Chapter IX – Coração Partido.

POV Marlene McKinnon

Típico de Black insultar minha pessoa daquele jeito ao falar para Potter não desperdiçar convites comigo. Aliás eu seriamente estou cogitando a ideia de que ele sabia que eu iria nesta festa se ele falasse aquilo, o que me leva a pensar que Black queria e ainda quer a minha presença no evento.

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Mesmo se ele não dissesse nada, eu certamente estaria presente na mansão dos Potter, curtindo o que eu julgo ser uma social bem elaborada. Pelo menos é o que eu imagino já que as festas de Potter são muito bem descritas e elogiadas. Eu queria também curtir essa noite agarrada ao meu namorado e obviamente junto com minhas amigas, mas como era de se esperar, Lily não aceitou de jeito nenhum comparecer.

A diferença entre mim e Lily, com relação à Sirius e James é que eu faço questão de provocar Black de todas as maneiras possíveis e ser tão fria e calculista quanto ele, já a ruiva prefere não ter nenhum tipo de relação com Potter, o ignorando por completo. O fato era que eu e Dorcas estávamos tentando persuadi-la com todas as nossas armas. Eu apelei até em ameaçá-la dizendo que ficaria bem chateada se ela não fosse. Nem preciso dizer que isso não adiantou muita coisa. O resultado? Lily em casa, eu e Dorcas na festa.

Quando fomos ao estacionamento no fim das aulas, já podíamos ouvir a escola inteira falando da festa de Potter e eu confesso que estava começando a me animar, afinal, quem não curte uma festinha bem elaborada? Depois da chata da Lily afirmar de pé junto que não iria dar as caras por lá, eu desisti.

— Vem com a gente Lily? – pergunto já se direcionando para o carro de Dorcas querendo escapar do intenso calor

Lily coça a nunca, um pouco sem graça, e responde em tom baixo:

— Não, eu vou de ônibus, meu pai sabe...

Eu sabia. Virgílio Evans e suas regras impostas a Lily. Céus, ainda bem que meus pais são liberais e compreensivos. Tudo bem que eles são separados e eu moro com a minha mãe, mas mesmo assim eu ainda prefiro isso a os dois juntos à atazanar minha vida. Eu admiro o enorme respeito e compreensão que Lily tem com os pais. Se fosse eu, não responderia por mim, sinceramente.

— Tudo bem – digo poupando-a de se explicar.

A ruiva sorri com ternura e se despede com um aceno, mas ela nem chegar a ir para a parada do ônibus quando escutamos uma buzina frenética soar na entrada do estacionamento denunciando o Fiat Uno vermelho do Sr Evans estaciona bem à frente, já interrompendo o fluxo dos carros e chamando bastante atenção. Seu pai abaixa o vidro e a chama de um jeito bem barulhento:

— Entre no carro filha!

Eu fito a ruiva e quase não distingo o que é cabelo e o que é rosto, pois ambos estavam vermelhos. Ela abaixa a cabeça e vai de encontro ao pai sem nem olhar para trás. Balanço a cabeça negativamente procurando a necessidade disso. E já aviso, não encontrei.

— Ninguém merece – expresso em palavras o meu pensamento e Dorcas assente com a cabeça dando um longo suspiro.

— Chatinho o pai da Evans não? O seu também é assim McKinnon? – reviro os olhos assim que escuto a sua voz e viro-me para encará-lo com o semblante completamente entediado.

— Se perdeu da sua matilha, Black? O que você quer comigo agora? – digo pousando uma das mãos na cintura e escutando Dorcas soar o alarme do seu carro e já entrando no veículo.

— Só queria te incomodar mesmo, e pedir também pra você ficar em casa hoje como toda boa menina – faz a cara mais cínica possível e eu não resisto caindo na gargalhada.

— Ah, Black. Vai tomar no cú, sim? – enrugo o cenho já cansada das suas brincadeirinhas.

— Olha a boca, McKinnon – ele levanta um dedo em sinal de repreensão.

Me recomponho e profiro com a voz mais calma do mundo:

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— Por favor Black, dirija-se ao seu orifício corrugar situado na região inferior lombar e tome nele – e ao terminar dou-lhe as costas entrando no carro de Dorcas ouvindo sua gargalhada divertida as minhas costas.

