Cowboy Sedutor

Habilidades à prova


O cheiro de tinta fresca! Era a última campanha de propaganda de que Bella participara antes de deixar Nova York foi para a Tinta Celebrity . Teve de testar as cores antes de ser capaz de redigir um anúncio a respeito.

Ali em Forks, tinta não tinha o nome famoso, entretanto. Edward tomava para si a tarefa de pintar novamente o quarto da empregada do jeito como um homem sabia fazer. Pintava-o de branco. Simplesmente branco.

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Os aposentos da empregada doméstica estavam localizados perto da cozinha, isolados do restante da casa.

Os gêmeos quiseram ajudar o pai, mas Billy tivera pena de Edward e levara as crianças para um passeio até a cabana do tio Peter nas montanhas. Apenas a promessa de Billy de que procurariam o mapa do tesouro de Jebbedyah enquanto estivessem ali convenceu os gêmeos a ir.

Billy dissera a Bella, pouco antes da partida, que Emmet era o charmoso e engraçado da família. Como ela definiria Edward?, ficou imaginando. O responsável, o cowboy teimoso cujos beijos deixavam-na com os joelhos trêmulos. Seria isso? Era uma boa descrição sob seu ponto de vista, mas duvidava de que o restante da família concordasse.

Bella abrira as janelas da cozinha para deixar entrar um pouco de ar fresco. Dessa vez não era porque tinha queimado alguma refeição e sim para aliviar o cheiro forte de tinta.

Não se sentia sossegada em ficar sozinha na casa com Edward. Comparado com os modelos com que trabalhara nas campanhas para propaganda, não chegava a ser excepcionalmente bem apessoado. Ou até mesmo tão bonito quanto Jacob com seus trajes de jovem executivo. Jacob usava ternos italianos e tomava vinhos da Califórnia. Tinha sua própria máquina de cappuccino e um aroma pessoal de café.

Edward em nada se parecia com Jacob. Ela ainda estava tentando imaginar o motivo de ter correspondido ao beijo do modo tão intenso como acontecera no celeiro na noite anterior. Ali estava ela, atônita diante de uma paixão como jamais sentira antes. Nunca desejara tanto um homem. Nem mesmo Jacob.

A despeito dessas sensações produzidas pelos hormônios, falara a verdade quando dissera a Edward que não estava ansiosa por envolver-se com ele. Não lhe dissera que Edward não preenchia quaisquer das qualificações que apreciava em um futuro companheiro. Principalmente porque não mais tinha uma lista de qualificações. Não após o ex noivo. Ele destruíra essa teoria de homem perfeito.

Bella achou que Jacob tinha tudo o que queria em um homem. Mas esqueceu-se de avaliar sua integridade. Edward, ao contrário, parecia ser íntegro e tinha um amor e lealdade para com a família que eram admiráveis.

Passando um pano no balcão já limpo, ficou imaginando quem seria a mulher certa para aquele cowboy. Aparentemente ela não era. O que a deixava aliviada. Passaria apenas o verão ali, tempo suficiente para ter uma nova perspectiva do que queria fazer. Pensaria se era melhor voltar a Nova York ou começar vida nova em outro lugar qualquer. Por hora, queria apenas um copo de limonada gelada.

A jarra que preparara na noite anterior ainda tinha uma boa dose. Talvez Edward quisesse um copo também. Era questão de educação perguntar-lhe. Algo que qualquer empregada faria.

Depois aproveitaria para trabalhar na sala de estar enquanto Billy e as crianças estavam fora de casa. Na noite anterior, a resposta de Bella a Dallas, o iguana, instigou uma mudança no comportamento dos gêmeos. Luke lhe mostrou a cobra, Poison, e decerto o fez com mais orgulho do que travessuras em mente. Quanto ao pai, não havia como saber o que pensava. Nada dizia, e Bella não iria perguntar.

Quando levou-lhe um copo de limonada, Edward limitou-se a pegá-lo e a tomar todo o conteúdo. Agradeceu e voltou a trabalhar. Estava com um macacão de pintor sobre a calça jeans e a camisa.

— A pintura será mais rápida se eu ajudá-lo — observou ela.

