(DES)EDUCANDO Uma Princesa

Capítulo 08: PREOCUPAÇÃO



Alice



Bella já estava por aqui havia quase duas semanas e eu percebi que tinha alguma coisa estranha naquela manhã.

Normalmente, ela costumava acordar todos os dias por volta do mesmo horário, perto das dez da manhã, e me encontrava na mesa do café com uma cara sonolenta, mas de bom humor. Depois, eu escolhia algo para ela vestir, até que de uns dias para cá ela aprendeu a fazer isso sozinha – e não é que ela estava aprendendo mesmo?

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Hoje já passavam das onze da manhã e nenhum sinal de vida dela.

Terminei de tomar o meu café da manhã e resolvi ir até o quarto dela, para saber qual era a da garota. Se ela fosse outro tipo de pessoa, eu poderia até arriscar a dizer que ela estava com uma ressaca horrível e deveria estar em coma alcoólico no quarto... Hello! Bella é uma princesa, a Deusa das Virgens. Nem nos meus sonhos mais férteis e quentes eu conseguia imaginar ela bebendo – que dirá de ressaca.

Abri a porta do seu quarto e a encontrei lá, enroscada e soterrada por um monte de cobertores. A Malgata estava de pé, andando de um lado para outro sobre o colchão.

Hello! Terra chamando Bella! – falei descontraídamente, enquanto me aproximava da cama. – Ei, está viva? Perdeu a noção das horas, Princesa?

Ela gemeu algo baixinho e se remexeu na cama.

– Bella? – perguntei quando parei ao seu lado, puxando um pouco os cobertores.

A garota estava mais pálida que uma folha de papel, e com uma cara péssima.

– Deus, o que você tem? – perguntei, já mais séria.

– Minha cabeça e cada centímetro do meu corpo estão doendo – sussurrou ela.

Coloquei a minha mão sobre sua testa. Estava um pouco quente.

– Ah, isso deve ser uma gripe – falei, já colocando em prática meus diagnósticos aprendidos com papai. Olhei para o lado e vi a porta de sua varanda um pouco aberta, o que de imediato já facilitou a minha bronca com ela. – Também né, isso é o que dá você dormir com a porta da varanda entreaberta... Você fica aí, pegando essas correntes de ar noturnas, não há organismo que resista.

Ela me deu um fraco sorriso.

– Você me lembrou meu pai agora – sussurrou ela fracamente.

Fiz uma careta.

– Credo, olha só o que você faz comigo – resmunguei, me sacudindo da cabeça aos pés. – Estou parecendo até a minha mãe falando, como ela fazia quando Edward e eu éramos pequenos. Se eu tiver envelhecido um segundo, ou pior, ganhado pés de galinha e cabelos brancos, saiba que eu vou culpar você para sempre.

– Você está exagerando, Alice.

– É, eu sei. Mas vamos fazer o seguinte: você coloca uma roupa e me encontra na cozinha em dois minutos, come alguma coisa e eu te dou um antitérmico para a gripe. Logo mais você estará novinha em folha, acredite em mim.

Bella não disse nada, apenas desviou seu olhar do meu.

– Bella, eu estou falando sério. Vista alguma coisa e me encontre na cozinha, para eu te dar alguma coisa. Não quero nem imaginar o ataque de pelanca de proporções apocalípticas que o Edward e o Emmett vão ter, quando souberem que eu deixei você ficar doente e não fiz nada para que melhorasse... Então, colabore comigo, ok?

– Obrigada por se importar comigo, Alice – disse ela baixinho.

– Sem melodrama por aqui, tá? – falei, me esquivando. – Não se empolgue tanto com isso. Eu apenas estou sendo prática e evitando uma possível dor de cabeça para mim... Agora, levante e venha para a cozinha. Estou te esperando. E não me faça ter que tirar você daí e te arrastar, porque você vai desejar não ter feito isso.

Bella arregalou os olhos para mim, o que me fez rir. Saí do quarto e fui direto para a cozinha, em busca da minha maleta de remédios e primeiros socorros. Achei o antitérmico, peguei um frasco de vitamina C e enchi um copo com suco de laranja.