O que eu fiz para merecer isso?

~*~

Enquanto estava no carro com Dorcas eu ia imaginando com qual tipo de roupa eu iria à festa. Sim, eu sempre faço isso, por mais que faltem horas, às vezes até dias para o grande dia da festa, eu planejo minha roupa sempre com antecedência. Diferentemente de Dorcas que passa horas e horas na frente do seu armário e de Lily, que (não me perguntem como) consegue escolher uma roupa linda e apropriada para a ocasião em menos de dois minutos.

Estava pensando em usar um dos shorts da minha coleção (pois é, eu faço coleção de shorts, minhas peças de roupas preferidas), mas acho que o evento não exigia tal tipo de vestimenta. Então decidi pensar nos vestidos que eu possuía, e optando por usar algum deles. Não sou muito fã de vestidos, mas os uso se precisar.

Montei meu look bem a tempo quando Dorcas deixou-me a porta de casa.

— Vê se não se atrasa – digo para ela e Dorcas apenas revira os olhos sorrindo. Eu tenho certeza de que ela vai se atrasar. Bem, não custa tentar.

Ao adentrar minha casa a encontro vazia, indicando que minha mãe ainda está no trabalho. A Sra. McKinnon, como gosto de chamá-la, trabalha como médica em um hospital aqui próximo. Provavelmente hoje seria o dia de plantão dela, o que significava que eu estava totalmente livre para ir à festa do Potter e voltar a hora que eu quiser. Adoro.

Ansiosa para combinar com Stefan de nos encontrarmos na festa, decido ligar para ele. Pessoalmente não havíamos falado sobre isso, mas eu tinha quase certeza de que ele iria. Quem em sã consciência ignoraria um evento desses? Fora a Lily.

Pego meu celular e disco o seu número, espero seis toques antes de ouvir sua voz do outro lado da linha:

Alô?— pergunta com uma voz de sono.

Oi, tava dormindo? – pergunto com um sorriso. A julgar pelo horário, 21h20min, eu estranhei seu demasiado cansaço.

— Na verdade, estudando.

— Sério? Mas hoje foi só o primeiro dia – não poderia ser verdade – Bom, não importa, que horas a gente pode se encontrar hoje? – digo entusiasmada.

Se encontrar aonde?— e pelo soar de sua voz eu arrisco dizer que ele não fazia ideia do que eu estava falando.

— Como assim aonde? Na festa de Potter é claro.

Ouço-o suspirar do outro lado da linha e começo a adivinhar sua possível resposta e torço para que e esteja errada.

Olha Marlene, não vou mentir pra você. Te vi conversando com Black hoje na saída e eu já falei que não gosto dele. Perdeu o total clima de eu ir à festa com você. Além disso, eu tenho que estudar hoje, então não vai dar okay?

Eu mal pude acreditar no que acabara de ouvir. Isso não fazia o menor sentido. Esse ciúmes ridículo com o Black outra vez? Mas eu nem dei confiança para ele! E, a pior de todas: estudar? Logo no primeiro dia de aula em que os professores nem nos deram tarefa de casa?

Demorei um pouco para respondê-lo não encontrando palavras para expressar minha incredulidade. De todas as atitudes estranhas com que Stefan vinha tendo comigo, essa com certeza foi a mais incomum. Sem pé nem cabeça, eu diria.

Depois que recupero a voz, eu o respondo.

— Tudo bem, amanhã a gente conversa então – proferi com secura.

— Você não vai ir, não é? – de repente seu tom de voz muda completamente, como se ansiasse pela minha resposta negativa à sua pergunta.

— Não – digo no mesmo tom de antes.

— Okay, boa noite – se despede e eu desligo direto o telefone sem me despedir dele.

Tem caroço nesse angu. Por que, do nada, ele resolveria dizer isso? Com esse ciúme sem cabimento para cima de mim. Devo dizer que eu sempre fui desconfiada, e essa nossa conversa me deixou não com uma, mas sim com milhares de pulgas atrás da minha orelha.

Eu suspeitava de algo e senti um aperto no coração assim que desliguei o telefone. Era um mau sinal. De repente, com a mesma rapidez que decidi não ir à festa, eu mudo minha mente.