— Pintura não faz parte de seu trabalho Srta. Swan. Além do mais, estou quase terminando.

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Bella tentou ignorar a ponta de decepção que a recusa lhe causou. Nunca se julgou tão sensível. Sempre fora capaz de unir sua criatividade ao lado comercial com um profissionalismo que a impedia de magoar-se se um cliente não gostava de uma de suas idéias para um anúncio.

O problema era que não estava preparando uma campanha de propaganda, por isso a rejeição não era para com seu trabalho e sim voltada a ela. Pessoalmente. Não profissionalmente.

Não que ele estivesse muito impressionado por seu profissionalismo como empregada doméstica. Então o que o impressionaria? Precisava esquecer-se de toda aquela história sobre relacionamento e concentrar-se em limpar a sala de estar, separar jornais velhos e reunir roupas sujas. Precisava ainda pensar a respeito da lavagem das roupas.

Caminhou até a lavanderia e, ao ver a montanha de peças sujas que estavam ali, resolveu voltar à cozinha. Antes de sair, olhou rapidamente para o quarto de empregada, espaçoso e arejado com uma janela dando para as montanhas.

Como Edward já havia terminado de pintar um lado do ambiente, removera o pano que cobria diversas peças de mobília naquele lado do quarto. A cama rústica, a cabeceira e a cômoda com gavetas eram muito melhor desenhadas do que os móveis do andar superior.

Notando seu olhar para a mobília, Edward disse:

— Meu irmão Emmet fez estas peças. Ele também trabalha com carpintaria.

— Ele é muito talentoso. Há uma demanda muito grande para móveis artesanais em estilo western — acrescentou, passando a mão pela cabeceira da cama.

— Assim ele me disse.

— Deve ser bom ter toda sua família por perto.

— Família é importante por aqui.

— Família é importante onde quer que se esteja — com delicadeza, corrigiu-o.

Olhando para o nada, Edward falou:

— Eu... bem... falei às crianças que faremos um "horário dos gêmeos" esta noite.

Bella sorriu.

— Fico feliz! O que eles disseram?

— Nada. A expressão em seus rostos disse tudo.

— Ficaram satisfeitos, então.

— Sim, ficaram contentes. Os olhos verdes de Edward encontraram os dela e, por um instante, Bella sentiu como se houvesse prendido um dedo úmido na torradeira, algo que fizera na manhã anterior e que resultara em um choque elétrico. "Não seja tola", advertiu-se. Estava apenas sentindo-se incompleta por não estar envolvida em uma campanha de propaganda, embora já houvesse feito alguns esboços para um possível rótulo para o "Molho para Churrasco Billy".

Apenas rascunhos que a mantiveram ocupada quando tivera dificuldade em adormecer na noite anterior. Trabalhar era melhor do que pensar em Edward.

— Bem, devo voltar ao trabalho — disse ela, já dando alguns passos na direção da porta.

— Você quer que eu comece a empacotar minhas coisas para mudar-me para cá?

— Bobagem empacotar apenas para desfazer as malas novamente. Apenas traga para baixo as gavetas e coloque o conteúdo nas gavetas daqui. O quarto deixará de estar com cheiro de tinta em cerca de uma hora ou duas.

Durante aquele tempo, Bella concentrou-se em limpar a sala de estar e descobriu que o carpete era verde, de um tom cor de abacate dos anos sessenta. Mas um verde mais claro graças a um trabalho pesado do aspirador de pó que provavelmente fora produzido uma década atrás. Quando Billy mencionou que a casa tinha piso de madeira debaixo do carpete velho, sentiu-se tentada a sugerir que fosse retirado.

Já podia até imaginar o brilho do carvalho em contraste com lindos tapetes... Navajo talvez. Em tons cor de terra. Bastava para fazer seu talento criativo trabalhar. Ora, provavelmente era cedo demais para redecorar a casa de Edward. Afinal, estava ali há apenas alguns dias. Mas já havia comprado novos utensílios para a cozinha, os quais chegariam no dia seguinte.

Talvez em uma semana e pouco levantasse o assunto de retirarem o carpete e lustrarem o piso. Não devia ser tão difícil assim.

