No dia seguinte, não se falava em outra coisa no colégio François Dupont além da grande luta entre os Defensores de Paris, o vilão dourado Inuwashi e a misteriosa mulher-pavão que atacou o falcão dourado. Os quatro amigos, Marinette, Adrien, Chloé e Diego andavam juntos pelo pátio ouvindo o burburinho de todos e tentando disfarçar, se bem que no caso do Diego estava meio difícil disfarçar: o rapaz mexicano estava com um olho roxo, um band-aid no nariz (provavelmente quebrado), lábio cortado e vários arranhões na cara, consequência da luta contra Inuwashi.

(Chloé, preocupada): Caramba Diego, o Inuwashi te deixou muito machucado!

(Diego, sério): Já sobrevivi a coisa pior, eu vou ficar bem.

(Chloé): Como você explicou isso para os seus pais?

(Diego): Inventei que foi um valentão que quis atacar a Lila e eu me atraquei com ele.

(Marinette): Eu tenho que falar com a Alya, mostrar minha solidariedade por ela. Ela não sabe que eu sou a Ladybug, então vai ficar chateada se eu não falar com ela.

Marinette avistou Alya, a morena estava com o braço enfaixado em uma tala.

(Marinette, falando com Alya): Alya, o que aconteceu com seu braço?

(Alya, séria): Foi terrível, Marinette! Ontem eu estava andando no ônibus com meus pais quando aquele homem-águia atacou no lugar onde eu estava. Olha o que ele fez com meu braço!

(Marinette, preocupada): Ai Alya, eu sinto muito, você vai ficar bem, não vai?

(Alya): O médico disse que por pouco meu osso não quebrou, apenas o músculo ficou lesionado. Ele também disse que teria sido muito pior não fosse o curativo que fizeram no meu braço.

(Marinette): Quem fez esse curativo?

(Alya, levemente corada): Ah, foi um garoto que eu não conheço direito. Ele foi muito legal com essa gentileza dele.

Outra menina que se mostrou preocupada com o que havia acontecido a um dos Defensores de Paris foi Lila, que ficou chocada ao ver o rosto do seu namorado todo esculhambado.

(Lila, preocupada): Meu Deus! Diego, o que aconteceu com você?

(Diego, tentando ser discreto): Ah Lila, você sabe... problemas de super-herói.

(Lila): Foi aquele homem águia, não foi? Diego, você tem que tomar cuidado nessas suas missões!

(Diego): Eu sei Lila, desculpa. Acho que eu devia treinar mais meu corpo antes de sair por aí enfrentando vilões.

(Lila): Diego, vamos para um lugar mais discreto, eu quero fazer uma coisa por você.

Lila e Diego foram para um ambiente a sós no colégio. A italiana pegou um kit de maquiagem que ela tinha e começou a fazer um trabalho no rosto do mexicano.

(Lila): Eu acho que minha maquiagem pode ajudar a dar uma disfarçada nos seus machucados. Espere só um pouco.

Enquanto Lila fazia seu trabalho, Diego não pôde evitar de ficar levemente corado ao sentir o toque suave da morena em seu rosto. Diego começou a sentir alguma coisa remexendo no bolso de sua jaqueta e tratou de segurar com firmeza. Sabia que Tuggi, apesar de ser bem ciumenta, não seria tão inconsequente assim para atacar Lila diretamente, mas era melhor não arriscar. Lila então terminou, fazendo um ótimo trabalho por sinal, e deu um beijo na testa do garoto, deixando uma marca de batom.

(Lila, sorrindo): Eu sei que você é um super-herói, mas eu sou sua namorada e me preocupo com você. Quero que você saiba que estou disposta a sempre te apoiar, Diego.

(Diego): O-Obrigado Lila! Escuta, se algum dia meus pais te encontrarem e perguntarem sobre meus machucados, eu disse que te salvei te um valentão. Será que você poderia...?

(Lila): Quebrar esse galho para você? Tudo pelo meu corajoso luchador!

O bolso da jaqueta de Diego começou a se sacudir com tanta violência que até a Lila percebeu.