Ainda com o coração apertado, decido me arrumar e tirar as minhas próprias conclusões. Com o look em mente, abro meu guarda roupa e pego as peças de que preciso. Opto por usar um vestidinho de seda preta, em camadas, dando bastante movimento. Sua sustentação é dada através de tiras finas e ajustáveis. Nos pés, calço uma sandália revestida por um veludo bordô com plataforma e salto fino. Como acessórios, brincos também bordô e em tamanho médio adornavam minhas orelhas e pus uma delicada pulseira dourada. Para a maquiagem, esfumaço bem os olhos usando cores neutras e delineio caprichosamente com a cor preta.

Pego minha bolsa preta de couro e meu celular, verificando as horas e percebendo ser 22h51min. Com certeza Dorcas estaria se arrumando, mas mesmo assim envio algumas mensagens para ela e a bruaca nem me responde. Um dia eu ainda mato a Dorcas.

Coloco tudo o que preciso na bolsa (celular, carteira e chaves) e saio pelos fundos indo para a garagem decidindo colocar meu Audi A3 preto para funcionar. Faz alguns dias que não ando com ele e agora era a hora de voltar a usá-lo.

Enquanto dirijo até a casa de Dorcas, a conversa que tive com Stefan não sai da minha cabeça. Fico pensando no modo como ele falou comigo e em como seu tom de voz alterou de repente quando perguntou se eu iria ou não esta noite. Ele queria mesmo saber, parecia querer se certificar de que eu estaria em casa. Posso estar ficando paranoica, mas mesmo assim meus nós dos dedos estavam brancos enquanto eu apertava o volante, demonstrando preocupação.

Ao chegar à frente do seu prédio, buzino duas vezes e a Sra. Meadowes aparece à janela fazendo sinal para que eu esperasse e eu levanto o meu polegar, sorrindo simpática. Dado alguns segundos, a loira aparece, e como sempre, bem arrumada. Dorcas pode ser o que for, mas sabe muito bem se preparar para uma festa.

— Por que não respondeu minhas mensagens? Achei até que você não ia ir – pergunto assim que ela adentra o carro.

— Relaxa Lene, eu estava enfrentando o dilema de me arrumar, você sabe que eu me desligo do mundo quando vou montar minha roupa – diz com um sorriso inocente e eu faço bico. Por um instante, eu tinha me esquecido disso.

Dou partida no carro e seguimos ao som de I’m Still in Love With You do Sean Paul. Não me matem! Eu sei que essa música está quase em um museu de tão antiga, mas a minha playlist está infestada de músicas da era de ouro dos anos 2000. Quem não gosta?

— E você? Ansiosa para curtir a noite com o Stefan? – começa Dorcas tentando soar maliciosa. É engraçado quando ela tenta essa personalidade, porque digamos que ela não tem perfil para tal. Quero dizer, ah é a Dorcas, ela soa como fofa mesmo quando não quer ser.

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Eu estalo a língua antes de responder.

— Que nada... Ele disse que não vai ir, pois tem que estudar. Dá pra acreditar nisso? – omito. Eu resolvi por não contar a versão completa, escondendo a parte do ciúme repentino dele por Sirius Black e também sua voz de interesse quando perguntou se eu iria à festa. Eu sabia o que ela pensaria se eu dissesse, e não preciso de mais lenha para a minha fogueira.

— E ele sabe que você está indo? – pergunta e eu sinto seu olhar sobre mim.

— Não. Eu falei que não ia ir para ele, mas mudei de ideia de última hora.

Em seguida aumentei o volume da música tentando dar fim ao assunto. Eu me conheço, e sei que se Dorcas continuasse a fazer perguntas eu ia acabar falando tudo o que eu estava pensando, e não sei se manteria o meu autocontrole toda a noite.

Passaram-se uns dez minutos até chegarmos à mansão dos Potter. Acabou sendo fácil encontrá-la por dois motivos: o primeiro porque Potter disponibilizou a localização no evento do Facebook e segundo porque já se conseguia escutar de longe a alta música que soava e o tanto de pessoas e carros que rodeavam o recinto. Acho que nunca fiquei tão impressionada com uma casa. Quero dizer, não é todo dia que se frequenta uma mansão assim.

