— Vocês deveriam ir pra casa descansar – Karin subiu em uma escada portátil para remover o grande cartaz, onde se lia “Feliz Aniversário Hisana” em letras garrafais, e agora o enrolava cuidadosamente no meio da sala.

Ichigo e Rukia ainda estavam na casa da família Kurosaki. Depois do sumiço de Hisana na Soul Society, eles resolveram voltar para o Mundo Humano com Isshin, Karin e Yuzu. Com a desculpa de ajudar a guardar os objetos da festa que não aconteceu na casa dos Kurosaki, os dois ficaram até mais tarde. A verdade era que eles não queriam voltar para casa e encontrá-la vazia. Era quase como uma confirmação de que Hisana não estava mais com eles.

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— Karin tem razão, filho – Isshin estava assustadoramente sério – Foi um dia cheio. E vocês também precisam de um pouco de descanso.

— Não sei se conseguiria descansar, pai – Ichigo bagunçou os cabelos laranja.

— Ao menos, tentem – Isshin se aproximou e pôs uma mão em seu ombro – Hisana vai precisar da força de vocês.

— Quanto tempo será que vão demorar para descobrir o que aconteceu? – Ichigo olhou de relance Rukia e Yuzu arrumando panelas na cozinha – Onde será que Hisana está?

— Eu tenho certeza que Urahara descobrirá isso rápido, Ichigo – Isshin confirmou com a cabeça.

— Eu sinto muito, Ichi-nii – Karin chegou perto dos dois, olhando para o chão – Eu deveria ter feito algo...

— Não se culpe por isso, Karin – Isshin suspirou – Não é culpa de ninguém.

— Mas eu também sou shinigami – Karin protestou – Eu devia ter feito algo! Eu poderia...

— A culpa disso tudo foi apenas minha, Karin – Ichigo a interrompeu – Eu que deveria cuidar sempre de Hisana. Não deveria nunca deixá-la fora das minhas vistas.

— E você não está como shinigami no momento para se dedicar a sua faculdade – Isshin apontou para ela – Você precisa se dedicar a seus planos pessoais também. E, Ichigo, não pense assim. Quem poderia prever que apareceriam todos aqueles hollows? Você e Rukia fizeram o certo indo ajudar os outros shinigamis. Você não deveria ficar se sentindo culpado por isso.

— Fazer a coisa certa sempre foi muito difícil – Ichigo suspirou, tristemente – Rukia! – falou um pouco mais alto – É melhor irmos embora. Está tarde.

Os dois se despediram de Isshin e das meninas e se dirigiram silenciosamente para casa. Falaram apenas o mínimo em todo o trajeto da casa do pai de Ichigo até a casa deles. Ao destrancar a porta, Ichigo contemplou o interior silencioso e vazio da casa por alguns segundos.

— Vamos entrar, Ichigo – Rukia disse, com a voz baixa – Estou cansada.

Ichigo percebeu o tom tristonho na voz de Rukia. Não sabia o que dizer e nem como confortá-la. Rukia sempre foi tão forte. A nobreza Kuchiki não gostava de demonstrar fraqueza nunca e isso deixava Ichigo mais curioso. O que será que ela estava pensando? Será que estava se culpando tanto quanto ele?

— Vou tomar um banho – ela disse, desanimada, enquanto subia as escadas.

Ichigo suspirou e resolveu beber uma água para esfriar um pouco a cabeça. Pegou uma jarra de água na geladeira e despejou em um copo que retirou do armário ao lado. Mas, antes que pudesse levar o copo até a boca, ele olhou um pedaço de papel pregado na geladeira. Era o desenho de Hisana que ele havia colocado na geladeira naquela manhã. Isso parecia ter acontecido há séculos. Nem poderia acreditar que, naquela mesma manhã, Hisana ainda estava com eles.

