Juan trabalhava com o metal derretido, batia e batia, estava um calor infernal dentro da forja, já não basta o calor da fornalha, este é um dos dias mais quentes deste verão. Juan olha para o metal que estava tomando forma de uma armadura insatisfeito.

- Juan! Chega disso por hoje, você já esta trabalhando a nove horas seguidas, precisa descansar.

- Eu sei amor, mas o pedido de armaduras é para a próxima semana, e estou tendo dificuldades com as armaduras.

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- Não importa, deve parar e descansar, como pretende terminar tudo se estiver morto?

- Tudo bem, vou comer algo e me banhar na cachoeira para relaxar.

Jiulia era a esposa de Juan, uma moça morena com cabelos negros cacheados, e absurdamente linda. Logo que ele anunciou foi as pressas servir um reforçado ensopado de peixe com pão caseiro. Juan se alimentou e tomou a trilha para a cachoeira.

A vista era magnífica, uma queda d’agua que descia como um véu branco e caia na água fazendo o estrondo de uma manada de mastodontes. Ao redor uma vegetação semi-tropical com uma rica diversidade de animais. Logo após a queda se formava uma lagoa, águas cristalinas que possibilitavam a visão do fundo pedregoso da lagoa a poucos metros de profundidade. Juan boiava na lagoa apenas com uma bermuda branca.

Quando foi fazer um mergulho, uma pedra em especial chamou a atenção, ela era diferente, branca, muito branca. Sem nem pensar duas vezes ele a apanha e sentado em uma pedra fica observando.

Renovado após um relaxado banho de cachoeira, Juan decide levar a pedra até um mercador especializado em minerais na vila. O estabelecimento era simples, um balcão e prateleiras com poucas pedras de diferentes cores. Claro que as preciosas eram guardadas em um cofre bem seguro.

- Vejamos... – O mercador, de idade já avançada começa a examinar a pedra com curiosidade. – Isto é duro como uma rocha, é resistente como uma rocha, e tem a aparência de uma rocha. Mas é um ovo. Não sei do que, mas é um ovo de algo grande. Ou seja, não vale nada. – O ovo é devolvido com total desinteresse do velho, já que nada vale.

- Um ovo...

Juan não resistiu à curiosidade, e começou a fabricar uma incubadora simples, com madeira e revestida de metal no interior, e colocou dois pedacinhos de carvão em pontas opostas para manter a temperatura.

Juan acabava de voltar da entrega do ultimo pedido quando Jiulia berra para correr.

- O que foi?

- Está rachando! Olhe! – Ela abriu espaço e deixou Juan observar o ovo na incubadora. Estava muito inquieto, a curiosidade lhe revirava os nervos, o que será que sairia desse ovo?

- É uma cobra branca!

- Calma, pode ser só um rabo... olha! Asas!

- Pode ser uma cobra branca com asas.

- Haha, seria legal.

Então o pequenino ser consegue romper o ovo por inteiro, e uma expressão de surpresa se instalou nos dois observadores. O que eles viam era um filhote de dragão branco, perninhas curtas, pescoço destacado, asas se esticando e pequeninas escamas brancas ao redor do dragãozinho. Um grunhido foi dado em direção de Juan, como se ele tentasse conversar.

- Só um momentinho garoto. – Juan sai apressado para cozinha e volta segurando um pedaço de carne do tamanho de um punho fechado e atira para o dragão. O pequenino segura no ar e começa a dilacerar e engolir toda a carne. Após terminar olha para Juan com o rostinho branco todo sujo de vermelho e solta um arrotinho em agradecimento. Juan não consegue esconder um sorriso.

- Você não esta pensando em cuidar disso né?

- Claro que estou! Eu decididamente vou cuidar e educar, se ele viver com carinho e amor tenho certeza que será um bom dragão.

- Se pegarem a gente estamos perdidos!

- Ninguém vai descobrir.

- Agora né? E depois que ele tiver CINQUENTA METROS DE ALTURA? – Jiulia começa a berrar, estava alterada, tinha medo de que o dragão se volte contra eles.

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- Para, dragões chegam a uns quinze metros de altura na idade adulta, e quando isso acontecer já estaremos mortos.

- Mas mesmo assim, você não vai conseguir esconde-lo para sempre. E eu não confio em dragões.

- Desculpe querida, eu vou criar ele, tenho fé que ele terá um ótimo caráter.

- Otimo! Estou indo para casa de minha mãe! Aproveite seu monstrinho!

- Espere, querida, não! Esp... – Jiulia bateu a porta do quarto na cara de Juan, e logo já estava saindo de casa sem mais nenhuma palavra.