Assim que a sala de estar ficou um pouco mais em ordem, Bella foi para o andar superior e reuniu suas coisas. Tinha apenas uma hora e pouco antes de ter de preparar o jantar.

Seria muito cedo para comerem esparguete novamente? Conseguira sair-se razoavelmente bem com aquele prato, já que fora necessário apenas aquecer a água e abrir um frasco de molho de tomate.

Querendo ser mais eficiente, colocou todas suas coisas em duas gavetas, cheias até o topo e deixou-as uma sobre a outra para carregar para o térreo. Tinha espaço suficiente apenas para olhar por cima das peças. Precisava tomar cuidado. Era cuidadosa, mas a combinação de duas gavetas ficara mais pesada do que imaginara. A gaveta superior estava prestes a escorregar para o lado quando Edward apareceu para resgatá-la na metade da escadaria.

— Ei, dê-me isto. Tirou ambas as gavetas da mão de Bella com apenas um braço e rapidamente caminhou para os novos aposentos.

— Coloque as gavetas sobre a cama — pediu ela, seguindo-o.

Mas ao obedecer, diversas peças íntimas de seda escorregaram para fora da gaveta. Edward instintivamente agarrou algumas, e, um momento mais tarde, o sutiã e calcinha de renda creme estavam entre seus dedos. Ele olhou para as roupas como se fossem cobras venenosas prestes a mordê-lo. O homem fora casado. Certamente já vira roupas íntimas femininas antes. Mas não as dela... Bella puxou as peças de suas mãos. Seus dedos roçaram nos de Edward, e ela estremeceu. Um simples toque tornava-se cheio de significado quando estava perto dele.

Seus olhos arregalados encontraram os de Edward. Estava perto o bastante para vê-los ficarem mais escuros. Podia falar muito com aqueles olhos verdes, e Bella começava a compreender sua linguagem visual. Ele não era um homem de muitas palavras, mas com olhos assim nem precisava ser. Falavam por ele, diziam o que não poderia ou deveria expressar. Revelavam que ela não era a única a sentir aquela atração. Diziam que Edward sentia-se tentado, que Bella tinha poder sobre ele e vice-versa. Poder sensual.

Então ele piscou, e o momento mágico desvaneceu-se.

— O que temos para o jantar? — perguntou como se nada houvesse acontecido.

— Esparguete? Ou eu poderia fazer minha especialidade, Camarão de Jonghe, caso haja camarões no congelador.

— Camarão não é exatamente comida de cowboy.

— É muito saudável e bom para você.

— Não tente mudar nossos hábitos alimentares — falou com desconfiança.

— Além de fazer com que Luce use um guardanapo em vez de limpar a boca na manga da blusa, não tenho planos de mudar os hábitos alimentares de ninguém.

— Refiro-me a servir aquelas refeições da moda com uma colher de comida misteriosa no meio de um prato vazio decorado com lindos molhos.

— Você não é fã da cozinha francesa, presumo.

— Prefiro comida de verdade.

— Apenas porque você nunca comeu creme brúlée. Passou a língua pelos lábios ao pensar na sobremesa. Edward não ficou impressionado.

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— É apenas um pudim com cobertura de açúcar — disse ele. — Acha que nunca comi em um restaurante francês? Frequentei a universidade em Seattle. Há muitos restaurantes franceses ali. Não precisa parecer tão chocada. Pensou que eu nunca tinha saído da fazenda?

— Não sei o que pensei. Nem o que pensar.

No dia seguinte, Edward estava de mau humor por algum motivo, mas as boas-novas eram que os utensílios comprados haviam sido entregues sem incidentes.

Era assim que Bella queria que sua vida fosse por uma semana ou duas: sem incidentes. Mas não era o que acontecia. Pelo menos, ainda não. Embora o esparguete da noite anterior tivesse dado certo, ela arruinara os ovos pela manhã, em sua despedida do fogão velho. O novo não havia sido conectado a tempo para o almoço, por isso Bella teve de preparar sanduíches de atum. Cowboys não gostavam muito de atum, rapidamente descobriu. Pelo menos não os cowboys da fazenda Cullen.

