Criminal Contact

"A Autópsia"


Seus dedos estão frios. Vanessa estica os pés à procura do calor do corpo de Alex. Ao tocar em suas pernas grossas, a garota levanta-se da cama rapidamente e olha ao redor. Alex está deitado ao seu lado com o rosto repleto de hematomas e há um curativo branco em seu queixo. Vanessa coça os olhos e pega em seu celular que está com doze ligações perdidas de suas amigas.

—O que aconteceu? - perguntou à si mesma.

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—Vejo que acordou. - diz uma senhora com trajes brancos entrando na sala. Provavelmente a enfermeira do colégio. - Está melhor?

Quando Vanessa ia responder, Alex a interrompe e ela percebe que a pergunta fora para ele.

—Nós já ligamos milhares de vezes para seus pais mas eles não atendem. - disse a enfermeira.

—Está tudo bem. Eu estou melhor.

A enfermeira avisa que vai pedir permissão para liberá-lo e sai da sala. Vanessa pega sua bolsa como se estivesse indo embora mas é impedida por Alex.

—Obrigado... sabe... por ter ficado aqui comigo.

—Não foi nada.

Alex faz força para se levantar e sentar-se na cama.

—Foi sim.

Vanessa abre a boca para dizer algo mas seus pensamentos se perdem ao olhar para os belos olhos castanhos de Alex. Seus dedos começaram à formigar e sentiu-se como se sua barriga fosse explodir em milhões de borboletas. Por um momento pareceu vulnerável. A garota durona que enfrentava à todos sentiu-se como se fosse feita de pequenos grãos de açúcar e que poderia sair voando com um simples sopro.

Alex a encarou enquanto mordia seu lábio inferior. Envolveu Vanessa em seus braços e a trouxe para mais perto.

O garoto gemeu ao ter um de seus hematomas tocados pela garota.

Vanessa desviou o olhar e pareceu preocupada.

—Eu... eu preciso... - falava tentando ignorar os lábios de Alex. - preciso ir...

Alex pareceu respeitar a decisão da garota e a soltou. No mesmo instante Vanessa desejou ter os braços dele à envolvendo novamente. A garota levantou-se, pegou sua bolsa e partiu para fora da sala. Ficou alguns segundos parada na porta e então voltou até Alex que foi pego de surpresa pelos lábios macios de Vanessa tocando nos seus. A garota passou as mãos ao redor da nuca dele, acariciando seu cabelo. Por sua vez, Alex a pegou pela cintura e a colocou com o corpo inclinado na cama. Suas bocas tocavam-se como um imã que nunca fosse se desgrudar. Vanessa contorceu-se ao sentir o perfume cítrico de Alex que a lembrava de suas férias no Havaí. As mãos do garoto subiram para próximo dos seios de Vanessa onde pôde sentir seus fortes e excitantes batimentos cardíacos.

Foram interrompidos alguns minutos depois por uma mensagem no celular de Vanessa.

—Ah, me desculpe. - balbuciou afastando-se de Alex e pegando seu celular.

Julie: MEU DEUS VANESSA. ME ATENDE.

Julie: VEM PRA MINHA CASA AGORA.

Julie: AGOOOORA

—Eu realmente preciso ir. - disse Vanessa.

—Tudo bem.

Ela suspirou e correu para fora da sala. Dessa vez sem voltar para Alex. Pegou um táxi e no caminho para a casa de Julie, ficou pensando no que acabara de acontecer. Nunca havia sido beijada. As pessoas não gostam muito de garotas duronas e que só usam preto. Sempre sonhara com o dia em que teria seus lábios tocados mas nunca imaginou que fosse ser com Alex e que iria gostar tanto.

Ao sair do táxi, Vanessa correu para a casa de Julie e foi recebida aos gritos pelas três amigas.

—ONDE VOCÊ ESTAVA?

—Com o Alex na enfermaria do colégio.

—VANESSA. - gritou Emilly vindo da cozinha.

—AI MEU DEUS, FINALMENTE. - gritou Catherine.

—Gente, pelo amor de Deus, o que aconteceu? - perguntou.

