CAPÍTULO 096

— Eu não acredito nisso! Eu não acredito que o Paulo foi embora para o digimundo e me desobedeceu. Eu disse com todas as letras que ele estava proibido essa semana de pisar lá — falou Márcia dando aqueles sermões para Lúcia e Lucas. Os dois ficaram acuados no sofá ouvindo a bronca — e vocês o que me dizem?

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— Mãe nós não tivemos culpa. Foi somente o Paulo que falhou — retrucou Lúcia — Lucas e Beelzee estavam comigo assistindo a um filme de três horas. Foi depois que demos falta dele.

— Foi sim mãe — disse Lucas — até Beelzebumon quando soube que o Paulo saiu se prontificou em ir atrás dele. Fica calma que daqui a pouco eles estarão de volta.

— Tá vendo, amor? A explicação foi convincente. Para de dar uma de mãezinha, pois ele já enfrentou perigos maiores e você nunca fez caso disso. Agora eu vou tomar um banho e corrigir as provas — disse Ray que acabava de chegar do trabalho junto com a esposa.

— Okay vocês venceram. Não tiveram culpa de nada. O Paulo é o meu filho, o que tem de mau ser uma mãe preocupada? — ela beliscou o braço do marido — Ray vai logo que depois de ti eu tomo um banho e fico aguardando o retorno desses dois. Já sei que não voltarão hoje mesmo.

Lúcia respirou aliviada. Pelo menos não teve culpa de nada.

...

Uma casa um pouco velha à beira da estrada. Uma loja que vendia cérebros. Um vendedor parecido com um alienígena. Vademon colocava um pote de vidro com uma massa encefálica dentro sobre uma estante cheia de outros vidros. Assim que ele se vira dá de cara com uma pessoa que fazia muito tempo que não via.

— Barbamon, você por aqui? Que surpresa estrondosa. Pensei que depois da nossa separação você nunca mais quis conversa conosco.

— Realmente foi uma pena a nossa separação. Mas eu não vim falar sobre isso. Quero a sua ajuda. Resolvi trabalhar com as minhas próprias mãos para acabar de vez com os digiescolhidos e sozinho não dá.

— Pensei que acabaria com a ajuda de Astamon? Você fez uma péssima escolha em contratar assassinos. Soube que ele matou aquela mulher, não os pivetes hehe que ironia.

— Quero que me ajude. Fale com SkullMeramon e...

— Esquece este. Morreu há poucas horas e não me pergunte como. O único que pode te ajudar definitivamente é Myotismon. Enfim eu não posso te ajudar. Vá até o castelo do vampiro e converse com ele. Quem sabe ele possa te ajudar em tudo o que precisa.

O velho assentiu. Fazia sentido pra ele, pois Myotismon era o mais forte da equipe. Assim ele foi ao encontro do vampiro. Vademon sorriu com satisfação, por que Barbamon iria ser destruído. Ele odiava o velhote.

Paulo desceu do ônibus. Viu Freddy sentado na parada que ficava no meio da rodovia. Ele estava sem Gokuwmon por perto, que não era muito comum. Caminhou um pouco e cumprimentou o estadunidense. O loiro encarou por um tempo o outro como se estivesse cantando vitória. Paulo sentou e iniciou a conversa.

— Você chegou em boa hora. Cara estou completamente desesperado. Aconteceram tantas coisas nesses últimos dias. Preciso da sua ajuda como o meu novo amigo — disse o brasileiro com tanta inocência.

— Eu compreendo que foi difícil. Você como digiescolhido tem tantas responsabilidades — disse com uma cara fechada — certamente tem seus altos e baixos. Paulo, eu quero te ajudar. No que precisar, amigo.

Paulo Victor olhou contente com as palavras do outro. Apertaram a mão. Freddy retirou do bolso o digivice piscando direto.

— Nossa! Esqueci Gokuwmon lá naquele bar. Na verdade ele ficou lá porque... porque foi ligar para a minha tia. Sabia que ela sabe sobre os digimons?

— Minha mãe também sabe da existência dos digimons. Viu como somos praticamente iguais?

Ambos foram para o local. Atravessaram a pista. Paulo não esperava o que o aguardava.

