Dançando Sobre o Gelo

Capítulo 10


Quando Elsa e Anna finalmente se separaram, os quatro decidiram que seria melhor mandar a estátua de Hans de volta para as Ilhas do Sul, para sua família. O Duque e seus guardas não questionaram o ocorrido, mais por medo que por qualquer outro motivo. Os guardas se empenharam em levar a estátua escada abaixo – Elsa havia construído uma nova escada, e para assombrar ainda mais aquele homenzinho desprezível, pediu para que Anna inventasse algumas “palavras mágicas” naquele mesmo momento, de modo que os demais, que não podiam vê-la, acreditassem que aquilo havia sido obra da própria ruiva, que supostamente teria herdado os poderes da irmã após sua morte.

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Os quatro estavam reunidos novamente no abrigo de gelo, e agora que estava tomada pelo alívio de ter Elsa novamente ao seu lado, Anna prestou mais atenção naquele misterioso garoto de cabelos brancos e olhos azuis. Não o conhecia, mas ele e sua irmã pareciam se dar muito bem... Além disso, ele era lindo! Só perdia para o Kristoff, é claro... Não, que ela achasse Kristoff lindo ou qualquer coisa do tipo! Tá, ele era mesmo bonito, assim como legal, gentil e confiável... Mas isso não significava que ela gostava dele!

Anna sentiu o rosto começar a esquentar, e decidiu desviar seus pensamentos daquele assunto.

“A propósito, Elsa...” ela se voltou para a irmã, e então, indicou Jack com sua cabeça “Quem é o seu amigo?”

Elsa arregalou os olhos com a pergunta: havia se esquecido completamente de que agora Anna também podia ver Jack.

“Ah, eu me esqueci de apresentá-lo!” ela sorriu, sem graça “Este é Jack Frost, e ele tem estado ao meu lado desde que eu tinha dez anos... Por todo esse tempo, ele foi o meu melhor amigo.”

Elsa e Jack trocaram breves olhares, e então, em movimentos ligeiramente tímidos, seguraram a mão um do outro.

“Ou até mesmo mais do que isso.” ela acrescentou, em tom baixo.

“Oh...” Anna franziu o cenho, confusa de início, até que seus olhos pousaram sobre as mãos de ambos “Oh!” ela notou a expressão em seus rostos, e a forma como eles não olhavam mais nos olhos um do outro “Ohh!”

Aquilo só podia significar uma coisa.

“Kristoff, é melhor nós irmos lá embaixo.” disse a ruiva apressadamente, segurando o braço do loiro “Sabe... O Sven deve estar se sentindo bem solitário, coitadinho...”

“O que...?” Kristoff não entendeu a reação da menor de início, mas depois desta indicar os outros dois com sua cabeça, de uma forma nada discreta, ele entendeu a situação “Ah, claro, o Sven... Ele odeia ficar sozinho, não é...?”

“Por isso, é melhor irmos fazer companhia a ele, não acha?” dizendo isso, ela olhou brevemente para a irmã, uma expressão ansiosa em seu rosto.

“Sim, vamos.”

Com isso, os dois deixaram o abrigo apressadamente, não reparando que ainda estavam de braços dados. Jack e Elsa os observaram, divertindo-se internamente com o jeito daqueles dois.

“Eles formam um bom par.” observou o de cabelos brancos.

“Nunca pensei que diria isso, mas eu concordo.” respondeu Elsa, que sorria “Nossa, eu mal consigo acreditar que ela me viu...”

Jack retribuiu o sorriso da loira, levando a mão ao seu rosto, acariciando-o gentilmente.

“E eu mal consigo acreditar que você está aqui, comigo.” ele disse, baixando os olhos logo em seguida “Mas talvez, se eu tivesse percebido antes que o Hans...”

“Não, não se desculpe. Eu estou bem assim.”

“Mas...”

Elsa o interrompeu, levando um dedo aos lábios do garoto.

“Isso pode soar egoísta, mas... Eu estou aliviada.” ela começou a explicar “Na verdade, já faz um tempo que envelhecer se tornou algo assustador para mim.”

