De Vida Nova

Capítulo dois


As três pararam em frente à sala de francês, com Percy logo atrás.

–Não ouviu Jackson? Nós nos encarregamos dela, não precisa se preocupar – A morena de olhos azuis atacou, cheia de ironia.

–O que eu posso fazer? Tenho aula de francês também, a culpa não é minha! – Retrucou com uma expressão divertida.

–Ah, droga. Foi mal Annie, mas não podemos fazer nada então, boa sorte com essa aula, vê se não se deixa levar por esse aí! – Foi a vez da ruiva.

–Pode deixar, não me deixo seduzir tão fácil assim, pode acreditar. – Ela encarou o garoto, em tom de desafio, e ele estava segurando um sorriso.

–Veremos. – Percy murmurou baixinho, de forma que apenas Rachel escutou, e ela revirou os olhos pelo o jeito convencido com que o moreno falou aquilo, como se Annabeth já estivesse no papo.

–Tudo bem então, temos que entrar antes que a gente se atrase, boa sorte Annie!

–Brigada Thalia. – E acrescentou baixinho – Vou precisar.

–Só Lia, e aposto que Rachel vai dizer “só Rach”.

A loira riu, gostando.

–Obrigada Lia, e Rach também.

–Até depois. – Responderam as duas indo para a sala de biologia, ao que Annie deu um “tchau” com a mão.

–Lá vamos nós, damas primeiro, por favor. – Percy abriu a porta para ela.

–Obrigada.

–Sabe, - ele disse entrando na sala e indo para o lado da garota – eu nunca conheci uma brasileira assim pessoalmente, você tem pouco sotaque.

–Eu sei, meus pais eram daqui, mas se divorciaram e minha mãe foi comigo para o Brasil quando eu tinha três anos, então basicamente minha língua materna é o inglês, e eu nunca deixei de falar em casa.

–Divorciados? Os meus também são. Mas porque você se mudou pra cá agora? Eles voltaram ou o que?

–Quem dera... – E nisso a professora Afrodite interrompeu a conversa, dando palminhas e chamando Annabeth lá na frente.

–Venha, venha aluna nova, vamos te apresentar para a turma. – Annie levantou-se um pouco acanhada e andou até lá com a cabeça baixa. – Essa é Annabeth Chase gente.

–Ela é brasileira! – Gritou Percy. E nisso começaram murmurinhos parecidos com o comentário de Travis na primeira aula por parte dos garotos, e das garotas saíram coisas como “ela que fique longe do meu namorado” ou “será que é puta?”.

–Chega disso! – Teve que gritar Afrodite. – Pode me chamar de Afrodite, querida, e como já sabe sou sua professora de francês, a língua do amor e a mais linda de todas! – Ela comentou com a loira, dando pulinhos e olhando apaixonadamente para o nada. – Pode se sentar.

Annabeth não demorou a fazer o que a professora pediu, já estava igual um pimentão, e quando chegou ao seu lugar virou-se para Percy.

–Muito obrigada pelo seu comentário desnecessário.

–De nada, brasileirinha. – Ele respondeu sem nem virar-se para ela, com um sorriso estampado no rosto.

A garota bufou e virou para frente, decidindo prestar atenção na aula, seria mais produtivo que discutir com certo moreno de olhos verdes.

[...]

Annabeth passou o resto da aula de francês e as outras duas – biologia e matemática – tendo que aturar Percy, e ele fazia questão que ela o notasse sempre, soltando alguns comentários e dizendo em todas – todas mesmo – as aulas que ela era brasileira para a sala inteira ouvir, então já dava para ter uma noção do numero de vezes que ela corou naquele dia.

Mas finalmente havia chego o intervalo, ela estava louca para ver Lia e Rach, não as tinha visto em mais nenhum momento, já que as aulas das três eram em completos opostos da Academia.

–Hey, Annie! – Gritou Rachel do outro lado do refeitório, com Thalia a reboque.

–Oi garotas, é tão bom me encontrar com vocês.

–Eu imagino o porquê. – Respondeu Lia, fuzilando Percy, que estava ao lado de Annie, com o olhar.

–O que eu fiz? – Perguntou ele indignado.

–O que será né Percy? Eu nem sei! – Retrucou Rach cheia de ironia.

Annabeth percebeu naquele momento que além de ser muito gato, irritante e ter olhos lindos, ele era, acima de tudo, muito lerdo.

Então, para evitar qualquer briguinha que parecia estar prestes a acontecer, Annie interveio:

–Então gente, como nós nos servimos aqui?

As garotas pararam de atacar Percy verbalmente para ajudá-la.