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Barbamon olhou atentamente a entrada do castelo pomposo de Myotismon. Os guardas reconheceram o velho e deixaram passar. Na verdade foi a mando do próprio chefe deles que deixassem o Barbamon passar.

O velhote passou pelo grandioso portão de ferro. Assim que entrou ficou andando num corredor com tapete vermelho e com várias estátuas de animais como pássaros e leões.

Paulo entrou no velho bar Blue Driver acreditando no outro menino. Na verdade era uma armadilha. Gokuwmon nem estava ali como dito por Freddy. Era tudo uma armação. Assim que entrou a porta foi fechada de maneira forçada. O brasileiro olhou pra trás estranhando a atitude do outro. Depois olhou pra frente e viu Astamon sentado na cadeira. O vilão se levantou e ficou parado em pé olhando o espanto do adolescente.

— O que significa tudo isso? Freddy, o que você fez?

— Acabei de fazer justiça! Pensou mesmo que eu seria o seu amigo, cara? Não. Ledo engano. Eu sou um cara que curte ficar sozinho do que na companhia de um bandido feito você. Um hipócrita é isso que é. Eu sou amigo do Astamon, ele é que vai acabar com as maldades neste mundo.

— Cara você ficou louco! Não está falando coisa com coisa. Ele que é o inimigo! É ele que quer acabar com tudo, não eu!

Freddy olhou para Astamon. O vilão se fez de desentendido: — Não vou cair mais nesses truques primários. Asta, ele é todo seu, amigo. Com licença que eu tenho coisas mais importantes para fazer agora.

— Seu desgraçado!

Paulo teve uma vontade de socar a cara de Freddy, mas antes que pudesse alcançá-lo, Witchmon interveio e o agarrou. O rapaz nem tentou se desvencilhar dos braços da bruxa, pois sabia que seria impossível se soltar.

— Eu juro por tudo que Beelzebumon vai te pegar e vai te dar uma boa lição — disse Paulo para com o vilão a sua frente.

— Veremos. Até lá eu estarei preparado — retrucou o inimigo. — Vamos embora? Você será muito valioso para os meus planos derradeiros. Vamos, a cela o aguarda.

Paulo lamentou não ter escutado a sua mãe e sair assim sem ajuda alguma. Pior ainda é ter confiado em alguém que ele mal conhece. Foi um choque muito grande para ele.

Gokuwmon estava o tempo todo atrás do bar perto da cabine telefônica. Ele não ligou para a tia do garoto, pois o próprio pediu para que não ligasse. Freddy apareceu e disse que tudo foi resolvido. O macaco lutador não se agradou em nada. Ele não confia no Astamon e nunca confiará. Contudo tinha que aguentar para deixar seu parceiro contente.

— Acabou o que tinha que acabar? — o garoto confirmou — Então vamos embora para bem longe. Vamos esquecer tudo como sempre foi.

— Isso foi antes. Astamon está nos dando tudo de mão beijada. Aquele quarto é maior do que a minha casa naquele bairro pobre de Los Angeles. Cara, é a minha chance de crescer nessa vida. Ei, não fica chateado.

— Eu nunca vou ficar chateado contigo, amigo. Então vamos voltar para aquele esconderijo.

Ambos saíram.

Myotismon colocou vinho numa taça. Deixou a garrafa sobre a mesa de jantar e se virou. Ficou bebendo o vinho enquanto olhava para Barbamon à sua frente. Riu e andou na direção do velho.

— Myotismon eu preciso da sua ajuda. Vademon me disse que se eu quisesse alguma ajuda recorreria a ti. Estou aqui para que me ajude a acabar com os digiescolhidos. Eles acabaram comigo.

— Acha mesmo que irei te ajudar? É claro que não. Pior para você. O único que acabou contigo foi você mesmo. Enfim existe um propósito para a sua vinda até aqui, meu caro. O propósito chama-se vingança. Vingança por sempre ter obedecido às suas ordens e sempre ficar recluso aos seus comandos, vingança por ter soltado Astamon e nunca ter matado os digiescolhidos, vingança pelo Arkadimon que morreu em vão. Tudo isso virou o meu ódio para contigo.