Conforme chegávamos mais perto, o espaço ficava mais estreito e eu ia diminuindo a velocidade. Gente, que festa é essa? Será que eu estou no lugar errado? Eram tantos carros que tive de estacionar um pouco afastada do portão de entrada e ainda bem que encontrei aquela vaga.

Descemos do carro e eu o alarmei. O chão de paralelepípedo dificultava a minha caminhada enquanto que Dorcas parecia flutuar em seus saltos. Menina me ensina a sua técnica, pelo amor dos Deuses. Achei que tínhamos nos atrasado totalmente, mas me tranquilizei ao ver que mais convidados chegavam junto com a gente. A maioria eu conhecia, já que eram todos de Stewart, mas por um momento eu quase acreditei que a cidade inteira fora convidada.

Ao chegarmos ao portão, havia uma pequena cabine no canto, super discreta e que são fosse Dorcas me puxar para ali eu teria seguido em frente sem notá-la. Um segurança alto e robusto nos aguardava e eu tive de ser cutucada por Dorcas para despertar do meu transe. O cara era um armário minha gente.

— E então, mocinha. Seu nome? – me perguntou por detrás daqueles óculos escuros.

— McKinnon. Marlene McKinnon – disse rápida. Ele checou na lista e depois nos deu passagem.

Ao adentrarmos o recinto, a primeira coisa que notei foi a piscina iluminada, porém vazia indicando que estava fechada. Mas, isso não indicou que a festa estava tranquila e calma. Muito pelo contrário, havia gente em todas as partes rindo e conversando. A noite estava quente e agradável o que colaborava ainda mais para o bem estar de todos ali. Deslocando meus olhos da piscina para a casa realmente, pude ver um jogo de luzes incrivelmente fascinante lá dentro, estava tudo realmente deslumbrante.

— Olha só isso – comentei boquiaberta, assim como Dorcas.

A bebedeira já era notável assim que fomos adentrando o território. Alguns riam exageradamente e outros faziam movimentos engraçados. E, ao que parece, por um momento me esqueço completamente o motivo pelo qual estou aqui.

— Olha o que a Lily tá perdendo – comenta Dorcas quase não cabendo em si de tanta euforia e reparando cada detalhe da festa.

— Vou pegar uma bebida pra gente – digo animada já avistando os tonéis de bebida lá dentro da casa. Tanta coisa para eu reparar e a primeira coisa que chama realmente a minha atenção são os tonéis. Por que eu sou isso.

Ao adentrar a casa, fico mais fascinada ainda. Me deparo primeiramente com a imensa sala de estar com aparentemente os móveis afastados, dando lugar a alguns pufes e um tapete de luzes que o pessoal estava usando para dançar. Mais adiante uma imensa escada levava para os andares de cima, porém esta continha uma faixa no seu início e também no final limitando o seu acesso. O alicerce da escada era feito, em parte, por uma porta de porte médio que dava acesso a uma pequena cozinha, provavelmente onde se concentravam a maioria dos tonéis e também alguns frigobares.

Vou de encontro a eles e pego dois copos de cerveja para começar. Com ambos estupidamente gelados tento retomar o caminho de volta à Dorcas até perceber que não faço ideia de por onde eu vim.

— Dois copos de uma vez, McKinnon? – ouço a já familiar voz de Sirius Black. Não posso me conter e dou um sorriso conformado. Eu sabia que o encontraria mais cedo ou mais tarde.

Viro-me para encará-lo, porém a primeira coisa que encaro não é seu rosto e sim o seu atrativo abdômen desnudo. Fico surpresa comigo mesma ao perceber que gosto do que vejo. Aliás, como não gostar? Black usava uma bermuda jeans branca e apenas ela. Seu peito era enfeitado apenas por um cordão preto com uma cruz prateada na ponta. Perco a fala.

— Gosta do que vê? – pergunta com um sorriso de lado e eu recupero o raciocínio.

— Ah, Black. Não adianta nada ter barriga de tanquinho se a torneira não funciona – penso rápido e tento disfarçar meu descompasso. Ele, que antes estava com um sorriso de triunfo rapidamente fica sério.

