O grupo formado por Jin, Freddy, Coemon, Mushroomon e Goburimon foi levado para uma ilha bastante alta e onde nevava constantemente. Os cinco ficaram sem saber para onde ir, até encontrarem uma caverna de gelo. Logo após entrarem, Gokuwmon conseguiu ouvir de capangas a respeito da localização da ilha. O lugar era o centro do governo mundial, onde a sede do Chanceler ficava. A informação foi essencial, pois estavam perto do maior vilão do Digimundo.

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Tudo parecia na mais absoluta normalidade, até Mushroomon avistar uma criatura quadrúpede no fundo da caverna. Não dava para ver a forma total, pois não havia uma luz para iluminar. Os olhos da criatura brilhavam num amarelo intenso. A respiração pesada soava como de um leão ou algo assim. Gokuwmon, preocupado com o bem-estar dos seus amigos, logo decidiu lutar com o possível monstro.

— Esperem! Não pretendo machucá-los. Apenas tive que fugir.

A voz da criatura era rouca, mas agradável. Não assustava em nada. Goburimon, o mais medroso do grupo, caminhou para perto da sombra e logo se acalmou.

— Podem vir. Ele não parece ser uma ameaça.

Os demais se aproximaram do fundo. Seus passos eram lentos. Não estavam 100% confiantes. Até que a imagem da criatura apareceu nitidamente diante deles. Era um digimon, quadrúpede, felino e com grandes dentes. Ele tinha uma pelagem alaranjada que mais parecia uma juba sobre uma pelagem totalmente branca. Em suas patas e no rabo também era laranja. Na ponta do rabo existia um tipo de furadeira dourada; na parte traseira do seu corpo também. Nas costas e no peito três estruturas metálicas pontudas. Na cabeça um pequeno "elmo" da cor também laranja com uma outra furadeira. Eles gistaram do visual desse digimon.

— Um digimon como esse, eu nunca vi. Provavelmente um dos mais raros que existe — disse Freddy.

— Posso dar uma olhada — falou Jin, observando o seu legacy.

O aparelho acusou o nome do ser: Dorulumon. E realmente era um digimon bastante raro, que só é visto em ambientes frios daquele mundo.

— Ele está ferido. — alertou Goburimon se aproximando do animal.

Dorulumon estava com a pata dianteira esquerda quebrada. Ele também estava muito surrado.

— Estou bem. Só preciso voltar para o vilarejo dos refugiados — disse o animal, calmo e paciente.

— Você não pode ficar aqui assim. Pode morrer congelado — falou Jin.

O japonês pediu ao Mush a embalagem de alumínio do doce. Depois pediu as pilhas de uma lanterna de Freddy.

— O que vai fazer?

— Uma fogueira. Com a embalagem metálica e uma pilha, posso fazer uma. Vai demorar um pouco. Por isso que quero que peguem gravetos ou algo que seja combustível para o fogo.

— Está com uma fratura interna. Precisa ser imobilizado antes que o osso continue rasgando a carne por dentro — disse Freddy. Goburimon vomitava de nojo.

Poucos minutos depois, Coemon e Mush trouxeram tudo o que viram na caverna. Tinham gravetos, lixo e madeira. Goburimon ajudou Freddy a fazer o curativo temporário com duas pequenas tábuas e uma corda amarrada.

— Dói? — perguntou o loiro.

— Um pouco...

— Pronto! O negócio era só encostar nos polos da pilha e assim gerar a energia. Vi isso no programa do Bear Grylls. — O rapaz pegou os gravetos e ficou ajudando na fogueira.

Dorulumon agradeceu aos jovens pela disponibilidade em ajudá-lo e pela fogueira. Agora sim aquele ambiente estava mais agradável.

— Você são os digiescolhidos?

— Sim — confirmou Jin.

— Ainda bem. — Dorulumon começou a rir e a falar que estava aliviado. — Eu esperei por vocês há muito tempo.

— Deixe eu adivinhar. Você é inimigo mortal do chanceler, faz parte da resistência, lutou contra os capangas, mas perdeu, e agora está escondido no fundo desta caverna?

Dorulumon assentiu o que Freddy falara. Era um soldado da resistência, que lutava para acabar com o regime autoritário do Chanceler.

