Dark Cloud

Capitulo VI


- Você está melhor nos jogos – comentou Tetsuya roubando um dos meus marshmallows do saquinho que eu tinha comprado em uma loja de conveniência no dia anterior.

- Você devia aprender a pedir, Kurokumo – reclamei.

- Mas eu pedi o refrigerante e você quase não me deu ele – rebateu.

- Eu não tinha o refrigerante em mãos, e no final eu te dei ele! – disse aborrecido.

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Ele pegou mais um antes que eu pudesse evitar.

- Meu nome é Tetsuya, lembra? Isso foi por me chamar assim – disse e comeu ele.

- Eu te chamo como quiser – disse cerrando os olhos.

- Ah! Eu estou conseguindo! – disse de repente feliz. – Agora que você já age normalmente com seu melhor amigo TE-TSU-YA, e sabe jogar mais ou menos... Eu quero dar uma olhada na sua casa. Você é muito magro, disse que vive de comida que compra por aí não é? Já sei. A partir de hoje você janta na minha casa.

- E você decide tudo assim, sozinho? – perguntei incrédulo. Eu não conseguia me acostumar a isso.

Ele se aproximou de mim, deixando o rosto a centímetros, me fazendo recuar um pouco para que ele não... Sei lá, me beijasse?

- Estou te oferecendo comida de graça e é assim que agradece? Você não tem jeito mesmo, hein – balançou a cabeça se afastando.

- Por mim está tudo muito bom, como está agora – disse dando de ombros.

Ele pegou meus cabelos e os bagunçou.

- Mas para mim não – disse. – Está decidido, vamos hoje para sua casa!

- Mas eu não... – desisti da frase no meio da sentença ao ver seu sorriso largo e uma das sobrancelhas arqueadas.

- Achei que não teria objeções – ficou satisfeito.

Sua mãe me recebeu feliz e fez um jantar especial, dizendo que seria o primeiro de muitos. Depois fomos para a minha casa e Tetsuya assobiou ao ver o abandono.

- Cara, você mora aqui mesmo? Parece abandonado – ele estava exagerando é claro, só estava empoeirado e um pouco bagunçado. – Vou ver se minha mãe pode te dar uma mãozinha.

- Não, já chega – tentei frear. – Jantar lá tudo bem, mas limpar aqui... Sua mãe não é sua empregada.

- Se ela vier aqui, vai fazer isso antes mesmo deu propor a ela – riu.

Suspirei.

Depois dessa emocionante conversa, a gente foi assistir alguns filmes.

Na metade do filme, Tetsuya já demonstrava um cansaço que passava do normal e eu soube que era parte da doença quando ele caiu dormindo no meu ombro e senti sua pele quente. Novamente estava com febre, apesar de não ser muito alta.

Por um impulso do momento o envolvi com meu braço e puxei o cobertor, ficando a assistir o filme sozinho e acariciando inconscientemente seu ombro.

Um medo tomou minha mente. Hoje, eu estava ali com Tetsuya, aconchegado em meus braços, onde eu poderia vê-lo. Eu poderia discutir e rir com ele.

Mas e amanhã?

Ele dormia enquanto sua doença ficava mais grave. Estava calmamente descansando enquanto a doença se agravava. E eu só podia observá-lo e ficar negando sua ajuda.

Iria doer quando ele partisse, eu já havia entendido isso. E a cada momento que passava, mais eu me apegava a ele.

Olhei para seu rosto sereno e fechei os olhos registrando aquilo por trás das minhas pálpebras. Eu tinha boa memoria e aquilo ficaria para sempre comigo, mesmo assim...

Afastei-o lentamente e fui ao meu quarto. Peguei a câmera que minha mãe havia me dado de presente a dois anos atrás, por sei lá que motivo.

Tirei uma foto e o flash o acordou.

- O que você está fazendo? – perguntou confuso e sonolento.

- Você pode estar satisfeito de ir sair dessa para a melhor, mas... Acho que eu vou querer algumas lembranças – ri mostrando-lhe a câmera.

Ele sorriu entendendo e pegou a câmera da minha mão e tirou foto da entrada da casa.

- Isso é pra você lembrar de como era essa entrada antes de nós dois limparmos ela – disse levantando-se.

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- Você está com febre, vai se deitar – disse segurando-o.

- Nem a pau. Vamos limpar isso – retrucou.

- Mas está tarde – tentei novamente.

- Você ainda tenta ir contra mim? Não aprendeu ainda, Mana? – perguntou rindo.

Suspirei.

- Você não pega peso, nem mexe com água – adverti. – Me ouviu?

- Hai hai! Vamos ao trabalho! – disse animado.

Quando terminamos estava amanhecendo novamente. Ele assobiou baixinho ao ver a luz iluminando a casa limpa e tirou uma foto.

- Acho que hoje nenhum de nós vai para a escola – disse fingindo desapontamento.

- É culpa sua, seu maníaco – disse me jogando no sofá pegando a câmera dele e tirei uma foto dele, daquele jeito todo sujo.

Ele a pegou de volta e olhou intrigado para a foto.

- Cara, você é bom com fotografias. Mesmo eu estando todo sujo e cansado... Ficou legal.

Dei de ombros.

- Diziam isso para mim quando ainda acreditavam que eu faria algo da vida – contei.

- Está aí então. Já decidimos sua carreira – falou jogando as mãos para trás da cabeça.

- Você decidiu, como sempre – eu não estava reclamando, somente atestando o fato.

- Você não decide nada sozinho, eu faço isso por você – disse indiferente.

Algumas semanas eu estava totalmente confuso por causa de tantas mudanças, mas naquele momento eu já estava habituado a elas.

E tinha até espaço na cabeça para entender o que eu estava sentindo por ele. Era claro para mim como o dia que banhava a sala. Eu o amava e não queria que ele partisse.

Até o final do dia, se nós pudermos ficar sem fazer nada... Olhando para o céu...

- De que banda é aquela musica? – perguntei.

- LM. C – disse e deu um riso sem graça. – A mesma sigla da minha doença. – Ele viu que eu esperava que ele continuasse e este superou. – Leucemia mieloide crônica – suspirou. –, lmc. É engraçado que a sigla de uma banda que gosto, é a sigla da minha doença também. Parece brincadeira de mau gosto.

- É interessante – comentei e ele encarou-me. – Eu não vou esquecer mais o nome da banda por causa disso.

- Tem como a gente esquecer que eu vou morrer por um tempinho? – pediu ele.

- Claro que não, eu quero as fotos – retruquei.

- Vamos pensar nelas então... Como lembranças, somente lembranças. Para ajudar você a melhorar como fotografo.

- Como quiser, minha modelo – ele riu e me deu um soco no braço, mas estava cansado demais para usar muita força. Em poucos minutos ele tinha adormecido do meu lado.