Decifra-me

Capítulo 6- A identidade do consumidor


Oi, meu nome costumava ser Consumidor. Sabe? Qualquer um daqueles que adquiriam bens ou produtos, uma pessoa comum. Mas, de uns tempos pra cá, (vinte anos mais ou menos, coisa pouca!) passei a me chamar “Consumista”, o que, diga-se de passagem, é um nome bem comum hoje em dia.

Eu costumava assistir a muitos programas de televisão, passava todo meu tempo livre na sala, assistindo a canais diversos. Nos intervalos, propagandas de todos os tipos brilhavam e explodiam em cores berrantes na tela à minha frente. Ah! Fiquei encantado! Era quase impossível dizer “não” a todos aqueles comandos que diferentes vozes, num tom persuasivo, me eram dados. No começo, fui inflexível, mas bastou um olhar rápido ao meu redor para perceber que todos estavam obedecendo às vozes e às cores chamativas. Resolvi ceder também.

Não nego que essa mudança de título foi meio assustadora. Ser consumista não é fácil, pesa no bolso! Mas parando para pensar, meu maior problema não é esse. É como eu perdi o que eu era, nem minha velha identidade lembro mais! Perdi meus costumes, preferências e gostos. E eu sei que isso soa bem ruim, nem me faz bem pensar. Mas as vozes me disseram, indiretamente, que aculturação está na moda. Logo, toda essa ideia negativa deve ser pura imaginação.

Afinal, as vozes não iriam querer o meu mal, iriam?