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— Há anos eu luto contra a ditadura do Chanceler. Desde que os governadores subiram ao poder, o nosso reino virou uma ilha flutuante e sede desse maldito governo. Ele matou o Rei Polar, pai da princesa Ranamon. Desde então vem controlando o país inteiro. Por isso eu gostei das suas presenças. Podemos lutar. Mas sempre achei que o número de digiescolhidos fosse maior.

— E somos em maior número. Acontece que desde o fim do confronto com o primeiro governador, fomos separados — explicou Jin.

— Há um vilarejo escondido da capital. É lá que eu moro e lá que os resistentes se reúnem para derrubar o governo. Hoje tentei matar um dos ministros do parlamento, mas fui caçado e quase morto pelo soldados.

— Espere um pouco. Você é muito forte. Ele é forte pra caramba. Tem quase dois milhões de força. Como pode perder para simples soldados?

— Aqui os soldados possuem um nível de um milhão pra cima. É fácil encontrar níveis mega como apenas soldados. Os guardas desta ilha são os mais fortes do Digimundo. Eles nunca saem em missão pra fora. Os soldados que fazem isso são os de classe B, que ficam na ilha do governador Megido.

— Você disse há pouco que há uma capital. Que capital é essa? — perguntou Freddy.

— A Capital Mundial. É onde o palácio de gelo fica. O Parlamento do Digimundo e o Tribunal também. Os três poderes que regem este mundo. É uma cidade totalmente vigiada praticamente impenetrável.

Freddy tentou mais outra vez mapear a ilha. No entanto, outra vez não conseguiu. Dorulumon avisou que a ilha em que estavam era bem maior e mais protegida de todas as nove ilhas flutuantes. O grande desafio será a de derrotar o Chanceler, pois havia uma tecnologia avançada que impedia o mapeamento, GPS e comunicação com o mundo exterior.

— Precisamos sair logo daqui. Temo que não seja o lugar mais seguro do mundo.

— Jin tem razão. Aqueles caras podem vir aqui e nos surpreender. Estamos cansados e em menor número — disse Freddy.

— Posso levá-los para o meu vilarejo. Não é muito distante daqui, mas vai levar um tempo pra chegar.

Os digiescolhidos aceitaram o convite de Dorulumon. Precisavam de um lugar para passarem o dia enquanto criavam algum plano para avisar aos demais.

Goburimon foi até a saída da caverna, averiguou se tudo estava limpo e confirmou. Aparentemente, os lacaios foram embora, e, para melhorar a situação, a tempestade de neve parou. Foi o momento certo para eles saírem.

— Não quero ser um incômodo...

— Deixa disso. Vamos te ajudar a chegar na vila — disse Jin.

Dorulumon teve a pata imobilizada. Logo caminhou com dificuldade para fora da caverna.

— Por aqui.

O caminho para o vilarejo será árduo. A neve era densa, eles não tinham equipamentos para o frio. Mesmo assim, porém, a situação era bem melhor. Dava para ver o céu e o sol; a lua sempre cheia.

— Pode contar mais sobre a capital? — perguntou Freddy.

— Capitólio. É a capital deste mundo. A cidade do futuro. Foi construída em cima da antiga cidade do reino Polar. Lá que existe a Suprema Corte, o Parlamento e o Palácio de Gelo. Todos lá são horríveis. Eles não ligam para a escravidão que o Chanceler faz no resto do mundo. Eles não se misturam com os outros digimons. A sentença da Corte é assistida ao vivo pelo povo, que torce pela condenação do acusado. Não há justiça. Os membros do Parlamento são capachos do Chanceler. Eles que fazem leis severas para o resto da população. Eu tenho nojo de todos. Espero que um dia vocês derrubem este sistema.

— Parece que esta ilha é bem mais organizada que as outras — falou Mush.

— Muito organizada. É quase impossível entrar na cidade sem ser detectado. A sorte é que eu sou muito forte e consegui fugir.

O grupo chegou a um pequeno rio congelado. Precisarão passar por ele para assim sair da montanha e ir para a floresta.

Capitólio - Capital do Digimundo

Na parte mais afastada da capital, o palácio do Chanceler. O local era feito de mármore e gelo, esculpido no meio de uma montanha. Dava para ver a visão panorâmica da cidade. Diferente do resto da ilha, Capitólio tinha muitas árvores e flores, prédios e o clima era tropical. Tudo graças a um sistema que criava uma cúpula que separava a cidade do resto da ilha.