(Lila): O que foi, Diego?

(Diego, nervoso): Err, eu preciso ir ao banheiro urgente, obrigado Lila!

(Lila, estranhando a pressa de Diego): De nada.

Diego praticamente voou ao banheiro, certificou-se de que não havia ninguém e soltou o bolso da jaqueta, de onde voou uma Tuggi MORDIDA de ciúmes. Sério, a kwami estava tão pistola que até praguejava no idioma materno do Diego.

(Tuggi furiosa, se referindo à Lila): Bruja maldita, seduciendo a mi amigo com tus zorrices! Voy meterte unos buenos porrazos en tu chompa de culo, sua chupamedias del carajo!

(Diego, chocado): Diós mio, Tuggi, você beija sua mãe com essa boca?

(Tuggi): Kwamis não tem mãe Diego, e não desvie o assunto da conversa! É melhor você tirar todo esse pó da sua cara, com certeza ele deve ser venenoso, e não queremos que...

(Diego, sério): Não queremos o quê, Tuggi? A Lila fez um grande favor para mim, me ajudando a ocultar esses ferimentos horríveis!

(Tuggi): Mas Diego, você não sabe que ela pode ter envenenado isso para queimar seu rosto, além disso eu li que maquiagens podem envelhecer a pele e até...

(Diego, sério): Sabe o que eu acho, Tuggi? Que esse seu comportamento temperamental é que precisa de cuidado. A Lila é um amor de pessoa e do jeito que você é, você cravaria as garras no rosto dela, se tivesse garras.

(Tuggi, voltando para o bolso de Diego): Nosfa Diego, por que você me odeia?

(Diego, saindo do banheiro): Tuggi, eu não te odeio. Eu só acho que você precisa controlar essa sua crise de ciúmes, porque isso ainda pode te causar problemas. Lembra da sua briga com o Plagg? Se você tivesse controlado melhor seu temperamento, nós poderíamos...

Falando em Plagg, Diego se distraiu enquanto andava pelo caminho e acabou esbarrando no Adrien.

(Adrien): Nossa Diego, desculpa aí cara, eu não te vi no caminho.

(Diego): Não, não, tudo bem. Eu sou meio distraído mesmo.

(Adrien): Sabe, olhando bem agora, parece que o Inuwashi não fez tanto estrago assim no seu rosto.

(Diego): Você que pensa. Eu estou usando uma maquiagem que a Lila passou em mim, por isso deu uma disfarçada legal, entende? A propósito Adrien, valeu mesmo por ter me ajudado. Eu jurava que aquele seria meu fim.

(Adrien): Disponha amigo. Somos companheiros de batalha, você faria o mesmo por mim.

(Diego): Com certeza.

Tuggi ficou ouvindo a conversa entre Diego e Adrien e ficou sentindo uma pontada de culpa no peito. Seu mestre e melhor amigo estaria perdido não fosse a intervenção de Chat Noir. Sua consciência pesou ao lembrar das palavras que ela havia usado para se dirigir a Plagg.

Eu te odeio, Plagg! Você me chama de inútil, mas a única coisa para que você serve é afastar minha irmã de mim! Não é à toa que os humanos odeiam gatos pretos! ”

Dentro do bolso de Adrien, Plagg também tinha sua crise de consciência. Ele foi bastante cruel com a irmã caçula de Tikki em vários aspectos.

“Porque seus poderes são imprestáveis! Seus mestres sequer sabem lutar direito! Você é uma inútil! ”

Isso não era verdade, e Plagg sabia disso. Diversas vezes, ao longo da história, Tuggi salvou ele e Tikki das garras de pessoas perversas que queriam usar os Miraculous da criação e da destruição para fins escusos. O kwami negro pôs a cabeça para fora do bolso de Adrien e seu olhar acabou cruzando com o de Tuggi, que teve a mesma ideia. Ambos desviaram os olhares, envergonhados ao lembrarem do que fizeram um com o outro. Tuggi tomou a iniciativa e voou na direção de Plagg, ainda constrangida para olhar diretamente para o parceiro.

