Damnares

Atitude Extremas - Parte I


Darin balançou a cabeça negativamente ainda tentando raciocinar, e as respostas dela não eram o que ele podia chamar de esclarecedoras, respirou fundo tentando entender. Se os olhos significavam mesmo alguma coisa, isso significava que Lars também era irmão de Astrid, pior, que ele mesmo era irmão daquela que ele crescera ao lado, e que nunca teve a decência de falar nada.

-Só quero que saiba que não é nada pessoal. – A voz feminina o lembrou que não estava sozinho no ambiente, mesmo que a confusão na sua cabeça o fizesse se sentir mais solitário que nunca. – Eu só tenho que terminar logo o que eu vim fazer, e você meio que está atrapalhando.

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O mestiço tentou responder algo, ou pelo menos tentar explicar pra estranha figura feminina ruiva que ele não sabia de nada que ela tinha acabado de falar, mas três pontadas seguidas no pescoço o fez perder gradativamente os sentidos.

A sua visão ficou turva e conseguia sentir suas pernas ficarem cada vez mais fracas, seu corpo começava a desfalecer e mesmo movimentos mínimos se tornaram difíceis, e logo mais impossíveis, podia sentir que o corpo estava no chão, mesmo que já não tivesse poder sobre o mesmo.

-Vai acordar em pouco tempo, aberração. – Ouviu enquanto o desespero de não comandar a si mesmo o tomava – Dei três doses porque sendo meio damnare nunca se sabe, mas acho que nada letal.

A ruiva não parecia preocupada, estupidez, porque estaria se ela mesma tinha causado aquilo? Pode ver a figura feminina se abaixar pra pegar Alana um pouco atrás de si e logo então olhar para a janela, acreditou ver os belos olhos amarelos o fitarem mais uma vez e aquela figura estranha esboçar um sorriso.

Ele é claro tentou gritar e fazer algo pra não deixá-la ir embora, ações completamente ignoradas por Lígia, que sabia que não ia demorar muito pra que nem sons ele conseguisse emitir.

Perdeu a consciência imaginando como tinha sido enganado tão facilmente, como tinha sido atacado e agora perdia completamente os sentidos no quarto real de forma tão banal, sem nem ao menos ter resistido ou percebido os movimentos dela.

Talvez as novas informações e os delírios pessoais tenham prejudicado o seu reflexo... Astrid, Lars, Aodh e todo o novo conceito de família que ele ainda não sabia se devia tentar assimilar. Ou talvez ela fosse mesmo mais rápido do que ele podia imaginar.

Seus olhos fecharam pesadamente enquanto várias cenas com tudo o que conhecia por família, amigos e casa até agora passavam pela sua cabeça, até que não conseguiu mais ver ou sentir nada. Os dardos finalmente tinham surtido efeito completamente.

==

Tinha passado a madrugada atravessando Belzor e depois florestas, finalmente sinal de montanhas, o que a fez se permitir uma pausa em uma das nascentes que ficavam ao lado da floresta proibida. Colocou o corpo feminino ainda desacordado no chão espreguiçando longamente. Fazia tempo que não corria com tal velocidade uma distância tão longa.

Caminhou até a nascente pra aproveitar a água límpida, aquele era u dos lugares mais calmos e pacificadores que conhecia. A sua visão preferida ainda não podiam ser vista, pois o sol ainda não havia nascido. As árvores e seus galhos impediam que os raios do sol tomassem o espaço livremente, então apenas alguns pontos recebiam luz, montando um contraste mais que inspirador, que ela sempre que podia esperava pra ver.

Sentou onde estava inspirando longamente enquanto o cheiro de terra molhada invadia suas narinas a acalmando, estava quase preparada pra continuar o caminho. Teria que chegar a fronteira de Umbra o mais rápido possível, atravessar as montanhas sem asas, era nesses momentos que se perguntava onde estava a justiça de uma damnare que nascia como ela.

Bufou olhando pra morena, ela já devia ter acordado a essa hora. Humanos. Tão mais fracos do que você consegue imaginar. Talvez devesse pegar um dardo e injetar nela antes de qualquer coisa, assim não correria o risco da princesinha acordar e começar com escândalos enquanto a carregava.

Levantou puxando um dardo da cintura e saltando pra ficar lado a lado com Alana, a respiração dela não estava tão constante quanto deveria, mas Lígia não deu tanta importância a esse mero detalhe e aproximou as mãos do pescoço dela despreocupada.