— Senhor, os três juízes chegaram para o almoço — avisou o mordomo.

Merukimon agradeceu a presença dos três juízes que julgavam os casos mais graves de todo o planeta. Todos eram digimons, de níveis variados.

JUÍZ SUPREMO FLAWIZARMON

Um dos três juízes. Não possui tanta força, pois o seu poder é de autoridade. Ele vestia uma roupa toda vermelha com amarela, um chapéu com a ponta de fogo. No geral parecia mais um adolescente de cor escura e parecido com um Wizardmon.

JUÍZ SUPREMO PAJIRAMON

O juíz mais antigo. É o que também preside a casa. O mais alinhado com a política do Chanceler. Não possui grandes poderes, mas possui autoridade. Tem a forma de uma ovelha em forma de centauro.

JUÍZ SUPREMO SHAKAMON

Um digimon único, parecido com um humano vestido numa roupa dourada. Tem cabelos longos brancos e um elmo que protegia seus olhos. Vive sempre sentado, levitando para se locomover.

— Estou grato pela presença dos três juízes do Digimundo. Sintam-se à vontade com a refeição.

— Alegro-me saber que me chamou para essa refeição, Chanceler. Mas quero saber exatamente os detalhes — disse Pajiramon.

— Certo. Eis o Imperador Lucemon. Aquele para quem trabalhamos desde o começo deste governo.

Merukimon utilizou um controle para ligar um telão em frente a grande mesa de jantar. A imagem de Matsunaga apareceu diante dos juízes.

— Como podem ver, essa decisão de chamá-los é totalmente minha. Quero que ajudem o Chanceler em tudo. Decidi que o sistema de ilhas para governar o mundo está acabado. Desde que aquele áudio vazado revelando as políticas dos governadores, a população resolveu se rebelar. Eu, mais um exército, voltarei para a Terra com um portal feito com os núcleos das pedras sagradas. Estou reunindo-as para isso. Preciso que as ilhas virem uma coisa só e tenha apenas um governante para me ajudar na conquista dos dois mundos.

— Está nos dizendo que decidiu dar mais poder para o Chanceler, majestade? — perguntou FlaWizarmon.

— Sim.

— O que os demais governadores acharão disso? — perguntou Pajiramon.

— Eles terão que aceitar. Vão ficar na ilha única, ajudando o Chanceler. Preciso de outra coisa. Quero que mantenham os habitantes ocupados.

— Como? — indagou Pajiramon.

— O aumento de punições — respondeu Shakamon.

— Exato. Quero que condenem todos os presos, todos os dias, até a minha partida para a Terra. Aumentem o número de chibatadas, aumentem o número de execuções, punam até mesmo os inocentes que estão presos. Punam aqueles que se atreverem a militar contra o governo. Pena de morte pela simples menção de alguma ajuda por parte dos digiescolhidos. Retire as democracias e implantem uma ditadura. Estamos numa época de crise em que três governos caíram e, provavelmente, mais um cairá. Aumentem a recompensa pelas cabeças dos digiescolhidos. Sufoquem todos. Criem o medo, mais medo.

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— Ma-Majestade, isso precisa passar pelo parlamento. São vinte e um parlamentares que criam as leis — falou Pajiramon.

— Convença-os de mudarem as leis hoje mesmo. O Chanceler já se disponibilizou a sancionar qualquer lei. Já dei uma lista do que eu quero. Acontece que a brincadeira acabou. Este planeta passará por uma reforma profunda e qualquer um que ficar contra mim será morto no ato.

Os três juízes mantiveram-se calados. Não ousariam ficar contra um ser extremamente poderoso como Matsunaga. Chanceler finalizou a transmissão. Os juízes se disponibilizaram a dar prosseguimento com as punições.

— Ótimo. Vou reunir os governadores restantes. — concluiu o Chanceler.

O mordomo ficou no cantinho, aguardando o almoço acabar. Recebeu uma ligação de Tactimon.

— O que quer?

— Fala para o chefe que já capturei a princesa Ranamon.

— Ele está numa reunião muito importante. Avisarei assim que puder.

O grupo dos digiescolhidos atravessou o rio congelado. A passos lentos, atravessaram, ajudando sempre Dorulumon. Segundo o felino, a distância para o vilarejo era de uns vinte quilômetros

— Podemos parar, se quiserem. Posso suportar o frio, mesmo ferido assim.