“Por quê?” questionou o garoto, sem entender.

“Por sua causa, Jack.” ela admitiu “Quando eu me dei conta de que, com o passar dos anos, eu ficava cada vez mais velha, e você não, eu fiquei com medo... Eu não queria te deixar sozinho de novo.”

Jack fez menção de dizer algo, mas não conseguiu encontrar as palavras: então, por todo aquele tempo, ela esteve preocupada com ele?

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“Mas eu sou igual a você agora...” a garota prosseguiu “Então, nós não vamos mais nos separar, não é?”

“É claro que não.” foi a resposta de Jack “Eu prometi que ficaria sempre ao seu lado, e eu não quebro minhas promessas.”

“Eu sei.”

Eles olharam demoradamente um para o outro: havia muito a ser dito, e poucas palavras que eram fortes e grandiosas o suficiente para expressar tudo que sentiam.

“Elsa” começou Jack, desviando brevemente o olhar “eu queria te dizer que... Que eu...”

Ele hesitou, porém, logo encontrou coragem dentro de si para dizer aquelas palavras: ele havia se arrependido terrivelmente uma vez por não tê-las dito, e agora que havia conseguido uma segunda chance, ele não cometeria o mesmo erro. Jack fixou seus olhos nos daquela garota, respirando fundo uma única vez antes de finalmente dizer:

“Eu te amo, Elsa.”

Elsa pareceu surpresa com aquela declaração, e por alguns instantes, Jack não soube dizer se ela estava prestes a chorar ou rir... No momento seguinte, porém, ela abriu um largo sorriso de pura felicidade.

“Eu também, Jack.”

Apesar de já ter ouvido aquelas palavras antes, era como se o garoto as estivesse escutando pela primeira vez. Como se não soubessem exatamente o que fazer a seguir, ambos sorriram levemente, de uma forma ligeiramente sem graça, até que finalmente reuniram coragem para prosseguir: Elsa pousou suas mãos sobre o peito de Jack, que a segurou delicadamente pelos ombros; eles fecharam os olhos, e se aproximaram lentamente, até que seus lábios se tocassem, em um beijo leve, mas repleto de carinho. Eles permaneceram daquela maneira por um tempo, até finalmente se separarem.

E, novamente, nenhum deles soube exatamente o que fazer.

“Isso... Não foi ruim.” disse Jack, mais para quebrar o silêncio, levando a mão ao pescoço, visivelmente sem jeito.

“Não foi ruim?” Elsa repetiu, arqueando uma sobrancelha.

Só então Jack percebeu que aquelas palavras não foram as melhores que ele poderia ter usado naquela situação.

“Ah, quero dizer, isso foi bom!” ele se apressou em corrigir, o que fez a loira rir, divertindo-se com o quanto o outro podia ser adorável quando estava envergonhado “Ah, você me entendeu, Elsa... Não seja tão chata!”

“Desculpe...” ela ainda ria “Não resisti.”

Jack a observou, sentindo como se seu peito estivesse leve. Ele se permitiu rir junto à loira daquela situação ligeiramente constrangedora – e como havia sentido falta daquela risada...

“Ah!” disse Elsa, de repente.

“O que foi?” perguntou o garoto, ligeiramente surpreso.

“Tem uma coisa que eu sempre quis tentar fazer...” ela respondeu, e então, recuou alguns passos, um sorriso empolgado em seu rosto “Espere um minuto!”

“Que tipo de coisa você...?”

Jack não teve tempo de completar sua pergunta, pois logo o chão tremeu sob seus pés. De repente, o abrigo de gelo se estendeu para os lados, aumentando de tamanho, ao mesmo tempo em que adquiria tons entre o azul e o arroxeado. Parecendo satisfeita com aquilo, Elsa prosseguiu, fazendo com que o local onde estavam se erguesse, formando um segundo andar; a janela do abrigo aumentou, até se tornar uma grandiosa porta, que dava para uma ampla varanda, cuja vista era nada menos que estonteante.