(Tuggi): Meu mestre disse que às vezes eu sou temperamental. Você acha isso de mim, Plagg?

(Plagg): ...

(Tuggi): ...

(Plagg): ...

(Tuggi): ... obrigado por ter salvado meu mestre, Plagg. Eu gosto muito do Diego, não sei o que faria se algo tivesse acontecido com ele.

(Plagg): Considere isso uma retribuição por todas as vezes que você me salvou de pessoas perversas que pegaram meu Miraculous.

(Tuggi): Mas aí é que tá, você não era obrigado a fazer aquilo. Não depois de tudo o que eu...

(Plagg): Tuggi, nós somos parceiros. Nós só venceremos enquanto trabalharmos juntos. Além disso, também somos amigos, e amigos vacilam uns com os outros às vezes. Eu fui muito cruel em ter te xingado de algo que soa tão ofensivo para o povo do seu mestre. Você me perdoa, Tuggi?

(Tuggi): Eu também não fui uma boa amiga. Eu deixo o ciúme nublar minha mente e quando percebo, estou falando besteiras e magoando os outros. Me perdoa, Plagg.

Os dois kwamis se abraçaram, enfim fazendo as pazes. Diego e Adrien haviam percebido toda aquela cena, mas não quiseram interrompê-la... até agora.

(Adrien): Que bom ver que vocês dois fizeram as pazes.

(Tuggi, rindo): Eu só espero que a minha irmãzona não pense que eu estou dando em cima do gatinho dela.

(Diego): Ela é sua irmã, vai entender isso. Agora é melhor irmos para a sala de aula.

000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000

Enquanto isso, na academia de Yoga do Mestre Fu, o próprio estava andando para lá e para cá, de um lado para o outro. Wayzz, seu kwami, olhava para a cena em silêncio. Depois de alguns minutos, que mais pareciam horas, o kwami tartaruga resolveu quebrar o gelo.

(Wayzz): Mestre, no que você está pensando?

(Mestre Fu): Estou pensando nesses dois novos miraculers que apareceram aqui em Paris. Não resta dúvidas que Inuwashi é maligno, mas aquela mulher-pavão, ela me incomoda.

(Wayzz): Porque está com o Miraculous do Pavão?

(Mestre Fu): Exatamente. Eu o entreguei originalmente para Amélie Agreste, a mãe de Adrien, e isso foi na Inglaterra, já tem o quê? Uns dez, quinze, vinte anos? Mas aquela mulher não era Amélie, Amélie era loira.

(Wayzz): Se a senhora Agreste não queria mais usar seu Miraculous, por que ela não me devolveu? Por que entregou a outra pessoa?

(Mestre Fu): Talvez ela não tenha entregado, talvez o Miraculous do Pavão tenha sido roubado, assim como foi com o Miraculous da Mariposa.

(Wayzz): Mas o Miraculous da Mariposa não foi roubado, ele caiu nas mãos do vilão, como eu havia sentido. Ele foi achado, não roubado.

(Mestre Fu): Verdade Wayzz, mas roubar o Miraculous de alguém é um trabalho difícil: o ladrão precisa ser alguém muito inteligente, com forte capacidade investigativa. Sem falar que muitos Miraculers lutam bem, como era o caso de Peafowl, e Peafowl jamais se renderia sem lutar...

(Wayzz): Mestre, você acha que Peafowl pode ter sido morta?

(Mestre Fu): Não faço ideia, Wayzz. Todas as pistas que eu tenho levam para um confronto entre Amélie e o ladrão de seu Miraculous, e a única forma dele levar o Miraculous seria matando ela ou esperando ela se destransformar. Mas se fosse o segundo caso, ela teria vindo me pedir ajuda. Pode ser que o agressor tenha esperado ela perder sua transformação e aproveitado para matar ela.

(Wayzz): Mas é quase impossível para um ser humano normal enfrentar um Miraculer em pé de igualdade por tanto tempo assim, ele teria que ter algo como outro Miraculous. Mas se fosse esse o caso, porque essa nova Le Paon não usou o suposto Miraculous que ela usou para derrotar Amélie na luta contra Inuwashi?