Assim que tudo foi devidamente instalado, e os homens partiram, Bella mal pôde esperar para mostrar a Edward como a cozinha estava maravilhosa. Agarrou-o no instante em que ele entrava na área de serviço, nem mesmo esperando que caminhasse normalmente até a cozinha.

— Venha ver!

— Ver o quê? — perguntou confuso enquanto era arrastado até a pia.

— Tudo. Estendeu os braços para indicar a cozinha toda, cintilando de limpeza com o fogão branco novo e a máquina de lavar pratos. Em pé entre os utensílios, como uma modelo, mexia os braços na direção das peças cintilantes.

— Fogão auto-limpante, acendimento automático. E a máquina de lavar louça aceita panelas também. Eu achei espaço para as coisas que trouxe comigo de Nova york. Veja. Vim preparada. Tenho máquina de picar salada e uma de fazer biscoitos.

— A única coisa que picamos por aqui são empregadas que não sabem cozinhar — murmurou Edward, olhando divertidamente para ela.

Atônita com aquele comentário, ela enfiou os polegares nos ouvidos e balançou os outros dedos na direção de Edward.

Ele a encarou espantado.

— Isto é uma coisinha que seus filhos me ensinaram — falou Bella. — Considere-se com sorte por eu não ter jogado mel sobre você, como as crianças quase fizeram comigo esta manhã. Colocaram uma garrafa plástica aberta de mel sobre a porta da lavanderia.

Edward não pôde responder. Estava dominado pela imagem de Bella coberta de mel.

— Asseguraram-me de que era mais uma tentativa para que eu fosse embora. Acho que foi uma espécie de teste. Desde quando você lhes disse que passaria mais tempo a seu lado, as coisas têm melhorado bastante.

De fato, tirando o incidente do mel, as crianças estão consideravelmente boazinhas.

— Consideravelmente? — a voz de Edward era ríspida.

— Sim, em se tratando dos gêmeos Cullen, seres capazes de meter medo no coração de empregadas domésticas.

Ele riu. Bella sorriu, seu deleite evidente.

— Devia fazer isto com mais frequência. Edward achava que ia mesmo acontecer. Afinal, Bella estava na casa. Era difícil não sorrir diante de uma pessoa tão alegre. Sem mencionar sensual. Mas não tocaria no assunto; nem mesmo pensaria a respeito. Certo, certo. E porcos podiam voar, como Billy sempre ironizava.

Sentindo-se confiante por estar cozinhando em um fogão novo, Bella decidiu experimentar a nova panela de pressão que trouxera consigo e preparar Potage Saint Germain ou sopa de ervilhas.

Conforme dissera a Edward, sua especialidade era fazer com que as pessoas parassem e dissessem: "Puxa!". E bem, eles estavam falando "Puxa!" sobre sua comida porque estava tão ruim que não suportavam ficar calados. Mas isso mudaria. Comprara uma revista chamada Cozinha Rápida no supermercado e de lá tirara muitas idéias.

Essa receita era de um dos livros de culinária que ela trouxera de Nova York. Não dizia que era para cozinhar a sopa na panela de pressão, mas ela decidiu que economizaria tempo se fizesse isso.

Nesse tempo, precisava voltar à máquina de lavar roupas ou, mais especificamente à secadora, a qual buzinava como se zombando por ela não ser capaz de descobrir como desligá-la quando o trabalho estava terminado.

— Eu já ouvi da primeira vez — gritou para a secadora.

— Com quem está conversando? — Luce quis saber, chegando sorrateiramente atrás de Bella.

— Com a secadora.

— Todas as garotas da cidade conversam com secadoras?

— Eu não conversava com secadoras quando morava na cidade. Costumava deixar as roupas sujas em uma lavanderia no saguão de seu prédio de apartamentos. Elas voltavam magicamente limpas e passadas.

— Então por que você conversa com ela aqui? — Porque ela falou comigo antes. Zombou de mim. Oh!

Olhou desconsolada para a camiseta que colocara na máquina, meia hora antes. Estava duas vezes e meia maior do que originalmente. Bella ficara cansada de ler todas as etiquetas das peças de roupa. Diziam sempre a mesma coisa, por isso após alguns minutos decidira parar de olhar.