— Precisamos encontrar algo para comer. Estamos sem comida desde a ilha Sand. — disse Jin.

Freddy concordou com ele. As árvores não eram nada convidativas, estavam cobertas de neve e não tinham frutos. O jeito era caçar algum animal. Dorulumon deu a ideia de perfurar o gelo do rio e pescar peixes.

A furadeira na ponta do rabo do felino quebrou o gelo. Gokuwmon, com o seu bastão, improvisou uma vara de pescar. Muitos peixes saíram dali. Segundo Dorulumon, o reino era cheio de Salmões Polares. Apesar da ilha ficar totalmente congelada, os peixes continuaram vivendo.

Jin fez outra fogueira. Colocaram o peixe na brasa e aguardaram pela comida.

...

País de Vênus

Os três que ficaram na nave foram Ranamon, Conceição e o tritão que trabalhava em Atlântida. A garota ficou cansada de esperar por alguma notícia acerca de Panjyamon. Conceição tentou fazê-la desistir da ideia, mas a moça insistiu e saiu.

— Deixa ela sair.

— Não me diga o que fazer. Ela não pode sair. Tá ouvindo essas explosões?

O tritão seguiu Conceição. Os dois saíram e esbarraram em Ranamon que estava parada. Os olhos dela não pararam de fitar o sujeito.

— Olá, princesinha.

Tactimon finalmente ficou frente a frente com Ranamon. Os dois se conheciam há muito tempo, desde a época antes do reino virar Capitólio.

— O que você quer?

— Te levar de volta. O Chanceler quer você de volta. Não pode recusar.

— Tenho alguma opção?

— Posso acabar com esses dois. Depois com Panjyamon, e depois te levar. Vai do modo fácil ou precisarei usar a força?

Conceição ficou na frente de Ranamon.

— Se vai pegar ela, vai ter que passar por cima do cadáver dele — empurrou o tritão.

— Ei! Quer me matar? Pensei que fosse você enfrentá-lo!

— Imagina. Você que é o digimon sei lá das quantas. Você que tem poder.

— Eu não sei lutar! Sua sereia balofa.

— Parem! Não precisam brigar por mim. Eu irei sem fazer nenhum tipo de resistência. Apenas avisem que não venham, não se arrisquem por mim.

Ranamon seguiu Tactimon. Conceição e o tritão ficaram sem palavras. Não sabiam onde enfiar suas caras quando vissem os digiescolhidos.

Petermon conseguiu chegar na cidade a tempo. Foram horas caminhando desde que saiu do laboratório de Weiz. Gravara uma confissão do vilão falando sobre a mentira que contara para Monodramon. Era o momento certo, o momento para se vingar de Weiz de uma vez por todas. Um pequeno passo para a vitória.

Alguns escombros separavam LinK de Petermon. O loiro chegou para o homem.

— Pode me ajudar?

LinK aceitou ajudá-lo. Petermon contou que sabe sobre o verdadeiro parceiro de Paulo.

— Monodramon. Eu sei quem ele é. Inclusive sei que ele é o parceiro do Paulo. Eu iria contar, mas ainda não descobri o paradeiro dele.

— É o Phelesmon!

LinK sequer conhecia esse nome. Petermon teve que contar tudo desde a primeira ilha, passando pela transformação do Monodramon até a ida dele para acabar com Paulo.

— O verdadeiro parceiro do Paulo sabe que é parceiro, mesmo assim quer acabar com o garoto. E tudo isso por causa de uma mentira contada por Weiz? Isso vai dar o que falar.

LinK prometeu ajudá-lo a revelar a história. Estava na hora de Paulo saber do paradeiro do seu verdadeiro parceiro digimon.

Panjyamon derrotou todos os soldados do mal, porém não teve a chance de chegar a tempo para impedir de Tactimon sequestrar sua protegida. Quando foi para a nave, encontrou apenas os dois restantes lá.

Beelzebumon e Reaper continuaram lutando por pouco tempo. O espadachim interrompeu a batalha de ambos.

— Chega de luta por hoje. O Chanceler está nos chamando.

— Ranamon? — disse Paulo ao ver a garota nos braços do vilão.

Não puderam fazer nada. Tactimon e Reaper sumiram usando um pequeno tornado, usado pelo próprio Tactimon. Panjyamon ficou sem palavras ao vê-los desaparecer.

