POV Dante

Simplesmente não sei o que deu em mim. Eu não conseguia dormir. De novo, um daqueles touros de metal gigantes de Hefesto me perseguindo. Eu corria, mas sempre acabava na beira de um penhasco. E algo tão ruim quanto o touro me esperava lá embaixo.

E então ela estava do meu lado, tão calma, tão vulnerável. Fiquei me mexendo, tentando fingir que ela não estava lá. Como se fosse adiantar! El acordou, conversando comigo. E confiando em mim.

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Foi o erro. Sinceramente, eu me sentia a ponto de explodir com a presença dela e ela me fala aquilo. Ela realmente não devia ter dito aquilo. Quando ela na reagiu gritando e tentando me acertar quando eu a beijei, quis continuar.

Mas simplesmente deixei ela pensando. Podia parecer estranho, mas eu queria que ela percebesse que não era tão afim assim do meu irmão. Não era. Eu sabia que não. Ela também, apesar de não admitir.

– Ei, tem uma fronteira há poucos quilômetros. Vamos ter que trocar de lugar. – Yamamoto deu de ombros, chamando minha atenção. – Anda com sua carteira, certo?

– É, ando. Reze pros documentos continuarem aqui. – Abri o porta luvas, achando uma carteira.

Troquei de lugar com o japonês. Elgin continuou dormindo, com a cabeça no ombro dele. Joguei meu cabelo pra trás e continuei dirigindo.

– Então, qual é a sua? – Yamamoto tinha colocado o braço sobre os ombros dela, brincando com uma mecha do cabelo dela.

– A minha o que?

– Elgin. Você não é exatamente amigo dela, é? – Ele parecia desinteressado.

– Ela pega meu irmão. Não é a melhor opção, mas foi a que ela escolheu. – Dei de ombros. – Eu sou só a vela no castiçal dos dois.

– Entendi. – Ele deu de ombros.

O assunto morreu. Elgin continuou dormindo pelo próximo estado todo, enquanto eu dirigia. Yamamoto ficou brincando com o cabelo dela, me deixando com uma sensação estranha.

A minha mão coçava para que eu socasse a cara dele e falasse “Foi mal” depois. Só respirei fundo e mudei a estação do rádio. Aumentei o volume, tentando acordar a Bela Adormecida do meu lado.

Mas aparentemente, ela bloqueava aquilo também.

POV Chad

Onde eu estava? Não sei. Bem, me parecia o alto de uma montanha. Mas não consegui prestar atenção. Fiquei olhando pro chão, sem conseguir erguer meu rosto.

Meu pescoço doía. O peso nas minhas costas fazia meus braços tremerem, mas eu sabia que se fraquejasse um segundo que fosse, eu ia virar patê.

– Eu mal me lembrava como era antes de ficar ai, onde você está agora. – A risada grave do General soou ao meu redor. Queria olhar pra ele e dizer que ia colocá-lo ali de novo, mas eu não podia me mover.

Como o céu era pesado! Respirei fundo mais uma vez. E como minha mente estava nublada. Eu não sabia como tinha parado ali, como eu tinha me oferecido pra carregar o firmamento, e muito menos onde eu estava. Me lembro de pedir ajuda pro meu irmão e Elgin, mas não sei como.

– Eu ofereceria ajuda, mas já fiz esse serviço por tempo demais. – Consegui ver o titã pelo canto dos olhos, com seu físico de estátua. E ela era imortal. Acho que só isso já o enquadra bem para esse trabalho. Melhor que eu, com certeza.

– Atlas...Como eu vim parar aqui? – Tremi, me esforçando ao máximo, mas meus braços queriam ceder.

– Devia se preocupar mais em como sair. – Atlas riu. – Bem, vou atrás de Cronos. Nosso senhor.

Tremi mais uma vez e fechei meus olhos. Como eu queria ser Elgin e simplesmente bloquear aquilo.

POV Elgin

Acordei em outro estado. Yamamoto tinha trocado com Dante na direção. E a estação do rádio também tinha mudado. Agora tocava Backstreet Boys. Olhei Dante, encarando a estrada.

– Desde quando você ouve Backstreet Boys? – Yamamoto tinha dormido, com um braço sobre meus ombros.

Tell me why. – Foi o que ele disse. Revirei os olhos.

Ain’t nothing but a heartache. – Completei. – Achou mesmo que eu não soubesse a letra?

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– Ainda acho que é ridículo. Mas a musiquinha é bem grudenta. – Ele deu de ombros.

– É, eu sei bem sua opinião. – Bocejei. – Dormi muito?

– Mais ou menos. – Ele coçou o nariz. – Nada suspeito ao redor. Não estamos sendo seguidos.

– Dante, posso perguntar algo? – Ele deu de ombros, assentindo. – Por que você fez aquilo, ontem? Sabe, quando...?

– Sei o que eu fiz ontem. – Ele revirou os olhos. – Não sei. Eu só quis.

– Assim, do nada?

– Não é do nada, El. Não é de hoje que eu dou em cima de você. Infelizmente, você acostumou. – Ele deu um sorriso torto.

– Alguma razão mais específica?

– Eu também não sei, ok? Foi coisa do momento. – Ele parecia um pouco irritado. – É meio estranho conversar sobre isso, então...

– Entendi. – Suspirei. – Esquece.

– E acorda o amiguinho ai. Já é a vez dele.

Cutuquei as costelas de Yamamoto de leve. Ele piscou, bocejando.

– O que foi? – Ele bagunçou o cabelo, esfregando os olhos, ainda mais apertados. Ri. Ele estava bem sexy. – O que foi? Ainda sou lindo, mesmo acabando de acordar.

– É, eu vi. – Ri de novo. – Sua vez de dirigir.

– Posso perguntar por que você ainda não tem carteira?

– Porque não tenho dinheiro pra auto escola. O salário só paga minhas contas e roupas. E comida.

– Para de reclamar e assume logo. – Dante desceu do carro, trocando de lado com o outro. Ao invés de descer do carro, ele passou por cima de mim, me pressionando contra o banco.

Coloquei as pernas sobre o painel por alguns minutos, ouvindo os outros dois falando do Acampamento. Me lembrei que Dante também não gostava muito de lá.

Continuamos nosso caminho em busca de Chad por mais algum tempo, dirigindo e alternando motoristas. Eu simplesmente dormia, conversava, ou ouvia música.

E a cada instante que passava, eu queira ir mais rápido. Chad estava pedindo ajuda. E eu não estava lá. Eu estava pensando no irmão dele, logo ao meu lado.