A máquina de lavar subitamente começava a tremer como se estivesse bêbada ou prestes a se partir. Algo definitivamente estava errado com a centrifugação. E essa era apenas sua segunda carga de roupa.

Acionou o que parecia ser o botão para desligá-la. Não funcionou.

— Você abre a tampa, e ela desliga — Luce falou como se fosse adulta, e Bella a criança.

— Certo. Eu sabia disto.

Ergueu a tampa, e a máquina parou subitamente. Espiou dentro e franziu a testa para algo que parecia ser... um par de botas de camurça? Suas botas!

— O que minhas botas estão fazendo na lavadora?

— Ficando limpas — a garotinha respondeu.

Bella não tinha tempo para discutir o motivo de camurça e máquina de lavar não se darem bem porque subitamente notou o barulho que vinha da cozinha. O barulho da máquina de lavar havia mascarado o som da panela de pressão. Atualmente ouvia-o muito bem.

Sua sopa! Disparando de volta à cozinha, Bella chegou bem a tempo de ver a válvula de pressão oscilar perigosamente. Oh, não! Esquecera-se de colocar o peso necessário sobre a válvula. Tarde demais! Um jato de ervilhas despedaçadas atingiu o teto, onde os grãos cozidos grudaram.

— É assim que você cozinha? — Luce perguntou.

— Eu não... é sopa de ervilhas. Olhando para o teto, Luce falou:

— É assim que se esmagam ervilhas?

— Duvido — murmurou.

— Afaste-se enquanto eu desligo esta coisa. Assim que apagou o fogo, a panela de pressão começou a fazer menos barulho. Enfrentara tudo isso para impressionar Edward com suas habilidades culinárias. Não que ele se importasse muito com a cozinha francesa. Especialmente quando estava pingando do teto. Bella colocou um sorriso esfuziante no rosto.

— Então... o que acham de esparguete para o jantar desta noite?

Diante da reação deles, ela serviu diversas pizzas tamanho família que encontrou no congelador. Preparou uma salada sortida e pronto! O jantar estava pronto sem nem um minuto de descanso sequer. Limpar a sujeira causada pelas ervilhas levara mais tempo do que ela imaginara. Qualquer esperança de manter o incidente à baila se esvaiu quando Luce relatou a todos a história.

Bem, a lição era sempre ler as indicações até o final Até o local onde dizia para não se cozinhar ervilhas na panela de pressão. Atualmente sabia o motivo.

Enquanto Bella enchia a máquina de lavar pratos depois do jantar, os gêmeos a ajudavam, colocando talheres na cesta de lavar. Também trataram de mantê-la informada sobre suas tarefas como empregada doméstica. Parecia que pizza todas as noites era seu maior desejo.

— Uma empregada pode fazer pizza para o jantar sempre — disse Luke.

— Sim, mas não pode obrigar-nos a comer tudo que estiver no prato — acrescentou Luce. Luke assentiu em concordância.

— Ou ficar brava se dermos pizza ou bolo para nossa cobra. Uma empregada jamais ficaria brava por causa disso.

— Ora, seus pestinhas! — Billy falou ao entrar na cozinha, gargalhando. — Vou lhes dizer o que uma boa empregada doméstica faz. Segue ordens. Minhas ordens. E é uma boa ouvinte. Aprecia minha poesia. É uma grande cozinheira. E seria bom se ela soubesse tocar violino ou cantar.

— E ela deveria ser capaz de jogar beisebol — Luke acrescentou.

— E saber a letra de todas as músicas do filme O Rei Leão — opinou Luce.

— E ser capaz de preparar uma torta de maçã que derreta na boca — Billy falou.

— O que está acontecendo aqui? — perguntou Edward ao juntar-se ao grupo. — Uma conferência em família?

— Nós estávamos apenas lhe dizendo como ser uma boa empregada doméstica — Luce explicou.

— "Ela" tem um nome — ponderou Edward. — É Bella. Ou srta. Swan.

— Bella está bem.