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Antes de alcançar o pescoço sentiu um movimento brusco de Alana trazendo o braço de volta imediatamente, talvez não tão rápido depois de ver o filete de sangue escorrendo pela sua mão, de onde ela tinha tirado uma faca e como ela não tinha percebido que a humana estava acordada.

-Que diabos... – Lígia murmurou ainda surpresa intercalando o olhar entre seu corte superficial e a humana.

-Não sei quem você é ou porque me trouxe aqui. – Alana começou respirando ofegante por ter sentado de uma forma tão rápida em um ataque súbito como aquele. – Mas é bom começar a me dizer.

Lígia deu um meio sorriso fitando os olhos determinados da jovem com uma faca minúscula na mão, ela estava de brincadeira se aquilo era pra soar como uma ameaça. Passou a mão pela pele de urso que usava como tecido pra roupa limpado o sangue, não suportava o cheiro, ainda mais do próprio.

-Não tenho obrigação de te dizer nada. – A ruiva começou com os olhos amarelos bem focados nos da princesa. – E se isso teve a intenção de soar ameaçador, falhou miseravelmente.

Alana continuou com a faca em mãos por alguns segundos de silêncio, até que colocou a mesma no chão como se mostrasse que não era uma luta que ela procurava. O ser a sua frente, o que quer que fosse era mais rápida que ela, e infinitamente mais forte.

-O que aconteceu com o Otto? – Alana perguntou lembrando as ultimas cenas antes de perder a consciência.

-O humano? – Lígia perguntou lembrando o que acontecera no quarto dela.

-Claro que é um humano! O que mais seria no quarto de uma princesa no meio de Belzor? – Alana respondeu impaciente fazendo a ruiva arquear a sobrancelha.

-É muito petulante pra uma vitima de seqüestro, sabia? – A damnare comentou sentando novamente. Estava cansada e pior que tudo entediada, não morreria por trocar umas palavras com a vítima, talvez fossem as ultimas da pobre garota. Sabe-se lá o que se passava pela cabeça de Lars pra querer a garota.

-Talvez. – Alana respondeu relaxando um pouco mais o corpo ao ver que a outra havia sentado. – Mas você não parece querer me matar, ou acho que já teria feito. E também não me agrediu ao ser atacada.

-Eu tenho responsabilidade com os meus pacotes. – Lígia respondeu imediatamente pra que a princesa não tivesse a impressão errada. – Sou uma caçadora ameaçadora e ruim, e se me atacar de novo eu não vou pestanejar agredir de volta.

-Não vou tentar. – Alana cortou suspirando. – Só quero saber se o Otto está bem...

-Se for o humano, eu acredito que sim. Estava sangrando um pouco, mas nada muito grave.

-O que quer dizer com se for o humano?

-Detalhes, um mestiço tentou me interromper assim como o humano. Igualmente patético contra mim é claro. – Lígia comentou com um sorriso ao fim sem poupar a arrogância.

-Darin?

-Acha mesmo que eu pergunto nomes de aberrações? – A ruiva perguntou com o tom meramente ofendido pra surpresa de Alana, nunca imaginou Darin sofrer repressão dos próprios damnares como dos humanos.

-Ele não é uma... – Ela começou com a voz fraca, ele realmente tinha saído dos limites da floresta pra ir atrás dela. – Ele está bem?

-Três dos meus filhotes. – Lígia falou com orgulho olhando pros dardos na mão direita. – Vai ficar desacordado um bom tempo, apesar de que por nunca ter testado em um mestiço eu não...

-O deixou em Belzor? – Alana perguntou sentindo uma pontada no peito. – Se os guardas o encontram lá, não tem idéia do que podem fazer com ele!

-Provavelmente acusá-lo de ter algo com o seu seqüestro. – Lígia comentou pensativa. – O que visivelmente não é uma desvantagem pra mim.

-Ele pode morrer! Não se preocupa com um da própria raça morrendo por sua causa?

A expressão de Lígia franziu e Alana respirava em desespero imaginando o que poderia acontecer com o jovem que salvara a vida dela por duas vezes em menos de dois dias, e ainda tentara uma terceira e podia morrer por isso.

-Não ouviu o que eu disse antes? Mestiço, humana! Ele não é nem de perto parecido comigo, é uma aberração da natureza que não deveria nem existir, humanos, raciocínio tão estupidamente devagar...

A princesa pensou em responder a frase, mas estava mais preocupada com a situação que desenvolvia a quilômetros dali no momento. Apesar, de que não tinha parado pra pensar em um detalhe bem simples.