—Andrew não é —Fox. Essa vadia maldita ainda está à solta e destruindo nossas vidas. - disse Julie sentando-se no sofá.

—O que? Como assim?

—O corpo de Hannah foi encontrado num rio aqui próximo. - respondeu Catherine. - E então recebemos uma mensagem de —Fox.

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—Merda. Como conseguiram tirar o corpo dela do caixão?

—Provavelmente foi ontem á noite. A polícia da cidade estava ocupada demais prendendo o Andrew para notar um furto no cemitério. - respondeu Emilly.

—Então Andrew foi só uma isca. Ele não matou Hannah e muito menos é —Fox. - disse Vanessa um pouco trêmula.

—Gente. - disse Julie olhando para a televisão. - Olhem isso.

—Os exames da autópsia de Hannah foram concluídos e o sangue examinado no corpo da jovem não condiz com o de Andrew Robinson, que acaba de ser solto. - dizia uma jornalista em frente à delegacia. Haviam pelo menos umas cem pessoas ao redor observando os policiais acompanhando Andrew para fora da prisão.

—Policial Aiden. - continuou a jornalista, agora com o homem ao seu lado. - A polícia da cidade já conseguiu encontrar quem desenterrou o corpo?

—Temo em dizer que não mas que estamos trabalhando no caso nesse exato momento. Enviamos diversas viaturas que estão rodeando a cidade e já conseguimos um mandado para ter acesso às câmeras do cemitério.

—E o que o senhor pode dizer em relação ao jovem apreendido? Pelo que todos nós percebemos, a polícia o prendeu sem nenhuma prova.

Aiden gaguejou.

—Seria isso uma forma da polícia de encerrar um caso sem um verdadeiro culpado? - a jornalista continuou a pergunta.

Aiden teve dificuldade em escolher as palavras.

—Essa informação é confidencial da polícia de East Lake.

—Obrigada. - disse a jornalista. - Nós continuaremos seguindo a programação normal. Caso obtenhamos mais informações, voltaremos com exclusividade para vocês.

—O assassino de Hannah ainda está à solta. - disse Emilly.

—E —Fox também. - concluiu Catherine.

—Isso me leva à crer que os dois são a mesma pessoa. - retrucou Vanessa.

As quatro amigas se olharam envoltas em um silêncio absoluto que teria durado mais se Julie não o tivesse interrompido.

—Fox precisava de uma isca para despistar a polícia enquanto desenterrava o corpo.

—Tá, isso é óbvio. - retrucou Emilly.

—Como a jornalista disse, não haviam provas para prender o Andrew. - continuou Julie.

—Aonde você quer chegar? - perguntou Vanessa.

—E se —Fox e Andrew trabalharem juntos? Um despista os policiais enquanto o outro desenterra um corpo.

—Ai meu Deus. Não. Claro que não. - disse Catherine. - Eu fui falar com ele hoje e me pareceu bem sincero quando ele disse que não havia a matado.

—O que?! Não acredito que você foi falar com ele. Você podia ter se machucado. - disse Vanessa.

—Não sou uma bonequinha frágil. - retrucou Catherine.

—Ei, calma. Só estou dizendo que ele pode ser perigoso.

—Pois eu acredito nele. - disse Catherine.

—Você nem o conhece direito. - Vanessa reclamou.

—Você quis que nós acreditássemos que você não tinha matado a Hannah mesmo com uma merda de foto sua segurando uma faca. - replicou Catherine irritada. - E eu não posso acreditar num garoto que nem provas contra ele existem?

—Pense como quiser.

—Ei, parem com isso.

—Julie tem razão. - disse Emilly. - Não podemos ficar brigando agora. Precisamos descobrir o que está acontecendo.

—Ai pelo amor de Deus. Sabemos exatamente o que está acontecendo. - disse Vanessa. - Tem uma vadia tentando nos destruir.

Emilly revirou os olhos com desprezo.

—Você entendeu muito bem.