Bella apareceu mesmo, com uma cara pouca coisa melhor, dentro de uma das calças jeans maravilhosas que eu comprei e com uma daquelas jaquetas pavorosas de moletom preta Adidas que o Emm comprou para ela. Fechei a cara.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– O que foi? – perguntou ela, olhando para mim. Cínica!

Você ainda me pergunta o que foi? – falei sarcasticamente, empurrando o suco e o antitérmico para ela. – Olha só para isso que você está usando, Bella! Você ousa combinar uma calça de grife com... Moletom? O que eu te disse sobre eles?

– Que eu não poderia sair de casa usando isso – respondeu ela.

– Exato. Mas...

– Mas você não disse nada sobre eu usá-los dentro de casa – argumentou ela, segurando o riso. – Alice, este tecido é bastante confortável. Eu aprendi a gostar dele.

– Jamais repita isso, sua louca! – eu a censurei imediatamente. – Eu fui super generosa só porque não joguei essas porcarias fora, mas não abuse da minha boa vontade! Você é uma garota de classe, não uma trombadinha qualquer. Tá explicado o por quê dessa sua cara péssima. Eu também estaria assim se tivesse que usar isso.

Bella me ignorou completamente.

– Já tomei o que você me pediu. Mais alguma coisa, ou eu posso voltar para o quarto?

– Não, é só isso. Já fiz tudo o que estava ao meu alcance.

– Então eu vou para o meu quarto, dormir um pouco. Com licença, Alice – ela se virou.

– Se estiver morrendo, grite – eu falei rispidamente, enquanto fuzilava o moletom ir.



[...]



Eu estava sentada no sofá da sala, checando meus emails quando o interfone na cozinha começou a tocar. Levantei e sem a menor pressa e cheguei até ele.

– Pronto?

– Srta. Cullen, o senhor Rey está aqui embaixo na portaria e deseja vê-la – falou Peter, o nosso simpático porteiro. – Posso autorizá-lo a subir?

– Chad está aí? Claro que pode, Peter! Obrigada – o interfone ficou mudo e eu o recoloquei no gancho.

Menos de três minutos depois, minha campainha já estava tocando.

– Olá, bi! – eu cumprimentei a Chad com um sorriso enorme, assim que abri a porta. – Por quê você não me avisou que estava vindo?

– Eu não tinha a intenção de vir para cá, honey – ele sorriu para mim e passou pela porta. – Ei, você não vai acreditar na belezinha que eu acabei de encontrar na banca de jornal da Quinta Avenida. Por acaso você saiu de casa hoje?

– Não, eu não saio de casa há uns três dias... Praticamente uma clausura em regime trancafiado – eu lamentei, piscando para ele.

Chad hoje estava com uma camiseta cinza, um casaco de veludo preto, um lindo lenço xadrez e uma calça jeans Calvin Klein escura. Com sua bolsa masculina da Louis Vuitton, ele parecia até um hipermodelo de editorias de moda. Super gatinho.

– Deus, o que você aprontou dessa vez? – ele sorriu maliciosamente para mim.

– Eu? Nada, eu sou um anjo – falei, puxando-o para o sofá comigo.

Chad teve uma crise de riso, acabando com a minha pose.

– Ok, se você é um anjo, eu sou a Madonna – debochou ele.

Like a virgin, touched for the very first time... – cantarolei, com meu melhor tom sexy. Ele revirou os olhos. – Prazer, eu sou a sua fã. Então, não vai me contar qual foi a belezinha que você descobriu na banca da Quinta Avenida? Estava fazendo compras por lá, é?

– Ah, sim! – ele exclamou, procurando por algo dentro de sua bolsa. Tirou uma revista de lá e a entregou para mim, com um sorriso radiante. – Eu saí de casa para comprar um lenço novo, que inclusive é este Chanel aqui que eu estou usando agora, e dei de cara com esta maravilha na banca de jornal que tem perto da Victor Hugo.

AimeuDeus! – arfei, olhando para ele maravilhada. – É a Vogue Britânica nova?