-Ele é um mestiço mesmo. – Alana murmurou mais pra si do que pra Lígia se acalmando. – Não deve ter problemas em lidar com alguns soldados humanos, certo?

-Não conheço mestiços... – A ruiva murmurou dando os ombros. – Mas como eu disse antes, não subestimaria o poder dos dardos.

-Você acha que...

-Não acho nadam, humana. – Lígia cortou levantando enquanto um cheiro conhecido começava a se aproximar. Lígia sabia que não devia ter parado tão perto de casa. – Temos que ir.

-Pra onde?

-Pro seu comprador, sou uma caçadora de recompensas lembra? – A damnare murmurou como se fosse óbvio. – Vou te levar logo pra quem pagou por você.

Alana sentiu sua cabeça girar. Tinha sido seqüestrada e ia ser entregue como um produto qualquer. Mas quem contrataria uma damnare pra invadir Belzor e levá-la até além da floresta de Gnuzo?

-Lars... – A princesa murmurou pensando alto.

-O próprio. – Lígia respondeu se aproximando. – Não que eu tenha orgulho em dizer que trabalho pra esse tipo de criatura.

Alana percebeu quando a proximidade ficou pequena demais entre ela e a damnare, o dardo ainda estava na mão dela. Mais uma dose daquilo e tinha certeza que só abriria os olhos pra encarar os do contratante, que só de ouvir o nome ela sentia seu sangue gelar. Aquilo era o fim, se devia tentar algo aquela seria sua ultima oportunidade.

-Eu dobro o valor. – Lígia ouviu a jovem murmurar quando estava prestes a atingi-la com a sua “mistura de ervas” perigosa.

-Como?

-Você é uma caçadora de recompensar, como uma mercenária, certo? – Alana perguntou fazendo uma pausa simples apenas pra olhar pra ruiva que esperava a continuação do assunto. – O que quer que Lars tenha te oferecido eu cubro e duplico. Qualquer coisa.

Lígia arqueou a sobrancelha enquanto puxava o braço de volta pensativa. O dobro? Ela já havia recebido metade de Lars, e a princesa não sabia nem que valor isso seria. E estava disposta a pagar qualquer valor que Lígia inventasse, e em dobro, pra melhorar a situação.

-Os humanos devem querer muito que você viva pra conseguir fazer uma proposta assim.

-Se eu morrer, todas as esperanças de Alzof e Belzor nos próximos anos vão comigo. – Alana murmurou tentando parecer o mais firme possível. – Pagaremos qualquer preço.

==

Mina sentia uma agonia terrível percorrer cada canto do seu corpo. O único que sabia da inocência de Darin era Alana, que havia sido seqüestrada e Otto, que continuava inconsciente. E o único que ainda podia acreditar nela era Nicholas, que não estava no castelo e nem tinha previsão pra voltar.

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Os soldados não haviam saído do lado dele por nenhum minuto que fosse. A pobre criatura que tinha saído da floresta e ido até o castelo pra ajudar a salvar a princesa estava preso a uma estaca de madeira no meio do campo de treinamento. Em uma condição lamentável. Desacordado e vigiado por cinco homens armados.

Ela sabia que assim que ele acordasse começariam as torturas pra que ele revelasse o paradeiro da princesa. Coisa que obviamente o mestiço não sabia, mas não teria ninguém além dela dizendo isso a seu favor.

Não importa o que ela dissesse não iriam acreditar, nem que garantisse que tinha visto outra criatura saltar da janela levando Alana nos braços, diriam que estava enfeitiçada e provavelmente a matariam com ele. Mas não importava agora, não ia deixá-lo sair morto daquela situação, nem que tivesse que ir contra a própria noção de moralidade por isso.

Guardou em uma cesta tudo que levaria para os vigias, não era dela a responsabilidade de alimentá-los, mas felizmente eles não sabiam disso. E se o plano engenhoso que ela tinha planejado em poucas horas desse certo, aquilo daria ao jovem mestiço alguma vantagem.

Saiu da cozinha respirando fundo, teria que manter a respiração constante e a aparência mais serena possível, não podia se entregar facilmente. Não quando ela era a única opção do pobre Darin.

Caminhou bastante até alcançar o campo em que o tinham colocado, queriam deixá-lo o mais distante do castelo possível por ainda representar certa ameaça, mesmo estando desmaiado em visível desvantagem.

Todos os que vigiavam deviam estar obviamente cansados, não sabia como a troca de turnos funcionava, mas o dia estava amanhecendo e o frio e a falta de claridade provavelmente não ajudava os guardas.