Não demorou muito para que Catherine se irritasse e arrumasse uma desculpa para ir embora. No caminho para casa, Judith ligou e a convidou para tomar um café. Se comparado aos últimos dias, tomar um café com Judie era a melhor coisa a se fazer para acalmar os nervos.

[...]

—Desculpe o atraso. - disse Judith aproximando-se por trás de Catherine, que estava sentada em uma pequena cadeira de madeira.

—Tudo bem.

—Desculpe também ter te chamado assim do nada.

—Está tudo bem. Sério.

—Eu sei que é estranho porque nós acabamos de nos conhecer mas você é minha única amiga aqui.

Catherine deu um sorriso.

—Eu até conheço um pessoal mas era tudo amigo da Hannah. - continuou Judith.

Catherine continuava sorrindo. Agora desejando que Judith calasse a boca para que ela pudesse levantar-se e fazer seu pedido. A garota morena desligou sua mente quase que totalmente e só voltou a prestar atenção quando ouviu Judith dizer as palavras Hannah e grávida na mesma frase.

—Oi? O que você disse?

—Disse que tem sido muito difícil para mim ficar em East Lake sem a Hannah. - respondeu Judith. - Éramos muito próximas.

—Não. Depois disso.

Judith contorceu a testa.

—Você disse algo sobre a Hannah estar grávida. - balbuciou Catherine.

—Você não sabia? - perguntou Judith. - Achei que fossem amigas. Hannah sempre falou de vocês.

—Não, não éramos amigas e não, eu não sabia sobre nenhuma gravidez.

—Ah, me desculpe então. Eu... - Judith levantou-se da cadeira. - Eu preciso ir.

—Ei, calma. - Catherine puxou o braço da garota.

Judith olhou para os belos olhos verdes de Catherine e sentiu-se apaziguada.

—Você disse que nós somos amigas, não disse?

—Eu acho que nem o pai da criança sabia. Não posso sair por aí contando. - respondeu Judith após alguns segundos de silêncio.

—Hannah está morta. - gritou Catherine.

A expressão de decepção em Judith e a lágrima que escorreu de seu olho esquerdo foram suficiente para fazer Catherine se arrepender do que dissera.

—Eu sinto muito. - disse, largando o braço da garota

—É o que todo mundo diz mas é mentira.

Judith correu para fora da cafeteria e deixou Catherine sozinha.

[...]

Emilly havia chegado em casa à pouco tempo quando seu pai a fitou com um olhar cansado. Ele caminhava pela sala sem camisa e usando um short velho. Na mão direita carregava uma garrafa de cerveja vazia.

—Pai? O que aconteceu?

—Eu tô bem...eu tô. - balbuciou Josh Carter babando ao falar.

—Cadê a mamãe?

—Ai, eu não sei, Emi...Emil...

Emilly pegou seu celular e ligou para a mãe que ao atender disse que estava no trabalho até essa hora e que não sairia tão cedo.

—Não acredito que você foi beber. - disse a garota para seu pai.

O homem deu uma risada e se jogou no sofá onde ficou deitado por algumas horas. Passar a noite cuidando de um bêbado não era exatamente a opção mais divertida para Emilly então a menina saiu para caminhar um pouco.

Não precisou andar muito para encontrar-se com Michael Campbell que falava com alguém ao telefone. Assim que a viu, o garoto desligou e foi em sua direção. Emilly desviou o olhar no mesmo instante.

—Ei. - disse Michael. - Eu queria...

—Ah, oi. Nem tinha te visto. - mentiu Emilly.

—Queria pedir desculpas por mais cedo. Te pressionar daquele jeito não foi nada legal.

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—Está tudo bem. - Emilly mentiu mais uma vez. Ela realmente se sentira ofendida com o que aconteceu.

—Err...será que podemos sair qualquer dia desses?

Emilly respondeu com um sorriso mas desejou não ter mostrado os dentes pois parecera que gostaria de sair com ele.

—Então a gente se vê qualquer dia desses. - disse Michael.

Emilly deu mais um sorriso e reparou na marca de batom no pescoço dele. Provavelmente acabara de sair de uma sessão de pegação com uma vadia qualquer de East Lake. Mike continuou andando e Emilly o perdeu de vista quando virou à direita numa rua.