– Sim, edição especial de dezembro – ele respondeu, todo presunçoso. – O jornaleiro me disse que chegou há menos de uma hora, e olha que a banca dele é a única que recebeu hoje na cidade de Nova York inteira. Então, resumindo, o que eu estou te mostrando é nada menos que a revista mais aguardada e inédita do ano. Ultra-VIP.

– Chad, você é o melhor amigo do universo todo! – eu disse para ele, puxando-o para um abraço apertado e dando-lhe um beijo estalado na bochecha.

– Eu sei, eu sei. Mas se controla com essa agarração, eeeca! – ele fez uma falsa careta de nojo para mim. – Eu sei que eu sou irresistível e o gay mais lindo de Nova York, mas eu não jogo no seu time. Hello! Não rola amizade com assédio sexual.

– Se eu te agarrasse pra valer, eu fazia você virar homem – eu o ameacei, sorrindo maliciosamente e me inclinando em sua direção.

– Eu repito: eeeca! – ele se afastou de mim de propósito, me lançando um olhar superior. – Já que você está toda voltada para o acasalamento e não está civilizada o bastante para uma conversa madura, eu vou pegar essa belezinha aqui e dar o fora daqui. Beijo, e não me liga!

Ele se levantou, mas eu o puxei pelo cinto de sua calça.

– Ei, volta aqui. Eu não deixei você ir embora, Sr. Rey – eu disse imperiosamente, enquanto o forçava a sentar no sofá novamente. – E dizer que uma dama está voltada para o acasalamento não é comportamento de um gentleman.

– Você não é uma dama. É uma bitch – argumentou ele.

– Igual a você. Então cala a boca e me dá essa revista divina aqui – peguei a revista de sua mão, enquanto ele caía na gargalhada.

Comecei a folhear a revista, dando um ataque a cada duas páginas, comentando tudo com Chad que estaria super em alta na Europa e fazendo milhares de planos para as nossas compras para o auge do inverno. Não percebi as horas passarem, até que no meio da tarde Chad me perguntou algo que rompeu minha bolha rosa de felicidade.

– E onde é que está a B? Ela não está morando com você?

– Jesus iluminado, a Bella! – eu dei um pulo do sofá, derrubando a almofada que estava em meu colo. – Eu me esqueci completamente dela!

– O que foi?

– Bella estava doente esta manhã, provavelmente com uma gripe. Eu dei um antitérmico para ela, mas ela foi para o quarto e não deu mais nenhum sinal de vida. Não é possível que ela seja mal educada o suficiente para ignorar você.

– Não acredito que ela está em casa e não veio falar comigo! – ele ficou de pé, inconformado. – Onde é que ela está, no quarto? Eu vou lá dar o ar divino da minha graça e um pouco de bons modos para essa bitch!

– Ela está no quarto, vamos ver o que ela está aprontando – eu disse e de repente, caí na risada. – Até parece, a Bella aprontando!

Chad e eu ainda estávamos rindo quando eu bati na porta do seu quarto. Como ela não respondeu, nós entramos sem que ela mandasse. Bella estava do mesmo jeito em que eu a encontrei nesta manhã: perdida embaixo de milhares de cobertores.

– Own, e quem é essa coisa cuti-cuti? – ele perguntou enquanto nos aproximávamos em silêncio da cama, apontando para a Malgata que nos encarava perigosamente.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Essa é Preciosa, a gata dela, nada cuti-cuti – eu respondi, sussurrando. – Mas se você quiser continuar com os dedos nas mãos, é melhor não chegar perto dessa personificação do Mal em forma de gata. Escute o que eu estou te falando, Chad.

Chad imediatamente recolheu a mão, que estava pronta para acariciá-la.

– Você está falando sério? – sussurrou ele, olhando para mim.

– Estou. Não é brincadeira.

A gata sibilou para nós dois, como se realmente tivesse entendido que falávamos dela. Chad recuou um passo e soltou um gritinho bem gay.

– Tá, esquece o plano original de pular em cima dela – falou ele.

– Bella? Acorda, olha só quem está aqui! – eu falei mais alto, me aproximando dela.

Ela não se mexeu. Preciosa miou para mim, olhando de mim para sua dona.