O que havia de errado com ela? Não fazia nem uma semana que estivera noiva e prestes a casar-se e atualmente ficava arrepiada, prestes a derreter-se, só pela maneira como um fazendeiro sensual pronunciava seu nome. Uma coisa era notar que ele tinha boa aparência para um comercial de jeans. Outra gostar do modo como dizia seu nome ou do jeito como seus dedos pousavam sobre seu seio ou ainda apreciar o modo como a língua afagava o céu de sua boca quando a beijava.

— Alguém poderia me dizer por que há um par de botas molhadas na máquina de lavar? — Billy inquiriu desde a lavanderia.

— Estavam sujas — Bella respondeu, trocando um sorriso com Luce.

A garotinha correspondeu como se fossem conspiradoras.

Billy gargalhou.

— Isto explica então. Pela primeira vez desde que Bella chegara à fazenda, perdida e ensopada, sentiu-se parte da família. E era uma sensação deliciosa.

Conforme as semanas passavam, Bella estabelecia uma rotina. E aquele belo ditado sobre a prática levar à perfeição realmente se aplicava à tarefa de cozinhar. Não que já estivesse perto do ideal, mas melhorava exemplarmente. Por volta da quinta semana na fazenda já havia se diplomado na arte de ter tudo preparado ao mesmo tempo e pronto para ser colocado na mesa. Nada de esperar até que as batatas estivessem cozidas enquanto a carne ficava fria.

Até mesmo conseguira arrumar a mesa, incluindo um arranjo de flores selvagens no centro, apanhadas perto da casa. Descobrira uma receita fácil para cozinhar peixe e fazer arroz, os quais serviu com cenoura.

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Ela mal acabava de colocar a refeição na mesa e sentar-se, e todos já começaram a se servir. Cinco minutos mais tarde a comida acabava. Havia trabalhado a tarde toda no preparo da comida, e todos a devoraram como se fosse um lanche rápido em vez da refeição mais perfeita que ela já fizera.

Não saboreavam nem faziam elogios. Luce não limpou a boca na manga da blusa mas usou o guardanapo, Jasper e Mike lhe deram sorrisos tímidos, mas foi somente isso. Bella mal teve tempo de dar algumas garfadas, e todos já estavam prontos para a sobremesa.

— Vocês comeram tudo! — Bella gritou surpresa para todos.

Billy estranhou o tom acusador.

— Algo errado com isso?

Ela procurou conter as lágrimas.

— Ninguém fez nem uma pausa sequer para apreciar a refeição.

— Nós comemos, não é mesmo? — Billy falou. Parecia realmente espantado, como somente os homens conseguiam ficar.

— Isto significa que nós a apreciamos. Você preparou o jantar. Deve ser comido.

— Comido não, devorado — corrigiu, decidindo que os homens realmente vieram de Marte.

— A refeição era uma obra de arte.

Billy franziu a testa, confuso.

— Era apenas peixe com cenoura.

— Sim, mas foi meu primeiro jantar perfeito. Aquele nervosismo e ansiedade só poderiam ser explicados pela falta de sono que começava a dominá-la.

Normalmente terminava o trabalho bem tarde da noite e sempre tinha de acordar antes dos passarinhos pela manhã. Uma empregada doméstica com mais experiência provavelmente faria tudo na metade do tempo, mas não ela. Olhou ao redor.

Precisava colocar lâmpadas mais fracas na sala de estar porque ainda não tirara o pó dali, e uma luz mais fraca esconderia o fato. Ela lera aquela pequena dica em um site para empregadas domésticas na Internet.

— Gostei do peixe — Luke falou, estendendo a mão para acarinhar a de Bella como se percebendo que ela queria chorar.

— Não parecia ter sido preparado por uma garota da cidade. Estava realmente bom. Tão bom que eu nem mesmo dei um pouco para Poison ou Joe porque queria tudo para mim.

— Tem razão, estava maravilhoso — Edward confirmou. — Bella, peço desculpas por nossa falta de bons modos. Temos estado sem a influência civilizadora de uma mulher há tanto tempo que passamos a agir como um grupo de cowboys rudes reunidos em volta do trailer de comida.

— Não quisemos ofendê-la, madame — Jasper falou.

— É a melhor refeição que temos em semanas — acrescentou Mike.