— Então é um traidor. Vademon também. Como poderia contar com você que sempre não concordava com os meus planos.

— Que planos, seu velho imbecil? Aquilo lá era plano? Sempre frustrado pelos digiescolhidos. Você é um frustrado — Myotismon coloca a taça sobre a mesa e avança — Agora prepare-se para morrer, porque eu vou ter o maior prazer em te matar com as minhas próprias mãos.

— Pode vir. Eu aguentarei o seu ataque.

Myotismon começou a levitar repentinamente. O vampiro tinha essa capacidade, porém não a usava frequentemente. Ele abre a sua capa e libera milhares de morcegos na direção do outro. Barbamon usa a sua magia negra para também levitar e assim fica cara a cara com o rival. Uma aura escura cobre o velho como numa espécie de fumaça azul escura, logo depois ele concentra e forma uma bola negra concentrada. Em seguida libera. Os dois poderes se chocaram com tamanha violência que a sala de jantar foi completamente destruída pela onda de choque que se formou.

— Asa Espantosa! — os morcegos não paravam de ir em direção ao outro.

— Não importa o quanto você aumente a sua força. Eu aguentarei — porém ele apenas dizia isso para disfarçar, pois não estava aguentando a força tremenda que o outro tinha.

— Não adianta! Eu vou te matar, seu velho cretino!

Barbamon sofria a pressão. O poder do outro era maior e mais rápido. Os morcegos começavam a mordê-lo tentando absorver seus dados. Tais morcegos ficaram mordiscando algumas partes dele enfraquecendo-o cada vez mais. Foi então que não aguentando ele foi coberto pelos bichos.

— Não, aargh — o velho foi completamente tomado pelos poderes do outro.

— É isso aí. Eu sou mais forte e o mais poderoso de nós. Haha velho cretino. Morra!

Myotismon colocou mais potencia no ataque. A vidraça que ficava na sala foi completamente destruída. O velhote foi arrastado por vários metros chocando-se com parte da vidraça e caindo pra fora do castelo. A altura era de dezenas de metros até cair no mar e ser levado pelas ondas. O vampiro olhou para baixo.

— Caso encerrado — disse rindo. Depois entrou.

Paulo olhava a cela em que se encontrava. Era úmida, cheia de rebocos e ratos. O jovem ficou desesperado, pois nunca tinha sido preso antes. Um colchão sobre o chão era a única coisa "confortável" naquele ambiente. Paulo ficou entre as grades olhando o corredor escuro, iluminado apenas com tochas. Percebeu que o seu digivice estava no seu braço, o que indica que não foi destruído.

— Ah Beelzebumon se você me salvasse logo. Eu queria ver esse Astamon sendo destruído. Aff minha mãe vai me matar se eu for salvo e voltar para casa — disse ele lamentando o dia mais infeliz da sua vida.

Enquanto isso, Astamon recebe um recado de NeoDevimon. Segundo ele encontrou o corpo de Barbamon boiando nas águas do Ocean Net. O vilão riu baixo e pensou no seu derradeiro plano para acabar de vez com o digimundo.

— Eu disse que aquele velho seria de grande ajuda para mim. Mesmo estando quase morrendo — Astamon falava com Witchmon que também se encontrava na sala principal do esconderijo.

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— Aproveitando a situação, chefinho, aquela energia das trevas está pronta para o velho da barba grande. O local fica perto de uma floresta a sudoeste daqui. Se você quer ver escombros sobre escombros de um prédio em ruínas então venha ver. Gigadramon está lhe esperando. Com ele é mais rápido de chegar lá.

Astamon ficou curioso, resolveu sair. Mandou Witchmon ficar de escolta caso o digiescolhido quisesse escapar. Gigadramon levou seu chefe até o local da energia das trevas. A única que ainda sobrava no digimundo.

Assim que chegou ele viu que era um lugar desértico, mas com algumas árvores indicando que já foi uma floresta. Andou até pisar em algo que parecia uma roupa. Apanhou e viu um vestido preto bem sujo e danificado devido ao tempo. Olhou e viu um monte de escombros, como se um prédio tivesse sido destruído. Ao se aproximar observou alguns objetos como mobílias, espelhos, roupas e outras coisas. Viu algo curioso. Um nome estranho escrito numa folha de papel.