– Bella? Ei, o Chad está aqui! – eu voltei a falar com ela, balançando sua perna.

– Acorda, B! Eu vim aqui para te dar uns bons tapas, vamos! – Chad também tentou.

Nós nos entreolhamos.

– Bella, pare com isso! – eu a censurei, começando a ficar irritada. Fui até perto de sua cabeça e coloquei a mão por cima do cobertor. – Bella?

Enfiei minha mão por baixo dos cobertores e quando encontrei a pele de seu rosto, eu imediatamente gritei.

– BELLA! – eu chamei, desta vez mais urgente. – Chad, ela está pegando fogo!

– O quê? Alice, não é para tanto, você não disse que era só... – quando ele ficou do meu lado e colocou a mão na testa dela, ele também arfou. – Santa Madonna!

Eu no mesmo instante atirei os cobertores para o lado, me sentei ao seu lado na cama e comecei a sacudi-la, ignorando os sibilados de Preciosa. Bella não se mexeu.

– Vamos, Bella, acorde! Fale comigo! – eu pedia sem parar, mas ela não reagia.

– Ela precisa de um médico, Alice – a voz de Chad soou tão calma, que eu até parei para olhá-lo. Ele estava tão sério, que acendeu uma pequena chama no meio do meu corredor de pânico. – Precisamos levá-la para o pronto socorro. Uma simples gripe não provoca desmaios e perda de consciência.

– Você tem razão, você tem razão – eu entoei, ficando de pé e respirando fundo três vezes para me acalmar e saber o que fazer. – Papai já me falou disso uma centena de vezes. Eu só preciso pensar e saber o que... Edward. Preciso do Edward.

– Ahn? – ele segurou a mão em brasa de Bella e olhou para mim.

– Sim, do Edward. Ele vai saber o que fazer, sempre sabe – eu odiava admitir aquilo, mas eu sabia que era a mais pura verdade. – Chad, fique aqui com ela que eu vou procurá-lo ou pelo Emmett. Já venho.

Chad assentiu e eu saí correndo do quarto, quase tropeçando no caminho para fora do meu apartamento. Toquei a campainha de Edward várias vezes seguidas, até que finalmente ele atendeu a porta.

– Ei, calma aí! Vai tirar o pai da forca, é? – ele debochou, de cara feia para mim.

Mas imediatamente a expressão zombeteira perdeu a força quando ele viu meu rosto.

– O que foi? Qual é o problema? – perguntou ele, segurando o meu braço.

– Bella...

– A Princesa? – ele quase gritou, mas se controlou a tempo. – Como? O que aconteceu? Onde ela está? O que você fez? Fala logo, Alice!

– Então me deixa falar, porra! – eu berrei com ele, segurando-o pelos ombros. Ele fez uma cara feia para mim, mas antes que ele gritasse comigo outra vez, eu me adiantei. – A Bella está doente. Ela acordou com um pouco de febre esta manhã, e eu pensei que fosse apenas uma gripe normal. Dei um copo de suco e um antitérmico para ela, e depois ela foi para o quarto. Mas agora que Chad e eu fomos lá...

– O que aconteceu? – ele repetiu, desaparecendo dentro do seu apartamento e voltando dez segundos depois, puxando nós dois para fora. – Como ela está?

– Ela piorou muito, e foi de repente. A garota está queimando em febre e está desmaiada. Nós tentamos acordá-la, mas ela não reagiu.

Nós corremos de volta ao meu apartamento e Edward foi direto para o quarto, indo para perto de Bella desacordada na cama. Chad estava sentado na cama ao seu lado, ainda segurando sua mão.

– Ela está delirando – informou Chad, quando nos aproximamos. – Ela não chegou a abrir os olhos por muito tempo, mas pareceu me reconhecer quando eu a chamei. Ela começou a falar algo sem sentido sobre um general, uma guerra e coisas assim. E disse que precisava salvar seu pai e... Bar-alguma-coisa.

Edward e eu trocamos um rápido olhar.

– Eu vou tentar acordá-la – ele disse, indo para o lado dela.

– E eu vou pegar o termômetro – disse e corri para fora do quarto.