—Merda, Emilly, você devia ter dado um fora nele. - disse para si mesma antes de seu celular vibrar no bolso.

Pegou o aparelho e leu a mensagem recebida.

—Se já tem raiva dele agora, imagina quando descobrir o que mais ele fez. Pena que você sempre teve uma queda por caras errados. -Fox.

Emilly paralisou por um instante e sua mente foi jogada para o oitavo ano. Mais precisamente na época de dia dos namorados quando Hannah caminhava pela escola esbanjando cartões feitos com cartolina e frases de amor. Na época Emilly tinha uma queda por Harry, um garoto do ensino médio, e até hoje ela não entendeu como mas Hannah descobriu isso e fez um de seus piores joguinhos psicológicos. A vadia ruiva - que já havia saído com Harry algumas vezes - o convenceu à convidar Emilly para o cinema mas o que ela não esperava era que assim que entrasse na sessão, Maya, Hannah e Shenna jogariam ovos em seu belo vestido florido. Como se não estivesse mal o suficiente, Harry riu de sua cara e a ofendeu.

"Você acha mesmo que alguém como eu sairia com uma perdedora como você?"

Essa frase ecoava na cabeça de Emilly até hoje. E ela só acordou do transe que se encontrava quando ouviu a buzina de um carro e então guardou seu celular e voltou para casa.

[...]

O dia seguinte amanheceu nublado e com nuvens carregadas. Alguns comerciantes já haviam aberto suas lojas e outros caminhavam lentamente pelas ruas cobertas de neblina desejando que a noite chegasse para que voltassem às suas casas.

Julie Campbell havia saído mais cedo de casa para ir à escola onde encontraria seu namorado, Henry, e terminaria o trabalho de ciências que deveria ter sido feito na noite anterior. Sentada em um banco próximo ao enorme portão de ferro na entrada do colégio estava Lucy. Julie a notou quando sentiu um forte cheiro de naftalina vindo de seu casaco de pelos falsos.

—Olá. - disse a garota sardenta.

—Ah, oi. - Julie respondeu tentando não parecer que já havia notado Lucy sentada sozinha.

—É um colar muito bonito.

Julie olhou para o pescoço e segurou o pingente de ouro.

—Ah, obrigada. Henry me deu no dia dos namorados.

—Eu nunca tive um namorado.

Julie correu os olhos pelas roupas velhas e cinzentas de Lucy.

—Não entendo o porquê. Você é linda.

—Eu sei que sou, vadia. Mas Hannah não achava isso. - Lucy deu uma pausa e olhou fixamente para um ônibus escolar que estacionava do outro lado da rua. - Mas aquela vaca sempre teve essa mania de achar que todos precisavam pensar como ela. Se Hannah não gostava de você, ninguém mais gostava.

—Ah...err...eu acho que...

—O que mais me surpreende é que ela machucava tanta gente. - Lucy voltou à fixar seus olhos no ônibus. Mais precisamente em duas meninas que desciam dele. - E ainda assim era rodeada por todos.

—Err...eu preciso ir. Tenho um trabalho para...

—Deviam tê-la envenenado-a antes. - Lucy interrompeu a garota.

—Ãhn? Como assim "envenenado"?

—Não assistiu à nenhum noticiário hoje de manhã?

Julie fez que não com a cabeça.

—Todos os exames feitos na autópsia de Hannah foram divulgados pela mídia hoje mais cedo. Pelo que a polícia afirma, aquela vadia foi envenenada na festa do Alex. Provavelmente por um remédio em sua bebida.

Julie virou o rosto tentando disfarçar as bochechas coradas.

—Eu realmente preciso ir. Até mais.

Ela correu para dentro da escola falando a palavra Merda á cada passo que dava. Ficou mais alguns minutos andando pelos corredores e resolveu ir para casa. Naquela noite foi justamente ela que entregou o copo para Hannah e a polícia estava à um passo de descobrir isso.