— Droga. O Chanceler vai prender a princesa outra vez. Isso é uma tragédia.

— Prender? Como assim? Ela conhece o Chanceler? — perguntou Paulo.

— Sim. O Chanceler matou o rei Polar, tomou o reino e o palácio. Virou tutor da princesa. A população adora a princesa, por isso que o Chanceler precisa dela viva.

— A popularidade dela é que faz o Chanceler ser popular — concluiu Mia.

— Exato. Preciso voltar para aquela ilha. Haja o que houver tenho que salvar a ojou-sama. Foi uma promessa que eu fiz para o pai dela.

— Melhor ir com calma. Mesmo aquela digimon ter dado em cima do Paulo, eu também quero ajudá-la. Mas precisamos terminar o que começamos aqui neste lugar. Por favor, Panjyamon. Ajude-nos agora com esta cidade.

— Tudo bem. Vou me esforçar.

— Paulo! Ainda bem que te encontrei. Preciso falar uma coisa.

— O quê?

— Eu já sei do paradeiro do seu parceiro digimon.

Todos foram surpreendidos pela notícia, sobretudo o brasileiro. Desde que retornou ao mundo digital, seu interesse era de encontrar o seu digimon. Wesley também. Sentia-se culpado pelo que fizera, por isso a sua consciência sempre o atormentava.

— Fala logo — disse Paulo bastante curioso.

— Na verdade... ele é que tem que falar.

Ele apontou para Petermon. O digiescolhido reconheceu de imediato a pessoa. Reconheceu do dia em que ainda estava na primeira ilha, bem antes de enfrentar o governador.

— Petermon? Não foi você quem salvou Monodramon daquele dia? O que quer conosco?

— Na verdade o que eu quero é revelar um segredo que muitos anos escondi. O verdadeiro digimon perdido, ou seja, o seu parceiro.

Paulo ficou visivelmente nervoso. Nunca pensou que ali, naquele lugar, saberia a verdade.

Phelesmon continuou observando a luta dos dois titãs aquáticos. Ficou no porto da cidadezinha, com os braços cruzados, sob a chuva fraca que começara a cair. Toda a região estava prestes a sofrer com uma chuva forte.

MetalSeadramon utilizou o Rio do Poder para desfazer as armadilhas de Leviamon. Por um instante deu certo, o Leviatã fora acertado com a forte rajada. Pra o seu azar, porém, era muito difícil acabar com um digimon com três milhões de poder. Leviamon era um daqueles inimigos que mesmo levando um golpe poderoso, ainda arranjava forças para se levantar.

A água do mar criou tentáculos e puxou a serpente para dentro. MetalSeadramon tentou se desvencilhar, porém Leviamon o agarrou por trás e deu uma mordida.

— Argh!

— Hehe. Não vai escapar da morte. Vou afundá-lo o mais profundo possível. Sabia que eu sou a espécie que mais aguenta pressão neste oceano? Nem o metal das suas escamas poderá te salvar.

MetalSeadramon afundou com o vilão até a zona abissal. A pressão da água ficou extremamente alta e logo o parceiro de Mia começou a sentir as consequências. Leviamon o soltou, vendo-o cair inerte para o abismo.

— Foi fácil. Agora se me der licença, explodirei aquela cidade com a sua parceira junto.

MetalSeadramon estava imobilizado e com os olhos fechados, mas a sua consciência ainda permanecia. Ouviu Leviamon falar acerca de explodir Vênus e matar Mia. A sua maior preocupação era de proteger a sua parceira custe o que custar. Lembrou das vezes que atrapalhava a garota, as vezes em que ajudava a arrumar a casa, as vezes que se divertia na praia,as vezes que surfava nas ondas do Havaí com ela, as vezes em que os dois lutaram contra os vilões... É. São lembranças boas que não voltarão. No entanto, o digimon não queria ser vencido e fazer a sua parceira passar pelo mesmo trauma de Ruan.

— Não vou morrer aqui. Ainda tenho muito o que me divertir com a Mia! Mia!

MetalSeadramon abriu os olhos e começou a brilhar.

Phelesmon aguardou o vencedor da luta. Surpreendeu-se ao ver o governador emergir da água, pois pensou que seria o digimon do bem.

— Que pena...