(Mestre Fu): É exatamente esse o ponto que eu queria tocar, é um mistério enorme. Sabemos da motivação de Inuwashi, mas Le Paon é diferente: ela mostra estar contra Inuwashi, mas por ter roubado a Obsidiana do Zero Absoluto isso prova que ela não está do nosso lado.

(Wayzz): Seria bom se tivéssemos alguém com muita inteligência e esperteza para nos ajudar nesse mistério.

Aquelas palavras chamaram a atenção de Niakamo-Fu. O ancião foi até seu falso gramofone e deu uma olhada nos Miraculous que ainda estavam lá: o da Mariposa e o da Raposa, o da Tartaruga estava em seu pulso.

(Mestre Fu): Lembra daquela garota do blog? Ela já se mostrou uma garota bastante inteligente. Marinette me contou que quando aquela menina tinha sido akumatizada como Lady Wifi ela quase tinha revelado a identidade da Ladybug para valer. Certamente, uma menina bastante inteligente, talvez ela só precise ser um pouco mais esperta.

(Wayzz): Então suponho que você vai mandar Trixx para uma nova mestra?

(Mestre Fu): Sim, eu vou. Como eu já disse, precisaremos de alguém muito inteligente e esperta para nos ajudar a resolver este mistério da Le Paon. Porém, embora aquela garota seja assim, ela tem um defeito: é precipitada, se envolve em perigos que muitas vezes, não dá conta de resolver. Ela precisará da ajuda de alguém.

(Wayzz): Nooroo é um bom kwami. Ele sofreu muito nas mãos de seu antigo Mestre, ele merece como ninguém voltar a ter um bom mestre.

(Mestre Fu): Mas não será Noroo. Hawk Moth é um Miraculer cuja força está em sua estratégia, eu preciso de um Miraculous com forte atributo defensivo, para que o filho da comissária Charlotte possa proteger a nova Volpina.

(Wayzz): Como um escudeiro?

(Mestre Fu): Sim Wayzz, como um escudeiro.

Ao dizer essa frase, Niakamo-Fu ficou encarando Wayzz com um olhar que já deixava bem clara a sua intenção. O kwami tartaruga já conhecia seu mestre há muito tempo para saber o que ele faria, por isso foi bastante enfático.

(Wayzz): Não, não, não Mestre, o senhor não pode fazer isso! Se o senhor abrir mão do seu Miraculous, então você irá...

(Mestre Fu, sério): Eu sei o que acontecerá comigo Nooroo, o mesmo que acontecerá com qualquer todas as outras pessoas que existem.

Niakamo-Fu pôs a mão sobre a pulseira e começou a tirá-la. Nesse momento sentiu uma sensação horrível em seu corpo: sua pele se enrugando toda abruptamente, seus ossos se tornando frágeis como vidro, músculos ficando trêmulos e doloridos, o coração falhando em suas batidas, a respiração ficando pesada. Wayzz viu aquela cena e prontamente interviu e colocou o Miraculous de volta.

(Wayzz, sério): Só que “todas as outras pessoas” não viveram duas ou até três vezes mais que sua expectativa de vida normal. Se o senhor tirar meu Miraculous, o peso de pelo menos 100 anos de vida cairá sobre suas costas com força implacável. E depois, quantos tempo o senhor acha que viverá mais? Provavelmente três dias, no máximo uma semana.

(Mestre Fu): Wayzz, tem que ser assim. Paris não pode ficar sendo aterrorizada por aqueles dois super-vilões enquanto eu fico parado sabendo que poderia fazer algo a respeito.

Wayzz sabia que não adiantaria muito tentar impedir seu mestre de fazer aquilo, e também sabia que não seria muito saudável continuar fazendo o Mestre Fu continuar vivendo e vivendo continuamente. O kwami tartaruga sabia que um dos motivos para o Mestre Fu nunca ter criado vínculo profundo com mulheres foi pelo fato de não envelhecer normalmente, graças ao poder de seu Miraculous.

(Wayzz, conformado): Tudo bem Mestre, mas por favor tome cuidado.