Quando voltei, vi Edward em pé ao lado de Bella, olhando-a preocupado. Ela estava com os olhos parcialmente abertos, mas não parecia ver muita coisa.

– Bella, sou eu, Edward – ele tentava falar com ela. – Está me ouvindo?

– Edward...? – murmurou ela, fechando os olhos e franzindo a testa.

– Sim, sou eu mesmo. Por favor, me ouça – ele enfiou o termômetro embaixo do braço dela e tocou sua testa. A careta que ele fez me informou que ele não estava gostando nenhum pouco daquilo. – Me conte o que você está sentindo. Precisamos saber para cuidarmos de você. É importante.

– Mas eu não quero cuidado nenhum – resmungou ela, se virando na cama para perto de sua gata. – Eu só quero dormir. Preciosa vai cuidar de mim, vão embora.

O estado dela me deu um aperto no coração.

– Bella, sou eu, Alice – eu tentei argumentar com ela. – Colabore com a gente, por favor. Você não está bem, precisa de um médico.

– NÃO! – ela gritou de repente, agitada, sentando-se bruscamente na cama. Com o susto, nós recuamos. Bella arregalou os olhos uma vez, mas sem focalizar a nada. – Não deixem o General Trenttini me pegar! Ele vai matar a todos, como fez com papai!

E desmaiou para frente, caindo direto nos braços de Chad. Preciosa deu um salto e chiou alto, indo para perto de sua dona. Chad a segurou e tirou o termômetro dela, olhando em pânico de mim para Edward.

– 40,2 graus. Ela precisa ir para o hospital. Agora!

Passaram-se apenas três segundos, até que Edward e eu descongelássemos.

– Tudo bem, eu já sei o que fazer – falou Edward, olhando dela para mim. – Alice, localize o Emmett. Ele saiu para correr, mas levou o celular. Ache ele, nem que seja preciso colocar todo o país atrás dele. Eu vou levar Bella para o hospital, agora.

Eu assenti, já puxando meu celular do meu bolso.

– Quando encontrá-lo, ligue no meu celular e vão direto para o hospital.

– Eu vou com você, Edward – Chad disse, prontificando-se imediatamente.

Você? – Edward o fitou surpreso, sem acreditar. – Mas o que você pode...

– Você vai precisar de alguém calmo do seu lado, acredite em mim. E eu não costumo ser contrariado – ele falou extremamente sério, como raríssimas vezes na vida.

Edward respirou fundo. Eu quase podia ouvir seu cérebro zunindo a todo vapor.

– Está certo, você pode ter razão. Agora vamos, ela não está nem um pouco bem.



Agente Cullen



Peguei a Princesa nos braços – o fato dela estar pegando fogo daquele jeito só fez com que eu tivesse ainda mais pressa – com o máximo de cuidado e saí do quarto rapidamente. Chad me seguiu, murmurando algo rápido com Alice enquanto eu olhava para Bella cada vez mais pálida e quente, dentro daquele moletom preto.

Se algo acontecer com ela...

Não. Eu cortei essa linha de pensamento. Nada iria acontecer com ela, porque eu não ia deixar. Emmett e eu não íamos deixar. Era a nossa missão cuidar dela e, era isso o que faríamos. Não importa quem eu tenha que passar por cima ou quem eu precise tirar do nosso caminho.

Saímos do elevador e eu segui logo para o meu carro, grato pela estranha sensação que me fez pegar minha carteira e as chaves do meu Volvo antes de seguir Alice. Parei ao lado da porta de trás e me virei para Chad, que corria para me alcançar.

– A chave está no meu bolso de trás – falei para ele.

Ele rapidamente puxou as chaves e destravou o alarme, abrindo a porta para mim.

– Eu entro primeiro, aí vou com ela no colo – ele disse, e eu assenti.

Eu estava começando a achar que ele estava certo. Ter uma pessoa com a cabeça fria com certeza faria toda a diferença, porque eu sozinho não conseguiria pensar em todos os detalhes. Chad entrou e eu a entreguei a ele, que aninhou seu tronco gentilmente em seus braços. Corri e entrei na frente, assumindo a direção.