Aproximou-se do primeiro sonolento que pra provar que ainda estava acordado segurava uma tocha como todos os outros, era assim que podia ter certeza da quantidade exata de homens que estavam ali.

-Trouxe pão. – Mina comentou ao perceber que o guarda também a fitava. – Melhor vigiar bem alimentado.

O homem sorriu passando a mão pelo rosto tentando espantar o cansaço, a bela jovem deveria vê-lo da melhor forma possível naquelas condições. Abaixou a tocha, em pouco tempo a claridade daquela chama seria desnecessária com o nascer do sol.

Mina sorriu enquanto o observava massagear o ombro, devia estar segurando aquela tocha há um bom tempo, e logo então enfiar a mão na cesta que ela estendia tirando um pedaço de pão quente, de uma fornada preparada pela jovem mesma.

-Muita gentileza da sua parte. – Ele murmurou entre a primeira e a segunda mordida.

-Não é nada... – A jovem murmurou sorrindo novamente. – Vou entregar aos outros.

O homem franziu o cenho, mudando completamente sua expressão, o que fez a pobre jovem engolir seco. Aquilo não podia dar errado. Não tão perto.

-Temos ordem pra ninguém passar. – Ele informou sério. – Pra sua própria segurança.

-Ele está inconsciente. – Mina justificou convincente. – Vou entregar os pães e volto em um instante, o homem está desacordado e amarrado a uma estaca de madeira, não representa ameaça alguma.

-Não é homem. – O guarda corrigiu ainda comendo.

-Não foi o que eu quis dizer.

-Hum... – Ele murmurou dando uma pausa no pão e olhando seriamente pra ele. – Então não vou impedi-la de praticar sua gentileza com nossos homens.

-Que bom. – Ela respondeu com um sorriso simples, não queria parecer emocionada demais.

-Só seja rápida. – O guarda comentou enquanto ela fazia menção de sair. – Não quero me preocupar com uma jovem dama, ainda mais uma tão bonita.

Ela sorriu novamente acenando positivamente enquanto passava por ele, naquele horário e ainda mais com a própria tocha no chão esse guarda rapidamente a perderia no seu campo e visão.

Ela não carregava nenhuma tocha e se fosse rápida suficiente passaria despercebida, só precisava se aproximar dele e ajudá-lo a escapar antes do sol nascer, o que provavelmente aconteceria em pouco tempo.

Os outros estavam bem colocados, cada um em uma extremidade do campo, todos marcavam suas posições com tochas. Tudo deixava a situação bem fácil pra ela, que podia ver todas as posições e até mesmo movimentações dos vigias facilmente.

Foi o mais rápido que pode até o local em que sabia terem colocado Darin, conhecia muito bem aquele campo pra saber exatamente onde se encontrava aquela estaca de madeira mesmo sem vê-la claramente. E tinha visto Darin ser trazido exatamente para aquele local algumas horas antes.

Percebeu a estaca e Darin depois de se aproximar o suficiente, pelo pouco que podia ver dava pra perceber o mestiço sem a parte de cima da roupa, com o braços presos no tronco atrás de si, ele ainda não parecia lúcido.

Abaixou-se até o nível dele passando a mão pelo rosto do jovem, nem sinal de consciência. Engoliu seco pensando em como iria acordá-lo, tinha feito muito pra hesitar em terminar logo com aquilo. Com isso deu vários tapas na face dele, até que com um tapa um pouco mais forte ela conseguiu ouvi-lo emitir um som.

-Darin? – Ela perguntou em um sussurro preocupada com os homens ao redor, eles não podiam nem desconfiar do que ela estava fazendo no momento. – Darin acorda! Está tudo bem?!

Ela não tinha como saber o estado físico dele pela falta de claridade, podia perceber seu corpo e suas orelhas e todo o resto pela sombra e pelo tato, a visão era bem difícil sem uma tocha que ela não podia nem em sonho trazer consigo.

-Eu... – A voz dele era embargada e a respiração era bem difícil, ela engoliu seco imaginando que podiam ter torturado o pobre ou qualquer outra coisa. Mas não faria sentido torturar um inconsciente, faria? – Não...

-Darin, eu sei que está cansado. – Ela começou evitando que aquela conversa durasse mais que o necessário. – Mas precisamos te tirar daqui antes que amanheça, ou que alguém perceba que eu estou aqui.

-Mas eu não... consigo...

-Darin eu trouxe uma faca se estiver preocupado com as cordas, vou cortar e te ajudar a...

-Me mexer... – Ele interrompeu fazendo-a levar a mão a boca. – Não...consigo...

