Cotidiano

Beijo de amor verdadeiro


Shino ainda olhava para o semblante adormecido de Kiba.

− Se lembra daquela peça que performamos certa vez na academia, Shino-kun? – Hinata perguntou, enquanto rabiscava algo em um caderninho. Shino não sabia dizer se ela escrevia algo ou se desenhava. Mas não quis invadir sua intimidade.

− A da Bela Adormecida? – Devolveu a pergunta. – Em que Kiba foi Aurora e eu o príncipe?

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− Uhum. – Hinata anuiu, mordiscando a ponta do lápis que carregava consigo. – Foi o primeiro beijo-não-beijo de vocês, não foi? Eu fui apenas uma árvore na peça.

Shino anuiu. Pois na situação, havia coberto os lábios, evitando assim o contato de fato.

− Qual o seu ponto, Hinata?

− Acho que devia tentar. – Encolheu os ombros. – Talvez um pouco de magia fizesse bem a nós.

− Magia não existe na vida real. – Shino rebateu, lacônico.

− Existe se você quiser que exista. – Hinata sorriu para o amigo. – Por que não tenta? O que perderá se o beijar?

A verdade é que Shino não perderia nada, mas o fato de Hinata estar ali o deixava um pouco incomodado. Não era dado a demonstrações de afeto em público.

− Que tal isso, Shino-kun? Irei ali fora com Akamaru dar uma olhadinha. – disse ela. – Não quero levantar suspeitas nem nada, mas precisamos de lenha. E não poderemos ficar aqui para sempre, não é? Logo teremos que partir.

Shino concordou sobre isso. Já fazia dois dias e meio que estavam naquele lugar. Certamente não poderiam ficar para sempre. Mas era um bom esconderijo. Mesmo que Hinata tivesse visto alguns ninjas inimigos por perto. Nenhum deles havia dado sinais de encontrá-los.

Hinata se levantou, deixando o caderninho de lado e chamou Akamaru. O cão, que adorava Hinata, respondeu prontamente, abanando o rabinho e seguindo-a. Recebendo como recompensa um afago atrás das orelhas, ponto que mais adorava!

Shino encarou Kiba novamente. O namorado adormecido tinha um semblante mais tranquilo desde que a febre havia cedido. Ainda usava seu casaco por cima do corpo, pois Shino não queria correr riscos de que ele se resfriasse. Mas Kiba era forte. A febre era apenas um sinal de seu corpo desgastado. Shino tinha certeza.

Ainda pensativo sobre o que Hinata havia lhe dito, encarou a boca carnuda de Kiba, e as feições do garoto. As marcas do clã Inuzuka haviam voltado para as suas bochechas, sinal de que o fluxo de chakra já havia se normalizado. Pois nos primeiros dias, permanecera pálido como uma pilastra de mármore.

− Bem, o que tenho a perder? – perguntou a si mesmo, inclinando-se para frente. Sentindo a respiração morna de Kiba sobre seu rosto conforme aproximava-se.

Era ridículo, pensou Shino, mas em tempos de guerra, talvez Hinata estivesse certa em querer um pouco damagia do amor verdadeiro.

Shino recostou os lábios sobre os de Kiba, sentindo com saudosidade como eram quentes e macios, ainda que agredidos pelas pequenas pústulas que haviam estourado ali por conta da alta febre. Afastou-se, encarando os olhos abertos de Kiba.

− Bom dia, bela adormecida.