Crime das Flores

Glicínia


O sol ainda estava no topo do céu, mas a todo momento alguma pequena nuvem passava na frente dele, como se a sombra das árvores já não fosse o bastante para atrapalhar o andamento das investigações.

Sai e mais dois integrantes da AMBU estavam em uma parte da floresta próxima aos portões de entrada de Konohagakure, onde havia acontecido mais um dos assassinatos. Depois de deixar a antiga companheira de time em frente ao hospital e aconselhar que ela lesse os relatórios das autópsias dos últimos dias em busca de pistas, ele foi chamado para lá.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Dessa vez era uma bela garota por volta dos 16 anos, cabelo claro, altura mediana, porte atlético apesar de não ser uma ninja. Como nos outros sete casos, a vítima apresentava uma morte suspeitamente normal: sem sinais de luta, ferimentos, doenças degenerativas ou qualquer tipo de envenenamento. Se não fossem por três coisas que se repetiam, seria impossível ligar esta morte a todas as outras.

O primeiro ponto em comum era a morte repentina: ela estava em um passeio com um grupo de amigos, tudo parecia normal, até que ela e um rapaz se afastaram dos outros porque ele iria se declarar para ela, com direito a um pequeno buquê de flores e tudo, quando antes de conseguir dar a resposta ela caiu no chão. Esta foi a versão de todos, incluindo a do tal rapaz.

O segundo ponto em comum era o estado do corpo: apesar de aparentar ser uma pessoa saudável, assim como nos outros casos, a autopsia sempre indicava anoxia. Mesmo sendo uma doença que tem sintomas notáveis e progressão comumente lenta, nestes casos, ela parecia levar a morte em poucos segundos, pelo menos era isso o que o legista sempre falava.

O terceiro ponto em comum era referente à "cena do crime", onde Sai estava buscando alguma pista agora: não havia nada que apontasse ser um assassinato. Apesar de ter pontos em comum com as outras mortes, poderia facilmente passar por uma coincidência, se não fosse a "assinatura" do assassino: em todos os casos, havia sempre a ligação de algum tipo de flor com a vítima, seja uma flor na decoração, caída perto ou recebida de presente, como naquele caso.

— Flores de novo... — um dos AMBUS comentou, pegando o buquê que estava jogado no chão.

— Não toque nisso, pode ser o motivo da morte! — O outro AMBU alertou.

— Se é como as outras, o motivo vai ser falta de oxigenação. Flores não causam falta de oxigenação! — apesar da resposta, o AMBU deixa o buquê no mesmo lugar. — O assassino com certeza é alguém romântico, para usar flores...

— Deve ter algum conhecimento médico também, eu não faço a menor ideia de como ele consegue descobrir quem tem hipóxia e intensificar ao ponto de matar uma pessoa tão rápido...

— Talvez seja apenas coincidência... — apesar de estar usando a máscara, Sai deu um de seus sorrisos falsos.

Os dois AMBUS o encaram por alguns segundos e voltam a observar cuidadosamente o cenário, descartando completamente a possibilidade de aquilo ser apenas coincidência, enquanto Sai escrevia o relatório. Pelo menos, não havia nada que ligasse Ino aos assassinatos sem ser a floricultura.

— Olha só, dessa vez o buquê veio daquela loja do clã Yamanaka! — Novamente o AMBU olhava o buquê, analisando o pequeno símbolo do clã no papel em volta das flores.

Neste momento, Sai olhou aflito tanto para o buquê como para o AMBU que o segurava. Ele precisaria colocar aquilo no relatório, o que só iria deixar as suspeitas de Kakashi ainda mais intensas sobre Ino.

— Eles devem se revezar para cuidar da loja, mas alguém pode ter visto algo. — este comentário do outro AMBU fez com que Sai se acalmasse um pouco — Pode até ser que um deles tenha conhecimento médico!

Com esta última fala, o pincel escorregou pela folha e fez um enorme borrão no texto. Seria angustiante escrever algo que acusasse Ino Yamanaka em um de seus relatórios, mas o que mais incomodava Sai era que tudo indicava ser ela a culpada: as flores, o conhecimento médico, a disponibilidade de tempo, o contato com as vítimas mesmo que indiretamente...

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Não seja precipitado, o clã Yamanaka não teria motivos para se sujar assim. — com esta fala, o AMBU deixou o buquê de lado novamente — Eu acho que foi o rapaz...

— Você não tem que achar nada, só estamos investigando. — o outro AMBU respondeu.

— Você quem começou a achar coisas! — a voz saiu com tom acusatório e os dois AMBUS começaram a discutir entre si.