— Você sabe que ela funciona, só diz isso porque não aguenta a pressão da água – é eu admito, foi um bom trocadilho. E isso meus amigos, foi um momento Turn Down For What.

— É um desafio? – pergunto com as sobrancelhas arqueadas e me aproximo dele.

— Uma constatação – diz me encarando com interesse – A não ser que queira me provar o contrário – completa com uma voz irresistivelmente sedutora. Se ele pensa que esse joguinho vai funcionar comigo, está muito enganado.

— Você não presta. Eu tenho namorado! – o repreendo e então me lembro do porquê estou aqui. Lembro-me de Stefan e rapidamente me afasto dele, policiando a mim mesma. Você é uma idiota, Marlene.

Ao me ouvir dizer isso, Black rapidamente franze o cenho e desvia o olhar do meu parecendo preocupado. Ele coça a nuca seguidas vezes e vai em direção aos tonéis.

— Você não o viu por aqui, não é? – pergunto desconfiando da sua reação repentina.

Ele me encara com o semblante completamente sério.

— Não perca seu tempo com esse cara – diz e não fica para esperar minha resposta. Com a bebida em mãos ele sai em direção à varanda e some das minhas vistas. Sinto meu coração apertar depois de sua deixa e olho ao redor tentando me sintonizar do que devo fazer.

Algo me chama a atenção. Ao olhar para cima da escada, no andar superior, me deparo com uma cena que me causa um tormento intenso. Stefan O’brien, sim o meu namorado, está lá e está sendo puxado por uma garota cuja qual eu não consigo identificar as feições do rosto. Meu corpo gela dos pés à cabeça e sinto minhas pernas fraquejarem.

Deposito os copos de bebidas, já quentes, em cima de uma mesa qualquer e decido tirar a limpo essa história. Ainda tentando não acreditar no que meus olhos acabam de me mostrar. Ele está aqui! Stefan veio para a festa mesmo depois daquele telefonema me dizendo que não iria, que ficaria em casa para poder estudar. Mentiroso!

Decidida, caminho até a escada, me agacho e passo por debaixo da fita. Forço meus olhos para poder enxergar os degraus da escada, pois a pouca luz dificulta a minha visão. Ao chegar ao topo, à esquerda tem um pequeno corredor com uma sacada, de onda dava para visualizar a sala de estar inteira e mais um pouco do jardim. À direita, outro corredor, porém mais extenso e fechado que ia desembocando nos quartos. Não me apego muito aos detalhes, pois me concentro na porta entreaberta no fim desse último corredor, com um fio de luz a iluminá-lo, porém que logo é apagada.

Isso não está acontecendo comigo. Não está. Simplesmente não está. Já mais perto da porta, escuto o som de beijos e gemidos baixos. Sinto meu estômago embrulhar só de imaginar o que deve estar acontecendo, e confirmo tudo isso quando acendo a luz e encontro Stefan e Heather quase nus sobre a cama em um momento íntimo. Eles rapidamente se incomodam com a luz e me encaram.

Percebo a cara de espanto de Stefan e a feição de satisfação da Heather.

— Marlene... – ele faz menção de vir até mim e eu não sei como encontrei voz para dizer, extremamente amargurada:

— Não ouse vir atrás de mim, seu canalha! – e ao dizer isso, fecho a porta violentamente e saio dali correndo.

Incrédula, pasma, com ódio de mim e todos, pego o primeiro copo de bebida que vejo e entorno em minha boca. Não estou raciocinando direito. Devia ir para casa? Mais um copo. Chamar Dorcas? Mais um copo. Alguns minutos se passam. Como eu vim parar aqui e quantos copos eu já bebi? Pego mais uma garrafa.

Não sei quanto tempo se passa, só sei que ouço vozes chamarem o meu nome, mas não me dou ao trabalho de identificar quem seja. De repente eu caio no que eu suponho ser um gramado. Mas eu não estava dentro da casa? Acho que mais um tempo se passa. Sinto braços fortes me carregarem.

— Segura ela com cuidado – ouço a voz de Lily. Espera aí, Lily? O que ela está fazendo aqui? Como veio parar na festa? Ela disse que não viria.

Ai meu Deus. Eu precisava urgentemente de ajuda.