000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000

No final de mais um dia de aula, os alunos do colégio François Dupont estavam voltando para suas casas. Alya havia se despedido de Marinette e agora estava a caminho da escola de suas duas irmãs gêmeas menores, Ágatha e Agnes. No meio do caminho, porém, havia um velhinho chinês de bengala, se esforçando à beça para carregar dois sacos pesados de compras e ainda usar a bengala para andar.

(Alya, parando para ajuda-lo): Senhor, deixe-me ajuda-lo, você não vai conseguir carregar tudo isso sozinho.

(Velhinho chinês): De jeito nenhum, minha jovem. Seu braço está machucado, deixe comigo.

(Alya): Não, eu insisto. Meu braço está machucado, mas ainda tenho outro para carregar.

(Velhinho chinês): Está bem, mas por favor me deixe carregar sua bolsa para você. Imagino que ela deve ser mais leve.

(Alya): Tudo bem, eu aceito.

O velhinho chinês conduziu Alya até uma conhecida academia de yoga, alegando ser seu endereço. No meio do caminho, o ancião aproveitou para colocar uma caixinha de madeira com detalhes em vermelho dentro da bolsa da blogueira.

000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000

Mais tarde, aquele mesmo velhinho chinês passeava pela cidade, dessa vez ele havia parado numa academia de karatê, onde havia avistado o filho da comissária Charlotte, Jacques, treinando artes marciais com sua tia, Anansi. A mulher de forte trejeito africano não estava tendo um pingo de pena do coitado do Jacques.

(Anansi, “incentivando” Jacques): Chama isso de flexões? Isso aí era como eu brincava quando era bebezinha! Desse jeito nunca vai terminar a sessão, garoto!

(Jacques, já com as veias saltando de tanto esforço): D-D-Doze! T-T-Treze! Q-Q-Quatorze! Q-Q-Q-Q-Q-Q-Quarenta e Oito! Q-Q-Quarenta e Nove! C-C-Cinquenta!

(Anansi): Pensando bem, cinquenta flexões foi meio exagerado. Da próxima você paga só vinte.

O coitado do Jacques praticamente se esborrachou no chão. Não tinha sido algo tãããão cruel assim, mas o rapaz simplesmente estava fora de forma.

(Jacques, “morrendo”): Deixa eu beber um pouco de água, tia!

(Anansi): Vai lá, garoto.

O velhinho chinês viu Jacques tirar uma garrafa de água de uma mochila com estampa camuflada. Depois que Jacques se afastou, o ancião foi lá com uma caixinha de madeira igual à que ele tinha colocado na bolsa de Alya. Ele abriu a caixinha, que estava vazia, e se preparou para tirar sua pulseira e coloca-la lá dentro. Uma estranha criaturinha verde em seu bolso lhe deu um aviso estranho.

(Criatura): Tome cuidado, Mestre. Depois disso o senhor terá muito pouco tempo.

(Ancião Chinês): Eu sei perfeitamente o que estou fazendo.

O velhinho pegou seu celular, e mandou uma mensagem rápida de conteúdo urgente para quatro contatos, curiosamente marcados com o nome dos heróis de Paris. Depois disso, o velhinho tirou sua pulseira, colocou dentro da caixinha e jogou-a dentro da bolsa de Jacques. Imediatamente coisas estranhas começaram a acontecer com ele: Ele começou a ficar com uma aparência extremamente envelhecida, sem falar que ele estava com a mão no peito, respirando com dificuldade. Jacques e Anansi perceberam aquilo e foram ágeis.

(Anansi, nervosa): Jacques, liga para a Emergência, eu vou pegar uma aspirina!

Estranhamente, mesmo com tudo o que estava sofrendo naquele momento, o velhinho ainda conseguia dar um minúsculo, muito discreto sorriso.

000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000

Chloé saiu correndo do hotel Le Grand Paris. Um táxi, que a loira chamou com antecedência, havia acabado de chegar. Sem nenhuma cerimônia, a filha do prefeito pulou dentro do veículo, coisa que em outros tempos ela jamais faria, mas ela tinha motivos impactantes demais para ignorar.