Sai olhava para os dois, balançando a cabeça negativamente. Ele não estava repreendendo os AMBUS e sim a si mesmo por deixar algo simples e ao mesmo tempo fundamental passar despercebido, algo que poderia deixar a namorada longe de qualquer suspeita: ela não tinha o motivo para assassinar ninguém.

.

.

.

Enquanto isso, Ino andava calmamente pelas ruas até chegar na floricultura, sem notar que estava sendo seguida por uma pessoa. Ser ignorado e esquecido é algo recorrente aos membros do clã Aburame, mesmo que não seja a intenção.

— Ino! — o rapaz a chamou antes que ela conseguisse enfiar a chave na fechadura.

— S-Sim!? — ela quase deixa a chave cair, olhando em volta — ah... Oi Shino. — apesar de tentar não parecer irritada, ela tinha vontade de jogar as chaves em cima dele.

— Preciso da sua ajuda, urgente, agora. — foi tudo o que o Aburame julgou ser necessário para sair arrastando a loira consigo.

Do outro lado da rua, olhando a cena embasbacados, estavam Shikamaru e Choji. Os dois sabiam de cor o horário de funcionamento da floricultura e, como prometido ao Rokudaime, ficariam de olho em Ino o tempo todo.

— Você viu isso, Choji? — Shikamaru não conseguia esconder a surpresa na voz.

— Vi... — o amigo respondeu — Ela é rápida. — ele comentou um tanto risonho, comendo suas batatinhas.

Depois de chegar ao clã Aburame, a loira começa a entender o motivo de ter sido levada com tanta pressa. O clã não tem apenas os kikaichu como insetos existentes lá, tão pouco só possuem os que vivem nos corpos, existem vários ninhos com insetos diferentes, o que ajuda bastante na polinização de Konoha.

— Eu trouxe algumas abelhas de um lugar aonde fui na minha última missão com o Kiba, mas elas não pareceram se adaptar bem aqui... — dava para notar que Shino estava preocupado só pela voz.

— Ah! Abelhas gostam de flores! — finalmente a ficha de Ino caiu — Eu acho que... — ela olhava em volta agora — Glicínias são uma boa opção, elas atraem abelhas e são lindas!

— Acha que isso seria o bastante? De quantas estamos falando? Como se cuida... — antes de continuar as perguntas, ele é interrompido.

— Só uma é o bastante se quiser uma árvore, mas posso conseguir alguns bonsais para você colocar espalhado pelo jardim. — ela sorri gentilmente.

— Bonsais seriam perfeitos, isso porque... — novamente, ele é interrompido.

— Com certeza iria ficar lindo com as flores arroxeadas contrastando com o verde! — a loira já não prestava mais tanta atenção assim em Shino, ela apenas olhava em volta, se imaginando como uma decoradora de exteriores.

Depois de quase vinte minutos falando sobre várias plantas que iriam ficar bem naquele jardim, a Yamanaka finalmente se dá conta de que deveria ter ido abrir a floricultura. No caminho para a saída do clã, Shino decide tentar se pronuncia de novo.

— Realmente acha que as abelhas vão gostar das glicínias? — apesar dos óculos escuros, ele encarava Ino com certa preocupação e isso era notável.

— Quem não iria gostar!? — a loira sorri — Elas podem significar gratidão, você não é grato por ter as abelhas perto?

— Pode-se dizer que sim... — ele se acalma com a resposta — O que mais as glicínias podem significar?

— Coisas como humildade, respeito, até mesmo poesia... — ela parecia pensativa, até que nota Gai e Lee andando pela rua de ponta cabeça, em mais um dos treinamentos extremos deles — E juventude! — ela acaba rindo ao se lembrar de mais um significado.

— JUVENTUDE! — mestre e alunos gritam animados em uníssono, passando pelos dois e seguindo a corrida sobre as mãos.

— Entendo... — o Aburame dá um ar de sorriso.

— Eu vou encomendar elas amanhã mesmo, talvez até consiga trazer alguma comigo. — a loira sorri docemente e acena, começando a ir em direção à floricultura.

— Ei, Shikamaru... — Choji chamou a atenção do amigo, os dois estavam do outro lado da rua, esperando por Ino.

— Eu vi... — o Nara responde à pergunta que nem havia sido feita ainda — Isso vai ser problemático. — ele comenta e começa andar.

.

.

.

Seriam longos e problemáticos dias até que tudo estivesse resolvido. Por enquanto, Shikamaru e Choji teriam que vigiar a amiga da melhor maneira possível, apesar de não poderem ir atrás dela em todos os lugares.