Acordei morrendo de dor de cabeça e ânsia de vômito. Saí do quarto meio zonza de pijama mesmo e me sentei na mesa para o café da manhã.

Todos estavam sentados lá menos Helena.

Derrubei minha cabeça na mesa e gemi de dor.

- Alguém já reparou no estado da casa? – Gabe perguntou.

Foi aí que eu resolvi olhar a minha volta.

O sofá estava todo sujo com comida e bebida, o chão era puro vômito e garrafas de cerveja e a TV por pouco não caiu da estante e quebrou.

- Eu não estou com a mínima disposição para arrumar isso tudo. – Falei.

- E quem disse que a gente vai arrumar isso? – Romeu perguntou.

Todos encaramos ele, com nojo.

- Você pretende deixar esse vômito aí? – Joanna perguntou, enojada.

- Claro que não. O que eu estou tentando dizer é que meus pais nos deram essa casa para nos acostumarmos a morar sozinhos e sermos mais responsáveis, mas podemos chamar umas faxineiras que eles não irão descobrir. – Ele sorriu.

- Concordo totalmente. – Rafa disse. Depois ele olhou para Joanna e falou: - Se eu te disser que eu sou um papel você me da uns amassos?

Ela revirou os olhos e reclamou:

- Cara, você não se cansa? Ontem você passou a noite inteira me dando cantadas como essa. E elas ficam piores a cada garrafa de cerveja que você bebe.

- Então... Alguém se lembra de alguma coisa de ontem? – Romeu perguntou, olhando para mim. Eu tinha certeza que ele estava perguntando aquilo para ver se eu me lembrava do que aconteceu entre nós na noite passada.

E eu me lembrava direitinho.

Olhei para ele e falei:

- De algumas coisas eu não lembro, mas de outras eu lembro claramente.

- Eu não lembro de nada. – Rafa reclamou.

- Eu lembro de tudo, inclusive da Helena bêbada pra caramba. – Gabe comentou.

- Pois é. Disso qualquer um lembra. Afinal, cadê ela? – Joanna perguntou.

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA - Ouvimos um grito vindo do quarto de Helena.

Corremos até lá, achando que alguma coisa estava acontecendo com ela.

Abrimos a porta e nos deparamos com uma Helena assustada na cama no meio de dois jogadores de futebol do colégio.

- Ai meu Deus! A gente fez...? – Ela perguntou para eles que negaram.

- Vaza da cama da minha irmã, cara. Sai fora. – Romeu falou, puxando os dois para fora de casa.

- Meu Deus, eu nunca bebi tanto em toda a minha vida... – Ela comentou com a mão na cabeça. De repente ela arregalou os olhos e vomitou no chão.

- Pelo menos você pega geral quando fica bêbada. Nem assim eu consigo. – Joanna reclamou. – Acho que é a minha timidez...

- Você sabe que pode ficar comigo a qualquer hora, né? Dependente de timidez ou não. – Rafa falou.

- Ai, sai fora, garoto. – Ela disse.

Fomos para a sala para dar um pouco de privacidade para Helena.

Depois de todos tomarem café da manhã, eu fui lavar a louça e me assustei com Romeu do meu lado.

- Você se lembra de ontem à noite, né?

- Aham. – Respondi. – E eu acho que gente deveria esquecer aquilo.

- Concordo totalmente.

- Não significou nada. – Falei.

- Pois é. Estávamos bêbados e não sabíamos o que estávamos fazendo. – Ele falou e eu concordei.

Ele assentiu e se ofereceu para lavar a louça. Aceitei, pois estava muito cansada.

No dia seguinte, resolvi mudar o visual. Cortei meu cabelo nos ombros, repiquei e deixei uma franja que nem a Cassadee Pope só que bem mais loiro (n/a: Pra quem não conhece, essa é a Cass http://www.blogcdn.com/www.aolradioblog.com/media/2010/06/cass-hey-monday-2.jpg).

Fui fazer um piercing de argola no meu nariz, coisa que eu estava querendo fazer a muito tempo. Eu precisava da autorização da minha mãe por ter 17 anos. Falei que ela estava na Inglaterra e o cara aceitou ter a autorização por telefone mesmo.

Com isso, minha mãe aproveitou para perguntar como estava a minha vida. Contei para ela que estava bem legal morar na república, mas omiti a bebedeira da noite passada. Foi aí que ela veio com a pergunta que toda mãe faz:

- E os garotos? Já está interessada em algum? Ah, filha eu queria tanto estar aí para participar da sua vida amorosa, te dar alguns conselhos...

- Mãe! Não, não tem nenhum garoto em que eu esteja interessada.

- Poxa, filha. Você não ficou com ninguém até agora? Pelo amor de Deus, você está com algum problema? Na sua idade, eu era a garota mais desejada do meu bairro. – Ela falou, preocupada.

- Mãe, eu me recuso a responder essas coisas, ok? Tchau. – E desliguei na cara dela.