– Para onde você vai levá-la? – ele perguntou, enquanto eu saía do estacionamento no subsolo cantando pneu.

– Hospital Saint Michael, é o mais perto daqui – falei, passando por um farol vermelho de propósito. – Lá eles vão atendê-la rapidamente.

– Então faça com que a gente chegue vivo lá, não pela entrada de vítimas de acidente – ele falou, se agarrando ao banco enquanto eu corria.

Eu deixei um pequeno sorriso me escapar dos lábios. Velocidade nunca foi um problema para mim ou Emmett, que tínhamos excelentes reflexos. Cerca de oito minutos depois chegamos ao hospital – o que normalmente levaria pelo menos o triplo do tempo.

Estacionei um pouco depois da entrada para carros e desci rapidamente, indo pegar Bella mais uma vez. Ela continuava desacordada, murmurando de vez em quando coisas sem sentido. Enquanto Chad trancava meu carro e murmurava algo sobre eu dirigir ambulâncias e provocar um ataque cardíaco nele, eu segui na frente.

– Por favor, eu preciso de um médico! – falei assim que me aproximei da recepção.

A funcionária que estava atrás do enorme balcão branco levantou os olhos para mim por um instante, mas não fez nada de imediato. Atirou uma pilha enorme de formulários sobre o balcão e apontou para o guichê de senha atrás dela.

– Senhor, por favor preencha estes formulários e aguarde pela sua senha no painel – disse ela monotonamente, voltando a fazer seu serviço.

Olhei da cara dela para a senha fixada por um clips no canto superior dos formulários e de volta ao painel eletrônico. Havia pelo menos quinze pessoas na minha frente.

– Você está brincando? Eu não vou preencher porra nenhuma! Preciso de um atendimento médico, não de burocracia! – gritei com ela, atraindo sua atenção.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– O senhor pode fazer o favor de falar baixo? Só estou cumprindo com as normas.

– Quer que eu te diga o que fazer com essas normas idiotas? – ameacei, estreitando os olhos para ela.

– Edward, calma – Chad apareceu ao meu lado, sério.

Se mais alguém me mandasse ter calma, eu mandaria para o inferno. Literalmente.

Calma? – eu repeti, grunhindo.

– Minha querida, aqui está acontecendo o seguinte – Chad me ignorou mais uma vez e voltou a falar com a funcionária da recepção, tão calmo e educado que eu até me surpreendi. – Nós dois precisamos de um médico para ontem, porque esta garota está com 40,2 graus de febre e delirando. A menos que você queira ser a responsável pelo o que acontecer a ela, e saiba que eu posso e eu vou processar você e a este hospital por omissão de socorro, é bom fazer alguma coisa. Mande a maldita burocracia à merda, antes que eu ligue para o meu advogado. E eu já te falei que o Reynolds, o melhor escritório de advogados da cidade, está ao meu dispor?

Totalmente surpreso, eu vi a mulher arregalar os olhos, completamente pálida.

– Eu não...

Chad pegou o celular e voltou a ameaçá-la, tão dócil quanto perigoso.

– Você vai mesmo me forçar a fazer isso? Pense bem, queridinha.

– Sigam pelo corredor e virem no final à esquerda, onde encontrarão a emergência.

Eu não disse mais nada e também não esperei para ver o fim do show de Chad com aquela mulher. Segui pelo caminho que ela indicou e eu o ouvi correndo para me alcançar.

– Você precisava mentir daquele jeito para ela? – eu perguntei a ele.

– Eu não estava mentindo, Edward – respondeu ele tranquilamente, andando ao meu lado. – Não suporto gente folgada para cima de mim. Apenas usei um pouco da minha influência, nada demais.

– Chad, de onde é que você vem mesmo?

– Olhe, ali está a emergência – ele desconversou, mudando o foco da conversa.

Fiz uma pequena nota mental para perguntar à Alice depois ou, mesmo que ela não quisesse me contar nada, pesquisar no banco de dados do FBI algo sobre Chad Rey. Aquele cara – ou deveria usar aquela? – me deixou com a pulga atrás da orelha.

Atravessei as portas de vai e vem e rompi para dentro da emergência.