Do lado de fora, Lucy foi abordada por Shenna e Maya. Pela quantidade excessiva de maquiagem em seus rostos, as duas amigas pareciam querer esconder qualquer possível tristeza que estivessem sentindo pela morte de sua abelha-rainha. E pela forma que xingaram Lucy, pareciam querer continuar o legado maquiavélico dela.

[...]

Michael dirigia o carro preto de seus pais quando seu celular tocou.

—Merda, cara. Para de me ligar. - disse assim que aceitou a ligação.

—Eles fizeram a autópsia. Vão descobrir tudo.

—MERDA! - gritou Michael e jogou o carro bruscamente para a calçada.

-Se eles descobrirem, nós dois vamos presos.

Já com o carro estacionado, Michael socou o volante e encostou sua cabeça na buzina provocando um alto barulho.

—MERDA. MERDA.

—Se alguém mais souber disso...

—Cala a boca. Só cala a boca.

—Aaaah. - a pessoa do outro lado da linha pareceu surpresa. - Você começou isso tudo e agora quer me mandar calar a boca? Vai se ferrar.

—VOCÊ. MATOU. A. GAROTA.

—Nós dois sabemos exatamente o que aconteceu naquela noite. A diferença é que eu tenho provas contra você e você não tem contra mim.

Michael pôde ouvir uma risada forçada do outro lado da linha. Seu dedo estava à poucos centímetros de apertar o botão para encerrar a ligação.

—Se eu fosse você não desligaria. - disse uma voz vinda de fora do caro.

Michael paralisou e lentamente olhou pelo retrovisor do carro. Judith Johnson estava parada ao lado da porta traseira do carro usando um moletom rosa e uma calça jeans.

—O que você disse? - perguntou colocando a cabeça pra fora da janela, ainda assustado.

—Você parecia estar bem envolvido com essa conversa. Ouvi seus gritos do outro lado da rua. Era alguém importante?

—Te ligo depois. - disse Michael ao celular e encerrou a ligação, ainda tentando entender porquê Judie o espionava. Ficou mais assustado ainda quando percebeu que ela podia ser a única pessoa que soubesse de seu segredo. E isso podia o destruir.

[...]

Mais tarde naquele mesmo dia, Alex foi até a delegacia novamente em busca de respostas sobre o paradeiro de seus pais. Haviam ido para o Texas à trabalho há alguns dias e desde então não haviam voltado. O garoto foi recebido pelo detetive policial Aiden Marshall que o assegurou de que a polícia do Texas já estava em busca deles.

Ao sair da delegacia, tentou esconder seus hematomas pelo rosto colocando o capuz do casaco na cabeça. Andou alguns quarteirões de volta para casa e deu de cara com Julie que carregava quatros bolsas de mercado.

—Ei, deixe-me ajudar. - disse à garota.

Julie abriu um sorriso.

—Não precisa fazer isso. - respondeu mas suas mãos imploravam para largar as sacolas.

—Nós moramos quase na mesma rua. Não vai ter problema algum.

Alex pegou as quatro sacolas e os dois caminharam por mais alguns quarteirões. Na esquina que dava para a casa de Julie, Henry estava sentado em um banco conversando com outros dois caras. A garota nem o percebera mas Henry pareceu não ter gostado muito de ver Alex tão próximo de sua namorada.

—EI, ALEX. - Henry gritou levantando-se do banco.

—Amor. - sibilou Julie ao ver o garoto vindo em sua direção. Ele vestia uma calça jeans surrada e uma camiseta do time de futebol americano da escola - mesmo que ele nem fizesse parte do mesmo.

—O que está acontecendo aqui? - ele perguntou enquanto inflava o peito tentando parecer mais forte.

Alex deixou escapar uma risada.

—Calma, cara. Só estou ajudando a Julie à trazer as compras.

—Não acredito que sentiu ciúmes disso. - disse Julie em meio à risos e apertou a bochecha de Henry - Que fofo.

O rosto do garoto ficou vermelho e ele parou de inflar o peito, deixando-o mais baixo.