Ao lado do desenho, havia uma foto de Hisana com o uniforme escolar. Não conseguiu evitar sentir um aperto no peito. Será que Hisana estava bem? Estava machucada? Estava com medo? Ichigo bagunçou os cabelos com força. Se continuasse a pensar nisso, iria acabar ficando doido.

Esperou Rukia sair do banheiro para tomar um banho também. Nem mesmo o banho frio ajudou a esfriar a cabeça. Vestiu o pijama e, ao sair do banheiro, viu Rukia já deitada na cama. Sentou em seu lado na cama e, depois de dar boa noite para Rukia, deitou-se de costas para ela.

Não conseguiu pegar no sono de jeito nenhum. As horas se arrastavam e Ichigo não pregou o olho. Só pensava em Hisana e em como ela estaria exatamente agora. Nenhuma das imagens em sua cabeça era animadora.

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— Ichigo – ouviu a voz de Rukia no meio da escuridão – está acordado?

— Sim – ele escutou o barulho de Rukia se mexendo sobre o colchão e resolveu se virar para ela – Não consigo dormir.

— Nem eu – Rukia suspirou, deitada de frente para Ichigo – Não consigo parar de pensar na Hisa, Ichigo. O que pode estar acontecendo com a nossa filha?

— Não chora, Kia – Ichigo espalhou uma lágrima que começava a escorrer do rosto de Rukia com um dedo – Eu prometo que eu vou achar a nossa garotinha.

Rukia não respondeu nada. Ela apenas se aproximou um pouco mais e escondeu o rosto no peito de Ichigo. Ele não soube o que fazer e demorou alguns segundos antes de abraçar Rukia e afagar os cabelos negros da shinigami.

— Vai ficar tudo bem, Kia – ele sussurrou quando ouviu um soluço abafado – Eu prometo.

********************

— Nós já chegamos?

Com a cara toda melada de doce, Hisana lambia um pirulito e fazia pela vigésima sétima vez aquela pergunta. Grimmjow já estava se roendo de tanto ouvir a mesma pergunta.

— Ainda não – Ulquiorra respondeu com a mesma calma imperturbável de sempre. Foi dele a ideia de dar doces para fazer Hisana segui-los. Pelo visto, Hisana era facilmente subornável com doces, mas sabe-se lá como Ulquiorra sabia disso.

Trinta e um segundos depois.

— E agora? – perguntou, dando pequenos pulinhos – Chegamos?

— Não.

Dezoito segundos depois.

— E agora chegamos?

— Ainda não – Ulquiorra respondeu, frio.

Vinte e dois segundos depois.

— Nós já...?

— AAAH, ULQUIORRA!! – Grimmjow berrou, impaciente – Nós já chegamos?!!!

— Agora sim – Ulquiorra disse, com a mesma tranquilidade.

— Finalmente – suspirou o azulado.

Grimmjow estava com tanta raiva que nem havia percebido o caminho. Eles chegaram ao Palácio de Las Noches e encontraram os demais Espadas na habitual sala de reuniões.

— Até que enfim chegaram, Grimmjow e Ulquiorra – Baraggan suspirou baixo.

— Estava todo mundo esperando pela gente? – Grimmjow arqueou uma sobrancelha.

— Vocês não receberam uma missão hoje mais cedo? – Stark bocejou e se esticou folgadamente na cadeira – Fomos chamados aqui justamente por causa dessa missão.

— E quem é essa gracinha? – Neliel se curvou para olhar a garotinha que surgia timidamente atrás de Ulquiorra. Estranhamente, Neliel também foi chamada para a reunião dos dez Espadas.

— Olha, Lilynette – Stark cutucou a parceira – Uma amiguinha para brincar com você enquanto eu tiro meus cochilos.

— Ora, eu não sou nenhum bebezinho, baka! – devolveu, irritada.