(Chloé, aflita): Para o hospital, rápido!

O taxista atendeu ao pedido e foi direto ao destino indicado. Quase se esquecendo de pagar o motorista, Chloé correu para dentro do hospital, sua aflição era visível, ela corria como se estivesse lutando contra uma contagem regressiva.

(Recepcionista): Boa tarde, você veio ver o senhor...?

(Chloé): Niakamo-Fu! Sim! Onde ele está?

(Recepcionista): Outros três jovens também vieram atrás dele. Vocês são parentes?

(Chloé, nervosa): Diga logo onde ele está!

(Recepcionista): Quarto 105. O enfermeiro vai leva-la até lá.

Ao chegar no quarto, Chloé se encontrou com Marinette, Adrien, Diego e a mãe dele, a doutora Camille. A mãe de Diego estava com uma expressão séria, mas Diego e os amigos dele se mostravam bastante tristes. O motivo era simples: no leito diante deles estava o Mestre Fu, com uma aparência bastante abatida e doente.

(Mestre Fu, fraco): Doutora Camille, eu quero ficar a sós com esses jovens, por favor.

(Camille): Está bem, mas voltarei daqui a pouco.

Os jovens se aproximaram de Niakamo-Fu, que estava com uma aparência bastante debilitada. Os segundos se passaram como horas, e Marinette foi a primeira a falar.

(Marinette): Mestre Fu, o que aconteceu com o senhor?

(Mestre Fu): O mesmo que acontece com todas as pessoas normais: eu envelheci.

(Adrien): Mas o senhor não era tão debilitado assim! O que aconteceu?

(Mestre Fu): Eu entreguei o Miraculous da Tartaruga para um novo herdeiro. Aquele Miraculous era o que garantia minha longevidade!

(Chloé): Mas por que o senhor fez isso? O senhor pode acabar morrendo!

(Mestre Fu): Inuwashi é um inimigo poderoso, e Le Paon também pode causar muitos problemas para vocês, vão precisar de mais aliados. Eu não podia guardar aquele poder comigo só para garantir minha longevidade. Até porque essa minha vida excessivamente longa estava começando a me fazer mal: vocês têm ideia de como é viver 186 anos, não se relacionar com ninguém porque sabe que essa pessoa não vai envelhecer assim como você?

(Diego): Mestre...

(Mestre Fu): Além do Miraculous da Tartaruga, eu também mandei o da Raposa. Eles irão ajuda-los a descobrir o mistério por trás de Le Paon, e a derrotar o temido Inuwashi.

(Marinette): Para quem o senhor mandou esses Miraculous?

(Mestre Fu): Não vou dizer, e vocês não devem buscar saber. Não quero que aconteça com um deles o mesmo que aconteceu com você, Ladybug.

(Marinette, chorando): Está bem Mestre, farei como queira.

(Mestre Fu): Eu vou ficar bem, não se preocupem, eu só quero finalmente descansar em paz.

(Diego, chorando): Quanto tempo o senhor ainda tem Mestre?

(Mestre Fu): Wayzz, meu kwami, me deu três dias, uma semana no máximo.

(Adrien, chorando): Nós vamos visitar você sempre que pudermos nesse meio tempo!

(Chloé, chorando): Muito obrigada por ter mudado minha vida, Mestre Fu!

(Camille, voltando a entrar no quarto): O senhor Niakamo-Fu precisa descansar. Nós precisamos ir.

Adrien deu carona para Chloé de volta ao hotel Le Grand Paris. Marinette voltou com os pais dela e a doutora Camille deu uma carona para Diego de volta para casa.

(Camille): Filho, de onde você e seus amigos conhecem esse ancião? Vocês me pareciam tão tristes ao vê-lo daquele jeito.

Diego ficou uns instantes pensando em alguma resposta convincente para dar para sua mãe, olhou para Tuggi, que estava escondida em sua jaqueta. A kwami cochichou algumas palavras no ouvido do garoto mexicano, que acenou como se dissesse “boa ideia”.

(Diego): Ele era um funcionário do colégio, da biblioteca. Nós gostávamos muito dele.