—Affz. - murmurou enquanto dava um beijo na testa de Julie. - E Alex, pode deixar que eu levo as bolsas.

—Seu desejo é uma ordem, príncipe protetor de donzelas. - respondeu rindo enquanto entregava as bolsas à Henry.

O casal continuou andando pela rua e Henry esquecera totalmente dos amigos que estavam o esperando no banco.

Alex ficou com um sorriso bobo na cara quando lembrou-se do beijo que dera com Vanessa mais cedo e decidiu ir até sua casa. Ao chegar na porta da casa, foi surpreendido pela mãe de Vanessa que estava chegando do trabalho na mesma hora.

—Olá, Senhora Sanders. - cumprimentou Alex.

—Alex. Quanto tempo não o vejo. Como você está?

Os dois falaram sobre suas vidas e sobre os últimos acontecimentos na cidade até que Alex interrompeu a conversa perguntando se Vanessa estava.

—Hoje não é seu dia de sorte, querido. Vanessa foi dormir na casa da Cath.

—Ah, então eu volto outro dia. Obrigado. - disse pegando o caminho de volta para casa.

Ashley sorriu. Achava Alex um bom garoto e ótima influência para sua filha que desde que havia se separado do pai de Vanessa, a garota havia mudado bastante. Principalmente quando se mudaram para East Lake há alguns anos e Vanessa passou à arrumar confusão com Hannah todos os dias.

[...]

Emilly conversava por chamada de vídeo com Catherine desde as três da tarde. Com tudo que vinha acontecendo, as amigas não tinham tido tempo para falar sobre assuntos que não envolvessem garotas sendo penduradas em telhados ou garotas sendo encontradas em rios.

—Você reparou no quão estranha estava a Vanessa hoje de manhã?? - perguntou Emilly deitando na cama e apoiando o celular no travesseiro.

—Tem uma vadia nos chantageando. Acho que todas estamos estranhas.

—Ah, sei lá. Vanessa sempre foi estranha mas hoje pareceu pior. - balbuciou Emilly. - Eu a convidei pra vir aqui em casa mas ela disse que tinha um jantar especial com a mãe e o Samuel, ou algo assim

—O mais bizarro é que ela me disse que ia na casa do Alex ver como ele estava.

—Essa garota vive guardando segredos.

—Pois é,mas enfim... seu pai está melhor?- perguntou Catherine.

—É. Pode se dizer que sim.

Catherine - que também estava deitada em sua cama - pensava consigo mesma se devia ou não contar sobre o que descobriu à respeito de Hannah ,quando ouviu um barulho de porta se fechando e virou-se para trás assustada.

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—MÃE? - gritou.

—O que foi isso? - perguntou Emilly.

Catherine levantou-se e abriu a porta do quarto, gritando por sua mãe mais uma vez. Emilly ficou assustada e sentou-se na cama enquanto acompanhava a amiga pela tela do celular.

—Acho que deve ter sido só o vento. - disse Catherine em pé de frente para a cama e o celular.

Antes que Emilly pudesse dizer algo, ela viu um vulto preto entrando pela porta e gritou. Mas seu grito não foi tão alto quando o que estava por vir.

—O QUE?! - gritou Catherine antes de ser acertada na cabeça por um pedaço de madeira do tamanho de um braço.

—AAAAAAAAAAAH.

O corpo de Catherine caiu pra cima da cama. A cabeça encostava na tela do celular fazendo com que Emilly visse um pouco do sangue que escorria próximo á sua nuca. A garota loira não sabia o que fazer até que a cabeça de Catherine se mexeu e o corpo foi jogado pra fora da cama revelando uma pessoa vestindo uma fantasia de raposa laranja. —Fox aproximou-se da câmera. A cabeça gigante de raposa que a fantasia possuía assemelhava-se às fantasias usadas por funcionários de parques temáticos.

Fox. É você, não é? - perguntou Emilly. - SUA VADIA.

—Fox pegou um papel branco e o colocou em cima da câmera.

Essa vadia sabia demais.

A ligação foi encerrada e Emilly ficou sozinha, perdida em seus próprios pensamentos.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.