Como Bella estava cozinhando para eles havia semanas, decidiu que aquele elogio era meio duvidoso, embora soubesse que seu jantar daquela noite em muito excedera tudo o que já havia preparado até o momento. Era por isso que ficara tão aborrecida por nem terem notado, embora supunha que o fato de terem devorado tudo fosse seu modo de dizer que estava bom. Mas havia vezes em que era preciso ouvir palavras de agradecimento!

Edward insistiu em servir as bolas de sorvete e até mesmo ficou por perto depois, para ajudá-la a arrumar a cozinha.

— Eu estava querendo lhe dizer — ele fez uma pausa para, com cuidado, recolocar o pano de prato perto da geladeira do modo como Bella gostava, antes de prosseguir:

— Bem, você pode cavalgar em quaisquer dos cavalos quando quiser.

— Eu não tenho muito tempo livre. Uma expressão de culpa passou pelo rosto dele.

— Não lhe dei nem um dia de folga sequer desde que chegou aqui, não é mesmo? Desculpe-me. O tempo tende a me dominar. De agora em diante poderá ter os domingos de folga. O que acha?

— Bom. — E conforme eu disse, poderá usar um dos cavalos para passear.

— Não sei cavalgar — interrompeu-o, ainda se sentindo entristecida.

— Eu lhe ensinarei. Pense nisto como um modo de eu retribuir uma refeição maravilhosa.

Bella tentou não admirar o corpo perfeito dele quando se inclinava para colocar uma travessa na máquina de lavar pratos, mas então desistiu de lutar contra seus hormônios e apreciou a vista.

— Você já me paga para preparar refeições maravilhosas.

— Sim, mas esta foi sua primeira refeição perfeita e merece algo especial para marcar a ocasião. Aprumou-se e sorriu.

— Além do mais, cavalgar é uma das habilidades que uma boa empregada doméstica deve ter, bem como saber a letra das músicas do filme O Rei Leão. Bella o encarou com desconfiança, imaginando o que viria em seguida.

— Está me dizendo que suas empregadas anteriores cavalgavam? Edward assentiu.

— Todas as doze sabiam cavalgar. Até a ultima, que tinha oitenta anos de idade.

— Bem, se ela pôde fazer isto, eu também posso.

Aquele raciocínio pareceu perfeito até Bella ver-se frente a frente com um cavalo gigante poucos dias depois.

— Este é um dos cavalos que costuma ter acessos? Porque um destes cavalos fungou em mim na última vez em que estive aqui.

— Deve ter sido Rudy — Edward falou.

— Um nome estranho. Edward riu. Bella gostava daquele riso.

— As pessoas tratam os cavalos como se fossem pessoas — ele dizia.

Rudy era o cavalo que rira de Bella, e Brand aquele que a fitara como se quisesse mordê-la.

— Apenas um palpite. Cavalgar significa que terei de ficar perto do cavalo, certo? Seu nervosismo estava mesclado com bom humor.

— Tem medo de cavalos?

— Digamos que eu tenha um respeito saudável por algo que é muito maior e mais pesado que eu.

— Sou maior e mais pesado que você — Edward ponderou. — Mesmo assim não a vejo me tratando com um "respeito saudável".

O homem realmente a estava provocando. De todas as maneiras. Em pé ali, a calça jeans delineava suas formas, e as mangas repuxadas mostravam antebraços bronzeados. Bella já havia memorizado a forma da calça jeans, a imagem impressa para sempre em seu cérebro.

As botas de cowboy eram gastas, botas de trabalho de um fazendeiro e não de um cowboy urbano. O chapéu era branco, como o dos mocinhos. Ela enxugou a palma úmida das mãos na calça comprida, também um jeans, subitamente sem palavras.

Edward apenas sorriu e disse:

— Vamos começar com Mel. Ela é muito confiável.

Mel podia ser confiável mas ainda era do tamanho de um cavalo. Ou parecia ser, da perspectiva de Bella.

Mas Mel parecia ter um olhar amigável, enfeitado por longos cílios.

— Primeira coisa: eu lhe mostrarei como cavalgar. Dê-me sua mão.