Mina sentiu o sangue gelar, o plano era apenas libertá-lo e ele daria aqueles saltos assombrosos de volta pra floresta de onde veio. E agora o que ele faria?

-Não consegue mexer nada? – Ela perguntou sem esconder a agonia na voz, e a pior parte era imaginar o que o tinha feito ficar assim. Seriam os guardas tão perversos?

-Não... a damnare que... levou Alana... são dardos... paralisantes...

Mina sentou com as mãos sobre o rosto com a notícia, ela nunca se saia bem agindo dobre pressão. Darin estava impossibilitado de qualquer movimento e ela não ia conseguir levantá-lo e levá-lo no ombro pra fora dali.

-Vão torturar você, perguntar sobre a Alana, podem até te matar! Não sabe como os humanos são cruéis com seres como você! Acham que são ruins, ah por céus, não vou deixar que te façam nada, mas o Nicholas é o único que me ouve e até ele chegar todos já... – Ela falava sem a mínima pausa com um desespero consciente.

-Faca... – Darin murmurou chamando atenção dela. – Você... tem uma?

Mina levantou a atenção, o que ele estava pensando?

-Não consigo lutar contra todos eles com apenas uma faca, sei que sua espécie é forte, mas humanas são apenas...

-Mina... – Ele interrompeu tentando fazê-la manter o foco no que ele dizia. – Enfia a faca... em mim...

A pobre humana levou as mãos á boca novamente. O que ele estava dizendo?

-Vim aqui lhe salvar, não enfio facas em ninguém! Não consigo matar nem animais!

Darin sabia que Astrid não voaria até ali com aquelas asas, talvez nem mesmo se as mesmas estivessem curadas. E aquilo nem era de um todo ruim, não conseguia se imaginar olhando pra ela depois de todas as informações. Chad estava longe demais.

Otto pelo que ele lembrava estava desmaiado, e assim que amanhecesse assim como Mina ele sabia que os humanos não mostrariam o mínimo de hospitalidade. E ele não tinha certeza de quanto tempo esse paralisante duraria.

-É a única... – Darin parecia se esforçar mais a cada palavra. – Opção...

-A única opção não é a morte! Não pode ser! Se for pelo menos não serei eu a fazer!

-Por favor... – O mestiço murmurou enquanto ambos de desesperavam com o sol que começava a dar sinais que estava vindo. – Apenas... faça... e confie...

Mina olhou pro lado, além das árvores alguma claridade já se podia ser notada. Agora seriam questões de minutos até que os guardas mesmo distantes percebessem a presença dela. Tocou a faca que trazia no fundo da cesta de pães trazendo-a pra fora. Não. Não teria a coragem de tirar a vida de alguém.

Aos poucos o corpo de Darin começou a ficar mais nítido, se aquilo estava acontecendo pra ela provavelmente estava acontecendo pros outros ao redor também.

-É a única... chance... confie... – A voz de Darin ficava gradativamente mais fraca, e não demorou muito pra que ao olhar ao redor ela percebesse o movimento de uma das tochas.

Eles a haviam percebido ali. A faca em sua mão, lágrimas começaram a rolar pelo seu rosto e agora ela conseguiu ver nitidamente o olhar de Darin. Os olhos vermelhos suplicavam uma atitude que ela não entendia e não se via capaz de tomar.

-Por favor... – Darin pediu mais uma vez antes de sentir a lâmina sendo enfiada no seu estômago, não era a pior ferida que seu corpo já havia enfrentado. Só queria saber se seria suficiente.

Mina soluçou ao ver o sangue escorrer e a faca manchada em suas mãos. Por deuses o que tinha feito? Darin não gemeu, apenas respirou mais ofegante que antes.

-De novo... – Ele murmurou tentando se manter calmo quanto à dor pra não assustá-la ainda mais. – Só mais... uma...

O pedido de Darin fez Mina ficar mais surpresa que desesperada. Que tipo de sádico era ele? Que diabos ele queria com tudo aquilo? O guarda já estava a poucos metros de distancia, ela podia dizer pela tocha que vinha com ele.

Pegou com força a faca repetindo a ação de segundos atrás, Darin não gemeu novamente, ela não sabia por que obedecia a um pedido tão horrível, mas se era o que sacrificou a própria segurança pela melhor amiga dela queria, era isso que ela faria.

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O mestiço sentiu a dor o consumindo novamente e os poucos sentidos que tinha começarem a falhar novamente, primeiro muita dor, e logo então o nada. Talvez tivesse uma chance de ter dado mesmo certo.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.