Virou-se para ir embora quando percebe um brilho dourado. MetalSeadramon emergiu com uma imponência avassaladora. Leviamon não acreditou.

— Quem vai perder a luta? — indagou o vermelho.

Leviamon ficou incrédulo. Pensara ter derrotado a serprente. Apesar da surpresa inicial, não se importou com mais nada e voltou a lutar. Com uma forte rajada verde, ele apostou num único e poderoso golpe. MetalSeadramon usou o poder do seu canhão e soltou uma violenta rajada branca. Os dois poderes colapsaram, mas com o poder do bem vencendo.

O demônio vermelho assistiu a MetalSeadramon perfurar o corpo de Leviamon com apenas um poder. Sentiu a energia de longe.

O parceiro de Mia saiu da água e foi para a terra. Bastante cansado, voltou a ser Betamon.

— Não vai me vencer tão cedo! — Leviamon — com um buraco no corpo — foi com tudo para a praia a fim de matar Betamon. Um golpe certeiro que Pheleamon deu foi o suficiente para matar definitivamente Leviamon. Os seus dados foram absorvidos pelo demônio.

— Hahahahahahaha. Eu sinto. Sinto um poder monstruoso correndo pelo meu corpo.

Betamon sequer viu Phelesmon na praia, porque desmaiou. O demônio teve a chance de ouro de eliminar o anfíbio, mas no fundo não teve coragem de o fazer. Não soube como explicar, mas o seu eu interior chorava como se o forçasse a parar de fazer aquilo. Resolveu deixar Betamon em paz.

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Paulo e os outros souberam que o tal Petermon sabia da verdadeira aparência do parceiro do garoto.

— Fala, Petermon. Fala logo!

— É... como posso dizer?

— Fala logo! Fala logo!

— Calma, filho — disse Beelzebumon.

— Monodramon. O seu verdadeiro parceiro digimon é na verdade o Monodramon.

A ficha não caiu. Monodramon? Foi a informação mais impactante da sua vida depois de saber que Impmon era o seu pai.

— Monodramon? Meu Deus. Pelo que eu sei ele evoluiu e queria me matar. Não... Como assim?

— Você está confuso, mas eu sei que é o Monodramon. Weiz o recrutou há muito tempo, antes de nos conhecermos. Ele pensa que o verdadeiro parceiro o abandonou de propósito. Ele sabe sobre você, mas pensa que é o causador da sua desgraça. Tentei convencê-lo de não ir com Weiz, mas ele considera o humano como um pai.

Paulo passou as duas mãos nos cabelos. Estava bastante confuso. Agora tudo fazia sentido. Sempre teve uma sensação que o conhecia de algum lugar.

— Onde ele está agora? Tenho que vê-lo, preciso me explicar.

— A culpa foi minha de ter separado os dois — disse Beelzebumon. — Eu fui muito egoísta na época eme arrependo.

— Gente, eu não faço ideia para onde ele foi. Pode estar em qualquer lugar.

Paulo ficou sentado num pedaço de concreto no meio da rua. Precisava de espaço para raciocinar. A informação de que Monodramon é o seu parceiro o abalou.

— Como vamos provar para o Monodramon que ele foi enganado? — perguntou Nashi.

— E ainda tem o fato dele ter digievoluido. Agora é um digimon perigoso e Paulo corre perigo — disse Mia.

— Eu corro esse risco. Preciso fazer de tudo para que ele saiba da verdade.

— Eu tenho uma gravação que fiz ontem. Aqui na minha mochila eu tenho um áudio de uma conversa em que Weiz confessa tudo. A voz dele está nítida, por isso vai ser mais fácil pro Phelesmon identificar.

...

Ilha Sand

Lucas esperou o guarda sair de perto da cela para assim poder arrebentar as barras com a força das mãos. Nenhum dos vilões, incluindo Astamon, notou que o menino era parte digimon. Após arrebentar as suas barras, ele libertou os demais prisioneiros.

O grupo formado por Lucas, Lúcia, Rose, Palmon, Aiko, Agumon, Mummymon e Arukenimon conseguiu fugir do cativeiro. Prenderam um dos piratas que vigiavam e saíram.

— Podemos zarpar sem eles? — perguntou Arukenimon.

— Não. Astamon está com a chave que aciona a arca. É tipo um cartão. — respondeu Aiko.