O abrigo agora era um castelo de gelo.

Jack estava surpreso, e só não se surpreendeu mais porque ainda estava um pouco tonto, devido aos súbitos tremores. Elsa, por sua vez, olhava ao redor, encantada com o que seu próprio poder podia fazer: nem mesmo ela sabia do que era capaz.

“Mas ainda está faltando algo...”

Antes que Jack pudesse protestar, Elsa pisou fortemente sobre o chão, que adquiriu um tom arroxeado mais forte, que se espalhou por todo o lugar, espiralando pelas largas colunas, até alcançar o teto, de onde surgiu um belo lustre, formado por grandes cristais de gelo.

Agora sim, Elsa parecia completamente satisfeita.

“Nunca pensei que meu poder fosse tão incrível...” ela murmurou.

“Sim, ele é incrível...” concordou Jack “Mas, da próxima vez, tem como avisar antes de fazer tudo tremer?”

“Ah!” ela voltou a sorrir, como uma criança animada “Tem mais uma coisa que eu sempre quis tentar fazer... Feche os olhos!”

Jack entortou levemente os lábios.

“Ah não, Elsa...” ele protestou “Sem mais terremotos, por favor.”

Porém, Elsa já não o ouvia, de tão grande que era seu entusiasmo. Ela olhou brevemente para si própria, e então, levou a mão aos cabelos, soltando-os, deixando que caíssem em uma longa trança sobre seu ombro. Em seguida, com breves movimentos de seus braços, fez com que cristais de gelo subissem por seu corpo, transformando as roupas que usava em algo totalmente novo: um longo vestido azul claro, ricamente adornado, com finas e compridas mangas que deixavam os ombros à mostra. E, para completar, uma delicada capa de tom claro surgiu ao redor dos ombros da garota.

Jack a observou boquiaberto: era como se, naqueles últimos segundos, toda a insegurança de Elsa tivesse desaparecido, deixando para trás apenas uma garota decidida e sem medo de ser quem era, e isso era evidente não apenas em sua nova aparência, mas também em sua expressão. Em seguida, ela olhou para o garoto, com expectativa.

“E então?” ela perguntou, dando uma breve voltinha no mesmo lugar “Pareço um espírito da neve?”

Sem dizer nada, Jack se aproximou rapidamente da outra.

“Elsa!” ele tentou forçar uma expressão irritada “O que você pensa que está fazendo? Por acaso, quer que eu me apaixone ainda mais por você?”

“Bem...” a loira sorriu de canto “Talvez eu queira.”

“Então, parabéns!” ele retribuiu o sorriso “Você conseguiu.”

Com isso, eles se aproximaram mais uma vez, passando os braços ao redor do corpo um do outro, os lábios se unindo novamente, mas, desta vez, de uma forma mais confiante a apaixonada que a anterior, que expressava tudo aquilo que haviam sentido um pelo outro por tanto tempo.

Nada mais os preocupava: estavam juntos, e aquilo era o mais importante.

~*~

A lenda da Rainha de Gelo se espalhou rapidamente pelo reino: após lutar bravamente contra um terrível vilão, ela havia erguido um castelo de gelo nas montanhas para si e seu leal guardião, para que pudessem observar toda Arendelle das alturas, e proteger todas as pessoas que ali viviam. Claro que a súbita e estranha aparição daquele grandioso castelo de gelo contribuía para o nascimento de historias desse tipo, mas naquele caso, Anna havia tido uma participação especial, principalmente quanto aos detalhes, como o fato de ambos os moradores daquele lugar serem secretamente apaixonados – ela obviamente inventara a parte do “secretamente”, mas, segundo ela, isso dava um charme especial à historia.

Mas, o mais curioso, era o fato de muitas crianças – as quais acreditavam naquelas historias do fundo de seus corações – dizerem com toda certeza que sempre viam a Rainha e seu guardião caminhando juntos pelo reino, conversando, rindo e se divertindo, como se estivessem realmente felizes por poderem permanecer um ao lado do outro.

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E eles estavam.