Por mais que eu tentasse tirar aquilo da minha cabeça, era como se aquela cena da noite passada ficasse em néon para eu não esquecê-la.

E eu acho que funcionou.

Voltei para casa renovada. Enquanto eu ia para o meu quarto, esbarrei em Romeu que me olhou de cima a baixo e engoliu seco.

- Nossa, Julieta você está... Diferente.

- Obrigada... Eu acho. – Falei, corando.

Fomos para a escola e eu percebi os olhares de todo mundo em cima de mim. Umas 5 pessoas vieram me elogiar e eu estava começando a gostar daqueles olhares... Até a hora do almoço.

No refeitório, todos olhavam para mim de novo, apesar de já terem visto que eu havia mudado. E eu estava começando a estranhar.

- JULIETA!JULIETA! – Joanna veio correndo e não chamou muita atenção porque estava o maior falatório no refeitório (n/a: rimou, hehe) como sempre – COMO VOCÊ NÃO ME CONTOU?

- Contei o que? – Perguntei.

- Que você e o Romeu se beijaram, é claro! – Ela falou só para nossa mesa ouvir.

- COMO VOCÊ SABE DISSO? – Perguntei, assustada.

- Meu Deus do Céu, isso é verdade? – Helena perguntou com os olhos arregalados.

- Aparentemente, uma garota viu vocês se beijando na festa e espalhou para o colégio inteiro. O Romeu ficou sabendo disso e, para não estragar a reputação dele, espalhou que você beija mal. Por isso estão todos te olhando assim! – Ela explicou.

De repente uma onda de raiva percorreu meu corpo. Eu não acreditava que o Romeu havia espalhado que eu beijava mal só para o bem dele. Meu Deus, que garoto egoísta! Só pensa nele mesmo. Como eu podia ter beijado ele? O que eu tinha na minha cabeça? Merda? Ah é, eu tinha álcool.

Tive que ficar ouvindo risinhos o dia inteiro.

Até o Romeu levar sua nova namorada lá em casa para esperá-lo pegar o dinheiro para eles irem almoçar fora.

O fato era que essa nova namorada dele era a líder de torcida mais fofoqueira de toda a escola. E era por causa disso que eu iria colocar minha vingança em prática naquela hora.

Estava só eu, ela e Gabe na sala.

Aproveitei esse momento.

- Então, você ta gostando de namorar o Romeu? – Puxei assunto.

- Ai, eu acho maravilhoso. Ele é superpopular, supergato e beija superbem. – Ela comentou. Tadinha, burra como sempre.

- É, mas não vai se animando muito não porque nenhum homem é perfeito. É claro que ele tem um defeito (n/a: Rimou de novo. To fera hoje -n).

- Que defeito? – Ela perguntou, inocente.

Me curvei para a frente e sussurei:

- Ele tem herpes.

- Não acredito! – Ela falou, com os olhos arregalados.

Percebi que Gabe estava se contendo para não cair em gargalhadas.

- Mas... O que é herpes mesmo? – Ela perguntou, burra feito uma porta.

Revirei os olhos e ia começar a explicar, mas ela não deixou. Pegou seu iPhone rosa com glitter e começou a pesquisar na Internet.

- Ahh, achei! Eca, que nojinho! Eu tenho que contar isso para as meninas e as prevenir de ficar com ele. – Ela comentou, indo embora correndo.

Gabe começou a rir muito junto comigo.

- Garota, como você é cruel!

Concordei e fiz um hi-five com ele.

Logo, Romeu apareceu na sala com uma expressão confusa no rosto:

- Ué, cadê ela?

- Foi prevenir as amigas de ficar com um garoto que tem herpes. – Contei.

Ele já ia explodir de raiva, mas respirou fundo e falou:

- Julieta, posso conversar a sós com você?

O acompanhei até seu quarto e ele começou a gritar:

- Eu não acredito que você espalhou que eu tenho herpes!

- E você espalhou que eu beijo mal.

- Isso é totalmente diferente!

- É claro que não! Você foi totalmente egoísta, espalhou o boato que eu beijo mal só para melhorar a sua reputação e acabar com a minha! O que eu fiz foi nada mais, nada menos do que a justiça! – Gritei.

- Eu não sei se você sabe, mas herpes é muito pior do que beijar mal. Agora eu nunca mais vou pegar ninguém.

- Ué, se você se importa tanto assim com as mulheres, lute por elas! – Gritei, a centímetros de seu rosto.

Ele ficou um tempo me encarando e depois gritou, chegando mais perto ainda:

- EU TE ODEIO, JULIETA!

- MAS, OLHA QUE COINCIDÊNCIA. EU TE ODEIO TAMBÉM! – Gritei de volta.

Ficamos nos encarando e, quando eu percebi, sua boca já estava colada na minha e ele me pressionava contra a parede.

E o pior é que dessa vez, eu estava sóbria.