QG do Governador

Akenathon observava tudo o que acontecia de dentro do seu sarcófago. O local que ele prefiria era o mausoléu do faraó. Objetos como candelabros, estátuas, até mesmo uma porta eram vivos.

— Mestre, LadyMummymon disse que parte dos intrusos saíram daquele navio e outros ficaram — disse uma pequena múmia.

— Uh? Preciso acabar com todos de uma vez. A energia vital de Leviatã desapareceu, o que quer dizer que ele foi derrotado. Eu não vou permitir que os digiescolhidos entrem aqui e me vençam.

— E aquela explosão?

— Relate aos Skulls. Fale com Nitemare para capturar todos. Estou louco para retirar as almas dos intrusos.

Em toda a terra da Ilha Sand, seres com armaduras de ossos surgiram. Eles invadiram as vilas restantes e cidadezinhas do deserto. Nada foi encontrado. Um desses Skulls era um SkullSatamon modificado conhecido por Nitemare. Ele tinha a cor dourada e um tridente. Usava uma capa preta.

— Senhor, achamos este símbolo.

— Nunca vi. Parece ser de alguma organização. — O símbolo da aranha.

Enquanto isso, LadyMummymon tentava acertar a parede externa da arca com a sua arma de raios. O objeto, porém, sequer riscava. Era um material extremamente resistente.

— Lorde Akenathon precisa conhecer este barco. Parece indestrutível.

Ela e os seus capangas estavam em um bando de mais de vinte indivíduos, com dois SkullGreymons.

Ruan desmaiou ao entrar num portal. Acordou num apartamento, porém não era o seu. Achou estranho tudo, desde a decoração até... tudo. Parecia ter sido enviado para o lugar errado. Ficou sentado no sofá. Percebeu que aquele lugar era muito espaçoso e luxuoso. Definitivamente não era a sua casa.

— Definitivamente aqui não é a Espanha. — Olhou pela varanda e viu grandes prédios com letreiros em japonês.

— Você está em Tóquio.

O loiro de cabelo encaracolado rapidamente desviou a sua atenção para o canto da sala. Viu vários morcegos no teto, sentiu um arrepio. Que merda era essa?!

— Você está confuso, é normal. Acredite em uma coisa: não o molestei. Não toquei em nada de você — disse um homem estranho.

Ruan não entendeu o que o homem falou. Pela primeira vez não conseguiu entender o idioma de outra pessoa. Por ter se desfeito de seu digimon e legacy, o app que fazia a tradução ao seu cérebro acabou. Por isso ele não sabia o que falar.

— Hablas Español?

— Si.

Ele tirou um aparelho parecido com um digivice, mas preto, do bolso do casaco.

— Sostenga. Te va a hacer entender lo que hablo. — disse em espanhol.

Ruan segurou firme no aparelho e passou a compreender novamente.

— A língua universal do Digimundo. Fantástico, não?

— Quem é você?

— Gregg Himler. Sou um homem que precisa da sua ajuda, Ruan. Como foi a companhia com MarineAngemon?

— Boa. Ele é o seu digimon?

— Digamos que sim. Ruan, quer vinho?

— Não, obrigado. O que quer?

— Sua ajuda. Eu vi o quão ficou frustrado com a perda do seu parceiro digimon. Fiquei comovido e decidi te ajudar.

— Cara, não estou mais no ramo de digiescolhido. Decidi parar.

— E quem disse que vai ser digiescolhido? Que tal ser o meu colega e auxiliar um dos mais célebres cientistas do mundo?

— Você?

— Não. Eu sou um conde. Mas tem um velho cientista que trabalha pra mim — Himler pegou uma revista e mostrou ao adolescente.

— Doutor Brain Nitrus? O cara que ganhou um nobel?

— Exatamente. Nem mesmo Matsunaga conseguiu tal façanha. Dr.Nitrus trabalha num laboratório de ponta que estuda hibridismo e tudo é aprovado pelos governos e pela ONU. Decidi que vou te querer ajudando ele. Que acha?

— Uma honra. Caramba. Mas o que eu preciso fazer em troca?

Himler se virou e ficou rindo. Seus dentes afiados de vampiro estavam à mostra.

— Nada, por enquanto. Eu moro na Europa, por isso vai ser mais fácil ir te visitar na Espanha. Apenas aguarde o meu contato.

Um morcego mordeu o braço de Ruan. O garoto desmaiou logo em seguida. Himler foi até o telefone do hotel.

