nunca teria seguido Descartes, eu nunca ter notado a minha solidão.

E se a Muri, a Io ou você lerem isso, ou mesmo a Bea, eu aposto o que você quiser que vocês vão lotar meu Whats com preocupações e frases fofas e lembretes de que eu não deveria ser solitário e tudo o mais.

Mas esse é um dos sentimentos mais fortes que eu tenho, junto com o Fracasso, o Desespero e a Decepção, e não é tão fácil se livrar deles.

Eu sei que vocês estão aí por mim quando eu precisar, mas... Ah, mas como eu posso esperar que vocês sempre estejam lá, se nem mesmo eu estou?

Uma vez eu pedi ajuda para a Bea e para a Lia [ou era a Lari? Nem eu lembro quem era quem]. Elas disseram que ok.

Mas aí chegou o recreio e meus sentimentos não importavam mais tanto.

E tudo virou um bolo já e nem eu mais sei do que estou falando, sobre o que estou Desabafando, imagino você.

["você" leitor, ou "você" ela?]

A minha mente tá fluindo muito rápido por muitas imagens. Elas vão e voltam na velocidade da luz. Imagens, sensações, desejos. Parece que eu nunca consigo colocar o suficiente para fora para esquecer de tudo isso.

Esquecer das madrugadas em que passamos acordados. Esquecer da rua do teu prédio sob a luz do luar. Esquecer Legião Urbana tocando como trilha sonora de um beijo fantasma.

Eu lembro de ir para a pista de dança e ver você tocando o lábio. Lembro de sentir sua barba fazendo cócegas no meu pescoço enquanto eu tentava falar com a minha mãe. Lembro de tocar tua cintura com medo, e de perder o fôlego cedo demais.

Eu lembro de abraçar alguém que tremia, vermelho, contra o meu pescoço, e de achar que valia a pena. Lembro de ter medo e de me afastar.

E agora ela tá namorando, e eu tô com esse sentimento de amargura, porque eu achei que tava fazendo a coisa certa, e eu nunca gostei dela de verdade, mas não consigo deixar para lá essa sensação de que deveria ser eu.

Quero voltar para os teus braços. Para aquele abraço apertado no meio da livraria, colocar o rosto no seu pescoço, ficar a eternidade sentindo você.

E acho que fiquei.

A minha eternidade tá ali, congelada naquele instante em que tudo era perfeito. Antes de tudo isso.

Às vezes, ela só tem em segundo, mesmo. A nossa teve quase cinco.

É meio doido, mas eu já quase registrei esse capítulo umas duas vezes, achando que tava bom. Mas não consigo me dar por satisfeito, mesmo que não tenha mais nada a dizer.

E não tem necessidade nenhuma de falar isso aqui, mas ainda assim, eu disse. Eu sempre digo.

E acho que é por isso que esses Desabafos funcionam.

Eu nunca vi nenhum de vocês três na minha vida, mas ainda assim parece que vocês sabem mais sobre mim que eles. Que ela.

É bizarro, porque eu sempre guardei muitas coisas para mim. Tinha medo de falar o que sentia, de confessar qualquer segredo que fosse para meus melhores amigos. Não gostava de ter um diário secreto porque eu sabia que a Melissa talvez fosse ler.

E de repente eu joguei tudo na internet, e agora qualquer um pode saber tudo. É só ler.

Alguma coisa dentro de mim fica com medo toda vez que eu penso nisso. E outra fica dizendo que seria incrível se de repente todo mundo da minha sala resolvesse ler isso daqui e saber exatamente como eu sou de verdade.

Mostrei o meu primeiro Desabafo para o Thiago, e fiquei com medo de ele procurar mais. Me senti muito estranho abrindo essa porta para ele. Mas eu queria que ele tivesse empurrado um pouco mais, lido alguns Desabafos à frente.

Talvez ele soubesse que eu estava falando dele. Talvez ele gostasse do modo como falei da gente, ou se sentisse meio mal por ser parte dessa solidão.

Não sei. Mais uma vez, não importa quão bem eu conheça a pessoa ou não, não consigo imaginar o que se passaria na cabeça dela quando soubesse como a minha cabeça funciona de verdade.

Talvez esteja faltando uma engrenagem, e por isso os pensamentos não façam sentido. Talvez tenha engrenagens demais, e por isso os pensamentos venham sem querer.

Eu já desisti de tentar achar um sentido para isso daqui. Talvez eu delete tudo e jogue três horas da minha vida fora, que foi o tempo que eu levei para escrever esse Desabafo sem pé nem cabeça.

Talvez eu me jogue fora.

Porque eu não posso fingir que me importaria. Talvez a única coisa que me impeça é o medo de machucar as pessoas que na verdade não têm nada a ver com a história.

Ou mesmo as que têm.

Vocês saberiam? Vocês olhariam o que eu tenho feito, o que tenho escrito? Vocês se preocupariam em entender?

— talvez eu fizesse um pouco de 13 Reasons Why e mandaria esse link para todo mundo -

Vocês se importariam se descobrissem que têm tudo a ver com a história?

Meus pais acordaram agora, e daqui a pouco eu vou ter que sair do PC anyways - porque ao contrário das minhas ideias românticas, isso aqui não é papel, e não é só meu -, então eu acho que vou terminar o Desabafo por aqui, dessa vez de verdade, sem nenhuma frase de efeito, sem nenhum último pensamento, sem nenhum toque final.

Simplesmente, o fim de um devaneio entre lençóis.

[onde eu daria tudo para ter teu corpo junto ao meu]

"[...] - Às vezes, apenas um segundo."