(Camille): Entendo.

(Diego): Mãe, qual era o problema de saúde que ele tinha?

(Camille): Ah filho, o que as pessoas normalmente têm quando envelhecem: coração falhando, os músculos cansados, ossos frágeis, essas coisas. Só que com ele era estranho: era como se tudo isso tivesse acabado de atingir ele ao mesmo tempo. Ele parece muito mais velho do que seus 86 anos.

Diego não disse nada, apenas ficou pensativo nas palavras de sua mãe.

000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000

Ainda naquela tarde, Alya Césaire estava em seu quarto fazendo o dever de casa. Ela estava respondendo algumas questões anotadas em seu caderno, até que teve uma dúvida e precisou consultar o livro. Porém, ao pegar o livro sentiu algo estranho em sua bolsa, puxou o livro e mais uma caixinha de madeira estranha, com ornamentos pintados em vermelho.

(Alya): O que é que isso está fazendo na minha bolsa?

Alya abriu a caixinha e viu um belo colar, com um pingente laranja metálico em formato de cauda de raposa.

(Alya): Ah meu Deus! Que coisa mais linda! Quem foi será que colocou isso aí? Ah, já sei, aposto que foi o Nino! Minha nossa, eu tenho o melhor namorado do mundo!!!

Alya continuou fazendo o dever de casa, dessa vez usando o colar que Nino havia lhe presenteado (ou não). Ela foi pegar o livro para consultar as respostas, mas ele havia sumido.

(Alya): Ué, cadê meu livro?

Alya viu que alguém tinha colocado o livro dela no chão debaixo da mesa. Com dificuldade, por conta de seu braço machucado, ela se abaixou e pegou o livro, mas ao se levantar notou que dessa vez era o caderno que havia sumido.

(Alya, séria): Ágatha, Agnes, eu sei o que vocês estão fazendo e isso não tem graça! Eu estou com o braço enfaixado e preciso terminar meu dever de casa.

Uma das gêmeas caçulas respondeu do quarto delas.

(Agnes): Mas mana, nós estamos quietas no nosso quarto.

Alya continuou procurando seu caderno, até acha-lo em cima de sua cama. A morena já estava estranhando até demais tudo aquilo. Pior foi que logo assim que ela colocou as mãos no caderno sentiu seus óculos saírem voando. Com ótimos reflexos, Alya puxou seus óculos de volta.

(Alya, nervosa): Agora já chega, Ágatha, Agnes, esse tipo de brincadeira não tem...

(?????): Eu não estou brincando, eu só achei que você ficaria mais bonita sem esses óculos ridículos!

Alya nunca tinha ouvido aquela vozinha fina antes. Rapidamente colocou os óculos e não acreditou no que viu: bem na sua frente, estava uma raposinha minúscula flutuando e falando.

(Raposinha): Outra coisa, eu não sei quem é “Ágathagnes”. Meu nome é Trixx, muito prazer. Qual o seu nome?

000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000

Naquele mesmo instante, numa casa na Rue de la Paix, Jacques estava tomando banho para se recuperar do treino rigoroso de sua tia Anansi. O garoto se vestiu com roupas mais relaxantes e caseiras, depois foi pegar seu celular, que havia deixado em sua mochila, mas havia algo mais ali além do celular.

(Jacques): Ué, o que é isso?

Jacques tirou, além do celular, uma caixinha de madeira, idêntica à que Alya havia achado. O rapaz ficou coçando a cabeça perguntando como aquilo foi parar ali.

(Jacques): Será que alguém da academia confundiu as bolsas?

Jacques abriu a caixinha e viu uma pulseira com um pingente em forma de tartaruga. Ele achou o acessório bem legal e resolveu colocar. Um brilho verde ofuscante surgiu do pingente, e quando se dissipou Jacques viu a coisa mais estranha que ele podia imaginar.

Diante dele, estava uma mini-tartaruga flutuante.

(Mini-tartaruga): Saudações mestre, eu sou Wayzz, o seu kwami. Como você se chama?

000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000

Jacques e Alya não sabiam, mas suas vidas nunca mais seriam as mesmas.