— Oi... quero que venham buscar um rapaz aqui na minha suíte. Preciso que levem-no para a embaixada da Espanha aqui de Tóquio. Obrigado.

Desligou o telefone. Deixou Ruan sozinho no apartamento — aberto — e saiu para a reunião que teria com a Nova Ordem do Século.

Voltando à ilha de gelo...

O grupo fez uma fogueira no meio da floresta congelada. Depois assou alguns peixes que pegaram no pequeno rio dali. Freddy tentava mais outra vez a comunicação com o exterior, porém sem sucesso. Dorulumon falou mais uma vez que era inútil e que a ilha estava a uma altura considerável.

— Estamos a quantos metros do chão?

— Uns 100 quilômetros — respondeu o digimon para Jin. Este ficou perplexo com a resposta. Por isso não havia "dia" na ilha, pois ela estava acima da camada de ozônio. Supostamente o Digimundo tem uma camada.

— Não posso crer nisso. Nós viemos parar num lugar que nem sabemos como sair — reclamou o japonês.

— Eu sei uma maneira de vocês saírem daqui ou pedirem ajuda — informou Dorulumon, sentando no chão. — Pra isso vocês terão que entrar na Capitólio e encontrar uma máquina que teletransporta os soldados para baixo. Ou fazer alguma conexão. Mas pra isso vocês teriam que ter muita coragem, pois o último que fez isso se chama Panjyamon e quase foi morto. É que o sistema da ilha toda é vigiado 24 horas por dia e qualquer desvio nesse sistema pode acarretar em soldados ou até um general atrás de vocês.

— Parece que o Chanceler não está de brincadeira — comentou Mushroomon.

— Não mesmo.

Descansaram um pouco. O dia estava bastante cansativo. O frio não ajudava em nada. Freddy permanecia acordado, olhando para a lua cheia. O estranho corpo celeste que está cheio desde que chegou.

— Admirando a Lua? — perguntou Dorulumon.

— Sim. Acho estranho quando a vejo cheia há dias.

Dorulumon sorriu. Achou uma tremenda ingenuidade do humano.

— O que tá rindo?

— O Digimundo não tem Lua. Ela surgiu desde que o novo governo assumiu. Não acha estranho essa Lua, que nunca existiu, aparecer depois que o governo mundial começou? E ainda ficar cheia o tempo todo. Deve ter alguma relação.

Dorulumon comentou algo estupendo. Aquela Lua tinha sim alguma importância para o Chanceler e os outros. Freddy decidiu descobrir acerca disso.

...

A chuva começou a cair em todo o país de Vênus. Em toda a região, uma forte tempestade tropical surgiu, causando fortes ventos, chuva, trovões e relâmpagos.

Sob os trovões, Paulo soube da verdade por trás do seu parceiro digimon. Segundo a gravação feita por Petermon, Weiz enganou Monodramon para que pensasse que Paulo o abandonou. Pura mentira.

— Preciso falar com o Monodramon. Ele precisa me escutar. Tenho que achar ele.

— Escute. Não tem como nós sairmos nessa tempestade. Ainda estamos ajudando esse povo desta cidade e ainda edtamos numa guerra. Eu sei que é importante, mas tem que ter paciência.

— LinK tem razão, Paulo. Precisa ser paciente e aguardar o momento certo. Panjyamon vai ajudar o país mesmo perdendo a Ranamon; até o Gaia que teve a família sequestrada decidiu ajudar — falou Nashi bem convincente.

— É. Tem razão...

O grupo ficou debaixo de um teto de uma loja em ruínas. Beelzebumon olhou para fora.

— Não vai ser necessário esperar.

Todos foram para o lado de fora e viram nada mais nada menos do que Phelesmon em cima da igreja da cidade. Seu olhar de desprezo por Paulo era evidente.

— Vou até ele...

— Não — impediu seu pai. — Há alguma coisa de ruim vindo dele. Eu posso sentir um ódio.

— Ele se tornou o que sempre quis. Virou um digimon poderoso - disse Petermon.

Uma aura negra saía do corpo dele. A absorvição dos dados de Leviamon contribuiu para o aumento de poder.

DIGIMON: PHELESMON

ATRIBUTO: Vírus

NÍVEL: Perfeito

NPD: + ou - 4.000.000

Continua...