— Arranjou uma amiga da sua idade, é? – Grimmjow fez uma cara de desprezo para Neliel que fazia caretas enquanto Hisana ria com timidez – Deu tudo errado. Estávamos atrás do Kurosaki. Sentimos a reiatsu dele e tenho certeza que não errei. Mas quem veio foi essa pirralha. E, antes que eu fizesse alguma coisa, o Ulquiorra achou a fedelha uma gracinha e falou para que eu voltasse para cá com eles...

— Você é burro mesmo ou está disputando o título dos idiotas com o Yammy? – Harribel disse.

— EI! – Yammy demorou alguns segundos para entender.

— Era para trazermos a filhote de humano, Grimmjow – Ulquiorra falou, com a expressão apática – Ela é a filha do Kurosaki.

— Se fosse dito que era para buscar um filhote de humano, Grimmjow – Baraggan continuou – Você não teria ido acompanhar o Ulquiorra com tanto entusiasmo como foi se tivesse ido atrás do Kurosaki.

— Entendi. Se eu soubesse da história desde o começo – Grimmjow rosnou entre os dentes – teria negado – e gritou, raivoso – Mas não! Fui enganado.

— Pense como quiser – Ulquiorra deu de ombros – Mas o que importa é seguirmos as ordens.

— Mas se ela é a filha do Kurosaki – Grimmjow se virou para a garota com uma expressão sinistra. Neliel a escondeu atrás dela – o que ele vai achar se a receber de volta em pedaços...

— Nem pense nisso, Grimmjow.

Todos viraram a cabeça, confusos, cada um em uma direção diferente. A voz parecia vir de toda parte. No segundo seguinte, Aizen entrou imponente na sala e se posicionou na cabeceira da grande mesa, jogando o cabelo para trás como um galã de filmes de super-heróis.

— Bom que estejam todos aqui – começou, solenemente – Vejo que cumpriu a missão muito bem, Ulquiorra.

Ulquiorra fez uma pequena reverência em resposta.

— Não fique com o mérito de tudo – Grimmjow protestou – Eu que peguei a fedelha.

— Calado, Grimmjow – Aizen o repreendeu, sem elevar a voz – E não se atreva a tocar em nem um único fio de cabelo da pestinha, digo, garotinha. Ela nos servirá para outros propósitos...

— Está planejando fazer experimentos com a pirralha, Aizen-sama? – Szayelaporro deu um sorriso sinistro e esticou seus dedos finos ameaçadoramente na direção de Hisana – Eu posso ajudar. Estou muito curioso em analisar a filha de uma shinigami com um meio-humano...

— Nada disso – surpreendentemente, Aizen dá um forte tapa na mão do cientista, que fica muito surpreso com essa atitude e retira a mão imediatamente – Ela deverá estar apresentável quando Kurosaki vier buscá-la.

— Meu pai vai me buscar? – Hisana perguntou, inocentemente.

— Estarei esperando por ele ansiosamente – Aizen sorriu, cínico – Logo, você estará pronta... Enquanto isso, eu deixarei nossa pequena convidada sob os cuidados de Harribel, Neliel e Ulquiorra. E qualquer um que se atrever a encostar um dedo nela sem a minha autorização – Aizen abandonou o sorriso sedutor e lançou um olhar de pura intimidação para os Espadas. Principalmente, para Grimmjow, Szayelaporro e Nnoitra – conhecerá o peso de minha ira.

— Tsc, ela é uma fracote mesmo – Nnoitra torceu a boca de forma desdenhosa.

— Não quero porra nenhuma com essa fedelha chata – Grimmjow se largou na cadeira.

Hisana arregalou os olhos e fez um perfeito “O” com a boca.

— Eu vi! Eu vi! Ele falou a palavra com “p” – a menina apontou para o badboy como se o tivesse pego em uma travessura – Mamãe disse que falar palavrão é muito feio – e acrescentou com uma pose de sabichona.

— Ah – Aizen voltou a sorrir sedutoramente – e nada de palavrões, Grimmjow.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.