— Lil... Lilithmon. Nome estranho — jogou fora e olhou o mais importante. Uma bola escura, com uma poderosa energia concentrada nela. Não havia dúvida que ali era a energia das trevas que sobrou. Mesmo pequena ainda era poderosa o suficiente para aumentar o poder de um digimon maligno imensuravelmente. — Isto vai ajudar e muito o meu plano.

Astamon segurou um pote no formato da cabeça de um Evilmon, abriu a tampa e absorveu toda a energia contida ali. Fechou logo em seguida.

NeoDevimon encontrou o corpo de Barbamon no mar e o levou até o esconderijo. Witchmon o ajudou colocar o velho sobre um tipo de maca numa sala branca. Barbamon encontrava-se completamente ferido e com as roupas rasgadas. Seus dados começavam a dispersar indicando que a qualquer momento ele morreria.

— Você acha que ele vai sobreviver? — perguntou a bruxa ao colega.

— Não sei, porém conhecendo Astamon como conheço eu tenho certeza que ele vai dar um jeito nisso. Ele está completamente arrasado, quem fez isso com ele? — Neo perguntou e Witch não soube responder.

...

Behemoth arrancava com fúria pela região árida do digimundo. Seu condutor estava bastante concentrado tentando achar o local em que seu parceiro foi. Na verdade ele não fazia ideia, mas estava indo para Las Merinas. Seria o lugar ideal para encontrá-lo.

A noite estava bonita. As estrelas eram vistas nitidamente por qualquer um que olhasse para o céu estrelado. Beelzebumon não tinha tempo para ficar observando as belezas do universo digital. Era uma corrida contra o tempo. Ele parou num bar à beira da estrada e entrou. Os digimons olharam a pessoa que entrou. Era uma presença poderosa e ameaçadora. Ninguém ali se atreveria mexer com ele.

— O que vai querer, amigo? — perguntou um Wendigomon.

— Estou à procura de uma pessoa. Ele é humano, pequeno, moreno claro, tem um digivice e se chama Paulo. Você o viu?

— Cara por esse bar passam vários tipos de seres. Eu conheço cada um dos rostos que chegam aqui para desfrutar do meu humilde estabelecimento. Se eu tivesse visto essa pessoa eu seria o primeiro a te dizer, mas não. Juro que não o vi — disse o dono do bar.

— Valeu por me ajudar em nada — ele saiu daquele ambiente e foi embora. Wendigomon riu como se soubesse de algo.

Beelzebumon pegou a estrada. Ele nem conseguir dormir consegue com tamanha preocupação. Vez por outra ele parava quando via alguém na beira da estrada. Ninguém viu Paulo nem ninguém. Era praticamente em vão aquela busca.

— Paulo, aonde você se meteu, seu pirralho? Droga, cara! Cadê ele? — ele ficou encostado na moto parado há poucos metros da pista. Uma viagem muito longa cansava qualquer um. Por mais forte que ele pudesse ser, não era nada sem o seu parceiro. A companhia do outro é que dava a sua força. Sem o seu parceiro... era fraco.

...

Paulo olhou com desprezo a pessoa a sua frente, ou seja, do outro lado da cela. Freddy olhava o cativo com alegria. Para o loiro aquele era o inimigo. Ele estava "cego". Freddy se aproximou da cela e fez aquela cara sarcástica.

— Não sei o que te disseram. Com certeza te enganaram ao falar de mim.

— Isso não vem ao caso. O que importa é que você foi preso e será condenado. Não quis enfrentar a justiça e a ordem? O seu destino é esse, Paulo. Ficar trancafiado nessa jaula e se o seu parceiro aparecer por aqui eu ajudo Astamon a destruí-lo.

— Garoto, um dia você vai descobrir a verdade e quando souber terá um imenso desgosto de ter feito tudo errado. No dia que precisar de ajuda nunca conte comigo, pois eu só ajudo quem é meu amigo e me quer bem. Espero que aguente o peso na sua consciência, porque quando descobrir a verdade... Vai querer morrer, cara.

Freddy olhava com raiva para Paulo. Sem dúvida ambos eram rivais.

Continua...