Juan senta no chão, encostado na lateral da cama e abraça seus joelhos. Uma lagrima escorre pelo seu rosto e cai na perna. O pequenino dragão chega de mansinho no quarto, ele lambe a perna onde as lagrimas caíram e sente o gosto salgado. Parecia que ele sabia que Juan sofria, pior, parecia que ele sabia que era culpa dele. O dragão se aninha nos pés de Juan e da um grunhido olhando para ele, como se pedisse desculpas. Juan acaba adormecendo no chão com o dragão deitado ao seu lado.

Já se passara uma semana, o dragão já entendeu que não podia sair de casa, depois de levar uns tabefes quando quase saiu pela janela. E Juan estava abatido porque sua amada esposa não retornava suas mensagens e se negava a vê-lo.

Um garoto bate na porta e Juan sem animo nenhum vai atendê-lo, mas depois que lê o recado que o garoto trazia seu rosto se encheu de animo. Jiulia queria conversar!

Juan veste sua melhor roupa, uma calça de linho preta e uma camisa branca que usava apenas para ocasiões especiais. Esta com certeza era uma, tinha que conversar com sua amada e tentar trazê-la de volta para sua vida.

Quando Juan chega à praça central da vila, vê sua amada sentada em um banco, de costas para um chafariz de anjos que cuspiam água pela boca. Ele pediu para que os anjos ou deuses, qualquer um que quisesse ajudar, que consiguisse de volta aquela linda mulher que ali esperava.

- Olá. – Juan se aproximou pela frente, tímido.

- Oi.

- Posso me sentar?

- Claro que pode né? Você esperava conversar em pé?

- Não, não, desculpa. – Juan se sentou nervoso, não conseguiu dizer nada alem de desculpa, parecia que a língua havia travado pelo nervosismo.

- Ok, comece.

Juan olhou para Jiulia sem entender, até que caiu a ficha, ele tinha que convencer ela a voltar para casa.

- Você sabe que eu te amo mais que tudo, e...

- Se você me amasse mais que tudo teria abandonado aquele dragão.

- Eu não sabia que você ia sair daquele jeito... – O coração de Juan parecia que ia saltar pela boca.- Me desculpe, mas eu realmente te amo, não conseguiria viver sem você! Nunca! Por você é obvio que eu desisto do dragão. Acontece que eu queria muito criá-lo...

- Tudo bem, eu não deveria ter estourado daquele jeito, mas eu estava assustada, você viu como ele comeu aquela carne? Imagina quando ele estiver grande? E se ele ficar com fome e acabar nos comendo?

- Só porque ele é um dragão não quer dizer que é um ser do mal. Eu me responsabilizo de sair toda noite para caçar com ele quando ele for um pouco maior. E vou cuidar da educação dele!

- Educação? Ele é um dragão, não nosso filho!

- Mas eu andei pesquisando, e descobri que dragões são seres inteligentíssimos, mais que nós até.

- Wow... dessa eu não sabia.

- Então, se é um ser inteligente, pode ser educado, e pode nos amar como família.

- Você sabia que é maluco né? Que pode estar colocando nossas vidas em risco?

- Eu sei mas...

- Tudo bem, eu te amo, e fiz votos que te acompanharei em tudo. Vou te ajudar a criar esse dragãozinho.

- Sério!?!

- Sim. Vamos para casa logo.

Ao chegar a casa o dragão pula em Juan abrindo suas asas e esboçando um vôo, se segura pelo pescoço e lambe o rosto. Logo aquela casa seria pequena para mantê-lo, parecia que já queria voar.

- Como é o nome dele?

- Eu estava chamando ele de Branquinho, mas acho que ele não estava gostando. – Juan segurando o dragão no colo olha sem entender para Jiula.

- Branquinho? – Jiula começa a gargalhar. – Mas que péssimo gosto! Qualquer um não gostaria, vamos, pense em outro

- Ah... então tá... mas eu gostava de Branquinho... – Juan murmura mais para si próprio.

Ambos ficam olhando o pequenino ser no colo de Juan, e ele ficava trocando a visão de um para o outro como se estivesse esperando.

- Wilton! – Juan disse com uma cara decidida.

Mas o dragão soltou uma fumacinha e fungou em desaprovação. Sabia que estavam escolhendo seu nome.

- Charles! Buke? – Branquinho parecia recusar todos nomes.

- Mas você realmente tem um péssimo gosto ein? Mas espera, será? Ei, lindinha, que tal Sarah?

- Hã? Lindinha?

O dragão abriu suas asas e pulou no colo de Jiulia, lambendo seu rosto.

- É, acho que será Sarah o nome dela.