Chuveiro

– Shh, fica quieta.
Felipe estava me segurando pela cintura enquanto entravamos na casa de Bea, só nós dois, tínhamos pegado um táxi assim que eu quase cai na piscina, sorte que ele havia me segurado, Felipe desistiu de tentar me fazer andar e então me pegou no colo. Meu corpo estava mole e dolorido, eu não conseguia descer dos braços dele.
– Me solta, eu consigo.
Ele me levou até o quarto de Bea e me colocou na cama, fiquei sentada e ele se ajoelhou a minha frente, tirou meus sapatos e depois foi para trás de mim a procura do zíper do vestido, ele desceu o zíper e tirou meu vestido com dificuldade, me deitei na cama esperando ele se deitar comigo. Eu estava frágil, sem forças e eu queria ficar com ele, mas ele apenas puxou meu braço para que eu me sentasse novamente.
– Você precisa de um banho. - Ele me olhou com aquelas roupas intimas.
– Eu não quero.
– Se os pais do Eduardo te verem assim vão ficar muito preocupados. Vem.
Ele me pegou no colo de novo e me colocou sentada no vaso sanitário, ligou o chuveiro e me ajudou a levantar, me colocou de baixo naquela água gelada, tremi e choraminguei. Ele me segurou em todos os momentos, mas não estava em baixo do chuveiro.
– Ta muito gelado. - Choraminguei novamente.
– Calma, só mais um minutinho. - Ele me olhava.
– Eu quero te beijar. - Eu disse com dificuldade.
– Você tá bêbada.
– Eu nunca beijei ninguém. - Felipe deu uma risada e se esquivou para desligar o chuveiro, caminhou e pegou a toalha e enrolou no meu corpo, minha roupa intima estava colada e molhada.
Ele me levou novamente até o quarto e me sentei na cama, ele não tirou minha roupa intima, apenas tirou o meu pijama da mochila e colocou por cima da roupa molhada.
– Você pode dormir agora. - Me levantei com dificuldade e segurei o braço de Felipe, ele me olhou e eu puxei a blusa dele, caímos na cama, ele por cima de mim. Agora eu o beijaria.
– Me beija.
– Se você se lembrar de tudo amanhã, eu beijo você. Não vou usar você.
Ele saiu de cima de mim e deu um beijo na minha testa, o vi sair do quarto com um sorriso no rosto, me virei e adormeci com muita facilidade.
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Minha cabeça estava estourando quando acordei, olhei para os lados e percebi que Bea já tinha acordado e provavelmente já havia descido, minhas roupas estavam molhadas e eu realmente não sabia o porque. Me levantei e coloquei uma roupa seca, caminhei até a escada e a desci, fui até a sala de jantar e encontrei Bea, Eduardo e Felipe, todos tomando café quase no horário do almoço. Eles me olharam e deram um sorriso.
– Bom dia bela adormecida. - Bea gargalhou.
– Você tá melhor? - Eduardo deu um gole em seu café.
– Com dor de cabeça, mas bem. - Me sentei e olhei para Felipe.
– Você se lembra de ontem? - Felipe me fitava com os olhos cansados e um copo de suco na mão.
– Me lembro de chegar em casa, e de você me ajudando.
– Nada mais? - Ele parecia decepcionado, pois desviou o olhar e suspirou.
– Lembro de um garoto me cantando também, e de beber algumas cervejas. - Respondi.
– Ela deveria se lembrar de mais alguma coisa? - Bea olhou para Felipe com um sorriso no rosto.
– Não, claro que não. - Respondeu dando uma mordida em um pão de queijo.
– Sua roupa estava molhada hoje ou era só impressão minha? - Bea me olhou com um olhar firme.
– É, estava.
– Ajudei ela a tomar um banho ontem, ela estava chapada. - Felipe falou sem vontade, parecendo cada vez mais decepcionado.
Naquele momento tudo me vem a cabeça, o banho, ele tentando ir embora e eu o puxando e caindo na cama, eu dizendo que queria beija-lo. Fiquei corada e todos me olharam, senti vontade de sair correndo e nunca mais olhar na cara de Felipe, eu tinha assumido que não tinha beijado ninguém, eu nunca tinha falado isso para ninguém.
E agora? Nós nos beijaríamos? Ele havia dito que sim, mas eu duvidava muito. Engoli em seco e percebi que Felipe me olhava firme.
– Vou tomar um pouco de ar, já volto. - Felipe saiu da mesa e eu tentei arrumar algo convincente para sair dali também.
– Vou no banheiro, já volto.
E me levantei saindo dali, segui Felipe até o lado de fora, estávamos de frente para a piscina. Ele parou de caminhar e eu fiquei de frente para ele, ele forçou um sorriso e eu ignorei.
– Sinto muito ter estragado sua noite ontem, lembrei do que aconteceu. - Falei vencendo a vergonha.
– Tudo bem, de tudo? - Ele arqueou as sobrancelha. Assenti.
– Ah, foi vergonhoso. - Dei um sorriso.
– Tudo bem, você só estava bêbada. Te fiz uma promessa. - Ele sorriu.
– É você fez sim. - Ficamos nos olhando enquanto nos aproximávamos mais.
– Eu devo beijar você? - Dei de ombros. - Foi uma promessa.
Meu coração estava na boca, eu beijaria o cara mais lindo do mundo. Respirei fundo e o vi chegar mais perto de mim, ele era uns sete centímetros mais alto que eu, fiquei na ponta dos pés quando ele segurou minha cintura, seus braços me seguravam com firmeza e seus lábios estavam perto demais dos meus.
– Ai meu Deus, interrompi vocês, me desculpem.
Eu e Felipe nos afastamos o mais rápido possível e Bea sorriu pra mim, senti raiva e alivio naquele minuto. Bea saiu dali e eu olhei para Felipe.
– Ai que vergonha. - Botei as mãos no rosto.
– Acho que esse não seria o primeiro beijo perfeito pra ti.
Assenti, decepcionada.