Cristal

Capítulo 10 - Amigas para sempre


Acho que é a primeira vez que estou dizendo algo assim, mas eu realmente entendo querida o quanto você está chateada conosco. Desculpe. Talvez uma próxima vez você possa está ai pra nos receber? Estamos com saudades.

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Lana dobrou o papel e suspirou, erguendo os olhos pra Tatiane quando ela começou a dizer algo.

— Pelas normas do internato você deveria pegar alguns dias de castigo, mas seus pais pediram pra ignorar isso e garantiu que não teria uma próxima vez. – ela murmurou. Parecia terrivelmente cansada. Tatiane estendeu um papel pra Lana e uma caneta – mas você precisa assinar essa advertência, com três dessas você será suspensa.

Lana pegou a caneta e assinou embaixo, não se preocupou em ler os enormes parágrafos ali. Queria acabar com aquilo e ir embora.

— Lana – Tatiane chamou, pegando a folha agora assinada e guardando dentro de uma pasta branca – Com quem você estava?

Ela deu de ombros.

— Sozinha.

— Você não saiu sozinha, conversei com alguns seguranças e eles falaram que viu uma garota sentada na garupa de Thor. Por acaso era você?

Tatiane geralmente era alguém simpática e profissional, Lana no fundo gostava dela e detestava saber que o que tinha feito no sábado poderia comprometer seu emprego ali, mas não queria trazer problemas a Thor, ele tinha sido estranhamente gentil e atencioso. Lana cruzou os braços e encostou suas costas na cadeira, evitava olhar pra recepcionista, seus olhos avaliavam a pequena sala onde estavam e pararam no ponteiro. Sua aula de Literatura começaria em breve.

— Não. – mentiu.

— Nós duas sabemos que você está mentindo – Tatiane disse – Aquele garoto... Você deveria tomar cuidado com ele. Trabalho aqui á alguns anos Lana e já vi muitas coisas estranhas, mas Thor é diferente, ele não é confiável.

— O que você sabe sobre ele? – Lana voltou a encará-la.

Tatiane cruzou as mãos em cima da mesa e suspirou.

— É isso o que me preocupa, não há nada sobre ele, á não ser as mensalidades pagas em dia por alguém que ninguém conhece. Thor é um mistério.

— Isso não é algo exatamente ruim – Lana murmurou desviando seu rosto agora vermelho.

— Você pode está certa, mas que garantias tem? É melhor ficar longe e...

— Você não pode decidir isso por mim – Lana manteve sua voz baixa, embora estivesse sentindo aquela velha cólera crescer dentro dela. Odiava quando diziam o que fazer e como agir, e Tatiane, mesmo que sem intenção, estava parecendo demais com sua mãe e seus conselhos inúteis.

Ela ficou de pé e abandonou a sala, chateada demais pra ser educada, Lana já tinha memorizado todo o caminho que precisava seguir pra sair dali, mesmo assim ficou aliviada quando alcançou o jardim. Viu alguns rostos conhecidos espalhados pelo refeitório quando o alcançou, Lana andou diretamente até a fila, agradavelmente pequena, e pegou sua bandeja, escolhendo algumas frutas aleatoriamente. Ela olhou pelo refeitório procurando algum lugar vazio, mas as mesas estavam cheias e não conseguia encontrar Jasmim ou alguém com quem pudesse sentar. Achou Ben, sentado, rindo e gesticulando. Lana andou até ele e sentou na cadeira vazia ao seu lado, um pouco tarde, viu Luce sentada a sua frente, cujo sorriso morreu quando seus olhos se encontraram.

— Ai está você – Ben disse, passando os braços pelo seu ombro e a abraçando de lado – Estava falando de você.

— O que você estava falando de mim? – Lana perguntou mordendo a maçã e ignorando o clima estranho entre ela e Luce.

Ben sorriu, sua mão grande e morena apontou pra ela em seguida pra Luce. – Estava perguntando pra Lu se vocês já tinham se acertado, ela disse que você não foi falar com ela.

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Lana quase engasgou com o pedaço de maçã que mastigava. Seus olhos voaram até o rosto sardento de Luce cheio de duvidas. Ela sabia que Lana tinha ido até ela, mas depois da cena inusitada ambas haviam adquirido a lei do silencio e ignoravam-se mutuamente. Parecia um acordo velado.

Lana mastigou e engoliu com calma, deixando a fruta inacabada de lado. Tinha perdido a fome. Ao seu lado Ben a cutucou de novo, exigindo uma resposta, mas felizmente o sinal acima da cabeça deles apitou e Lana pegou a deixa, levantando-se com pressa e deixando todos para trás.

— Lana! Espera!

Ela olhou por sobre o ombro, diminuindo o ritmo dos seus pés até pará-lo. Luce correu até ela.

— Nós precisamos conversar.

— Agora você quer falar comigo?

Luce respirou fundo a puxando de lado, pra longe dos alunos que quase corriam pra chegar a tempo em suas aulas.

— Eu sei que agi como uma verdadeira vaca nos últimos dias, mas as coisas não são como você está pensando – ela disse, quando entraram em um corredor diferente e vazio, havia apenas alguns alunos subindo e descendo por ali. – Eu posso explicar.

— Você não tem o que me explicar – Lana puxou o braço de volta.

— Preciso sim! Isaac e eu não temos nada, juro, nos tínhamos, mas acabou, já era.

— Não foi isso o que pareceu.

— Lana, por favor, pode parecer confuso, mas... – ela parou, recobrando o folego, seus olhos pareciam apreensivos e desesperados – Não é. Nós namoramos um tempo e eu decidi terminar, ele não era o cara que pensei que fosse, por isso te avisei que deveria manter distancia dele, Isaac é perigoso.

Lana revirou os olhos e encostou o ombro na parede. Aquele discurso estava se tornando repetitivo e chato.

— Ok – Luce continuou – Entendo se você não acreditar em mim, entendo de verdade, e eu juro pra você que vou parar de te amolar com isso, sobre Isaac, sobre Thor ou qualquer outro cara, acho que é o mínimo que posso fazer.

— Isso é sério?

— Sim! – Luce sorriu, estendendo a mão – Amigas de novo? Sei que já fiz isso antes, mas...

— Amigas de novo. – Lana a interrompeu passando os braços pelo corpo de Luce, apertando-a com força e sentindo um sorriso grande ganhar espaço no seu rosto.

— Desculpe Lana, de verdade – ela murmurou no seu cabelo, respondendo ao seu braço.

— Ok Luce.

Lana pensou ter sentido o corpo da amiga ficar rígido de repente, quando a soltou viu algo estranho no rosto sardento e nos olhos verdes, mas antes que abrisse a boca pra questioná-la Luce a puxou pelo braço. Estamos atrasadas! Foi a ultima coisa que a ouviu dizer naquela manhã.