–Então, a fila começa lá - Rachel apontou para uma ponta do bufê, onde os alunos já começaram a se aglomerar. – e você paga ali – ela apontou para o lado oposto da fila – são três dólares o almoço.

–Isso, e depois você senta ali com a gente – Lia apontou para uma mesa onde já tinha algumas garotas e um pouco mais de garotos. – A gente apresenta você pra eles depois, vamos pegar a comida.

Assim foram os quatro – Percy parecia um cachorrinho, sempre atrás de Annie - para a fila, que ainda não estava muito grande, cada um pegou algo para comer, pagou e foram sentar-se à mesa que Thalia falou antes.

Assim que Annabeth sentou foi sendo bombardeada com apresentações:

–Eu sou a Silena. – Começou uma garota de cabelos castanhos escuros e olhos de um tom lindo de azul.

–E eu Charles Beckendorf, mas a galera me chama só de Beckendorf. – Disse o cara negro, com cabelos ralos e pretos que estava abraçando Silena pela cintura.

–Oi, meu nome é Piper, e esse é meu namorado Jason. – Os dois sorriram, a garota tinha olhos verdes que mudavam para violeta e cabelos cor de mel com tranças repicadas, e o menino cabelos loiros e olhos iguais aos da Thalia.

–Espera, você é irmão, primo ou algo assim da Lia? – Annie perguntou, curiosa.

–Irmão, reconheceu pelos olhos? – Ele pediu.

–Aham. – Ela riu sem graça.

–Tá, tá, que seja. Eu sou o Nico. – Annabeth estranhou o jeito de aquele garoto vestir-se, era um pouco parecido com o jeito de Thalia, mas de certa forma diferente, ele estava com roupas pretas e cinzas, da cabeça aos pés, tinha cabelos negros e olhos da mesma cor, “lembra um pouco a morte” a loira chegou a pensar, estremecendo.

–Ai gente, isso já tá ficando chato! – Exclamou Rachel. – Vamos apressar as coisas, Clarisse e Chris são namorados, - Ela apontou para um casal mais afastado, a garota tinha ombros meio largos, cabelos castanhos presos em um rabo de cavalo e olhos castanhos, quase puxando para o bordô, e o garoto não parecia tão forte, mas era alto, e tinha cabelos e olhos castanhos escuros. – Juníper e Grover, querem ser namorados, mas não admitem, - Dito isso olhares furiosos dos dois foram lançados para a ruiva, mas quando se entreolharam a fúria deu lugar à timidez, Juníper era pequenina, tinha cabelos castanhos quase ruivos com mechas verdes, e olhos da mesma cor das mechas, já Grover tinha cachos castanhos escuros e olhos da cor de mel.

–E eu sou o Leo! – Tratou de terminar um menino de orelhas de elfo, com cachos bagunçados e quase pretos e olhos castanhos escuros.

Ele disse a frase já se insinuando para Annabeth, que deu um passo para trás, assustada, será que todos os garotos daquela escola, solteiros, eram assim?

–Ele finge que dá em cima de você, mas quem ele tá realmente de olho é aquela vadiazinha lá. – Disse Silena, apontando para uma morena, quase loira, com roupas curtíssimas do outro lado do refeitório.

–É, ele é apaixonado pela Calypso desde a primeira série, não tem jeito. – Completou Juníper.

–Ei!

–Calma Leo, eu não vou te entregar. – Annie entrou na brincadeira. – E quem é aquela ali do lado? – Ela apontou para outra que parecia ser do grupo de Calypso, de cabelos negros e ondulados.

–Ah, é a Drew, é igualzinha, talvez até mais piranha ainda. – Terminou as apresentações Thalia.

–Eu espero lembrar o nome de todo mundo – Annie sussurrou para Rach.

A ruiva riu.

–Relaxa, a gente te ajuda.

Assim que todos terminaram de comer o sinal tocou e cada um foi para sua respectiva sala, e para a infelicidade – ou felicidade, dependendo do ponto de vista – da loira ela tinha mais uma aula com Percy.

–Então, acho que apesar de todos os esforços daquelas duas eu vou acabar mesmo sendo seu guia particular, brasileirinha. – Percy sorriu e Annabeth bufou.

–É, fazer o que, temos que lidar com as infelicidades da vida.

–Vou fingir que acredito nesse seu discurso tipo “vou ignorar que o cara que se ofereceu pra ser meu guia é o maior gato”.

–Acredite no que quiser.

E só para provocar e provar que ela não estava nem ai, Annabeth saiu rebolando mais que o necessário para dentro da sala de aula, deixando um Percy perplexo para trás.